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Roteiro no Alentejo Central | O que visitar

Visitar Alentejo: rota do montado
Estrada entre Estremoz e Sousel, no Alentejo Central ©Bernardo Conde

Já pensou em fazer um roteiro no Alentejo Central, uma região fascinante com epicentro em Évora? Eu tenho andado cada vez mais empenhado em conhecer melhor Portugal, não só fruto do projeto Rostos da Aldeia mas, também, em viagens que tenho feito e partilhado aqui no blog. Sim, visitar o Alentejo é sempre um prazer!

Vem isto a propósito de uma viagem recente ao Alentejo Central, na sequência do anterior roteiro pelo Ribatejo e Alto Alentejo. O objetivo é visitar todo o território do Montado de Sobro e Cortiça, tido como a “maior mancha florestal de montado de sobro do mundo”. Esta é a segunda parte desse projeto e centra-se, como referido, na região do Alentejo Central.

Antes de mais, deixo aqui um vídeo inspirador sobre estes territórios, da minha autoria, para inspirar uma visita ao Alentejo.

Assim, neste artigo partilho um possível roteiro no Alentejo Central, centrado nos territórios do Montado de Sobro e Cortiça. Como referi, é o segundo de três itinerários que farei sobre esta temática; sendo que, neste artigo em particular, o foco estará nos municípios de Montemor-o-Novo, Arraiolos, Évora, Portel, Reguengos de Monsaraz, Redondo, Estremoz, Sousel e Mora. Por esta ordem.

Como facilmente perceberá, não é fácil selecionar lugares a visitar ou atividades a fazer dentro de um território tão vasto. Encare, pois, estas sugestões como ponto de partida para montar o seu próprio itinerário por esta bela região alentejana, de acordo com os seus gostos, ritmo de viagem e tempo disponível para esta escapadinha. Eu, pela minha parte, gosto de artesãos e artes tradicionais – e, portanto, isso está muito presente nesta viagem. Vamos a isso!

O itinerário foi compilado a partir de uma viagem de oito dias a visitar o Alentejo Central.

O que visitar no Alentejo Central

Roteiro Alentejo – Dia 1: Montemor-o-Novo

Correaria Guerreiro, Montemor-o-Novo
Joaquim Guerreiro a trabalhar na sua correaria em Montemor-o-Novo ©Bernardo Conde

Comecei o primeiro dia do roteiro no Alentejo da melhor forma possível: reencontrando a ceramista Célia Macedo, que se mudara recentemente de Corval para Montemor-o-Novo. Estive no seu novo atelier durante algum tempo, na zona industrial, a observar o seu processo de criação artesanal. Até porque adoro as peças que a Célia faz [ver na sua conta Instagram].

Só depois regressei ao centro da vila. E foi lá que conheci o correeiro septuagenário Joaquim Guerreiro. É o rosto por detrás da Correaria Guerreiro, que se dedica a fazer cintos, malas e carteiras, e ainda arreios para cavalos e outros produtos. Joaquim é natural de Alcáçovas, mas mudou-se para Montemor-o-Novo com 12 anos de idade para trabalhar na oficina de um mestre correeiro. Confidenciou-me ainda que há mais de quatro décadas abriu a sua própria oficina – “que se mantém igual” -, local onde o encontrei a trabalhar.

De tarde, depois de uma manhã dedicada aos artesãos locais e de um almoço cantado no restaurante A Ribeira, aproveitei para conhecer algumas das principais atrações de Montemor-o-Novo.

O que visitar no Alentejo: Castelo de Montemor-o-Novo
Vista do Castelo de Montemor-o-Novo ©Bernardo Conde

Assim, fiz uma pequena parte da chamada Ecopista do Montado, com início na antiga estação de caminhos-de-ferro e que acompanha o outrora Ramal de Montemor; fui visitar a Ermida de Nossa Senhora da Visitação, incluindo o interior da sua igreja; fui conhecer o que resta do Castelo de Montemor-o-Novo; e ainda tentei visitar a Igreja Matriz e Cripta de São João de Deus, mas infelizmente estava encerrada.

Foi um belo início para esta viagem de oito dias pelo Alentejo, passado integralmente em Montemor-o-Novo. No dia seguinte, os planos eram rumar à vila de Arraiolos e à cidade de Évora, próximas paragens do roteiro planeado.

