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Destino: África » Uganda » Bwindi » Património Mundial: Floresta Impenetrável de Bwindi, Uganda

Património Mundial: Floresta Impenetrável de Bwindi, Uganda

Por Filipe Morato Gomes | Atualizado em 30 Abr 2019 | Viagens África Bwindi Uganda Parques Naturais UNESCO Vida selvagem 3 Comentários

Sempre que possível tento incluir nas minhas viagens alguns lugares classificados como Património Mundial pela UNESCO e, no caso do Uganda, a situação era incontornável: visitar os gorilas de montanha de Bwindi é, inquestionavelmente, a principal razão que leva viajantes ao país.

O facto de só haver cerca de 700 gorilas de montanha em todo o mundo e da maioria habitar o santuário natural da Floresta Impenetrável de Bwindi, no sudoeste do Uganda, serviu de argumento mental na hora de desembolsar os 500 dólares norte-americanos (ouch!) exigidos pela Uganda Wildlife Authority (UWA). É o preço a pagar para usufruir do privilégio de estar cara-a-cara com um grupo de gorilas de montanha durante escassos 60 minutos.

Teria de valer a pena! E valeu. Poucas experiências de viagem terão sido tão intensas quanto este encontro com um grupo de gorilas de montanha na Floresta Impenetrável de Bwindi.

Gorila de montanha alimentando-se em Bwindi
Gorila de montanha do grupo Shongi, alimentando-se na floresta de Bwindi, no Uganda

Floresta Impenetrável de Bwindi, Uganda

Localizada no sudoeste do Uganda, paredes-meias com a República Democrática do Congo e a curta distância do vizinho Ruanda, a Floresta Impenetrável de Bwindi é conhecida pela sua biodiversidade e por servir de habitat a muitas espécies ameaçadas de extinção, incluindo os gorilas de montanha. Os gorilas “visitáveis” estão distribuídos por vários grupos (famílias), que habitam distintas áreas do parque. Junto da UWA, consegui autorização para visitar o grupo Shongi.

Gorilas de montanha de Bwindi

Há, desde há várias décadas, grupos de gorilas de montanha habituados à presença do homem na Floresta Impenetrável de Bwindi, quer para fins científicos (investigação sobre os seus hábitos e comportamentos), quer para fins turísticos (cujo retorno financeiro ajuda à conservação do parque).

O processo de habituação dos gorilas é lento e complexo, e envolve a exposição gradual dos primatas à presença humana ao longo de dois a três anos. Os rangers passam diariamente tempo com os gorilas, mimetizam o seu comportamento simulando alimentarem-se da mesma forma e fazendo idênticos sons, até eventualmente ganharem a confiança do grupo.

O objectivo último é que os gorilas passem a olhar o homem com alguma indiferença e, como tal, dispensem a agressividade própria de quem defende o seu território ou família de potenciais inimigos. Só assim é possível a visita dos turistas – uma forma importante de obtenção de rendimentos que potenciem a conservação da espécie e dos seus habitats.

Apesar as dúvidas éticas (há quem defenda que a habituação interfere com o comportamento animal, além da possibilidade de transmissão de doenças dos humanos para os primatas), uma coisa parece ser muito provável: sem a criação de parques naturais como Bwindi e sem o dinheiro proveniente do turismo, há muito que os gorilas teriam desaparecido às mãos dos caçadores ilegais.

Vamos então conhecer um pouco melhor a Floresta Impenetrável de Bwindi e os gorilas de montanha que nela habitam.

Trekking em Bwindi
Caminhando em busca dos gorilas de montanha

Logística para visitar os gorilas de montanha de Bwindi

Como chegar a Kisoro

A partir de Kampala, há vários autocarros que fazem a ligação a Kabale, alguns dos quais continuam até Kisoro. Partem normalmente entre as 7:00 e as 8:00, com preços a rondar os 25.000 shillings ugandeses (cerca de 7€, 8 horas de viagem), e há várias companhias a operar a rota; recomendo a Post Bus, que sai do edifício principal dos correios ugandeses, na Kampala Rd (convém comprar bilhete na véspera, ou chegar por volta das 6:30).

