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Colónia, uma escapadinha de 48 horas numa cidade boémia e vibrante

Por Filipe Morato Gomes
O que fazer em Colónia: visitar a catedral
Interior da Catedral de Colónia

Passei apenas 48 horas em Colónia. Não costumo viajar de forma tão rápida e estou sempre a pregar as vantagens de viajar devagar; mas, desta vez, achei que era tempo suficiente.

Na verdade, quando marquei os voos não me pareceu que Colónia tivesse motivos de interesse para mais do que umas horas. Erro crasso! Em minha defesa poderei argumentar que é um sentimento normal quando se desconhece um destino e ele tem apenas uma atração óbvia, daquelas que ofusca todos os outros lugares de interesse das redondezas. No caso de Colónia, é a sua monumental catedral.

Na verdade, há muito mais para ver e fazer em Colónia. O desafio era, pois, passar apenas dois dias a visitar Colónia e aproveitar para conhecer o máximo possível da cidade. E consegui fazê-lo.

Visto à posteriori, talvez tivesse valido a pena acrescentar mais um dia em Colónia. Não para ver muito mais coisas mas, principalmente, para fazê-lo com mais calma. Ainda assim, este roteiro de dois dias permite conhecer o essencial de Colónia (e Brühl) em pouco tempo; é por isso perfeito para uma escapadinha de fim de semana. Aproveite! Talvez se surpreenda. Como eu.

Colónia, uma cidade com espírito latino?

Café Ernst, melhor café de Colónia
Ernst, provavelmente o melhor café de Colónia

Antes de mais, não estava à espera de encontrar tanta vida de rua em Colónia. Esplanadas cheias de gente de dia e de noite, com ou sem chuva e frio; cafés acolhedores, com um toque hipster e muito bom gosto; restaurantes oriundos dos quatro cantos do mundo. E nem o tempo cinzento e alguma chuva empalideceram a viagem.

Por momentos, parecia-me estar a passear algures no Sul da Europa e não na fria Alemanha. E isso era algo com que eu não contava.

Em conversa com portugueses que moram em Colónia há já algum tempo, cimentei a convicção de que Colónia era, de facto, uma cidade diferente no contexto alemão. Para minha surpresa, Colónia apresentou-se bem distante da frieza estereotipada da Alemanha. Como se fosse uma espécie de costela latina em território alemão. Não esperava uma cidade tão vibrante, sociável e boémia.

Posto isto, deixo então sugestões sobre o que fazer em Colónia. Uma espécie de roteiro de dois dias para uma rápida escapadinha.

O que fazer em Colónia (um roteiro para dois dias)

Eu cheguei ao aeroporto Cologne-Bonn no voo da TAP da hora de almoço, o que quer dizer que, ao final da tarde, já estava a chegar ao meu hotel. Foi tempo de descansar e esperar por uma simpática portuguesa a viver em Colónia, para ir jantar e beber uma cerveja com ela. Vamos a isso.

20:00 | Jantar e beber uma Kölsch na cervejaria Päffgen

O que fazer em Colónia: Cervejaria Päffgen-Kölsch
Pátio interior na cervejaria Päffgen-Kölsch em Colónia

Colónia leva muito a sério a questão da cerveja tradicional. Na cervejaria Päffgen, por exemplo, a cerveja nunca é engarrafada porque, dizem, o sabor não seria o mesmo. É fabricada diariamente no próprio local, sai diretamente do barril para os copos que os empregados transportam numa bandeja redonda com buracos para os segurar. Desde 1883.

Foi lá que provei a minha primeira cerveja Kölsch, uma experiência fundamental em Colónia.

Aproveitei também para provar um prato aparentemente famoso na cidade: joelho de porco. Gostei bastante, e posso até garantir que acompanhou a cerveja na perfeição (sim, fique com a ideia que, em Colónia, o prato é o acompanhamento da cerveja, e não o contrário!).

Não deixe, pois, de frequentar uma das melhores cervejarias tradicionais de Colónia. A Päffgen-Kölsch fica na zona de Friensenstrasse e está entre as mais conceituadas. Mas, se não gostar do estilo, há mais por onde escolher.

22:00 | Bares no Belgian Quarter

Depois de jantar, porque não aproveitar o embalo e tomar um copo? Há muitos e bons bares no chamado Belgian Quarter e redondezas. Eu acabei por parar num dos pequenos bares da rua Aachener e julgo que não faz sentido recomendar um espaço específico; o melhor é mesmo percorrer as ruas e escolher um bar ou esplanada que seja do seu agrado.