Refeições: Para comer, não posso deixar de referir um extraordinário restaurante de Montemor-o-Novo, que recomendo enfaticamente a todos os amantes da boa gastronomia. Chama-se Pátio dos Petiscos e é absolutamente divinal. Pode ir à confiança!

Dormida: Pensão Maria Gertrudes (barato, sem reservas online) ou L’AND Vineyards (luxuoso). Veja também o artigo sobre onde ficar em Montemor-o-Novo.

Roteiro Alentejo – Dia 2: Arraiolos e Évora

Tapete de Arraiolos, Alentejo
Pormenor de um tapete no Centro Interpretativo do Tapete de Arraiolos ©Bernardo Conde

De manhã cedo, deixei Montemor-o-Novo para trás e segui até Arraiolos, uma vila cujo nome há muito está associado a uma tradição artesanal: a produção dos chamados Tapetes de Arraiolos. E conhecer algumas bordadeiras era a minha maior prioridade em Arraiolos.

E assim, depois de uma passagem rápida pelo castelo altaneiro, dirigi-me ao Centro Interpretativo do Tapete de Arraiolos, onde não só é possível ver alguns tapetes em exposição, como também duas bordadeiras em ação. Foi lá que conheci as senhoras Inácia e Deolinda, com quem estive à conversa para perceber um pouco melhor uma arte de que eu próprio tenho boas memórias (recordo-me de, em miúdo, fazer Tapetes de Arraiolos em casa, com a minha mãe).

Daí, fui ainda espreitar alguns dos produtores mais emblemáticos da vila, incluindo a Fábrica de Tapetes Hortense e a Sempre Noiva. Queria também ter explorado um pouco melhor Arraiolos, mas uma chuvada enorme (e muito bem-vinda pelos alentejanos!) abateu-se sobre a região, pelo que não consegui visitar Arraiolos com mais calma.

Igreja de São Francisco, Évora
Nave central da Igreja de São Francisco, em Évora | Roteiro para visitar Alentejo Central ©Bernardo Conde

Segui então para Évora, próxima paragem no meu roteiro no Alentejo Central. E não poderia começar da melhor forma, com uma paragem no restaurante de fusão itálico-alentejana Tua Madre, para uma refeição absolutamente inesquecível. Wow!

De tarde, tempo para conhecer mais uma artista alentejana, cujo trabalho vem iluminando muitos espaços de bem-estar em Portugal e no mundo. Chama-se Luumi e produz candeeiros artesanais de enorme bom gosto.

Em frente ao Mercado Municipal de Évora, onde a Luumi está instalada, fica a inusitada Capela dos Ossos e a adjacente Igreja de São Francisco. Foram as minhas últimas visitas do dia, antes de espreitar fugazmente o Jardim Público de Évora e recolher ao hotel para descansar.

Refeições: Em Arraiolos, ouvi boas referências sobre o restaurante O Forjador, mas não experimentei. Para comer em Évora, não posso deixar de referir duas experiências gastronómicas superlativas que vivi na cidade. A primeira, no Tua Madre, que mistura a gastronomia alentejana com técnicas italianas; a segunda chama-se Taberna Típica Quarta-feira e tem mesmo de lá ir – não há menu, o chef põe na mesa o que lhe apetecer… e é muito, muito bom!

Dormida: Hotel Moov ou Vintage Guest House – Casa do Escritor, em Évora. Veja também o artigo sobre onde ficar em Évora, até porque há muitos hotéis e guesthouses de qualidade.

Roteiro Alentejo – Dia 3: Évora

Roteiro Alentejo: Sobreira Grande
Sobreira Grande ©Bernardo Conde

No plano original, tinha pensado dedicar totalmente o dia a explorar um pouco mais a fundo a cidade de Évora. Mas, como os planos são feitos para serem alterados, decidi madrugar e regressar ao concelho de Arraiolos. Objetivo: conhecer a chamada Sobreira Grande.

Trata-se de um sobreiro imponente, com cerca de 250 anos de vida, classificado em terceiro lugar no concurso Árvore Europeia do Ano 2022. E é, sem sombra de dúvida, uma árvore extraordinária!

Ora, aproveitando estar na região de Vale do Pereiro, acabei também por passar na Cortiçarte, uma fábrica de cortiça que, nas suas palavras, está “presente ao longo de todo o processo, desde a extração da cortiça da árvore e respetivo tratamento, até à transformação e produção do produto final”.

