Tal como em outras atrações do Sri Lanka, o local da bilheteira desafia a lógica. Em vez de estar situada na entrada principal do complexo arqueológico, os bilhetes compram-se no Museu Arqueológico de Polonnaruwa, a algumas centenas de metros de distância da entrada principal.
Na verdade, dada a localização da homestay Ruins Villa, onde pernoitei, junto a uma saída secundária no extremo norte do complexo, isso até acabou por dar jeito para visitar Polonnaruwa sem ter de andar “para trás”.
Assim, munido de uma bicicleta alugada lá na homestay, fui até ao museu, comprei os bilhetes e pedalei até ao adjacente Palácio do Rei Nishshanka Malla. O palácio fica junto ao Lago Bendiwewa, rodeado de jardins exuberantes, embora fora do principal complexo arqueológico de Polonnaruwa. Foi o primeiro local que visitei.
Entre os vários edifícios que pude observar, o que mais me chamou a atenção no palácio foi o que resta do chamado Trono de Leão. Trata-se de uma estátua imponente, cuja expressão parece caricatural e divertida em vez de assustadora ou vigorosa. Impressão minha porventura, mas não pude deixar de reparar na expressão de desenho animado do leão do trono.
Explorado o complexo palaciano, voltei a pegar na bicicleta, atravessei a rua principal de Polonnaruwa e dirigi-me à entrada principal do complexo. Mostrei o bilhete e rumei imediatamente ao Palácio Real, no extremo sul das ruínas de Polonnaruwa – complexo arqueológico que integra a lista de Património da Humanidade do Sri Lanka.
Foi ali que vi o primeiro autocarro de turismo. Por algum motivo que me custa compreender, podem andar viaturas – autocarros incluídos – dentro do complexo arqueológico de Polonnaruwa. Parei a bicicleta junto ao parque de estacionamento e fui explorar o grupo do Palácio Real; incluindo a Sala de Audiências onde o rei ouvia os seus conselheiros.
Dizem que, em tempos, o palácio chegou a ter sete andares. Desconheço a veracidade da afirmação, até porque, hoje em dia, pouco resta dessa imponente construção. Mas, mais do que nas colunas ou muros reconstruídos, aquilo em que reparei no Palácio Real foi o friso esculpido na pedra com magníficos altos-relevos de quase uma centena de elefantes, todos em posições distintas. Lindo!
A próxima paragem foi o Quadrilátero Sagrado de Polonnaruwa. Trata-se de um grupo compacto de ruínas localizado numa pequena elevação de terreno, rodeado por um muro. Foi, provavelmente, o local onde vi a maior concentração de turistas; mas, ainda assim, deu para observar tudo com calma. Incluindo várias estátuas e muitas figuras esculpidas nas paredes do extraordinário Vatadage, um edifício circular que captou a minha atenção.
Até que começou a chover e me refugiei por instantes no interior do Thupara Gedige, um templo budista de paredes muito grossas que ainda hoje resiste.
Tive ainda oportunidade de visitar os templos hindus Shiva Devale N1 e Shiva Devale N2, este último a mais antiga estrutura de Polonnaruwa. Segui depois, sempre de bicicleta, para o chamado Pabula Vihara, um edifício rodeado por um relvado convidativo onde me deitei a descansar.
Visitar Polonnaruwa estava a ser fascinante mas, depois de visitar a fortaleza de Sigiriya, subir ao topo de Pidurangala e explorar as ruínas de Ritigala nos dias anteriores, o cansaço acumulado começou a fazer-se sentir. O sol que entretanto despontou não poderia, pois, ter chegado em melhor altura.
Por esta altura, já a visita à cidade antiga de Polonnaruwa estava quase a terminar. Depois de comer umas chamuças, uma banana e beber uma água de coco numa das bancas existentes dentro do recinto, prossegui de bicicleta até ao extremo norte do complexo arqueológico, observando de passagem a gigantesca stupa de Rankor Vihara e a fabulosa estátua de Buda (sem cabeça) do templo Lankathilaka.
Quando finalmente cheguei a Gal Vihara para observar mais duas estátuas de Buda – um reclinado e outro de pé – esculpidas num maciço granítico, começou um dilúvio de proporções quase Bíblicas. A luz também já não era a melhor, pelo que dei por terminada a visita a Polonnaruwa. Esperei que a fúria dos céus acalmasse um pouco, montei na bicicleta e abandonei as ruínas pela saída alternativa, ali perto. A minha homestay ficava a dois passos.
Guia prático
Como organizar a visita
Visitar Polonnaruwa de forma independente é extremamente simples, e só precisa de uma coisa fundamental: uma bicicleta. Com toda a certeza o hotel onde ficar hospedado terá bicicletas para alugar; ou tratará do assunto sem problemas.
Munido da bicicleta, basta comprar o bilhete (25 USD, a pagar em Dólares norte-americanos ou Rupias do Sri Lanka; mas não em Euros).
Dicas para visitar Polonnaruwa
- Vá de chinelos; é muito mais prático porque terá de se descalçar, várias vezes, para visitar os antigos templos budistas. Mas leve umas meias na mochila, como precaução para o caso do piso estar demasiado quente (acontece frequentemente).
- As mulheres devem cobrir as pernas e os ombros nos templos; em todos os outros locais, incluindo as restantes atrações – ruínas, monumentos -, podem andar à vontade.
- Dentro do complexo há duas zonas onde é possível comprar bebidas, fruta e alguns snacks.
- O bilhete é válido para um dia, mas não é possível sair e voltar a entrar com o mesmo bilhete.
Onde ficar
Eu fiquei alojado numa homestay simples mas muito agradável, colada a uma das saídas das ruínas de Pollonaruwa. Chama-se Ruins Villa, é gerida pelo simpático Upali, e recomendo vivamente a estadia (simples mas genuína). Outras opções igualmente boas e baratas são o Sun Guesthouse, o River Nature Park e o Hiru Tourist Rest.
Se, ao invés, procura algum luxo, ficará muito bem instalado na Ekho Lake House.
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Olá Filipe,
Em primeiro lugar, parabéns pelas tuas publicações, são sempre uma inspiração.
Parto na próxima semana para o Sri Lanka e para uma volta ao mundo no próximo ano. Também fui líder de viagens durante alguns anos e o bichinho estará sempre lá. Há caminhos impossíveis de retroceder! Felicitações uma vez mais. Continua assim!
Silvia