Fim da manhã do segundo dia em Copenhaga. Andava a desbravar o centro da cidade há praticamente três horas, visitando alguns museus e atrações turísticas e procurando lugares menos óbvios para incluir num trabalho que estou a preparar. Perdi-me especialmente na zona do chamado Bairro Latino, com ruas pedonais, cafés acolhedores, lojas alternativas e ambiente descontraído, quando cheguei à praça Kulturvet.
O sol apareceu, finalmente, e eu imitei os dinamarqueses, pousei os meus pertences – mochila, telemóvel e casaco – e sentei-me no centro da praça. Havia um candidato às eleições europeias a distribuir panfletos de campanha aos transeuntes, pais e crianças em correrias familiares e muita gente a circular. Muita mesmo. Porque estava sol e a praça Kulturvet é um ponto de passagem no centro de Copenhaga, a caminho de Norreport, a mais movimentada estação de metro da cidade.
Terão passados uns 15 ou 20 minutos, entre leituras, um cigarro e muito people watching ao som de uma banda de rua que tocava música estranha mas divertida, até que a fome apertou. Por essa altura, abandonei o bulício da praça e dirigi-me para Torvehallerne, um mercado de comida muito próximo que eu queria conhecer.
Visitei o mercado tranquilamente, analisei todas as bancas e optei por experimentar as famosas smørrebrød, uma espécie de “sanduíches abertas” porque só tem a camada inferior de pão – são cobertas com as mais variadas opções (de salmão a peixe frito, passando por espargos, rosbife, ovos e marisco, entre outras possibilidades). E ainda fiquei a observar o trabalho de minúcia e paciência de uma empregada de origem asiática a preparar as “sanduíches”.
No final da refeição, decidi tirar fotografias das smørrebrød expostas ao balcão para partilhar no Instagram. Meti a mão ao bolso das calças e… nada. No outro bolso, idem. Na mochila não estava, só podia estar no casaco. Mas não. A conclusão era óbvia: tinha deixado o telemóvel no centro da tal praça, à vista de todos.
Tenho escrito várias vezes a propósito da hospitalidade e honestidade persas, sei bem que as pessoas são maioritariamente boas em todo o mundo e que a Dinamarca é tida como um país seguro e de gente civilizada. Tinha, por isso, uma réstia de esperança que talvez, porventura, quem sabe numa espécie de milagre, alguém o tivesse guardado e esperasse um telefonema meu. Era o que eu ia fazer de seguida: pedir a um transeunte simpático que ligasse para mim próprio e ver o que sucedia. Antes, porém, mais por descargo de consciência que outra coisa, voltei à praça Kulturvet. Teria passado uma hora desde que abandonara a praça.
No local onde eu tinha estado sentado, encontrava-se uma senhora alta e loira, talvez na casa dos trinta e muitos, com uma criança pequena ao seu lado. Por cima do seu casaco, à vista de todos, o meu iPhone.
“Nem acredito”, disse eu, espantado por o meu telefone estar ali. “Estávamos à sua espera…”, respondeu a senhora, com um sorriso generoso. Fiquei estupefacto, agradeci uma e outra vez meio sem jeito pela surpresa da resposta e cada um foi à sua vida. “Estávamos à sua espera” – julgo que não mais esquecerei esta frase. E sabe tão bem estar em lugares onde coisas destas acontecem…
Veja onde ficar em Copenhaga.
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