André Panóias, Mal Barbado
André Panóias a fazer colheres de madeira no seu atelier em Évora ©Bernardo Conde

De regresso a Évora, era então tempo de explorar um pouco melhor a capital do Alentejo, começando pelos prazeres gastronómicos. Para o almoço entreguei-me nas mãos do chef João Dias que, na sua Taberna Típica Quarta-feira, brinda os comensais com o que lhe apetecer (não há menu, é sentar e deixar-se levar!).

Confesso que, depois de repasto tão farto, não foi fácil retomar a viagem, mas sabia da existência de um jovem designer chamado André Panóias que faz colheres de madeira de forma artesanal sob a marca Mal Barbado – e lá fui conhecer o seu trabalho.

Acabei por ficar muito tempo no seu atelier, pelo que não restou muito para igrejas e museus. Ainda fui espreitar o Templo Romano de Évora mas, quando ia entrar na catedral para subir ao terraço, fui informado que já não ia a tempo. As vistas do topo da catedral terão de ficar para uma próxima passagem por Évora.

Caso queira incluir a árvore Sobreira Grande no roteiro, é mais eficiente se a incluir entre Arraiolos e Évora, fazendo um desvio por Vale do Pereiro.

Refeições: Para comer em Évora, não posso deixar de enfatizar as duas experiências gastronómicas superlativas que vivi na cidade. A primeira, no Tua Madre, que mistura a gastronomia alentejana com técnicas italianas; a segunda foi na referida Taberna Típica Quarta-feira, e tem mesmo de lá ir – não há menu, o chef põe na mesa o que lhe apetecer… e é muito, muito bom!

Dormida: Hotel Moov ou Vintage Guest House – Casa do Escritor, em Évora. Veja também o artigo sobre onde dormir em Évora.

Roteiro Alentejo – Dia 4: Portel

Castelo de Portel, Alentejo
Castelo de Portel, um dos muitos castelos do Alentejo Central ©Bernardo Conde

O dia amanheceu novamente triste e chuvoso. Ainda assim, saí de Évora em direção a Portel com o objetivo de conhecer um pouco dessa vila alentejana, incluindo o seu castelo (há muitos castelos no Alentejo Central!). Infelizmente, a chuva não deu tréguas, pelo que calcorrear calmamente as ruelas empedradas de Portel teve de ficar para uma futura viagem ao Alentejo.

Sim, está bom de ver que apanhei uma das piores semanas do ano em termos climáticos – mas, com mais ou menos restrições e alguma flexibilidade de espírito, a viagem faz-se de qualquer forma!

Assim, saindo de Portel, tempo para uma paragem na Praia da Amieira (belíssima) e no Miradouro da Ponte (uma desilusão), antes do grande momento do dia em Reguengos de Monsaraz.

Alentejo, o que visitar: Fabricaal Reguengos de Monsaraz
Trabalhadora na Fabricaal – Fábrica Alentejana de Lanifícios, em Reguengos de Monsaraz ©Bernardo Conde

É público e notório que sou apaixonado por artesãos, pelo que não poderia passar por Reguengos de Monsaraz sem visitar a Fabricaal – Fábrica Alentejana de Lanifícios, um local onde se produzem os típicos tapetes e mantas alentejanas de forma totalmente artesanal. Fiquei ali um bom par de horas até as artesãs darem por concluído o dia de trabalho nos teares. É maravilhoso!

Mas não foi tudo. Não muito longe da Fabricaal fica a oficina do mestre chocalheiro Joaquim Correia e, assim sendo, não poderia deixar de o visitar. Não tive a sorte de o ver na forja (tinha forjado no dia anterior); mas, ainda assim, a visita valeu pela conversa, pela simpatia e pela breve demonstração das várias fases do fabrico artesanal de chocalhos – uma arte elevada a Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.

Dormida: Casa Monreal ou bed & breakfast Raiz Alentejana. Veja também o artigo sobre onde ficar em Reguengos de Monsaraz.

