Tétouan foi, para mim, uma paragem estratégica na viagem entre Chefchaouen e Tânger. Cheguei sem expectativas, mas posso garantir que, se há cidade que me surpreendeu no recente roteiro pelo Norte de Marrocos, esse destino foi Tétouan.
Na verdade, esta era a segunda vez que estava a visitar Tétouan. Mas não tinha grandes recordações da primeira visita, há sensivelmente duas décadas, na altura em que a medina de Tétouan passou a integrar a lista de Património UNESCO em Marrocos. Volvido tanto tempo, eis-me então de regresso à hispano-mourisca cidade de Tétouan.
A minha visita a Tétouan
Cheguei a Tétouan a meio da manhã, direto à praça Moulay El Mehdi – a rotunda onde se encontra a Igreja de Nossa Senhora da Vitória. Olhando em redor, deu imediatamente para perceber o importante legado colonial espanhol de Tétouan. Não fora as faces e roupas marroquinas e, de relance, a arquitetura urbana poder-me-ia levar a pensar estar algures na Andaluzia ou numa qualquer praça da América Central.
A igreja estava fechada mas, felizmente, os zeladores da igreja abriram a porta do edifício e tive oportunidade de entrar, de ouvir minuciosas explicações históricas e de conhecer a Igreja de Nossa Senhora da Vitória para lá do vibrante amarelo das paredes exteriores.
Visita terminada, segui então até à Praça El Feddane para um primeiro vislumbre em tons de branco da medina de Tétouan. Passei depois diante da imponente Bab Tut, uma das sete portas da cidade histórica, antes de avistar o Palácio Real e finalmente me entregar ao bulício dos souks do interior da medina.
Por essa altura, acompanhava-nos um polícia à paisana, surpreendido pela perspicácia de um companheiro de viagem, profundo conhecedor da realidade marroquina que, a dada altura, o abordou: “Tu és polícia, não és? Olha, eu sou o João, já que tens de andar connosco, por que não nos mostras os lugares mais fixes da medina?”.
E assim ganhámos um simpatícissimo guia local que, levando a sua missão muito a sério, acabou por nos mostrar belos recantos da medina de Tétouan.
Nos souks, não faltavam as lojas de especiarias; as bancas de frutos secos com deliciosas tâmaras com nozes; as queijarias onde se vende o queijo fresco jben; as lojas de tapetes; as lojas de artigos religiosos; as lojas de tecidos e as tecelagens; artesãos como os carpinteiros e os sapateiros; e até a mais antiga fábrica de curtumes de Tétouan, onde tive oportunidade de entrar.
Passei ainda por locais históricos como a fonte Atarin, uma das mais antigas da medina e que, ao que consta, conserva ainda a sua forma original.
Para terminar, percorri com grande interesse o bairro Mellah. Trata-se do bairro judeu da medina de Tétouan, completamente distinto do resto da medina, e onde não pude deixar de reparar no nome das estreitas ruelas enquanto caminhava por Haifa, Gaza e Ramallah.
Por essa altura, estava na hora de me despedir do amigo polícia e agradecer-lhe a colaboração, e retemperar energias com um almoço do outro mundo no restaurante do Riad Blanco. Foi a forma perfeita de terminar a visita à – repito – surpresa maior desta viagem pelo Norte de Marrocos.
Tétouan é mesmo uma encruzilhada de culturas. Adorei!
Tétouan tem fama de cidade problemática em termos de segurança e as autoridades fazem de tudo para evitar problemas com os turistas. Daí que os polícias à paisana se abeirem discretamente dos turistas e os acompanhem durante os passeios na cidade. Manda a verdade dizer que – seja ou não devido a essa presença – não senti mais insegurança do que, por exemplo, na medina de Fez ou em Marraquexe.
Mais fotos de Tétouan
Mapa com o que fazer em Tétouan
Guia para visitar Tétouan
Como chegar a Tétouan
O aeroporto internacional mais conveniente para visitar Tétouan é, sem dúvida, o de Tânger (há voos diretos de Lisboa). Uma vez em Marrocos, de Tânger para Tétouan não faltam transportes: pode seguir de Grand Taxi (táxis partilhados que partem várias vezes por dia) ou de autocarro.
Veja também O que fazer em Tânger (uma cidade renovada).
Onde ficar em Tétouan
Eu acabei por não ficar hospedado em Tétouan, tendo visitado a cidade apenas durante meio dia, aproveitando a viagem entre Chefchaouen e Fez. Caso tenha mais tempo e queira dormir em Tétouan, recomendo sem reservas o acolhedor Riad Las Mil y una Noches e o mais luxuoso Riad EL Manantial. Ficam ambos dentro da medina de Tétouan, facto que em muito enriquecerá a experiência. Em alternativa, o Blanco Riad recolhe elogios quase unânimes.
Destaque ainda para os mais económicos riads Dari, Khmisa e Tetuanía, todos com excelente relação qualidade/preço.
Seguro de viagem para Marrocos
Mesmo que a viagem seja de curta duração, é fundamental ter um seguro de viagem com boas coberturas para viajar com paz de espírito. E, para mim, os seguros da IATI são os melhores e mais completos do mercado.
Entre eles, costumo recomendar o IATI Estrela - é o seguro que faço nas minhas viagens. Mas, não sendo os custos da saúde em Marrocos demasiado elevados, talvez o IATI Standard seja suficiente. Tem cobertura para COVID-19, não tem limite de idade nem franquias, cobre até 250.000€ em gastos médicos (em vez de um milhão) e não é preciso adiantar dinheiro em consultas ou hospitalização.
Outros destinos a visitar em Marrocos
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