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Chefchaouen, um regresso emocionado (20 anos depois)

Por Filipe Morato Gomes
Pérola Azul de Marrocos
As incríveis cores de Chefchaouen, a “Pérola Azul” de Marrocos

Há muito tempo que sou apaixonado por Chefchaouen. Corria o ano de 1998 quando, impulsionado pelos relatos de um tio amante de todo o território de Marrocos – mas muito especialmente de Chefchaouen -, visitei a “Pérola Azul” marroquina pela primeira vez. Quis o destino que nunca mais voltasse a Chefchaouen… até agora.

Tenho péssima memória, é certo, mas desde essa altura que Chefchaouen está para mim associada à cor azul e a uma profusão de felinos. Recordava também os deliciosos sumos de laranja bebidos em copos imundos na praça Outa El Hamam, coração da cidade velha. E os chás de menta. E o cheiro a charros e a aparente liberdade com que se fumava nas montanhas Rif. Um tapete que comprei na altura, depois de muito regatear e, ainda assim, de ter sido seguramente levado no preço. E uma dolorosa massagem num hammam do centro histórico.

Xexuão, Marrocos
Vista impressionante sobre a malha urbana de Chefchaouen

Tenho péssima memória, dizia, mas todas aquelas imagens estavam bem vincadas no meu baú de recordações. De tal forma que, assim que desemboquei na praça Outa El Hamam, o meu coração conduziu-me sem hesitações ao cantinho onde se localizava o Hammam El Balad – os tais banhos públicos onde apanhei uma das mais violentas massagens da minha existência.

E, vinte anos depois, ali estava ele em funcionamento, ao lado da carismática Pension La Castellana, onde o meu tio ficava sempre hospedado (e onde também eu dormi da primeira vez). Os meus olhos sorriram instantaneamente. Foi o rastilho para um dia de prazer e redescobertas!

A minha visita a Chefchaouen

O que visitar em Chefchaouen: medina
Um homem de djellaba marroquina desaparece numa ruela secundária de Chefchaouen

Quis o acaso – ou, para ser mais preciso, o guia oficial Abdelkader Malal – que entrasse no casco histórico de Chefchaouen pela porta Bab El Mahrouk, um dos pontos mais altos da urbe. É uma zona da cidade afastada dos circuitos agora turísticos, menos embelezada, porventura mais “autêntica” – seja lá o que isso queira dizer nos dias de hoje.

Mas, talvez pelo facto das ruas principais que vão dar à praça Outa El Hamam ficarem ainda longe, a zona alta de Chefchaouen é, por assim dizer, onde o quotidiano local sofre menos a interferência do turismo, sem restaurantes chineses nem lojas de artesanato.

Tranquilamente, fomos caminhando até à porta Bab Onsar por entre ruas e ruelas (e eu à procura de referências visuais conhecidas), até que Abdelkader sugeriu separarmo-nos durante algumas horas. A ideia era explorar individualmente a medina – e isso era tudo o que eu queria ouvir!

Explorando a medina (sem guia)

Chauen, Marrocos
À descoberta da parte alta de Chefchaouen, com as montanhas Rif em pano de fundo

Poderia aqui partilhar uma lista com o que fazer em Chefchaouen mas, desta feita, vou-me abster de o fazer. Porque, estando ali, o maior prazer é explorar o labirinto de ruelas da cidade velha, sem rumo nem destino definidos. Descer escadas só porque sim. Entrar em becos sem saída de olhar brilhante e sorriso no rosto. Falar com pessoas sentadas à porta das casas. Andar despreocupado, sem um roteiro de Chefchaouen para cumprir. Sem uma lista de coisas a visitar, nem restaurantes onde comer, nem lojas onde comprar.

Porque, lugares como Chefchaouen exigem liberdade. Definir um trajeto à procura dos becos em tons de azul mais vistos no Instagram é limitar a magia da descoberta. E eu não desejo isso aos leitores-viajantes.

No fim do texto está um mapa com alguns dos locais mais emblemáticos de Chefchaouen, incluindo as praças Outa El Hamam e El Haouta, a mesquita Bouzafaar, o histórico Hammam El Balad, a porta Bab El Mahrouk e a incrível loja La Botica de la Abuela de Aladdin. Para o ajudar a ter uma ideia das suas localizações.
Medina de Chauen
Saída matinal para visitar a medina de Chefchaouen quase deserta (estive mais de 15 minutos nesta esquina, à espera que alguém passasse)

No dia seguinte, antes de partir para Tétouan e tal como fiz ao visitar a medina de Fez, também em Chefchaouen comecei muito cedo a percorrer as ruelas da cidade velha. Estavam praticamente desertas, e nem o sol se atrevia a aquecer o azul dos muros e fachadas das habitações. Não havia turistas, apenas algumas mulheres carregando bacias de roupa e um par de homens deslizando pelo empedrado das ruelas nas suas belas djellabas marroquinas.