Roteiro Alentejo – Dia 5: Reguengos de Monsaraz

Roteiro no Alentejo Central: Olarias do Corval
Nélia Patalim na sua olaria em Corval | Roteiro para visitar o Alentejo Central ©Bernardo Conde

Ao quinto dia do roteiro pelo Alentejo Central, era hora de regressar ao Corval, o maior centro oleiro de Portugal. Tinha lá estado em reportagem para o Rostos da Aldeia, pelo que sabia bem ao que ia – e estava muito entusiasmado.

Sem dar pelo tempo passar, fiquei toda a manhã com os três irmãos da família Patalim – que se dedicam, de forma independente, à arte mágica de transformar argila em peças decorativas e utilitárias.

Nélia, Egídio e Rui Patalim, cada um à sua maneira, do mais tradicional ao mais contemporâneo, todos fazem um trabalho incrível que eu adoro presenciar. O Corval tem, aliás, um cantinho especial no meu baú das memórias, até pela existência de uma pessoa extraordinária que, desta feita, por opção, não fui entrevistar. Mas recomendo vivamente que conheçam também o Mestre Joaquin Tavares – é uma pessoa incrível.

Não me importo de voltar uma e outra vez ao Corval. Adoro!

Monsaraz, o que visitar no Alentejo
Rua principal de Monsaraz ©Bernardo Conde

Segui então para a altaneira povoação de Monsaraz, onde passei o resto da tarde a absorver aquele ambiente mágico com vista para o Grande Lago do Alqueva. Há algo de muito especial em Monsaraz!

Passei ainda pela Praia Fluvial de Monsaraz, fui conhecer o Cromeleque do Xerez e o Menir do Outeiro, e explorei a região de montado envolvente em busca das belas paisagens pontilhadas de velhos sobreiros. Sem dúvida um dos melhores dias deste roteiro no Alentejo Central.

Refeições: Falaram-me muito bem do restaurante Aloendro, mas estava fechado nesse dia.

Dormida: Casa Monreal ou bed & breakfast Raiz Alentejana. Veja também o artigo sobre os melhores hotéis de Reguengos de Monsaraz.

Roteiro Alentejo – Dia 6: Redondo

Centro histórico de Redondo
Centro histórico de Redondo | Roteiro no Alentejo ©Bernardo Conde

Saí cedo de Reguengos de Monsaraz rumo à simpática vila do Redondo. Não sei explicar mas, assim que cheguei ao Redondo, apaixonei-me. Há algo na vila que me atraiu de forma muito vincada. E não foi a Oficina das Ruas Floridas ou qualquer museu. Foi algo intangível, algo que se sente e que eu não consigo traduzir em palavras melhor do que Antoine de Saint-Exupéry: “o essencial é invisível para os olhos; só se vê bem com o coração”.

Passeei pelo Castelo do Redondo, apreciei as icónicas portas do Postigo e da Ravessa; e tive ainda tempo de ir até à Aldeia da Serra conhecer um belíssimo mural que homenageia as artesãs locais, e de subir até à Ermida de Nossa Senhora do Monte da Virgem, onde terminam os chamados Passadiços da Aldeia da Serra.

Hotel Convento de São Paulo
Fontanário do Hotel Convento de São Paulo ©Bernardo Conde

Foi lá que, por uma incrível coincidência, encontrei o Presidente da Câmara do Redondo, que acompanhava a visita de uma jornalista norte-americana ao concelho e me desafiou a ir com ele conhecer os inacreditáveis painéis de azulejos do Hotel Convento de São Paulo. Do melhor que já vi em Portugal!

No dia seguinte haveria de voltar à Aldeia da Serra para conhecer uma arte tradicional única na região, mas não poderia perder aquela oportunidade.

Refeições: Experimente o restaurante Celeiro do Pinho.

Dormida: Bed & breakfast Rota VMF. Veja também o artigo sobre onde ficar no Redondo.

Roteiro Alentejo – Dia 7: Estremoz

Anta da Candeeira, Alentejo
Anta da Candeeira ©Bernardo Conde

De manhã, rumei então à Aldeia da Serra (com uma breve paragem na Anta da Candeeira) para conhecer a Ti Militina, uma das poucas pessoas que ainda sabem fazer as tradicionais Meias da Serra d’Ossa. Principalmente após o falecimento de Maria Felismina Gonçalves – a Ti Bia, como era carinhosamente conhecida na aldeia, a grande guardiã desta tradição alentejana -, a esperança de que a arte não desapareça está nas mãos da Ti Militina, com a ajuda da Associação Terras d’Ossa.

