O Trilho da Levada da Serra da Lousã, oficialmente conhecido como PR3 LSA, é um percurso pedestre lindíssimo que une a aldeia de Cerdeira ao Castelo de Arouce, com passagem por Candal.
Ora, sabendo que porventura a parte menos interessante é, precisamente, a que une as duas Aldeias do Xisto, decidi começar o trilho em Candal, onde fiquei hospedado. Mais, fiz um desvio até à aldeia de Talasnal, onde terminei a caminhada, em vez de ir até ao castelo. É sobre esse passeio em família que hoje escrevo.
Caminhos do Xisto: Trilho da Levada, um belo passeio com crianças
A ideia original era fazer um passeio tranquilo com os miúdos. Mas, logo após sairmos de Candal, decidimos ignorar as indicações de “Central” e fazer um desvio tão belo quanto difícil (para as crianças), sempre a descer por terrenos escorregadios, até à chamada Cascata do Candal.
Isto porque a cascata é um dos atrativos naturais existentes nas proximidades da aldeia; e o caminho até lá chegar oferece belíssimas paisagens sobre o vale. As dificuldades surgiram mais tarde, já em ambiente florestal, dado o desnível da encosta e o piso escorregadio. Mas as crianças aguentaram bem até chegar à Cascata do Candal.
De regresso ao entroncamento, desta feita sempre a subir, prosseguimos então pelo Trilho da Levada por bosques e florestas, até que chegámos à dita levada que canaliza água da serra para a Central Elétrica, tida como a primeira do género construída em Portugal Continental e ainda hoje em funcionamento.
O trilho ficou naturalmente quase plano, os miúdos redobraram a atenção para não caírem no precipício, quase sempre rodeados de paisagens lindíssimas e do som das águas a correr na levada. Foi o momento para parar e almoçar as sandes que leváramos de casa.
Esta foi a parte mais fácil da caminhada, mas nem por isso menos bonita. Para mim, aliás, foi provavelmente o trecho preferido (salvo as devidas diferenças, quantas vezes me lembrei das levadas da Madeira!).
No final da levada, o caminho original prosseguia até ao Castelo da Lousã por mais 1.500 metros. Ora, como já conhecíamos o castelo e a adjacente Praia Fluvial de Nossa Senhora da Piedade, optámos por entroncar no Trilho Rota dos Serranos (PR5 – LSA) e seguir até à aldeia de Talasnal.
Estávamos na ponta final do trilho, a última subida teria pouco mais de meio quilómetro de extensão, até que as primeiras casas da parte baixa da aldeia começaram a aparecer diante dos nossos olhos.
O calor apertava, pelo que, antes de explorar Talasnal, sentámo-nos num café a refrescar o corpo, rebobinando a empreitada. Tinha sido um passeio deslumbrante. Difícil, em partes, mas muito bonito. Não tenho dúvidas, aliás, de que é um dos mais bonitos trilhos da Serra da Lousã. E o melhor de tudo é que os miúdos aguentaram!
Faltava apenas regressar à aldeia de Candal.
Ora, estando no Talasnal e não viajando em grupo (com dois carros, deixando um no início e outro no final do trilho), restava pedir boleia ou chamar um táxi. Optámos pelo táxi, pedindo ajuda à loja da associação Activar, instalada na eira junto à entrada da aldeia.
E assim, cansados mas felizes, chegámos à nossa casa na aldeia de Candal!
Ficha técnica: Trilho da Levada na Serra da Lousã (PR3 LSA)
- Tipo de percurso: Linear
- Início / Final: Castelo da Lousã ou aldeia de Cerdeira
- Sentido aconselhado: Castelo – Cerdeira
- Distância: 7 km
- Duração: 3,5 horas
- Dificuldade: Moderado (oficialmente classificado como “Difícil”)
- Altitude máxima: 700 m
- Desnivel acumulado: 400 m
- Sinalização: O percurso está bem marcado, com as habituais listas vermelhas e amarelas, as indicações de “Pequena Rota”.
- Acessibilidade: É possível chegar de carro “normal” a qualquer uma das extremidades do trilho (não é preciso um 4×4). Não existe transporte público.
- Folheto oficial da Rota da Levada: PDF
Guia prático
Como chegar às Aldeias do Xisto
Apesar de ficar sensivelmente a meio caminho entre Lisboa e Porto, a poucos quilómetros de Coimbra, não há muitos transportes públicos que possam ser úteis ao visitante para visitar as Aldeias do Xisto.
A única forma de conseguir visitar a Serra da Lousã ao seu ritmo, conhecendo as aldeias e fazendo trilhos é, pois, em viatura própria. Caso precise de alugar um carro, veja os preços abaixo.
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Um táxi de Talasnal para Candal custou 25€ (veio propositadamente da vila da Lousã, após ser chamado telefonicamente).
Onde ficar
Uma das grandes dificuldades que tive antes de visitar a Serra da Lousã foi decidir onde ficar. Não queria montar base na vila da Lousã e preferia ficar numa das Aldeias do Xisto; mas a questão era… em qual delas? A resposta surgiu após contactar um amigo oriundo da região: aldeia de Candal. E creio ter sido uma escolha perfeita.
Candal
Eu fiquei hospedado na Casa de Cima, uma casa tradicional muito bonita na zona baixa de Candal, com fácil acesso à estrada. Recomendo sem reservas para quem gosta de ambientes rústicos e tradicionais, mas não para quem procura luxo. Dá para 4 pessoas.
Por baixo, fica a Casa de Baixo, uma opção ajustada para um casal sem filhos. Ainda em Candal, outra alternativa do mesmo género igualmente recomendável é a Casa da Carvalha, na zona alta da aldeia.
Talasnal
Caso prefira ficar na mais famosa das Aldeias do Xisto, não faltam boas opções de alojamento em Talasnal. Entre elas, destaque para a Casinha do Talasnal e para a Casa da Urze; para a maior e excelente Casa do Cascão; ou ainda para uma das várias casas da Talasnal Montanhas de Amor. Ficará bem hospedado em qualquer delas.
Cerdeira
Por fim, de referir um projeto especialíssimo chamado Cerdeira – Home for Creativity (onde considerei pernoitar). Fica na aldeia de Cerdeira, é de excelente qualidade mas apresenta preços mais elevados. Caso tenha orçamento, não hesite. É, seguramente, um dos melhores locais para ficar na Serra da Lousã.
Vila da Lousã
De resto, se por algum motivo preferir ficar na vila da Lousã, recomendo sem reservas o Lousã Varanda’s House ou o mais exclusivo Palácio da Lousã Boutique Hotel (uma opção fantástica).
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