Zagreb pode não ser a mais bela cidade europeia, mas a capital da Croácia não deixa, por isso, de merecer atenta visita. Tal como os Lagos Plitvice, esses sim, autênticas maravilhas com que a Natureza brindou o país, a meio caminho entre Zagreb e a costa do Adriático. Um roteiro de viagem por dois locais distintos, numa espécie de introdução à diversidade da Croácia, porta de entrada nos Balcãs.
Descobrindo a capital Zagreb
Não há dúvida de que a Croácia está na moda, e razões não faltam para esse sucesso. As águas cristalinas da costa da Dalmácia, a inquestionável “pérola do Adriático” chamada Dubrovnik, a sofisticação da península Istria, as imaculadas ilhas Hvar e Korcula, a celebrada arquitectura medieval do centro histórico de Split ou Trogir, ou ainda a capital Zagreb e os singulares lagos Plitvice são atracções que levam milhares de pessoas a visitar o país durante todo o ano, todos os anos.
Já lá vai, pois, o tempo em que Croácia era sinónimo de guerra, de Tito, de comunismo. As desavenças do passado com a Sérvia não estão totalmente esquecidas, é certo, mas hoje em dia a Croácia é, mais do que nunca, sinónimo de futuro, de progresso, e um destino de férias no topo nas preferências mundiais.
Bem vistas as coisas, com tantos atractivos, elevada qualidade de serviços e oferecendo preços mais acessíveis do que a popular vizinha Itália, não admira que assim seja. Até porque o país é um cocktail multicultural, com influências tão diversas que tornam qualquer visita uma experiência ímpar.
Nesta viagem à Croácia, foquei atenção na capital Zagreb e no aclamado Parque Nacional dos Lagos Plitvice, classificado Património da Humanidade pela UNESCO. São dois locais totalmente diferentes, cada um com os seus atractivos, mas ambos merecedores de uma atenta visita.
Zagreb. Ao primeiro impacto, a capital croata não parece a mais esbelta das capitais europeias, mas há que procurar esses encantos, caminhar por ruelas secundárias, deixar-se perder.
Fui à procura de recantos citadinos onde o quotidiano local mereça um olhar interessado do viajante e, verdade seja dita, há muitos locais de interesse na cidade. A praça central, Jelacica, por exemplo, é ponto distribuidor dos transeuntes pelas diferentes zonas de Zagreb, como as imperdíveis ruas empedradas dos bairros medievais de Kaptol e Gradec, nomes das vilas adjacentes que haveriam de dar origem a Zagreb.
Não muito longe, o edifício do Teatro Nacional da Croácia chama a atenção pela sua imponência e pelo colorido da fachada. A Catedral de São Marcos, no centro do bairro Gradec, permite apreciar obras do mais famoso escultor croata dos tempos modernos, Ivan Mestrovic.
A rua pedonal de Tkalciceva, pejada de agradáveis cafés que se transformam em bares dançantes por volta da hora de jantar, é um bom refúgio para quando os pés pedem descanso, o corpo pede uma bebida refrescante ou a mente solicita uma conversa com os amáveis croatas. Vale bem a pena parar num desses cafés e apreciar, sem pressas, o quotidiano da capital.
Prossigo. A uma escadaria de distância da praça Jelacica, uma passagem pelo mercado de vegetais de Dolac permite interagir com as sempre extrovertidas vendedoras e conhecer os hábitos alimentares croatas. A gastronomia é, aliás, um dos grandes prazeres de viajar pelo mundo e experimentar um pouco da gastronomia local quando se está num novo país é algo que tenho por imprescindível.
Os sabores de um povo fazem parte da sua cultura, dos seus costumes, e para os conhecer nada melhor do que pedir sugestões a quem lá mora. Foi assim que o restaurante Boban me foi entusiasticamente recomendado por uma croata de meia-idade. Ora, o curioso na recomendação é que o restaurante não serve comida tradicional croata, mas sim italiana. Uma evidência – mais uma – da influência do exterior nesta nova fase da vida da Croácia.
Ventos de Roma sopram na Croácia, aliás, em vários outros aspectos. Na religião, por exemplo. Após um longo período de proibição, o catolicismo parece readquirir enorme força entre o povo croata, numa espécie de grito de independência ante o passado opressor.
Em viagem pelos lagos Plitvice
Ao terceiro dia em Zagreb decido sair da cidade. O apelo de conhecer o belíssimo Parque Nacional dos Lagos Plitvice impeliu-me à central de camionagem, onde apanhei um autocarro madrugador rumo a Plitvice. Fiquei deslumbrado.
Em todo o mundo recordo-me apenas de um lugar que se assemelhe visualmente a Plitvice e isso foi do outro lado do globo terrestre: no Parque Natural de Jiuzhaighou, localizado na província chinesa de Sichuan e também ele classificado como Património da Humanidade pela UNESCO.