Tendo por objectivo combinar o Ruanda com uma visita à região sudoeste do Uganda, aterrar em Kigali (capital do Ruanda) é uma opção a considerar. A partir de Kigali,  a viagem de autocarro para Kabale é mais rápida mas implica atravessar a fronteira terrestre em Katuna ou Cyanika e pagar dois vistos (Uganda e Ruanda – sendo que este último não pode ser obtido no aeroporto).

Para chegar de Kabale ou Kisoro até o ponto de partida das caminhadas, na Floresta Impenetrável de Bwindi, as coisas são mais complicadas. Vou-lhe explicar como fazer.

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Como organizar a visita

Se comprou um pacote de viagem a um operador local – como a Adventure Travellers ou a Kabarole Tours -, é muito provável que o mesmo inclua a autorização emitida pela Uganda Wildlife Authority para visitar os gorilas, o alojamento e o transporte até à Floresta Impenetrável de Bwindi, pelo que não terá grandes preocupações com qualquer destes itens.

Caso opte por visitar Bwindi de forma independente, os procedimentos são mais complexos.

Antes de mais, é preciso obter a autorização – o que deve ser feito com meses de antecedência caso queira visitar um grupo específico de gorilas num dia específico da época alta (julho e agosto). Custa USD500 e, teoricamente, a autorização pode ser obtida a partir do estrangeiro junto da UWA com a ajuda de uma transferência bancária internacional, mas a verdade é que o pessoal da UWA nem sempre responde aos emails, inviabilizando todo o processo. Alternativamente, algumas companhias ugandesas reservam as autorizações e vendem-nas mediante o pagamento adicional de USD20 ou USD30.

Em último caso, à chegada a Kampala, Kisoro ou Kabale visite os escritórios da UWA, averigue os lugares disponíveis e compre no local (pagamento apenas em dólares norte-americanos). Foi o que eu fiz, logo no primeiro dia na capital ugandesa.

Sobre o transporte, a partir de Kisoro ou Kabale, a forma mais confortável é pagar um carro (“special hire”) que o leve até ao ponto de partida da caminhada, espere as horas necessárias e depois retorne à cidade. O problema desta opção é o custo que, no mínimo, pode chegar ao equivalente a USD100, pelo que é conveniente encontrar outros viajantes que vão nas mesmas datas para a mesma entrada em Bwindi – o que nem sempre é fácil. Apesar de tudo, foi a minha opção. Alternativamente, o mesmo pode ser feito numa boda boda (motorizada) por cerca de metade do preço, mas é uma opção demasiado desconfortável dada a distância e o péssimo estado das estradas.

Se o dinheiro não for problema, a melhor opção é, indubitavelmente, dormir num dos lodges existentes junto às diferentes entradas de Bwindi.

Mapa de Bwindi

Nota: não conseguindo autorização para visitar os gorilas em Bwindi, é também possível observar gorilas de montanha no Parque Nacional Mgahinga Gorilla, no Uganda, no Parque Nacional dos Virungas, na República Democrática do Congo (USD450), e no Parque Nacional dos Vulcões, no Ruanda (USD750).

Guia de sobrevivência

Uma vez que o terreno é difícil, as condições climatéricas inconstantes e a duração da caminhada imprevisível, é fundamental estar preparado para o pior dos cenários. Leve, por isso, botas de montanha, calças leves (equipamento de trekking, por exemplo), meias compridas para colocar por fora das calças (por causa das formigas “safari”, cujas picadas são dolorosas) e camisola com mangas compridas, além de um casaco impermeável.

No que toca à alimentação, convém levar bastantes líquidos, nomeadamente água e sumos (ou complexos vitamínicos solúveis em água), além de barras de cereais, chocolates, amendoins ou outras fontes de energia, e um par de sanduíches, ovos cozidos e/ou fruta para um almoço frugal a meio da caminhada.

Embora a maioria dos viajantes não o faça, caso prefira o conforto de não carregar peso às costas pode contratar a ajuda de carregadores para transportarem a mochila.