“Gosto de ver as cidades a acordar”, disse-me o amigo e companheiro de viagem João Leitão. A frase ficou-me na cabeça – talvez por sentir exatamente o mesmo. E foi assim, por entre o azul esbatido das ruas vazias, que me despedi da “Pérola Azul” de Marrocos. Com a certeza de que – e este é um odioso cliché da escrita de viagens mas que aqui usarei em consciência! – um dia hei de regressar. Inshallah!

Mais fotos de Chefchaouen

O que fazer em Chefchaouen: visitar mesquita Bouzafaar
A cidade de Chefchaouen vista a partir da Mesquita Bouzafaar
Pérola Azul de Marrocos
Chefchaouen é uma cidade pintada em tons de azul
Medina de Chefchaouen, Marrocos
Uma habitante de Chefchaouen a entrar em sua casa no interior da medina
O que comprar em Chefchaouen: artesanato
Chefchaouen é um “paraíso” para os amantes das compras
Medica de Chaouen
Casco histórico de Chefchaouen, norte de Marrocos
Café Clock Chefchaouen
Interior do Café Clock, irmão gémeo do homónimo café de Fez

Mapa com o que visitar em Chefchaouen

Guia prático

Como chegar a Chefchaouen

Tânger fica a pouco mais de uma hora de avião de Lisboa; Fez, a pouco mais de duas horas; e não é muito difícil encontrar voos baratos entre Portugal e Tânger (ou Fez). Eu voei com a TAP, do Porto para Fez e de Tânger para o Porto, sempre com escala em Lisboa. Foi a forma perfeita para fazer um pequeno circuito pelo Norte de Marrocos.

Uma vez em Marrocos, de Tânger ou Fez para Chefchaouen, e assumindo que não aluga carro, há duas opções: os Grand Taxi – táxis partilhados que partem várias vezes por dia (com oferta reforçada de manhã cedo); e os autocarros.

Pesquisar voos para Tânger

Veja também o que fazer em Tânger (uma cidade renovada).

Onde ficar em Chefchaouen

Eu fiquei a dormir em duas localizações distintas e posso garantir que, para todos os que viajam em turismo, a região da medina é, sem qualquer dúvida, a melhor área para ficar hospedado em Chefchaouen. É, aliás, onde se encontram muitos dos melhores hotéis de Chefchaouen.

Um deles é o elegantérrimo Riad Cherifa, seguramente um dos melhores locais onde ficar em Chefchaouen. Mas há mais. Igualmente no coração da “Pérola Azul”, a familiar Dar Antonio, a despretensiosa Usha Guest House, a bela La Petite Chefchaouen, a acolhedora Casa La Hiba e a bem cuidada Dar Dadicilef são outras pousadas tradicionais marroquinas muito recomendadas. Muito elogiados são também o Hotel Sandra e a Casa Sabila, duas das mais populares pousadas onde ficar em Chefchaouen.

Caso pretenda um pouco mais de luxo e não se importe de pagar por isso, espreite o que o Dar Elrios tem para oferecer. É um pequeno hotel deslumbrante no coração de Chefchaouen.

Caso prefira ficar fora da medina mas ainda assim muito perto (para poder ir a pé), o Hotel Alkhalifa, e as casas de hóspedes Dar Jasmine e Dar Echchaouen – onde fiquei hospedado por uma noite – são opções de grande qualidade. O Dar Echchaouen tem piscina.

Por fim, saiba que eu fiquei hospedado outra das noites no Dar Ba Sidi & Spa, um hotel muito agradável, mas que fica demasiado afastado da cidade e onde se encontrava um grande grupo de turistas. Apesar da qualidade inegável do empreendimento, não voltaria a ficar lá.

Melhor seria, por exemplo, o Dar Wadada; uma casa de hóspedes localizada nas montanhas, com grandes vistas. É uma alternativa muito interessante caso queira mesmo ficar fora de Chefchaouen.

Há, naturalmente, dezenas de outras opções hoteleiras em Chefchaouen. Caso as pousadas de Chefchaouen que aqui recomendo não sejam do seu agrado (ou estejam esgotadas), pesquise outras opções de qualidade usando o link abaixo.

Pesquisar hotéis em Chefchaouen

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Viajei com o apoio do Turismo de Marrocos.

Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.

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