Destino: Europa

Lagoa Azul (Comino), a praia mais bonita de Malta

Por Filipe Morato Gomes
Visitar Lagoa Azul, Comino
Vista da Lagoa Azul, em Comino

No meu roteiro de 7 dias em Malta escrevi que o país “não é um destino de praia”. Talvez seja uma afirmação demasiado definitiva mas digo-o porque, entre outras coisas, as praias de Malta não são espetaculares; e isto apesar das águas transparentes do Mediterrâneo. Mas há uma exceção: a Lagoa Azul, em Comino.

É difícil escolher as palavras certas para descrever a Lagoa Azul sem cair nos lugares-comuns do “paraíso”. É um pedaço de mar com águas pouco profundas, em diferentes tons de azul, protegido por pequenas ilhas de pedra que espreitam à tona de água, de um lado, e pela ilha de Comino, do outro.

Posto de outra forma, e mesmo praticamente despida de areia, a Lagoa Azul é a melhor praia de Malta. Sem qualquer contestação. Venham daí comigo!

A minha visita à Lagoa Azul

Lagoa Azul, Comino Malta
Se chegar cedo à Lagoa Azul, consegue desfrutar da lagoa com pouca gente

Cheguei à Lagoa Azul de manhã. Não tão cedo quanto queria, porque o dia anterior, dedicado a explorar a ilha de Gozo, tinha sido cansativo e o corpo pediu mais cama. Ainda assim, consegui apanhar o barco das 10:10 em Cirkewwa; meia hora depois estava em Comino.

Assim que o barco se aproximou da Lagoa Azul deu imediatamente para ver o motivo de tanto bruá. As águas pouco profundas, em diferentes tons de azul, rodeadas de escarpas, formam um cenário arrebatador. Exclamações como “a mais bonita praia de Malta” começaram, também aos meus olhos, a fazerem sentido.

Felizmente, não havia ainda muita gente nem no minúsculo areal nem nas rochas adjacentes. E assim, durante a primeira meia hora, pude desfrutar da Lagoa Azul com tranquilidade. Aproveitei para contemplar a paisagem e para dar um mergulho, antes dos barcos grandes, com origem em Sliema, começarem a atracar na Lagoa Azul. Assim que isso aconteceu, pus-me a caminho.

Turista na Lagoa Azul
Uma turista oriental na Lagoa Azul

A pequena ilha de Comino proporciona algumas caminhadas interessantes. É um lugar tão remoto que mora apenas uma pessoa na ilha, de forma permanente. Tinham-me dito que era muito provável que o encontrasse; mas não foi o caso.

A partir da zona central da Lagoa Azul, segui a escarpa, sempre com o azul do mar à distância de um olhar, em direção à Lagoa de Cristal. É uma outra praia, com muitas aspas, suficientemente perto para ser acessível, mas suficientemente longe para que a maior parte dos turistas não lá vá. Havia gente a caminhar, é certo, mas nada de multidões.

Durante o trajeto, quanto mais subia mais espetaculares se tornavam as vistas. Era difícil tirar os olhos de todos aqueles tons de azul, protegidos por rochas e pontilhados por barcos que entravam nas enseadas para contemplar as lagoas. Ao fundo, Lantern Point, a extremidade da ilha.

O que fazer em Comino: Lagoa Azul
Para além de tomar banho na Lagoa Azul, a ilha de Comino permite também fazer boas caminhadas

Estava inebriado, absorvendo a beleza que me entrava olhos adentro, feliz da vida, ao ponto de dar por mim a cantarolar sozinho, em voz alta, enquanto caminhava pela ilha de Comino. Julgo que por momentos terei parecido uma criança.

Quando por fim voltei à zona central da Lagoa Azul, pensei em comer qualquer coisa numa das roulottes ali instaladas; mas a confusão era já tanta que perdi imediatamente a vontade. Pouco depois, apanhei o barco de regresso à ilha de Malta, com a certeza de ter vivido um dos momentos mais altos da viagem a Malta!

Malta pode não ser um destino de praia, mas visitar a Lagoa Azul é, sem qualquer dúvida, uma das experiências que não pode perder em Malta.

