Constantine é uma cidade especial. São duas cidades, aliás, uma nova e uma velha, separadas por desfiladeiros profundos que só as pontes sobre o Rio Rhumel conseguem unir. E são quatro, as pontes. O resto são penhascos, ravinas e vistas capazes de emudecer o mais experiente dos viajantes.
Um amigo escreveu, um dia, que as casas de Constantine “parecem agarrar-se em desespero para não caírem nas ravinas”. É uma imagem feliz, sem dúvida, que reflete a inacessibilidade do local. Do ponto de vista defensivo, é difícil imaginar melhor localização; e talvez tenha sido isso que atraiu o imperador romano Constantino I, a quem se deve o nome atual da terceira maior cidade da Argélia.
A minha visita a Constantine
No meu primeiro dia em Constantine, e mesmo antes de começar a explorar a cidade, fui trocar dinheiro no mercado negro – que é como quem diz, em frente ao edifício dos correios. Na rua, em plena luz do dia, vários homens com notas na mão e a complacência das autoridades trocavam dólares e euros por valores muito acima da taxa de câmbio oficial (que ninguém usa).
Segui depois para a esplanada do agradável café Oxygène, onde aproveitei para comer uma sanduíche e tomar um bom café. Ficava mesmo ao lado do Palácio de Ahmed Bey, que pretendia visitar.
O palácio é composto por três suites, um jardim com laranjeiras, belos pátios interiores e pormenores arquitetónicos muito curiosos, entre os quais portas de madeira com esculturas também de madeira, fontes de mármore e um corredor com arcos sustentados por belas colunas de mármore branco.
O que mais me fascinou, no entanto, foram os mosaicos e os frescos das paredes que encontrei no palácio. Tratam-se de pinturas que representam as múltiplas viagens do regente Ahmed Bey para locais como o Cairo e Alexandria, Tripoli ou Istambul. Infelizmente, após alguns minutos a visitar o palácio, fui informado de que não poderia fotografar, razão pela qual não tenho mais exemplares dos frescos para mostrar.
Curioso foi também o facto de, na altura em que visitei o edifício, o piso superior estar tomado por uma equipa de filmagens argelina, que ali rodava um filme. Apesar disso, visitar o Palácio de Ahmed Bey ficou no topo da lista com o que fazer em Constantine. É absolutamente imperdível.
Fui depois explorar a fervilhante rua comercial Didouche Mourad que, nesse dia, estava em ebulição. Havia milhares de pessoas a circular na rua, muito estreita; dezenas de vendedores ambulantes; uma miríade de produtos e pregões e negócios a acontecer a cada instante.
É sabido que adoro mercados mas, desta feita, a rua estava tão apinhada de gente que era difícil desfrutar. Fui seguindo rua fora, ao sabor da multidão, até porque o meu objetivo era chegar à ponte suspensa Sidi M’Cid, um dos locais mais emblemáticos de Constantine, que ficava muito perto da outra extremidade da Didouche Mourad. É de lá que melhor se percebe não serem descabidas as comparações de Constantine com Ronda, uma pequena povoação da comunidade autónoma da Andaluzia, em Espanha, igualmente construída junto a falésias monumentais.
Fiquei por momentos a apreciar a ponte e, depois de a atravessar a pé, segui para o chamado Monumento aos Mortos. Visualmente, é uma espécie de Arco do Triunfo francês. Simbolicamente, serve de homenagem aos jovens de Constantine que perderam a vida na primeira Grande Guerra. Havia jovens namoriscando, muito vento e vistas impressionantes.
Para o dia seguinte guardei a visita à mesquita Emir Abdelkader. Trata-se da maior mesquita de Constantine, uma construção moderna que também encontrei movimentada. Pudera: era sexta-feira, quase hora de almoço, quando muitos fiéis se dirigiam para a principal oração do dia. Entrei, sentei-me no chão a contemplar como tantas vezes fiz no meu querido Irão, e nem dei pelo passar do tempo.
No resto do dia andei a caminhar sem destino pelo centro histórico de Constantine; e fiquei a aproveitar o excelente hotel onde me alojei para trabalhar. Na verdade, era para ter ido andar no teleférico de Constantine, a partir do qual – garantia de uma amiga – as vistas seriam grandiosas; mas a preguiça de final de tarde foi mais forte.
Na manhã seguinte, bem cedo, haveria de me despedir de Constantine para visitar as ruínas romanas de Djémila. Era o final da minha viagem à Argélia!
Guia para visitar Constantine
Onde ficar
Em Constantine, optei por ficar alojado num hotel estilo ocidental, e posso recomendar sem reservas. Trata-se do novíssimo Protea Hotel by Marriott, uma espécie de Ibis mas em bom. É bem localizado, com quartos excelentes, pequeno-almoço variado e saboroso, e preço aceitável. Outra alternativa recomendável é o Hotel des Princes, um pouco mais barato (quando visitei Constantine estava fechado, em obras de remodelação).
Se pretende algo mais especial (e caro), o Constantine Marriott Hotel é uma opção seguríssima; é, muito provavelmente, o melhor hotel de Constantine.
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