Não há dúvida de que Plitvice é um dos lugares mais surpreendentes de toda a Croácia.
Saltam à vista os indescritíveis tons de azul das águas que correm calmamente, a encantadora sequência de cascatas e lagos circulares, ao longo de um vale escarpado e verdejante, adornado por passadiços de madeira que tornam a caminhada prazenteira.
Tudo parece tão perfeito que é como se as lagoas tivessem sido ali colocadas por mão humana, harmoniosamente, de forma irrepreensível.
Uma visita ao Parque Nacional dos Lagos Plitvice é um passeio absolutamente recomendável. Seja feito num dia a partir da capital Zagreb, seja uma paragem a caminho de Split – a segunda maior urbe da Croácia – ou Zadar, na costa do mar Adriático.
Para conhecer Plitvice, demora-se cerca de quatro horas a visitar a totalidade do parque, ou mesmo mais, se parar frequentemente ou se, por azar, o dia for de grande enchente de turistas.
Sim, é verdade, já há grandes enchentes de turistas na Croácia. Mas, ainda assim, o país parece ter capacidade para gerir essa popularidade. Ainda bem. Em todo o caso, pelo sim pelo não, faça as malas e parta em direcção a este recanto dos Balcãs o mais cedo possível. A Croácia merece.
Guia de viagens a Zagreb e Plitvice
Este é um guia prático para viagens a Zagreb e aos lagos Plitvice, com informações sobre a melhor época para visitar, como chegar, pontos turísticos, os melhores hotéis e sugestões de atividades na região.
Localização geográfica
A Croácia tem uma forma geográfica parecida com um boomerang, o que torna difícil visitar todo o país sem entrar e sair no seu vizinho Bósnia-Herzegovina. A Croácia está delimitada pelo mar Adriático e faz fronteira com a Eslovénia, Hungria, Sérvia, Montenegro e Bósnia-Herzegovina.
Quando ir
O Inverno não é aconselhado por causa do frio intenso, e o pico do Verão pode ser demasiado quente e confuso em termos de volume de turistas para a visita ser prazenteira. Maio e Junho ou da segunda quinzena de Setembro à primeira de Outubro são alturas intermédias, com condições meteorológicas aprazíveis e sem as enchentes turísticas do mês de Agosto.
Como chegar a Zagreb
A TAP voa para Zagreb por menos de 300€. Do aeroporto para a cidade, o melhor é apanhar o autocarro da Croatia Airlines que efectua frequentes ligações até à central de camionagem de Zagreb (30Kn). Daí, há eléctricos para as principais zonas da cidade (8Kn), incluindo a praça central, Jelacica, onde está localizado um posto de turismo. A alternativa táxi custará aproximadamente 250Kn.
Onde ficar
Na capital croata há inúmeras opções de alojamento. De resto, não se justifica pernoitar junto aos lagos Plitvice, sendo preferível visitar o parque a partir de Zagreb ou a caminho da costa do Adriático.
Informações úteis para a visita a Plitvice
Em Zagreb, o Posto de Informação dos Parques Nacionais da Croácia, sito na rua Tomislava 19, possui excelente informação à disposição dos visitantes – brochuras, horários de transporte e demais documentação informativa – e pessoal muito prestável, que o ajudará a planear uma visita a qualquer um dos parques naturais do país.
Conte com quatro horas para ver o parque na totalidade, ou mais se parar frequentemente ou for dia de grande enchente de turistas – neste caso, poderá ter que esperar a sua vez de entrar numa das pequenas embarcações que fazem a ligação entre dois pontos distantes dentro do parque. Há cafés em pontos estratégicos do parque, mas poupará dinheiro se levar água e umas sandes ou fruta para o passeio. O mapa que se vende (20 Kn) no posto de informação à entrada do parque é desnecessário.
Conjugar Plitvice com viagem ao Adriático
Uma conveniente forma de conhecer os lagos Plitvice sem “perder” um dia de viagem é incluir a visita numa deslocação (comum entre os que visitam a Croácia) entre Zagreb e a costa do Adriático, seja Zadar ou, mais frequentemente, Split.
Não dispondo de carro alugado, apanha-se um autocarro de manhã cedo (7:30 ou 8:40) em Zagreb com destino a Plitvice (75 Kn) – peça ao motorista para sair na primeira entrada -, visita-se o parque (entrada 85 Kn) e, a meio da tarde, faz-se paragem a um autocarro para Zadar ou Split (95 Kn).
O posto de informação à entrada do Parque fornece horários actualizados dos autocarros, embora seja conveniente estar na estrada pelo menos 20 minutos antes da hora indicada de passagem.
Para Zadar, existe ainda a opção de tomar um táxi colectivo que costuma esperar por clientes à entrada do parque. Durante o tempo da visita, a mala ou mochila pode ser deixada num barracão destinado ao efeito (10 Kn).
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.