Implantada num ambiente montanhoso pintado nos tons de verde das plantações de chá, a povoação de Ella proporciona uma paragem muito agradável – e estratégica – em qualquer roteiro que passe pelo centro-sul do Sri Lanka.
Trata-se, aliás, de uma das extremidades da mítica viagem de comboio entre Kandy e Ella, uma experiência muito popular entre os turistas que visitam o país. Pela minha parte, e descontando algum excesso de mochileiros face à exígua dimensão do povoado, posso afiançar que gostei muito de conhecer Ella.
Eis, pois, o que fazer em Ella, de acordo com a minha experiência no terreno. Foi, no meu entender, o roteiro perfeito para dois dias de estada, com visita às mais encantadoras atrações da região. Vamos a isso.
O que fazer em Ella
Little Adam’s Peak
Acordei cedo para um dia bem passado – e muito preenchido – em Ella. Um dia intenso e fascinante.
Comecei por apanhar um tuk tuk até ao início do trilho para Little Adam’s Peak, que queria percorrer a pé. Trata-se de uma caminhada muito fácil, acessível a todos, por entre as fotogénicas plantações de chá da região.
Além dos turistas (sim, havia muitos), encontrei imensas trabalhadoras a apanhar folhas de chá, o que tornou o percurso pedestre ainda mais interessante. Lá em cima, a vista era de facto muito bonita. Valeu cada passada.
Sempre a pé, segui então por um trilho rural até à chamada Ponte dos Nove Arcos, um dos ex-libris fotográficos da região.
Ponte dos Nove Arcos
Quando cheguei a um miradouro transformado em tasco de rua, ouvi o barulho de um comboio (por uma incrível coincidência, ia passar na ponte daí a alguns segundos).
Fotografei, tomei um refresco e desci até à ponte. É, sem dúvida, um dos locais mais icónicos de todo o Sri Lanka. Lindo!
Depois de contemplar a ponte, era então hora de a atravessar, calmamente, atento ao perigo de novos comboios circularem na via (seja como for, são tão lentos que o perigo é quase nulo). Na outra extremidade da ponte, apanhei um tuk tuk até à fábrica de chá Uva Halpewatte, que me tinha sido recomendada por um amigo.
Fábrica de chá Uva Halpewatte
Como no dia anterior tinha sido feriado no Sri Lanka (dia de Lua Cheia), a produção estava parada por falta de matéria-prima, pelo que fazer a visita guiada seria uma perda de tempo. “Nós explicamos todo o processo de produção, mas terá de imaginar porque não há ninguém a trabalhar hoje”, disse a funcionária.
Foi o único revés do dia mas, ainda assim, recomendo que inclua a fábrica de chá Uva Halpewatte na lista com o que fazer em Ella (porque, num dia “normal”, faz todo o sentido visitar a fábrica de chá neste momento).
Regressei então a Ella, a tempo de almoçar.
Workshop de cozinha no Matey Hut
Já não era a primeira vez que experimentava fazer um workshop de culinária durante as minhas viagens. Já o fiz em locais como o Vietname ou a Indonésia, porque considero ser uma forma divertida de aprender um pouco mais sobre um aspeto fundamental das viagens: a gastronomia.
Ora, estando em Ella, tinha ouvido falar dos workshops do Matey Hut, onde se aprendia a fazer comida simples e caseira. Naturalmente, decidi experimentar.
Entre outras coisas, eu e outras sete pessoas preparámos roti; arroz; caril de manga, abóbora banana e feijão; sambal de coco e sambal de chili. No final, foi esse o meu jantar; e estava tudo delicioso!
Se aprecia este tipo de experiências – simples mas autênticas – e não sabe bem o que fazer em Ella, fica a dica. Vai gostar.
Visitar Haputale
Ao segundo dia em Ella, decidi alugar uma scooter e rumar a Haputale com o objetivo de visitar o Lipton’s Seat. À medida que me ia aproximando de Haputale, a floresta ia dando lugar a cada vez mais plantações de chá. O verde dominava completamente a paisagem. Esporadicamente, avistei trabalhadores a apanhar as folhas de chá. Até que cheguei a um portão fechado e, por momentos, pensei que não poderia continuar. Mas afinal, paguei a portagem e prossegui.
Não sabia bem o que iria encontrar no Lipton’s Seat; e, na verdade, não há muito para ver. Chama imediatamente a atenção uma placa com a indicação “Lipton’s Seat”. À direita, um banco com uma estátua de Sir Thomas Lipton – no local onde, alegadamente, o homem responsável pela notoriedade que ainda hoje o chá do Sri Lanka tem um pouco por todo o mundo se sentava a contemplar a paisagem.
Tendo uma scooter, foi depois muito fácil chegar à fabrica Dambatenne. Estacionei a motoreta no exterior do edifício, entrei e, pouco depois, estava a começar uma visita guiada. Ao longo de uns 45 minutos, tomei contacto com todo o processo de produção de chá. E valeu a pena.
Finda a visita à fábrica de chá, regressei a Ella por outras estradas secundárias.
Refeição no Chill Cafe
Por falar em comida, e para variar do rice & curry cingalês, decidi ir conhecer um dos mais populares restaurantes de Ella. O Chill Cafe fica na rua principal do povoado e a comida é verdadeiramente deliciosa. Só tem a enorme desvantagem de ser quase só frequentado por viajantes.
Foi o final do meu roteiro de dois dias em Ella, exatamente a meio do roteiro de viagem no Sri Lanka.
Mapa com o que visitar em Ella
Guia prático
Dica sobre a visita às fábricas de chá
Uma vez que as folhas de chá são apanhadas num dia, secas durante a noite e trabalhadas logo no dia seguinte, a maioria das fábricas de chá não labora nos dias posteriores aos feriados por falta de matéria-prima. Foi o que me aconteceu na fábrica Uva Halpewatte.
Evite, por isso, visitar uma fábrica de chá nesses dias (incluindo os dias seguintes à lua cheia); pode até visitar as instalações e receber explicações sobre o processo, mas não haverá gente a trabalhar.
Onde ficar em Ella
Eu fiquei hospedado numa pequeníssima homestay chamada Will Guesthouse e não poderia recomendar mais. Will e a sua família são o exemplo da hospitalidade cingalesa; os quartos são amplos, limpos e confortáveis, o chuveiro é dos melhores que tive no Sri Lanka; a comida é saborosa; e as vistas – ai, as vistas! – são do outro mundo.
Caso não tenha disponibilidade (só tem três quartos), considere o bed & breakfast Romance in Ella, o 59B Rest Inn Ella, o The One Ella ou o Marvellous Inn. Em qualquer um deles ficará bem alojado sem arruinar a carteira.
Caso prefira algo mais luxuoso, não se arrependerá se optar pelo Chille Ville, View Point Hotel. Seja como for encontra os melhores hotéis de Ella no link abaixo.
Se possível, evite ficar na confusão da povoação. É praticamente uma só rua, mas parece-me muito melhor ficar nas montanhas envolventes, perto de Ella.
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