Quando surgiu a oportunidade de conhecer Colónia, começou a germinar em mim a ideia de visitar o Palácio Augustusburg. Bem sei que o tempo era curto, mas tinha visto umas fotos de uma escadaria maravilhosa – e as fotografias têm muitas vezes um efeito propulsor nos meus roteiros.
Além disso, tenho um fraquinho por lugares classificados pela UNESCO como Património Mundial e, sempre que possível, tento incluir alguns desses locais nas viagens.
Ora, mesmo estando apenas 48 horas em Colónia, pareceu-me obrigatório dar um salto a Brühl para conhecer o Palácio Augustusburg. E não me arrependi. Trata-se de um exemplo extraordinário dos delírios e excessos da arquitetura rococó na Alemanha.
“O rococó é um movimento artístico europeu, que aparece primeiramente em França, entre o barroco e o neoclassicismo. Visto por muitos como a variação “profana” do barroco, surge a partir do momento em que o barroco se liberta da temática religiosa e começa a incidir-se na arquitetura de palácios civis, por exemplo. Literalmente, o rococó é o barroco levado ao exagero de decoração.”, in Wikipedia.
Não sei bem porque motivo mas a verdade é que, quando estava a visitar o Palácio Augustusburg, veio-me à memória o Palácio Drottningholm, que visitei em 2014 nos arredores de Estocolmo. Tive o mesmo tipo de sensações: a ostentação, a opulência, os exageros decorativos, os excessos de frescos, de estátuas, de tudo. Mas adorei.
Visitar Augustusburg foi, aliás, um dos momentos altos da minha estadia. Ao ponto de o ter incluído nas sugestões de coisas imperdíveis em Colónia (mesmo ficando fora da cidade).
A visita ao Palácio Augustusburg
Cheguei a Brühl a meio da manhã. Dirigi-me de imediato para os portões do palácio, entreabertos, e continuei até à bilheteira. Fui informado que a próxima visita seria daí a vinte minutos, com um guia em alemão. Felizmente, poderia levar um áudio-guia em português, acrescentou a simpática funcionária do palácio. E assim fiz.
O grupo foi ganhando forma e, à hora marcada, estávamos 15 pessoas preparadas para visitar o sumptuoso palácio mandado construir por Clemente Augusto da Baviera.
Apesar da grandiosidade, Clemente Augusto só passava alguns dias da primavera e verão no palácio, altura em que praticava a falcoaria – usando falcões adestrados para caçarem garças-reais.
O palácio era, pois, “um misto de representação oficial e residência de caça”, escutei no áudio-guia enquanto a guia alemã ia pronunciando palavras impercetíveis numa das primeiras salas de Augustusburg.
Fomos continuando a visita pelos diversos aposentos do palácio, atento ao áudio-guia que me fazia reparar em pormenores interessantes.
Uma divisória que ainda hoje tem um “papel de parede” original, feito de pele.
Os quadros colocados por cima das portas, elemento aparentemente comum na decoração rococó.
Os janelões, de onde era possível avistar os jardins barrocos do palácio. São da autoria de Dominique Girard, tido como aprendiz do mestre André Le Nôtre – o mais famoso paisagista do barroco francês e responsável pelos jardins do Palácio de Versalhes.
E, claro, todos os pormenores da magnífica escadaria interior, expoente máximo dos exageros decorativos das artes rococó. Para além das estátuas, duas outras coisas chamaram a minha atenção: o riquíssimo estuque marmoreado das paredes e colunas da escadaria; e os frescos.
Consta que os frescos são um elemento fundamental na arquitetura rococó e, no Palácio Augustusburg, os mais emblemáticos estão por cima da escadaria. São da autoria do pintor italiano Carlo Carlone e, pelo que entendi, são uma espécie de “pintura ilusionista”, onde o pintor se socorre de truques óticos para iludir o visitante. O teto, cuja superfície é aparentemente plana, parece de facto uma cúpula.
Ao fim de uma hora e pouco de deslumbramento, a visita acabou. Por falta de tempo, acabei por não visitar o segundo edifício, Falkenlust, o chalé de caça usado por Clemente Augustus e descrito como “fofinho” pela funcionária da bilheteira em Augustusburg.
Ainda assim, adorei conhecer o Palácio Augustusburg. Recomendo vivamente.
Guia prático
Como chegar a Brühl
Sem qualquer dúvida, a forma mais prática de chegar ao Palácio Augustusburg a partir de Colónia é de comboio. Eu apanhei o comboio na estação Kohl-West, mas pode também apanhar na estação central de Colónia. A viagem demora menos de vinte minutos e custa 3,80€ por trajeto.
À chegada a Brühl, é impossível enganar-se: o palácio fica a dois passos da estação de caminhos-de-ferro e é visível desde a plataforma.
Como visitar
Não é permitido visitar o Palácio Augustusburg de forma independente. A cada 20 ou 30 minutos começa uma visita guiada, com a duração aproximada de uma hora. Infelizmente, as visitas são sempre em alemão, pelo que não percebi absolutamente nada do que a simpática guia disse. Para amenizar a frustração, há áudio-guias em várias línguas (português incluído) que explicam um pouco da história e particularidades do palácio.
A entrada individual custa 8,50€ e incluí o áudio-guia; há também um bilhete-família por apenas 19€, válido para “dois adultos e os seus filhos em idade escolar”. Note que não é permitido fotografar dentro do Palácio Augustusburg (é por essa razão que as fotos deste artigo não são da minha autoria). O palácio está encerrado nos meses de dezembro e janeiro.
Se quiser, pode combinar a visita aos palácios Augustusburg e Falkenlust. Trata-se de um edifício mais pequeno, também protegido pela UNESCO, localizado a pouco mais de 2km de distância de Augustusburg. Caso o faça, quando visitar Augustusburg compre um bilhete combinado para as duas atrações (fica mais barato). Para mais informações visite o site oficial do palácio, em www.schlossbruehl.de.
Dica extra: se viajar com crianças, pode conjugar a visita aos palácios com uma ida ao parque temático Phantasialand.
Onde ficar
Em Colónia, evidentemente. A distância é curta e não há motivo suficientemente forte para preferir ficar em Brühl em vez de Colónia. Eu fiquei alojado no Lindner City Plaza, um hotel de quatro estrelas de grandes dimensões, muito bem localizado nas proximidades do Belgian Quarter e com excelente relação qualidade/preço (8,1 no Booking).
Alternativamente, recomendo que espreite os muito elogiados Excelsior Hotel Ernst am Dom (cinco estrelas) e CityClass Hotel Residence am Dom (quatro estrelas), ambos junto à Catedral de Colónia; o Stern am Rathaus (três estrelas); o 1st Floor Köln 2, um hotel fantástico mas mais afastado do centro; ou, por fim, o mais barato Sandmanns am Dom.
Se prefere o ambiente sociável de um hostel, vai ser difícil encontrar melhor que o Hostel die Wohngemeinschaft. Absolutamente maravilhoso (e mais barato)!
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