
Classificado pela UNESCO como Património Mundial, o Mosteiro de Alcobaça impressiona tanto pela sua simplicidade desarmante como pelas suas dimensões.
A construção do templo religioso foi iniciada em 1178, tendo como inspiração a abadia de Claraval (em França), sede da Ordem de Cister. O Mosteiro de Alcobaça foi assim construído num estilo a que se chamou Gótico Primitivo, que tem o seu expoente máximo na Catedral de Notre-Dame, em Paris.
A nave central é grandiosa, mas simultaneamente simples e pouco ornamentada, porventura uma evidência do despojamento da época medieval. O contraste com a extravagância flamejante do vizinho Mosteiro da Batalha salta à vista.

Mas não é tudo. A paixão trágica de D. Pedro e D. Inês de Castro está imortalizada precisamente no Mosteiro de Alcobaça – é lá que se encontram os seus túmulos, frente a frente, como que a recordar que o amor é eterno.
Foi tudo isso que o fui visitar durante uma viagem pela região centro do país; e cuja experiência agora partilho. Eis, pois, um guia detalhado para melhor tirar partido da visita ao Mosteiro de Alcobaça.
Guia para visitar o Mosteiro de Alcobaça
Neste guia, explico as áreas visitáveis mais emblemáticas do mosteiro cistercense instalado em Alcobaça, nomeadamente a nave central, os túmulos de D. Pedro e D. Inês, os claustros, a cozinha e o refeitório, e até os aposentos onde os monges pernoitavam. Vamos a isso!
As referências históricas e descrições arquitetónicas, que requerem rigor e um vasto conhecimento especializado são, em grande parte, retiradas do site oficial do mosteiro.
Nave central da igreja
Consagrada em 1252, a igreja do Mosteiro de Alcobaça constitui-se como o primeiro exemplar do gótico português. As suas dimensões e a notável elegância das proporções, aliadas à ausência de motivos decorativos, enfatizam a perfeita simbiose entre pedra e luz.
Não há como ficar indiferente à simplicidade magnânima da nave central. A iluminação difunde-se através da grande rosácea, dos vãos laterais da frontaria, das rosáceas e janelões dos dois topos do transepto e dos altos janelões da cabeceira – em jogos de luzes sublimes.
É precisamente no transepto, no final da nave central, que se encontram os túmulos de D. Pedro e D. Inês de Castro – próxima paragem na visita ao Mosteiro de Alcobaça.
Túmulo de D. Pedro
A paixão trágica de D. Pedro e D. Inês de Castro está imortalizada no Mosteiro de Alcobaça. Reza a história que os túmulos foram “colocados frente a frente, para que os dois apaixonados se reencontrem no Dia da Ressurreição”.
No que toca ao túmulo de D. Pedro, destaque visual para a rosácea gravada na cabeceira, com duas faixas circulares concêntricas onde se encontram representadas a Roda da Vida e a Roda da Fortuna. O resto da decoração é predominantemente preenchido por nichos contendo passagens da vida de São Bartolomeu.
É, a todos os níveis, uma peça arquitetónica extraordinária.
Túmulo de D. Inês
Bem perto do túmulo de D. Pedro encontra-se o de D. Inês de Castro, assente em seis suportes cujas figurações remetem para seres híbridos (com rostos humanos e corpos de animais).
A decoração do túmulo exibe cenas figurativas do Novo Testamento – entre outras -, mas é provavelmente um escudo de Portugal que mais chama a atenção.
Capela do Relicário
Tida como uma das preciosidades do Mosteiro de Alcobaça, a Capela do Relicário integra a chamada Sacristia Nova. É composta por uma estrutura de talha dourada que ostenta uma delicada decoração barroca, com quase 90 esculturas recolhidas em nichos, e coroada por um teto de pedra lavrada.
Infelizmente, julgo que a Capela do Relicário estaria fechada quando visitei o Mosteiro de Alcobaça, pelo que não tive oportunidade de a conhecer.
Claustro de D. Dinis
Totalmente abobadado e único claustro medieval do Mosteiro de Alcobaça, o Claustro de D. Dinis era o centro nevrálgico da abadia, e passagem obrigatória de acesso a todas as dependências. A literatura oficial garante ser um dos mais belos claustros do gótico português.
Cozinha do Mosteiro de Alcobaça
Não seria porventura de esperar algo tão grandioso num contexto de despojamento, pelo que surpreendente é o mínimo que se pode dizer da cozinha do Mosteiro de Alcobaça.
