Atualização: 31.08.2020: leia sobre o seguro de viagem Covid da IATI e conheça as novas coberturas.
Atualização 17.03.2020: desde que escrevi este texto sobre o Coronavírus, no dia 02.03.2020, a situação complicou-se bastante em Portugal. Por precaução e bom senso, cancelei ou adiei todas as viagens e compromissos que tinha agendados até agosto (incluindo uma viagem de quase três meses à Indonésia, em família, que iria decorrer em junho, julho e agosto).
Neste momento, o melhor conselho que lhe posso dar é: esqueça as viagens. Proteja-se. Cuide de si e dos seus. A saúde de todos é o mais importante. Quando a pandemia passar, voltamos a falar de viagens…
Uma vez que o alastramento do Coronavírus afeta diretamente os planos de viagens – pessoais e profissionais – de muitos leitores, deixo nestas linhas algumas informações, notas e recomendações com base na minha experiência pessoal. Com a ressalva de que, como sabem, não sou médico, nem tenho qualquer formação na área da saúde.
Assim, antes de tomar uma decisão sobre o eventual cancelamento de uma viagem por causa do vírus COVID-19, complemente tudo o que ler com fontes de informação oficiais. E acompanhe a situação do Coronavírus em Portugal (e no resto do mundo), nomeadamente através de entidades como a Direção-Geral de Saúde (DGS), a Organização Mundial de Saúde (WHO) ou o Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Até porque a situação no terreno tem-se alterado muito rapidamente – e, como tal, também as recomendações aplicáveis em cada momento, a cada caso.
A ideia deste texto é, pois, partilhar a minha experiência e o conhecimento retirado do que vi e li a respeito da epidemia; e, com isso, tentar contribuir para uma decisão mais racional sobre o eventual cancelamento de uma viagem por causa do Coronavírus.
Nas palavras da DGS, “os Coronavírus são uma família de vírus conhecidos por causar doença no ser humano”. E acrescenta: “a infeção pode ser semelhante a uma gripe comum ou apresentar-se como doença mais grave, como pneumonia”.
O vírus foi detetado pela primeira vez na cidade de Wuhan, localizada na província chinesa de Hubei. Acredita-se que as primeiras infeções em humanos estão relacionadas com um mercado de animais vivos em Wuhan; momento a partir do qual o vírus começou a propagar-se de pessoa para pessoa.
Acompanhe em tempo real o número de casos a nível mundial no mapa interativo Coronavirus COVID-19 Global Cases by Johns Hopkins CSSE.
Apesar das especificidades do vírus estarem ainda em estudo, parece seguro afirmar-se que o Coronavírus se transmite entre humanos pelas gotículas propagadas através da fala, da tosse ou de espirros de pessoas infetadas. Diz a Organização Mundial de Saúde que o vírus não viaja mais do que um metro; sendo essa, por assim dizer, a distância mínima de segurança.
Essas gotículas podem ser transmitidas de forma direta pelo contacto próximo com uma pessoa infetada; ou de forma indireta através da manipulação de objetos onde o vírus foi depositado (como um puxador de porta ou um corrimão, por exemplo), desde que, após o contacto das mãos nessa superfície, as levar à boca, nariz ou olhos.
Por tudo isso, as formas tidas como mais eficientes de prevenir o contágio são:
- Evitar o contacto próximo com pessoas potencialmente infetadas.
- Lavar frequentemente as mãos com água e sabão (ou, em alternativa, com soluções desinfetantes).
- Proteger a sua boca caso tussa ou espirre.
- Evitar levar as mãos à boca, nariz e olhos, exceto se lavadas previamente.
Veja o seguinte poster da CDC e, principalmente, o vídeo COVID-19 Prevenção e Proteção que a DGS fez a este respeito.
Reforço a ideia – patente no vídeo – de que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, o uso de máscaras como medida de auto-proteção é ineficaz, desnecessária e, eventualmente até, contraproducente. Justifica-se, isso sim, como medida para prevenir a transmissão do vírus a terceiros, caso suspeite estar infetado com o COVID-19.
Atualização: a OMS veio, entretanto, recomendar o uso generalizado de máscaras como medida de prevenção.
Socorro-me, uma vez mais, das palavras da Organização Mundial de Saúde:
“Os sintomas mais comuns do COVID-19 são febre, cansaço e tosse seca. Alguns pacientes podem ter dores, congestão nasal, corrimento nasal, dor de garganta ou diarreia. Esses sintomas são geralmente leves e começam gradualmente.
Algumas pessoas são infetadas, mas não apresentam sintomas e não se sentem mal. A maioria das pessoas (cerca de 80%) recupera da doença sem precisar de tratamento especial.
Cerca de uma em cada seis pessoas infetadas pelo COVID-19 fica gravemente doente e desenvolve dificuldade em respirar. As pessoas idosas e as que têm problemas médicos subjacentes, como pressão alta, problemas cardíacos ou diabetes, têm maior probabilidade de desenvolver doenças graves.
A taxa de mortalidade é de cerca de 2%. Pessoas com febre, tosse e dificuldade em respirar devem procurar atendimento médico.”
De referir que, caso tenha algum dos sintomas em Portugal, não se dirija imediatamente ao centro de saúde ou hospital mais próximo.