Depois disso, e como já tinha conhecido a aldeia, segui caminho até Estremoz. Depois de um farto almoço no restaurante Venda Azul, dediquei o resto da tarde a explorar a vila, com natural ênfase na área do Castelo de Estremoz.

Roteiro Alentejo: Capela da Rainha Santa Isabel
A belíssima Capela da Rainha Santa Isabel, em Estremoz ©Bernardo Conde

Foi lá que descobri uma das mais surpreendentes preciosidades arquitetónicas desta viagem pelo Alentejo Central, a par com o já referido edifício que alberga o Hotel Convento de São Paulo. Falo da excelsa Capela da Rainha Santa Isabel, adjacente à Pousada Castelo Estremoz – é linda, linda!

Mas não poderia visitar Estremoz e não ir conhecer o trabalho das Irmãs Flores – Maria Inácia e Perpétua Fonseca -, personalidades intimamente ligadas à produção artesanal dos chamados Bonecos de Estremoz, atualmente classificados como Património Cultural Imaterial da Humanidade.

É fascinante observar a criação do figurado de barro de Estremoz. Pedaço a pedaço, com precisão e minúcia, os bonecos de Estremoz vão ganhando vida nas mãos de Maria Inácia, para depois, na última fase do processo, serem pintados com mestria pela irmã Perpétua. Acabei por ficar na oficina umas boas duas horas a conhecer um pouco melhor o seu trabalho e a conversar sobre as tradições de Estremoz, a vida e de tudo um pouco (incluindo a futilidade dos programas que passavam na televisão!). Um deleite, portanto!

Refeições: Experimente o restaurante Venda Azul (comida excelente em doses gigantes).

Dormida: Pousada Castelo de Estremoz ou um alojamento local. Veja também o artigo sobre onde ficar em Estremoz.

Roteiro Alentejo – Dia 8: Sousel e Mora

Roteiro Alentejo: Salsicharia Canense
Dona Octávia pousando na sala de fumar os enchidos da sua Salsicharia Canense, em Cano ©Bernardo Conde

O último dia deste roteiro para visitar o Alentejo Central foi dedicado a conhecer um pouco de Sousel e de Mora. Vindo de Estremoz em direção a Sousel, a estrada rodeada de montado fez-me parar várias vezes para fotografar e contemplar. É linda!

Com isso, passei na vila de Sousel em modo apressado, uma vez que tinha combinado visitar a Dona Octávia na aldeia do Cano, naquele que se viria a revelar num dos momentos mais emotivos de toda a viagem. A Dona Octávia é conhecida pela qualidade dos enchidos que produz, usando técnicas tradicionais apreendidas com a sua avó. Mas, além disso, é um doce de pessoa, de uma simpatia e generosidade ímpares, pelo que por ali fiquei muito mais tempo do que o necessário para perceber um pouco melhor a sua história e a forma como produz tamanhas iguarias na sua Salsicharia Canense. É um amor!

Museu Interactivo do Megalitismo
Museu Interativo do Megalitismo, em Mora ©Bernardo Conde

De alma cheia, saí então do Cano para um almoço extraordinário na vila de Mora. Aponte este nome que vale a pena: Tasca do Gigante.

A tarde, essa, foi dedicada a visitar duas das mais emblemáticas atrações de Mora. Primeiro, conheci o contemporâneo e muito interessante Museu Interativo do Megalitismo. Confesso que, apesar de pequeno, o projeto museológico me surpreendeu pela positiva.

Depois, rumei ao icónico Fluviário de Mora, um “aquário público dedicado aos ecossistemas de água doce, privilegiando o conhecimento da sua diversidade, importância e relação com a humanidade”. Foi lá que passei boa parte do tempo que restava da tarde, mas ainda deu para aproveitar os últimos raios de sol vespertinos para contemplar de novo zonas de montado que, nesta região, é muito, muito bonito.

E assim, com o sol a desaparecer no horizonte, dei por terminada esta viagem pelo Alentejo Central. Entre paisagens deslumbrantes, vilas e cidades com imenso património arquitetónico e arqueológico e, acima de tudo, pessoas cuja arte e simpatia me marcaram profundamente, era então hora de deixar o Sul de Portugal e voltar a casa.

Refeições: Em Mora, o pequeno restaurante A Tasca do Gigante é maravilhoso!