Qualquer que seja o lugar escolhido para mais uma Kölsch ou um cocktail, não deixe de o fazer. O ambiente noturno em Colónia pareceu-me muito bom.

8:30 | Um café no Heilandt (para começar bem o dia)

Escapadinha em Colónia: Café Heilandt
Heilandt, um dos melhores cafés de Colónia

Há quem não consiga começar o dia sem um bom café e, se for esse o seu caso, sugiro que conheça um dos vários excelentes cafés de Colónia. Eu, por exemplo, vivo bem sem a bebida mas sou fanático pelo ambiente dos cafés. E, por isso, acabei por conhecer uma mão-cheia deles em apenas dois dias!

Se ficar alojado perto do Belgian Quarter, recomendo o Heilandt ou, alternativamente, o curioso as/if RecordStore. E, já agora, fica a dica: esteja onde estiver, arranje um tempinho durante a escapadinha a Colónia para provar o café do Ernst, por muitos tido como o melhor de Colónia.

9:30 | Basílica St. Georon

Igreja St. Georon Colónia
Exterior da Igreja St. Georon, em Colónia

Tentei visitar a Basílica St. Georon em duas ocasiões mas, infelizmente, encontrei-a sempre fechada. Se não ficar muito longe do seu hotel, passe por lá; talvez tenha mais sorte do que eu e possa depois vir aqui contar como é o interior.

10:00 | Catedral de Colónia

Catedral de Colónia
Catedral de Colónia, classificada como Património Mundial pela UNESCO

Tenho para mim que a Catedral de Colónia deve ser visitada logo de manhã, numa espécie de introdução à monumentalidade gótica da cidade. Foi o que eu fiz, na esperança de fugir às multidões (a Catedral de Colónia é o monumento mais visitado da Alemanha). E, na verdade, não estava muita gente.

Trata-se de uma das igrejas mais altas do mundo, classificada como Património Mundial pela UNESCO, e um edifício incontornável na capital da Renânia do Norte-Vestfália. Pela minha parte, mesmo não tendo muita afinidade com a religião, a arquitetura monumental das igrejas e catedrais fascina-me.

“As duas torres gigantescas são o par de torres de igreja mais alto do mundo e revelam uma vista maravilhosa de Colónia e arredores. Aliás, a catedral é consagrada a São Pedro e a Santa Maria, e não aos Três Reis Magos, cujas relíquias foram transferidas de Milão para Colónia no século XII e ali jazem, desde então, num santuário dourado – o que tornou a catedral um importante alvo de peregrinações.

Objetos inestimáveis encontram-se também na câmara do tesouro; entre eles o bastão e a corrente de São Pedro, ou ainda a Cruz de Gero, o mais antigo exemplar de um crucifixo produzido no norte da Europa do qual se tem conhecimento. Os vitrais nas janelas, os entalhes em madeira no coro e as pinturas do século XIV também merecem destaque.”

in site oficial do Turismo da Alemanha

Caminhei, observei, deixei-me estar.

Foi um bom prenúncio para a descoberta de Colónia, antes de conhecer um belíssimo museu dedicado à arte contemporânea. Contrastes de uma cidade onde história e modernidade convivem em harmonia.

Para uma experiência mais rica e poupar tempo nas filas, pode participar nesta Excursão Catedral de Colónia e Cidade Velha (com uma cerveja Kölsch).

11:30 | Museu Ludwig (Museu de Arte Moderna de Colónia)

Museu Ludwig
Interior do Museu Ludwig

O Museu Ludwig é o Museu de Arte Contemporânea de Colónia. É um edifício moderno, localizado perto da catedral, com um acervo muito interessante. O local perfeito para me refugiar de uma chuvada que ameaçava cair em Colónia.

Entre muitas outras salas com obras contemporâneas, saltam à vista duas salas contíguas dedicadas à Pop Art, com as caixas de cartão de esfregões Brillo e de sumo de tomate Campbell’s, de Andy Warhol, em grande destaque. Mas há muito mais.

Para além de obras vanguardistas de Andy Warhol e Roy Licht­en­stein, encontrei nas paredes do Museu Ludwig pinturas de artistas conceituados como Pab­lo Pi­cas­so, Hen­ri Ma­tisse, René Magritte e o meu favorito Mon­drian, entre muitos outros.

