Não faltam casas de fado em Lisboa. Mas, para ouvir fado vadio num ambiente tipicamente bairrista, deliciosamente amador e despretensioso, não há muitos lugares como a Tasca do Jaime. Não é, aliás, uma casa de fado, antes uma casa de petiscos onde quis o destino que todas as tardes de sábados, domingos e feriados haja fado vadio pela boca de fadistas de ocasião. Fica no acolhedor bairro da Graça.
Descobri a Tasca do Jaime por puro acaso, num daqueles boca a boca que tão bons resultados costuma trazer em viagem. É minúscula. Um pequeno corredor com um balcão à direita e meia dúzia de mesas à esquerda. Nas paredes, retratos de fadistas, canecas de vinho, guitarras, concertinas e violas. E um microfone pendurado no teto, lá ao fundo, onde os músicos se sentam e os fadistas de ocasião presenteiam a audiência com fados de todo o tipo – uns conhecidos, outros de criação própria. Dentro do balcão, Jaime serve comes e bebes. Laura, sua mulher, anda sempre atarefada pelo congestionado corredor, servindo imperiais, copos de vinho e pratos de presunto e queijo, ora exigindo silêncio, ora cantando e dançando com os clientes.
Na Tasca do Jaime toda a gente pode cantar. Na verdade, após uma meia dúzia de visitas, posso já afirmar que os fadistas são quase sempre os mesmos, tarde após tarde. O próprio Jaime, a velha “Pimpona” e o trintão João Ferraz que, numa música de sua autoria, canta, a propósito do próprio fado, que “património nacional nunca pode ser estrangeiro”. E ainda um punhado de outros habitués oriundos do bairro da Graça, quase todos de cabelos brancos, que cantam saudades e amores perdidos. O ambiente é totalmente informal, mas não vale a pena ir muito cedo, a não ser que prefira estar numa casa de fados com pouca gente: a casa anima-se principalmente a partir das 17:30.
Quanto a custos, convém saber duas coisas. Primeiro, se não pretende gastar muito dinheiro não se sente às mesas (fique de pé). Se o fizer, será obrigado a comer – e não apenas beber – e, nesse aspeto, a Tasca do Jaime não é barata. Um prato de presunto e queijo, pão e alguns copos de vinho já fazem mossa na carteira mais desprevenida. Se ficar de pé, ao balcão ou mesmo no passeio vendo passar o elétrico 28, não tem essa obrigação. É, no entanto, missão praticamente impossível nada consumir porque Laura disso se encarregará, simpática mas diligentemente – e esta era a segunda coisa a saber. O que, diga-se, nem é grande sacrifício, porque o vinho é bom e os pastéis de bacalhau são uma delícia.
Em suma, depois de chegar à Graça a bordo do elétrico 28, de apreciar as vistas sobre o Tejo nos miradouros da Graça e da Senhora do Monte e de uma espreitadela na magnífica Villa Bertha, passar pela Tasca do Jaime é a forma ideal de terminar uma tarde ensolarada. Pelo menos por enquanto, porque, para o bem e para o mal, já aparecem muitos turistas estrangeiros – a tasca está já referenciada em alguns guias de viagem como um local para conhecer o genuíno fado vadio em Lisboa e, claro, por causa do boca a boca nos hostels da capital portuguesa.
Veja também onde ficar em Lisboa.
Tasca do Jaime
Morada: Rua da Graça 91, Lisboa
Telefone: +351 21 8881560
Informação: Fado aos sábados, domingos e feriados, das 16:00 às 20:00. Apareça a partir das 17:30 que o ambiente é mais caloroso (embora fique mais apertadinho).
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