Ao invés, deve utilizar o serviço de triagem, aconselhamento e encaminhamento do SNS 24, ligando para o número 808242424. Os profissionais de saúde do outro lado da linha saberão, melhor do que ninguém, dar as instruções e conselhos adequados.
Antes de mais, permita-me uma recomendação de senso comum. Mantenha-se tranquilo, para poder tomar decisões de forma racional e não emotiva sobre cancelar viagens.
Até ao momento, a Organização Mundial de Saúde não vê motivos para restringir taxativamente as viagens não essenciais. Mas vários países têm elevado os níveis de alerta em relação a destinos como a China, a Coreia do Sul ou a Itália, entre outros.
No meu caso, acabei de cancelar uma viagem de trabalho que me levaria ao Berlin Travel Festival (em Berlim) e ao TBEX Europe, na Sicília (Itália). Com toda a sinceridade, estava tentado a manter os planos de viagem, mas ambos os eventos foram adiados devido aos efeitos do Coronavírus. Neste caso, as circunstâncias decidiram por mim.
Em paralelo, mantenho programadas as viagens para a Capadócia, na Turquia (em abril, com as crianças); para Copenhaga e Ilhas Faroé, na Dinamarca (em maio) e para as ilhas de Sulawesi, Togean, Flores e Lombok, na Indonésia (de junho a setembro, também em família).
Se vou mesmo efetuar as viagens? Não sei. Espero sinceramente que sim, mas não o posso afirmar com 100% de certeza.
Atualização 17.03.2020: como escrevi acima, neste momento cancelei todas as minhas viagens. A situação mudou rápida e drasticamente.
Aquilo que vou fazer é manter-me atento à evolução da epidemia do Coronavírus, de forma tranquila e sem dramas, avaliando e ponderando, em cada caso, os riscos de manter a viagem.
Como é evidente a saúde de todos – filhos incluídos – estará sempre, naturalmente, em primeiro lugar; pelo que, assim que chegar a hora, ponderarei tranquilamente cada uma dessas situações.
Assim, sendo mais racional do que emotivo, a minha tendência é para manter as viagens que tenho agendadas – e o mesmo diria para a maioria dos destinos para os quais os leitores possam ter viagens marcadas. Mas tenho consciência de que a minha perceção pode mudar a qualquer momento.
Eis algumas das coisas que me preocupam enquanto viajante frequente:
- Possibilidade das companhias aéreas cancelarem os voos de regresso e, com isso, ficar retido no destino (como aconteceu recentemente com alguns viajantes portugueses no Irão).
- Ser obrigado a ficar de quarentena no país de destino ou à chegada a Portugal.
- Ter contacto com alguém infetado e trazer o vírus, ainda que estando assintomático, para Portugal.
Seja como for, o melhor é manter a cabeça fria; não entrar em pânico; manter-se informado através de fontes racionais e credíveis; e seguir as recomendações que, a cada momento, as autoridades forem emitindo sobre o Coronavírus. Mais uma vez, sem dramas.
Caso decida manter a sua viagem, aconselha-se que faça o Registo do Viajante no Portal das Comunidades Portuguesas (especialmente se viajar para uma zona considerada de risco). Existe igualmente uma app para o efeito.
Nota: as melhores fontes de informação sobre o Coronavírus não são, com toda a certeza, os noticiários televisivos. Não se baseie neles para tomar decisões sobre o eventual cancelamento de viagens.
Tal como a maioria dos seguros de viagem existentes no mercado, os seguros que eu uso e recomendo, infelizmente, não cobrem epidemias.
Numa apólice da World Nomads (que atualmente não aceita fazer seguros a viajantes portugueses), pode ler-se explicitamente que, entre as exclusões das coberturas, se incluem os custos provocados direta ou indiretamente por epidemias decretadas por entidades públicas. Ou seja, não cobre.
No caso da IATI Seguros, as minhas apólices esclarecem que “não se garantem os cancelamentos de viagens que tenham a sua origem em epidemias, poluição e catástrofes naturais no país de destino da viagem”.
Ainda assim, para quem possui o chamado “seguro de cancelamento IATI”, a seguradora informa que:
- O seguro não cobre custos de cancelamento se tiver decidido visitar a China depois que o alerta de epidemia de Coronavírus tiver sido declarado. Neste caso, é uma preexistência.
- O seguro não cobre taxas de cancelamento se a viagem à China estiver agendada antes da emissão do alerta de surto, mas começará a médio ou longo prazo. Neste caso, entende-se que o alerta será retirado antes de iniciar a sua viagem.
- O seguro cobre os custos de cancelamento se a viagem estiver programada para qualquer outro país, onde não há alerta de epidemia, mas, no momento da viagem, for declarada e impedir que a viagem se concretize.
Em suma, para estar coberto em qualquer situação, só mesmo possuindo um dispendioso seguro CFAR – Cancel For Any Reason, pago como complemento aos seguros tradicionais – como o da IATI ou o da World Nomads; e que, regra geral, reembolsam entre 50 a 75% das despesas não cobertas pelos outros seguros, qualquer que seja a razão do cancelamento da viagem.
Manda a verdade dizer que não conheço ninguém que faça um seguro CFAR; eu nunca fiz!
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.