Visitar o Museu Ludwig é uma experiência que recomendo vivamente.

13:30 | Almoço

Não tenho nenhuma sugestão extraordinária para almoçar. Como andava pelo centro histórico, acabei por parar num restaurante asiático onde havia pratos tailandeses a bom preço, não muito longe da catedral. A esse propósito, quero dizer aliás que, ao contrário do que eu imaginava, as refeições em Colónia não são caras (vi inúmeros “menus executivos” por menos de 10€).

15:00 | Igreja St. Martin

Igreja St. Martin, Colónia
Vestígios romanos por baixo da Igreja St. Martin, no centro histórico de Colónia

Não é preciso andar muito para chegar à porta de entrada da Igreja St. Martin, cujas fundações foram erigidas sobre vestígios da presença romana em Colónia.

Escavações recentes sugerem que, ao longo dos tempos, o espaço terá sido uma palaestra, onde os lutadores treinavam; e posteriormente transformada num complexo desportivo tido como “sofisticado”, com salas de treino, piscinas e espaços recreativos. Noutra época, terá também servido como horrea, armazéns onde se guardava principalmente comida.

Tudo isto para dizer que, para além de visitar a Igreja St. Martin propriamente dita, vale a pena descer ao subsolo e recuar (ainda mais) no tempo.

16:00 | Museu Farina

O que fazer em Colónia: visitar o Museu Farina
Frascos antigos de água de colónia, em exposição no Museu do Perfume da família Farina

Confesso que nunca tinha feito essa associação mas a Água de Colónia, muito usada antes dos atuais perfumes tomarem conta dos olfatos europeus, deve o seu nome precisamente à cidade de Colónia.

Entre os atuais produtores de Água de Colónia, o mais emblemático é a Casa Farina, cuja fragrância original, criada pelo perfumista italiano Giovanni Maria Farina, ainda hoje se produz. Foi ele que criou e popularizou a fragrância.

“Uma fragrância que lembra as manhãs de primavera depois da chuva, escreveu o perfumista Giovanni Maria Farina em 1708. Laranja, limão, toranja, bergamota e cidra faziam-no lembrar a sua cidade natal. Foi a Água de Colónia criada por esse italiano,que fez Colónia no século XVIII ficar conhecida mundialmente como a cidade do perfume.”, in Casa Farina

A visita ao Museu do Perfume da Casa Farina dura sensivelmente uma hora e, apesar de não ser uma experiência imprescindível numa curta viagem a Colónia, serve para se inteirar de uma parte importante da história da cidade.

17:30 | Caminhar pelas margens do Reno

Se conseguir resistir, ignore a Ponte Hohenzollern, uma das supostas atrações de Colónia, onde milhares de pessoas prendem cadeados em juras de amor eterno. Confesso não entender esta mania, transversal a muitos destinos – mas talvez seja problema meu.

Dito isto, aproveite para passar algum tempo junto ao Rio Reno, parte integrante da vida de Colónia. Eu decidi não fazer um passeio de barco pelo rio e preferi caminhar, mas o barco será outra boa opção.
Seja como for, tendo ainda tempo (e pernas), não deixe de conhecer o Rheinauhafen.

Trata-se de um projeto de regeneração urbana no bairro das docas de Colónia, que mistura de forma muito bem sucedida o velho e o novo. O epicentro dessa renovação urbana são os três Kranhäuser, edifícios extraordinários que marcam de forma indubitável a paisagem urbana nas margens do Rio Reno.

Infelizmente, o meu fim de tarde estava tão chuvoso e agreste que acabei por desistir da caminhada e recolhi a um café.

Noite em Colónia

Terminada a tarde, antes ou depois do jantar, pode sempre ir ao “outro lado” do rio para tirar a foto clássica com a Ponte Hohenzollern, o Reno e a Catedral de Colónia iluminada. É um dos maiores clichés de qualquer viagem a Colónia, mas dá fotografias extraordinárias.

Para a noite, recomendo sair para beber uma cerveja ou um copo de vinho nas esplanadas de Colónia. É ou não uma cidade vibrante, boémia, com alma latina?