Caminhar em Comino
Aspeto da ilha de Comino; vale a pena aproveitar para dar umas caminhadas na ilha

Guia prático

Como chegar

Os barcos para a Lagoa Azul partem de três locais distintos: do terminal de ferries de Gozo, e de dois locais – separados por um par de quilómetros um do outro – na ilha principal. Assumindo que está alojado na ilha de Malta, eis as duas melhores opções.

  • Se viaja com carro alugado, opte por apanhar o barco em Marfa (em frente ao Riviera Resort Hotel); é mais fácil para estacionar.
  • Se, como eu, viaja em transportes públicos, será mais prático apanhar um autocarro até ao terminal de ferries de Cirkewwa (por exemplo, os autocarros número 41 ou 42 desde Valletta; ou o 222 a partir de Sliema e St. Julians); os barcos para a Lagoa Azul partem do exterior do terminal, à direita (não entre no edifício).

A viagem de barco custa 10€ por pessoa, ida e volta (pode voltar em qualquer horário, sem marcação prévia, desde que haja lugar). Veja mais informações sobre os ferries para Comino em www.cominoferries.com; onde pode também comprar os bilhetes, antecipadamente, com 10% de desconto (poderá justificar-se aos fins de semana ou em qualquer dia de verão).

Dica: se tem o tempo muito limitado, é possível combinar a visita à Lagoa Azul, em Comino, com uma passagem pela ilha de Gozo. Nesse caso, será muito mais vantajoso integrar um destes grupos organizados:

Dicas para visitar a Lagoa Azul

Barco Lagoa Azul - Malta
Um pequeno barco de passageiros afasta-se da Lagoa Azul em direção à ilha de Malta

Algumas dicas práticas para aproveitar ao máximo a visita à Lagoa Azul (sem stress e de forma consciente).

  • Vá cedo. O mais cedo possível. Se estiver na ilha de Malta, apanhe o primeiro barco em Cirkewwa, logo às 9:00. E nunca, mas mesmo nunca apanhe os barcos grandes que saem de Sliema; se o fizer, chegará à Lagoa Azul por volta das 11:30, no auge da confusão, junto com centenas de turistas (os barcos de Sliema partem todos mais ou menos à mesma hora). De resto, poupe a sua saúde mental e não vá durante o fim de semana. Depois não diga que não foi avisado.
  • Leve calçado confortável para caminhar (e aproveite para fazer umas caminhadas na ilha de Comino).
  • Comida. Perto de onde atracam os barcos na Lagoa Azul, há três ou quatro roulottes que vendem comida rápida e bebidas. Não vai comer bem nem saudável, mas dá para desenrascar. Se preferir, leve sandes. E água, claro.
  • Proteja-se do sol. Além da água e do calçado apropriado, leve chapéu e protetor solar (não há sombra junto à Lagoa Azul).
  • Não suje Comino. Pode parecer uma recomendação desnecessária mas na caminhada que fiz por Comino encontrei várias garrafas, copos de iogurte e outros objetos de plástico jogados na Natureza. Não contribua para esse crime ambiental.

Onde ficar

Não há necessidade de ficar perto dos ferries, uma vez que a ilha de Malta é pequena e os transportes públicos funcionam bem. Assim, veja as minhas sugestões detalhadas sobre onde ficar em Malta, que incluem recomendações sobre a melhor zona da ilha para se hospedar em função do seu estilo de viagem.

Dessa lista, eis alguns dos hotéis que recomendo sem reservas: a agradável Casa Lapira e o carismático Tano’s Boutique Guesthouse, em Valletta; os acolhedores bed & breakfast Julesy’s e Nelli’s, ou ainda o mais simples No. 17 Birgu, nas “Três Cidades”; e, por fim, o Backstage Boutique Townhouse e o fantástico Two Pillows Boutique Hostel, em Sliema.

Por último, caso queira conhecer a Lagoa Azul sem outros turistas, a única opção é dormir na ilha de Comino. Eu não o fiz, porque seria preciso querer mesmo fazer praia (não há muito mais para fazer em Comino); mas a ideia de desfrutar da Lagoa Azul, a dois, depois de os barcos terem levado os turistas de volta a Gozo ou a Malta, parece-me apelativa. Para isso, terá de pernoitar no Hotel Comino, o único hotel existente na ilha.

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Filipe Morato Gomes
Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.