Mapa do roteiro no Alentejo Central

Acima, encontra o mapa com o roteiro que eu proponho para explorar estes nove municípios do Alentejo Central que fazem parte dos territórios do Montado de Sobro e Cortiça. A saber: Montemor-o-Novo, Arraiolos, Évora, Portel, Reguengos de Monsaraz, Redondo, Estremoz, Sousel e Mora.

É um itinerário adaptado do meu percurso, otimizado em termos de distâncias, tempo e sequência lógica. Se procura o que visitar no Alentejo, é um excelente ponto de partida.

Sobreiro
Pormenor de um sobreiro recentemente descortiçado ©Bernardo Conde

Esta série é composta por três roteiros pelo território do Montado de Sobro e Cortiça, com foco em municípios diferentes. São eles:

Tiradores de cortiça

Caso queira conhecer um pouco melhor o trabalho dos tiradores de cortiça no Ribatejo e Alentejo, veja o vídeo abaixo. É uma arte intimamente ligada à região, que requer enorme especialização e experiência, e fundamental para a economia do território. O vídeo é do Rostos da Aldeia.

Guia para visitar o Alentejo Central

Como se deslocar no Alentejo

É virtualmente impossível visitar todo este território de forma eficiente recorrendo a transportes públicos, sendo por isso fundamental dispor de carro próprio. Caso necessite de alugar uma viatura para fazer esta viagem, veja os melhores preços no link abaixo.

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Quanto dias são precisos para fazer o roteiro

Dada a extensão territorial do itinerário proposto, creio que cinco dias será o mínimo dos mínimos; mas, com sete a dez dias à sua disposição, conseguirá visitar todos os lugares referenciados. Dito isto, dispondo de menos tempo, recomendo que escolha menos municípios ou, em alternativa, elimine algumas das visitas sugeridas (em função dos seus interesses pessoais).

Tendo mais tempo, pode naturalmente visitar tudo com mais calma e acrescentar mais passeios pedestres. Ou, quem sabe, prolongar a viagem por outros distritos alentejanos e conjugar com os roteiros pelo Ribatejo e Baixo Alentejo.

Onde ficar

Antes de mais, é naturalmente impossível percorrer este itinerário ficando sempre no mesmo hotel. E mesmo que não queira mudar de hotel todos os dias, é recomendável montar pelo menos quatro bases para explorar todos os locais do roteiro. Eis a minha sugestão:

MONTEMOR-O-NOVO

Para começar este roteiro no Alentejo de manhã cedo, optei por dormir na noite anterior em Montemor-o-Novo. Quanto a hotéis, a já referida unidade hoteleira L’AND Vineyards é provavelmente o melhor hotel da região (embora não seja barato). Alternativamente, veja a Pensão Maria Gertrudes ou procure alojamento em Montemor-o-Novo no link abaixo.

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ÉVORA

Tal como Montemor-o-Novo, também Évora é, sem qualquer dúvida, um local de pernoita fundamental neste itinerário – veja também o artigo sobre o que visitar em Évora e perceberá os motivos. Como referido, gostei da relação qualidade/preço do Hotel Moov, pelo que será essa a minha sugestão; sendo que o Vintage Guest House – Casa do Escritor é outra boa opção. Mas, felizmente, há mesmo muitos hotéis excelentes em Évora – procure no link abaixo.

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REGUENGOS DE MONSARAZ

Uma terceira base num roteiro pelo Alentejo Central pode muito bem ser Reguengos de Monsaraz. Até porque, geograficamente, encaixa perfeitamente no planeamento – veja o que fazer em Reguengos de Monsaraz. Quanto aos hotéis disponíveis, considere pernoitar na Casa Monreal ou no Raiz Alentejana; ou pesquise no link abaixo todas as opções de hospedagem na vila.

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ESTREMOZ

Por fim, a quarta base dependerá muito do roteiro exato que percorrer e da distribuição das visitas em cada dia. No meu caso, optei por ficar em Estremoz e resultou muito bem. Quando à hospedagem, caso o orçamento permita, fique na Pousada Castelo de Estremoz; caso contrário, sugiro que procure um alojamento local. Veja as opções no link abaixo.

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Seguro de viagem

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Artigo publicado com o apoio do projeto Montado de Sobro e Cortiça.

Filipe Morato Gomes
Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.

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