Alternativamente, se quiser contribuir para a discussão sobre o que fazer em Colónia, pode cumprir a missão de conhecer um lugar cuja visita me foi recomendada mas onde também não tive oportunidade de ir. Chama-se Arty Farty Gallery e foi-me descrito com as seguintes palavras: “A must go to. Hard to describe. Just go there“. Vá e depois conte como foi.

9:00 | Palácio Augustusburg

Escapadinha em Colónia: Palácio Augustusburg
A monumental escadaria do Palácio Augustusburg © Horst Gummersbach / UNESCO – Palácios de Augustusburg e Falkenlust

Eu comecei o dia cedo, e recomendo que faça o mesmo – especialmente caso queira visitar ambos os palácios de Brühl. Seja como for, visitar o Palácio Augustusburg (pelo menos esse) é fundamental. Vá por mim – não se vai arrepender!

O Palácio Augustusburg é um exemplo extraordinário dos delírios e excessos da arquitetura rococó na Alemanha. Fica a poucos quilómetros de Colónia, na pequena cidade de Brühl e, para mim, visitá-lo foi um dos momentos altos da minha viagem.

O prémio para quem acordou cedo e ainda tem tempo, é a oportunidade de visitar Falkenlust, o chalé de caça usado por Clemente Augustus e descrito como “fofinho” pela funcionária da bilheteira em Augustusburg. Fica a pouco mais de 2km de distância de Augustusburg.

Não tarda muito será hora de apanhar o comboio de regresso a Colónia.

13:30 | Café / brunch no Ernst (ou no Coffee Gang)

Tendo tempo, aproveite para conhecer mais um dos bons cafés de Colónia. Para além dos três cafés já referidos, outro dos que conheci e gostei foi The Coffee Gang (na verdade gostei do espaço mas não da bebida).

Alternativamente, a viagem a Colónia pode terminar numa esplanada da cidade velha, com vista para o Rio Reno, já bem perto da estação central de caminhos-de-ferro.

15:00 | Apanhar o comboio para o aeroporto

Hora limite para apanhar o comboio na estação central de Colónia, rumo ao aeroporto, caso regresse no voo da TAP para Lisboa. Era o meu caso e, por isso, terminava assim a minha escapadinha a Colónia.

Apesar de curta, valeu a pena!

Outros lugares que gostaria de ter visitado em Colónia

Se tiver mais um dia (e se não estiverem fechados) não deixe de os incluir na sua lista com o que fazer em Colónia.

  • Basílica St. Georon, a tal igreja que estava fechada quando a tentei visitar;
  • Kranhäuser, belíssimos edifícios modernos no antigo porto de Colónia;
  • Cemitério Melaten, um cemitério arquitetonicamente impressionante.

Mapa das principais atrações de Colónia

Eis o mapa com todos os locais mencionados neste roteiro de dois dias em Colónia.

Guia para visitar Colónia

Como chegar a Colónia

A TAP voa de Lisboa para Colónia várias vezes por semana, sendo que a ligação dura sensivelmente três horas. Lá chegados, para ir do aeroporto internacional Colónia-Bona até ao centro da cidade, a forma mais prática e rápida é apanhar um comboio com destino à estação central de Colónia, junto à catedral; a viagem dura pouco mais que 15 minutos e custa 2.80€.

Onde ficar em Colónia

Eu fiquei alojado no Lindner City Plaza, um hotel de quatro estrelas de grandes dimensões, muito bem localizado nas proximidades do Belgian Quarter e com excelente relação qualidade/preço.

Alternativamente, recomendo que espreite os muito elogiados Excelsior Hotel Ernst am Dom (cinco estrelas) e CityClass Hotel Residence am Dom (quatro estrelas), ambos junto à Catedral de Colónia; o Stern am Rathaus (três estrelas); o 1st Floor Köln 2, um hotel fantástico mas mais afastado do centro; ou, por fim, o mais barato Sandmanns am Dom.

Se prefere o ambiente sociável de um hostel, vai ser difícil encontrar melhor que o Hostel die Wohngemeinschaft. Absolutamente maravilhoso (e mais barato)!

Para outras alternativas use o link abaixo, onde encontrará hotéis para todos os gostos e orçamentos.

Pesquisar hotéis em Colónia

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Outros roteiros de cidades europeias

Se está a pensar visitar Colónia, talvez tenha interesse em saber um pouco mais sobre o que ver e fazer noutras cidades da Europa.

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Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.