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A espetacular necrópole de Shakhi-Zinda (Samarcanda)

Por Filipe Morato Gomes
Shakhi-Zinda, Samarcanda
Visitando o complexo tumular de Shakhi-Zinda, em Samarcanda

Reza a lenda que o complexo de Shakhi-Zinda foi construído no local onde Kusam ibn Abbas, primo do profeta Maomé, foi enterrado. Não por acaso, é um dos santuários muçulmanos mais importantes da região; e, seguramente, um dos locais mais extraordinários da Dinastia Timúrida existentes em Samarcanda.

O complexo integra atualmente duas pequenas mesquitas e mais de vinte mausoléus – muitos dos quais profusamente decorados com belíssimos painéis de azulejos, que a UNESCO elogia.

Segundo a organização, que inclui Samarcanda na lista de Património Mundial no Uzbequistão, as “numerosas inscrições – algumas datadas – e a extensa preservação dos azulejos dos edifícios de Shakhi-Zinda fornecem uma visão única da decoração arquitetónica usada durante um século muito significativo na história da arte islâmica na Ásia Central”.

Mosaicos Shakhi-Zinda
Pormenor dos mosaicos decorativos de Shakhi-Zinda

Uma das coisas mais espantosas que aprendi sobre Shakhi-Zinda é o facto de o lugar se ter mantido sagrado e respeitado ao longo dos tempos. Acredita-se que o facto de ser uma necrópole, aliado aos contínuos acrescentos de que o complexo foi beneficiando, contribuiu decisivamente para que as edificações se mantivessem em bom estado durante séculos.

O resultado é um complexo com várias camadas, onde diferentes fases da história e da arquitetura se vão sobrepondo. É verdadeiramente fascinante. Para mim, visitar Shakhi-Zinda foi sem dúvida o ponto alto da minha estada em Samarcanda.

Veja o post sobre o que fazer em Samarcanda.

A minha visita a Shakhi-Zinda

Visitantes em Shakhi-Zinda
Visitantes em Shakhi-Zinda

O dia estava quente e soalheiro. Dirigi-me a pé até ao complexo de Shakhi-Zinda, localizado na zona norte de Samarcanda, bem perto do chamado Túmulo do Presidente.

Havia um par de grupos de turistas, maioritariamente europeus com dezenas de primaveras, e muitos mais visitantes uzbeques de todas as idades. O ambiente estava luminoso, dominado por tons de azul – do céu aos mosaicos decorativos dos mausoléus – que contrastavam na perfeição com o ocre dos tijolos e as roupas coloridas das mulheres uzbeques.

Depois de apreciar o ambiente vivido em Shakhi-Zinda, comecei a entrar nos edifícios abertos ao público. Alguns dos primeiros mausoléus eram muito simples. Um cubículo retangular praticamente despido, com um túmulo no chão e uma janela ao fundo para entrar luz e ar. E pouco mais. Alguns dos túmulos não se sabe sequer a quem pertencem.

Um dos mais simples mausoléus de Shakhi-Zinda (de personalidade desconhecida)

Mas outros há verdadeiramente belos. Entre eles, um dos mais espetaculares que visitei foi o mausoléu construído em honra de Turkon Oko, irmã de Tamerlão, sepultada com a sua filha Shodi Mulk Oko.

Para o final da visita ficou o ex-líbris de Shakhi-Zinda. Trata-se do chamado complexo Kusam ibn Abbas, o adorado primo do profeta Maomé, tido como “um dos primeiros missionários da religião islâmica na Ásia Central” – palavras retiradas de um placard informativo que encontrei no local.

É a área mais importante de Shakhi-Zinda, com dimensões generosas, onde cabem uma mesquita, um mausoléu e uma pequena sala de orações. Diz-se que Kusam ibn Abbas foi ali enterrado – embora a verdade histórica não seja tão peremptória.

Mausoléu de Shodi Mulk, Shakhi-Zinda, Samarcanda
Interior do mausoléu de Shodi Mulk Oko (sobrinha de Tamerlão), um dos mais espetaculares de Shakhi-Zinda

Tal como acontece em vários mausoléus que conheço no mundo islâmico, também o de Kusam ibn Abbas se tornou um espaço de peregrinação. Lá dentro, encontrei algumas pessoas visivelmente emocionadas, em oração, agradecendo de forma sentida ou pedindo ajuda, num silêncio sepulcral apenas quebrado quando uma visita escolar irrompeu pelo mausoléu.

Ainda fiquei mais algum tempo a observar, mas as brincadeiras infantis não combinavam com a solenidade do espaço, pelo que respeitosamente me retirei para o exterior. Satisfeito com a visita, dirigi-me então ao portão e regressei às ruas de Samarcanda, enquanto ia processando tudo o que havia visto.

Para mim, repito, visitar a necrópole de Shakhi-Zinda foi o momento alto da minha passagem pela cidade.

Complexo Kusam ibn Abbas
Os azulejos e mosaicos decorativos do complexo Kusam ibn Abbas, na zona alta de Shakhi-Zinda, são de uma beleza assombrosa

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Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.

1 comentário em “A espetacular necrópole de Shakhi-Zinda (Samarcanda)”

  1. Foi o momento alto da minha passagem pela cidade também. A-do-rei! Em parte porque não levava grandes expectativas, em tudo o que li a Praça do Registão é a figura central, e depois cheguei aqui e fiquei de queixo caído. Acho que tirei mais de 100 fotografias.
    Beijinhos

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