Contígua ao refeitório, a cozinha tem ao centro uma grande chaminé forrada com azulejos; e, ao fundo, um tanque com água corrente proveniente da Levada. É, na minha modesta opinião, um espaço lindíssimo!
Refeitório do Mosteiro de Alcobaça
Situado ao lado da atual cozinha, o refeitório do Mosteiro de Alcobaça é uma sala que surpreende não apenas pelas suas dimensões, mas, principalmente, pelo cuidado arquitetónico de um espaço que eu esperaria mais frugal.
Destaque visual para o chamado Púlpito do Leitor, onde um monge se encarregaria da leitura sacra durante as refeições.
Dormitório
Não menos extraordinário é o dormitório onde os monges pernoitavam. Localizado num piso superior e com acesso visual ao transepto da igreja (consta que existia uma escada permitindo o acesso à igreja, atualmente inexistente), o dormitório tem tanto de frugal quanto de despojado.
À época, na ausência de celas individuais para os monges, o espaço funcionou como uma verdadeira camarata. Segundo as explicações da guia que acompanhou a minha visita, os monges dormiam lado a lado, com a cabeça encostada à parede e o corpo na perpendicular.
Tendo a possibilidade de ali ficar por alguns minutos sozinho, em silêncio, o dormitório acabou por ser, inexplicavelmente, um dos espaços que mais me tocou.
Veja também o artigo sobre o que fazer em Alcobaça e outro com um roteiro no Centro de Portugal.
Guia prático
Quando visitar Alcobaça
Em teoria, pode visitar Alcobaça durante todo o ano, mas talvez a primavera e o outono sejam as épocas mais bonitas. De resto, caso opte por fazer uma escapadinha a Alcobaça durante o verão, tenha em mente que as temperaturas podem ser muito altas, especialmente ao início da tarde. Se possível, evite os fins de semana.
Como visitar o Mosteiro de Alcobaça (localização, horários e preços)
O Mosteiro de Alcobaça fica no coração da cidade, pelo que não há como se enganar.
Horários
No que toca aos horários, o monumento está aberto todos os dias das 9:00 às 18:00 nos meses de outubro a março; fechando uma hora mais tarde nos restantes meses. A bilheteira encerra 30 minutos antes.
O Mosteiro de Alcobaça encerra ao público nos dias 1 de janeiro, Domingo de Páscoa, 1 de maio, 20 de agosto e 25 de dezembro.
Preços
A entrada no Mosteiro de Alcobaça custa 6€ por pessoa. Existe um ingresso combinado chamado Bilhete Património Mundial, que permite o acesso ao Convento de Cristo (Tomar), ao Mosteiro de Alcobaça e ao Mosteiro de Santa Maria da Vitória (Batalha) por 15€; é válido por 7 dias.
Por fim, saiba que aos domingos e feriados a visita ao Mosteiro de Alcobaça é gratuita para os residentes em território nacional.
Excursão a Alcobaça a partir de Lisboa
Caso prefira visitar o Mosteiro de Alcobaça a partir de Lisboa numa excursão organizada, veja o programa De Lisboa: Excursão a Fátima, Batalha, Alcobaça e Óbidos na GetYourGuide.
Onde ficar
Não faltam hotéis em Alcobaça com excelente relação qualidade/preço. Desde logo, o tradicional Hotel Santa Maria, de três estrelas, que cumpre bem a função e tem uma localização muito central. O mesmo se pode dizer do Hostel Rossio Alcobaça, um alojamento barato para viajantes de espírito jovem.
Mais luxuosos e requintados são os aposentos do magnífico Challet Fonte Nova, uma excelente opção de hospedagem caso possa – e queira – gastar um pouco mais.
Fora da cidade, mas não menos recomendável, o Your Hotel & Spa Alcobaça (antigo Hotel Termas da Piedade) oferece amenidades próprias de um grande hotel (pense em quartos amplos, piscinas e campo de golfe).
Por fim, para uma opção rústica, inusitada e em contacto com a Natureza, considere as deliciosas cabanas sobre estacas do Parque dos Monges. São uma espécie de glamping, sobre o Lago das Freiras, fora do ambiente urbano de Alcobaça.
Note que, como referido, não falta oferta hoteleira em Alcobaça; pelo que, caso estes hotéis não lhe agradem (ou não tenham disponibilidade), pode pesquisar alternativas usando o link abaixo.
Seguro de viagem
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