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A surpreendente medina de Tétouan (Tetuão)

Por Filipe Morato Gomes
O que visitar em Tétouan: souk
Jogo de sombras no souk de Tétouan, Marrocos

Tétouan foi, para mim, uma paragem estratégica na viagem entre Chefchaouen e Tânger. Cheguei sem expectativas, mas posso garantir que, se há cidade que me surpreendeu no recente roteiro pelo Norte de Marrocos, esse destino foi Tétouan.

Na verdade, esta era a segunda vez que visitava Tétouan; mas não tinha grandes recordações da primeira visita, há sensivelmente duas décadas, na altura em que a medina de Tétouan passou a integrar a lista de Património UNESCO em Marrocos. Volvido tanto tempo, eis-me então de regresso à hispano-mourisca cidade de Tétouan.

A minha visita a Tétouan

Tétouan, Marrocos
A Praça El Feddane, em Tétouan, com a medina em pano de fundo

Cheguei a Tétouan a meio da manhã, direto à praça Moulay El Mehdi – a rotunda onde se encontra a Igreja de Nossa Senhora da Vitória. Olhando em redor, deu imediatamente para perceber o importante legado colonial espanhol de Tétouan. Não fora as faces e roupas marroquinas e, de relance, a arquitetura urbana poder-me-ia levar a pensar estar algures na Andaluzia ou numa qualquer praça da América Central.

A igreja estava fechada mas, felizmente, os zeladores da igreja abriram a porta do edifício e tive oportunidade de entrar, de ouvir minuciosas explicações históricas e de conhecer a Igreja de Nossa Senhora da Vitória para lá do vibrante amarelo das paredes exteriores.

O que fazer em Tetouan: visitar Bab Tut
Bab Tut, uma das sete portas da cidade histórica de Tétouan

Visita terminada, segui então até à Praça El Feddane para um primeiro vislumbre em tons de branco da medina de Tétouan. Passei depois diante da imponente Bab Tut, uma das sete portas da cidade histórica, antes de avistar o Palácio Real e finalmente me entregar ao bulício dos souks do interior da medina.

Por essa altura, acompanhava-nos um polícia à paisana, surpreendido pela perspicácia de um companheiro de viagem, profundo conhecedor da realidade marroquina que, a dada altura, o abordou: “Tu és polícia, não és? Olha, eu sou o João, já que tens de andar connosco, por que não nos mostras os lugares mais fixes da medina?”.

E assim ganhámos um simpatícissimo guia local que, levando a sua missão muito a sério, acabou por nos mostrar belos recantos da medina de Tétouan.

Curtumes de Tétouan
Um trabalhador de uma tanaria de Tétouan

Nos souks, não faltavam as lojas de especiarias; as bancas de frutos secos com deliciosas tâmaras com nozes; as queijarias onde se vende o queijo fresco jben; as lojas de tapetes; as lojas de artigos religiosos; as lojas de tecidos e as tecelagens; artesãos como os carpinteiros e os sapateiros; e até a mais antiga fábrica de curtumes de Tétouan, onde tive oportunidade de entrar.

Passei ainda por locais históricos como a fonte Atarin, uma das mais antigas da medina e que, ao que consta, conserva ainda a sua forma original.

Para terminar, percorri com grande interesse o bairro Mellah. Trata-se do bairro judeu da medina de Tétouan, completamente distinto do resto da medina, e onde não pude deixar de reparar no nome das estreitas ruelas enquanto caminhava por Haifa, Gaza e Ramallah.

Bairro judeu de Tétouan
Mellah, o bairro judeu de Tétouan, Norte de Marrocos

Por essa altura, estava na hora de me despedir do amigo polícia e agradecer-lhe a colaboração, e retemperar energias com um almoço do outro mundo no restaurante do Riad Blanco. Foi a forma perfeita de terminar a visita à – repito – surpresa maior desta viagem pelo Norte de Marrocos.

Tétouan é mesmo uma encruzilhada de culturas. Adorei!

Tétouan tem fama de cidade problemática em termos de segurança e as autoridades fazem de tudo para evitar problemas com os turistas. Daí que os polícias à paisana se abeirem discretamente dos turistas e os acompanhem durante os passeios na cidade. Manda a verdade dizer que – seja ou não devido a essa presença – não senti mais insegurança do que, por exemplo, na medina de Fez ou em Marraquexe.

Mais fotos de Tétouan

Fonte de Attarin, Tétouan
Fonte de Attarin, uma das mais antigas fontes da medina de Tétouan, classificada pela UNESCO como Património Mundial
Tajine de vaca com ameixas
Tajine de vaca com ameixas, degustada no magnífico restaurante do Hotel Riad Blanco
Bairro judeu de Tétouan
Rua de Mellah, o bairro judeu de Tétouan
Tecelagem manual em Tétouan
Tecelagem manual num recanto da medina de Tétouan

Mapa com o que fazer em Tétouan

Guia prático

Como chegar a Tétouan

O aeroporto internacional mais conveniente para visitar Tétouan é, sem dúvida, o de Tânger (há voos diretos de Lisboa). Uma vez em Marrocos, de Tânger para Tétouan não faltam transportes: pode seguir de Grand Taxi (táxis partilhados que partem várias vezes por dia) ou de autocarro.

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Veja também O que fazer em Tânger (uma cidade renovada).

Onde ficar

Eu acabei por não ficar hospedado em Tétouan, tendo visitado a cidade apenas durante meio dia, aproveitando a viagem entre Chefchaouen e Fez. Caso tenha mais tempo e queira dormir em Tétouan, recomendo sem reservas o acolhedor Riad Las Mil y una Noches e o mais luxuoso Riad EL Manantial. Ficam ambos dentro da medina de Tétouan, facto que em muito enriquecerá a experiência. Em alternativa, o Blanco Riad recolhe elogios quase unânimes.

Destaque ainda para os mais económicos riads Dari, Khmisa e Tetuanía, todos com excelente relação qualidade/preço.

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Viajei com o apoio do Turismo de Marrocos.

Filipe Morato Gomes
Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.