Visitar Maafushi, a ilha mais turística das Maldivas

Está a pensar visitar Maafushi, nas Maldivas? Para quem pretende montar um roteiro para viajar nas Maldivas tendo por foco as ilhas locais, é natural que, mais cedo ou mais tarde, a ilha Maafushi apareça como uma hipótese. Trata-se da ilha habitada mais desenvolvida turisticamente, razão pela qual há inúmeros hotéis, pousadas, restaurantes, muitos turistas e todo o tipo de passeios e atividades aquáticas. Sim, não falta o que fazer em Maafushi, no atol Malé Sul, Maldivas – a questão é: será aquele o ambiente que procura?

Em caso afirmativo, estou certo de que vai adorar visitar Maafushi. Em caso negativo, estará melhor em ilhas como Thinadhoo, muito mais tranquilas e menos confusas.

Quanto às expectativas para a visita a Maafushi, sabia bem ao que ia. Há prédios de sete ou oito andares e demasiados turistas para o tamanho da ilha. Há barcos que organizam festas com álcool ao largo da ilha, para contornar a proibição que vigora no país muçulmano.

Para o meu gosto, Maafushi está longe de ser o meu destino favorito no país. Mas, ainda assim, fiquei contente por ter visitado a ilha e conhecido este outro lado das Maldivas. Assim, eis algumas dicas e sugestões para aproveitar ao máximo a visita a Maafushi, tendo por base a minha experiência na ilha mais turística do país. Vamos a isso.

Ilha Maafushi, Maldivas

A minha viagem para Maafushi

Era para ter ido no dhoni público que liga o atol Vaavu a Malé, mas acabei por ter boleia numa lancha rápida que me deixou em Maafushi ao início da tarde. À medida que a ilha se ia aproximando, ficava cada vez mais evidente o seu desenvolvimento nos últimos anos. No horizonte viam-se vários prédios muito altos, coisa que só tinha visto em Malé.

Era um sinal evidente de estar a chegar a um local muito diferente das ilhas onde tinha estado até então nesta viagem às Maldivas – Fulidhoo e Thinadhoo.

Explorando Maafushi

Na verdade, a ilha de Maafushi não é assim tão má. A minha filha adolescente, por exemplo, gostou bastante do destino. É animado e boa onda. Há música no ar e muita gente jovem.

Está muito desenvolvida, é certo, para quem procura um ambiente mais movimentado e festivo, desportos aquáticos e bons restaurantes, Maafushi pode muito bem ser o lugar perfeito para umas férias nas Maldivas. Tem todos os serviços de uma estância balnear, está bem cuidada, oferece bom clima, muitas atividades e passeios nos atóis mais próximos, e preços aceitáveis no contexto do país.

Só não há álcool na ilha, mas até esse problema foi resolvido. Há festas em barcos fundeados ao largo da ilha, onde já é permitido beber bebidas alcoólicas. Se isso é bom ou mau, deixo ao seu critério…

Eu não experimentei.

Os dias em Maafushi foram passados a tomar banho na Bikini Beach, a passear pela aldeia, a beber sumos de fruta e a experimentar restaurantes; ou então num passeio de barco de muito má memória. É sobre esse tour que falarei de seguida.

Em resumo, confesso que prefiro lugares mais pacatos. Maafushi não é de todo a minha praia! Mas ainda bem que lá fui.

Maafushi, os malefícios do turismo em excesso

Uma ilha tão pequena sofre muito com o turismo de massas. A sustentabilidade de ecossistemas tão frágeis como os recifes de coral está posta em causa com a presença de tantos turistas inconscientes. O lixo é um problema. É virtualmente impossível preservar um local tão sensível a partir do momento em que é invadido pela massificação do turismo.

E o que vi em Maafushi foi assustador. Recorro às palavras escritas no roteiro de viagem às Maldivas.

Assim, saí de Maafushi rumo ao primeiro ponto de snorkelling, ao largo da ilha, junto com um grupo de doze croatas. Logo aí, não houve briefing sobre como o quão frágeis são os recifes de coral e quais os cuidados a ter durante a atividade. Zero. Vi vários corais serem espezinhados com as barbatanas dos turistas, e só me apetecia sair dali.

Na verdade, a preocupação do guia era apenas uma: tirar fotografias aos turistas debaixo de água (mais tarde haveria de perceber porquê). Estava sempre a chamar para uma foto, não dando espaço para as pessoas desfrutarem do snorkelling e observarem a vida marinha (o objetivo primordial do passeio). Mas o pior estava para vir.

O segundo ponto de mergulho tinha por objetivo ver raias, e eu deduzi que seria na proximidade de Gulhi. Erro crasso: o ponto de snorkelling era, na verdade, muito a norte de Malé – e não no atol Malé Sul.

Lá chegados, e enquanto um ajudante ia preparando pedaços de peixe para atirar ao mar, o guia deu as instruções: só iriam dois a dois – ou, no caso de uma família croata de cinco pessoas, poderiam ir juntos. Pensei que era para minimizar o impacto junto das raias, mas a explicação veio de seguida: “senão as fotos não ficam boas”. Foi nesse momento que decidi não participar no circo e já nem fui à água.

Um horror, portanto. Preocupações com o equilíbrio dos ecossistemas, zero! Corais destruídos à minha frente. O guia a dar maus exemplos. Tudo errado.

Mas terá Maafushi futuro? Temo bem que, uma vez demasiado explorado, as grandes cadeias hoteleiras procurem outras ilhas, noutros atóis, e repitam o processo de destruição. Dizem que Fulidhoo será a próxima Maafushi. Tenho esperança que não, mas não poria as mãos no fogo.

Em consciência, creio que o mais sensato é escolher outros destinos dentro das Maldivas e deixar Maafushi em paz. E ir sozinho ou num pequeníssimo grupo, comportar-se com sensibilidade e ter consciência ambiental. Fica o apelo.