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Ecoboo Maldivas, o hotel português (e sustentável) no paraíso

Por Filipe Morato Gomes
Hotel Ecoboo Maldivas, ilha Thinadhoo
Exterior do hotel Ecoboo, ilha Thinadhoo, Maldivas

Um dos melhores projetos hoteleiros que conheci nos últimos tempos, o Ecoboo Maldives é um hotel construído maioritariamente em bambu em Thinadhoo, uma das principais ilhas habitadas do atol Vaavu. Mal soube da existência do hotel Ecoboo, fiquei tão curioso que decidi imediatamente incluir a ilha Thinadhoo no meu roteiro de viagem às Maldivas. E ainda bem que o fiz.

Thinadhoo é uma ilha extremamente calma, sem veículos motorizados, em que mais de metade do território permanece coberto pela vegetação original, predominantemente constituída por palmeiras. Na escola anda apenas uma criança. Há pequenos cafés e mercearias e até um pequeno centro médico. E isto numa ilha onde, além do pessoal de fora que trabalha nas pousadas locais, habitam apenas 40 pessoas.

Ecoboo, Thinadhoo, Maldivas
Ecoboo Maldivas, na ilha Thinadhoo

Ora, a cereja no topo de Thinadhoo é ficar hospedado no boutique hotel Ecoboo Maldivas, um projeto de grande qualidade e com notórias preocupações na área da sustentabilidade socioambiental. E o melhor é que o hotel é propriedade de dois portugueses: António Marques e Hugo Pedrosa.

Partilho, pois, a minha experiência como hóspede no Ecoboo de Thinadhoo, uma das ilhas habitadas mais vibrantes do atol Vaavu, nas Maldivas. Vamos a isso.

Este artigo sobre o Ecoboo Maldivas não é patrocinado. Foi escrito de coração, para partilhar com os leitores esta descoberta – e como reconhecimento a um projeto português nas Maldivas que considero extraordinário e a quem desejo todo o sucesso.

Ecoboo, Maldivas

A minha experiência no hotel Ecoboo

Hotel Ecoboo Maldivas
Entrada para o hotel Ecoboo em Thinadhoo, Maldivas

Assim que cheguei a Thinadhoo e desembarquei da lancha rápida, fui imediatamente invadido por uma sensação de paz e tranquilidade. Parte da ilha estava em obras, entre outras coisas para construir uma nova mesquita, mas nem isso diminuiu o prazer de calcorrear Thinadhoo. Mas, o que tinha eu ido fazer a Thinadhoo? O grande objetivo era conhecer o Ecoboo e fazer alguns dos passeios de barco organizados pelo hotel.

Quando cheguei ao Ecoboo e cruzei o “túnel” de bambu em direção à receção, apreciando os pormenores decorativos e o extremo bom gosto de tudo o que via, soube logo que tinha feito a escolha acertada.

Zona comum do hotel
Zona comum do boutique hotel Ecoboo, Maldivas

Há dias, tinha lido uma entrevista de António Marques que dizia o seguinte: “Quero mostrar às pessoas que as Maldivas não precisam de ser tão caras como pensam. Quem fica nos resorts de luxo das Maldivas não tem acesso às experiências todas que eu tive o privilégio de ter. Foi isso que me motivou a criar algo mais acessível”.

Creio que isto resume, em parte, o que é o Ecoboo. Um boutique hotel que combina, por assim dizer, a qualidade de um resort com o ambiente muito mais intimista e sustentável de uma pousada local. Um projeto feito ao lado da comunidade – e não contra ela -, com os princípios da sustentabilidade socioambiental sempre presentes. Irrepreensível!

Ecoboo Maldivas
Zona do restaurante do Ecoboo, junto ao areal da ilha Thinadhoo

Sim, do ponto de vista ambiental o Ecoboo está muitos passos à frente da esmagadora maioria dos hotéis das Maldivas. E a dupla portuguesa não faz por menos: ambiciona ser o hotel mais sustentável do país e uma referência em ecoturismo nas Maldivas. “É para isso que trabalhamos todos os dias… e vamos lá chegar!”, haveria de me confidenciar Hugo Pedrosa durante a minha estadia no Ecoboo. “Este é um projeto feito com o coração”, resume.

Um hotel sustentável

Receção do Ecoboo Maldivas
Pormenor da receção do hotel Ecoboo, ilha Thinadhoo

Como referido, o Ecoboo foi construído em total respeito pelo meio envolvente e tem por objetivo “alcançar impacto neutro na pegada de carbono”. E, para tal, implementou um conjunto de boas práticas ambientais e projetos com vista a atingir essa neutralidade, nomeadamente no que diz respeito à produção de energia, gestão da água e desperdícios.

Por exemplo, utiliza energia solar com vista à autossuficiência energética; os resíduos orgânicos são processados com sistemas de compostagem e usados como fertilizante nos jardins do hotel; os colchões da cama são produzidos com mais de 60% de fibra de coco; a água para consumo é produzida localmente numa “fábrica” de dessalinização, sendo depois reutilizada; uso da água da chuva como fonte de água limpa; uso generalizado do bambu na construção do hotel e no mobiliário; produção de legumes numa pequena quinta; o hotel envolve-se com a comunidade local e as escolas para promover iniciativas de sustentabilidade. E muito mais…

Férias no Ecoboo Maldivas

Ficar no Ecoboo
Entrada no Ecoboo, Thinadhoo, Maldivas

Mas, há mais coisas para fazer nas Maldivas além de ficar na praia? Claro que sim. Para quem visita Thinadhoo e escolhe ficar no Ecoboo, aliás, tem a garantia de nunca se aborrecer. Foi isso que senti.