Por último, não rejeite o bastão de madeira fornecido pelos rangers no início da caminhada: vai precisar dele! E lembre-se: Bwindi não está num jardim zoológico. Os batedores fazem tudo ao seu alcance para que encontre os gorilas o mais rapidamente possível, mas a experiência tanto pode durar cinco como dez horas, ser razoavelmente acessível ou absolutamente extenuante. É melhor estar prevenido para o pior dos cenários.

Onde ficar

Boa parte dos viajantes independentes costuma dormir nas cidades de Kabale ou Kisoro, por oposição aos lodges localizados nas imediações do parque. A desvantagem é que, como convém estar no parque por volta das 7:00, é preciso sair entre as 5:00 e as 5:30 do hotel. Em Kabale, as opções mais populares no segmento económico são os hostels Home of Edirisa e Kabale Backpackers, situados praticamente lado a lado no centro da cidade. Em Kisoro, o famoso Travelers Rest Hotel, onde a primatóloga Dian Fossey se alojava com frequência, é o hotel mais requisitado; opções mais económicas incluem a Golden Monkey Guesthouse e o Hotel Virunga, localizados no coração de Kisoro.

Junto ao parque, opte por se alojar próximo do ponto de partida da caminhada até ao grupo de gorilas que vai visitar (há 5 locais diferentes, pelo que convém ter a certeza absoluta do local correto).

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Quando visitar a Floresta Impenetrável de Bwindi

As épocas secas correspondem sensivelmente aos meses de junho a agosto e de dezembro a fevereiro e são, por essa razão, a melhor altura para avistar os gorilas de montanha de Bwindi. Os meses que coincidem com o verão europeu são a época alta do turismo no Uganda, pelo que as autrizações para visitar os gorilas devem ser compradas com maior antecedência.

Ficha técnica

  • Local: Floresta Impenetrável de Bwindi
  • País: Uganda
  • Tipo de Património: Natural
  • Ano de classificação: 1994
  • Descrição oficial: “Localizado no sudoeste do Uganda, na junção das planícies com florestas de montanha, o Parque Bwindi abrange 32.000 hectares e é conhecido pela sua excecional biodiversidade, com mais de 160 espécies de árvores e mais de 100 espécies de fetos. Muitos tipos de pássaros e borboletas podem igualmente ser encontrados em Bwindi, bem como muitas espécies ameaçadas de extinção, incluindo o gorila de montanha”. in página oficial UNESCO
  • Quando visitei: 2013
Um gorila bebé em Bwindi
Um gorila bebé em Bwindi
Biodiversidade em Bwindi
O Parque Natural de Bwindi alberga mais de 100 espécies de fetos
Rangers no Parque Natural de Bwindi
Rangers no Parque Natural de Bwindi
Gorila de montanha alimentando-se nas árvores do Parque Bwindi
Gorila de montanha alimentando-se nas árvores do Parque Bwindi

Já conhece os gorilas de montanha de Bwindi? Partilhe a sua experiência e ajude outros viajantes a descobrir este maravilhoso santuário ecológico classificado como Património Mundial pela UNESCO.

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Comentários

  1. José Miguel

    Confesso que tenho sempre sentimentos antagónicos quando, para podermos proteger e conservar espécies e ecossistemas, temos de os expor ao contacto com humanos através do turismo. É sempre um equilíbrio muito ténue, em alguns casos desastroso, quando os interesses financeiros/lucro de supostas organizações/empresas conservacionistas se sobrepõe aos da investigação cientifica e da conservação. Mas antes turistas controlados do que caçadores furtivos, construtores e indústrias petrolíferas à solta. Bem hajam projectos assim e gente disposta a sacrificar a sua vida para o bem do nosso planeta.

    Responder
  2. Andorinha

    Espectacular Filipe! Tenho uns amigos que quando deram a volta ao mundo não conseguiram ir ver os gorilas, e ficaram com esta viagem “entalada”, partilhei com eles este teu texto, pode ser que arrisquem, a explicação é excelente.
    Tudo a correr bem!

    Responder
  3. Helena Abreu

    Más notícias: http://africageographic.com/blog/silverback-dies-in-bwindi/
    Achei que gostarias de saber.

    Responder

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Sobre o autor

Filipe Morato Gomes, blogger de viagens

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

Tenho, atualmente, 49 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

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