O hotel criou um pacote de experiências que, mediante o pagamento de um valor fixo, além da hospedagem inclui o transporte de e para Malé, todas as refeições e ainda passeios de barco matinais para fazer snorkelling em recifes de coral do atol Vaavu, incluindo junto a um barco naufragado, para visitar bancos de areia, pescar de forma tradicional e até nadar com tubarões. Chama-se precisamente Pack Experience.

De tarde, tempo para explorar Thinadhoo, dar uns mergulhos na Bikini Beach ou dedicar-se ao dolce fare niente nas espreguiçadeiras do Ecoboo.

Ilha Thinadhoo, Maldivas
Exterior do boutique hotel Ecoboo, Maldivas

Assim foram os dias passados no Ecoboo. Tive muita sorte com o tempo, e só por uma vez apanhei uma curta mas intensa chuvada tropical. E, como tal, deu para fazer de tudo um pouco, incluindo conhecer a ilha de Thinadhoo e conversar com muitos dos seus habitantes – como Mongi, o simpático dono da Casa Barabaru, tida como a primeira guesthouse instalada numa ilha local das Maldivas.

Tudo somado, saí da ilha Thinadhoo completamente rendido ao Ecoboo. Creio, aliás, não exagerar se disser que o hotel é o próprio destino. E isso é muito raro acontecer…

O Safari Boat

Passeio de barco em Thinadhoo
Passeio de barco no atol Vaavu, a partir de Thinadhoo

Além do hotel em terra firme, os proprietários portugueses do Ecoboo têm outra proposta igualmente imperdível. Trata-se de um Safari Boat que permite fazer uma espécie de cruzeiro por várias ilhas dos atóis mais a sul, nomeadamente o atol Vaavu e o atol Ari Sul.

Ou seja, de dia exploram-se as ilhas e atóis, faz-se snorkelling e visitam-se bancos de areia; e de noite dorme-se no barco. Com a nuance de, por estar em alto mar, serem permitidas bebidas alcoólicas a bordo.

Tudo somado, é uma alternativa à estadia no Ecoboo – ou, melhor ainda, um complemento. Fica a sugestão.

Quando visitei Thinadhoo, em abril de 2023, o Safari Boat estava fundeado ao largo da ilha na fase final da construção, e pareceu-me uma excelente proposta. É por isso de esperar que comece a operar muito em breve.

Mais fotos do hotel Ecoboo Maldives

Ecoboo hotel, Thinadhoo
Vista exterior dos quartos do Ecoboo
Decoração do hotel
Pormenor decorativo com elementos marítimos
Bungalow no Ecoboo
Pormenor de um dos quartos do Ecoboo, Maldivas
Construção de bambu
Candeeiro de bambu no Ecoboo, ilha Thinadhoo
Ilha de Thinadhoo, Maldivas
Zona exterior do hotel
Ecoboo, Maldivas
Água para tirar a areia dos pés à entrada dos bungalows
Ecoboo, Thinadhoo, Maldivas
Pormenor decorativo do hotel Ecoboo

Dicas para visitar Thinadhoo

Como chegar a Thinadhoo

A ilha de Thinadhoo fica na mesma rota de ferry que as ilhas de Maafushi e Fulidhoo. Assim, a partir da capital Malé, a forma mais barata de chegar a Thinadhoo é usando o ferry público da MTCC que liga a capital ao atol Vaavu, na rota Malé – Maafushi – Fulidhoo – Thinadhoo – Felidhoo – Keyodhoo – Rakeedhoo.

Regra geral, o barco parte do Hulhumale Terminal, em Malé, aos domingos, terças e quintas-feiras pelas 10:00 da manhã. E, no sentido inverso, parte de Fulidhoo para Malé aos sábados, segundas e quartas-feiras pelas 10:45. O preço da viagem Malé – Thinadhoo é de apenas 53 MVR por pessoa (abril de 2023). Pela negativa, a viagem demora três horas e dez minutos, já que é feita num dhoni, os barcos tradicionais das Maldivas.

Alternativamente, se procura maior comodidade, saiba que há barcos rápidos duas vezes por dia entre Malé e Thinadhoo, que demoram cerca de hora e meia e custam 65 USD por pessoa. Veja mais detalhes no muito informativo Atoll Transfer.

Como reservar o Ecoboo Maldives

Pela minha parte, recomendo sem reservas o Ecoboo Maldives, não só por ser gerido por uma dupla de portugueses, mas principalmente porque a sua proposta, assente em princípios de sustentabilidade ambiental muito vincados, é verdadeiramente excecional.

A proposta mais completa do Ecoboo Maldives chama-se Pack Experience (equivalente a pensão completa, mais os passeios), mas só está disponível para quem ficar sete ou mais noites no hotel. Além do alojamento, o pacote inclui transporte de e para Malé em lancha rápida, todas as refeições e ainda passeios diários para fazer snorkelling em recifes de coral e num barco naufragado, visitar bancos de areia e até nadar com tubarões. O preço do pacote varia em função da época do ano e do tipo de quarto – sendo que não são aceites check-in às sextas-feiras (não há barcos para o levar a Thinadhoo).

Se reservar no booking escolha o quarto com a opção “Pequeno-almoço, almoço e jantar incluídos” para fazer as refeições no hotel.

Reservar o Ecoboo Maldivas

Caso o Ecoboo não tenha disponibilidade e não for possível alterar a data da viagem, veja o artigo sobre onde ficar em Thinadhoo para outras opções de hospedagem na ilha.

Gastronomia e onde comer

Durante a minha visita a Thinadhoo fiz todas as refeições no Ecoboo. A comida é variada e muito saborosa, mas sem o pretensiosismo (e consequente desperdício alimentar) de alguns resorts. Recomendo sem reservas.

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Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.