O meu roteiro de viagem no Sri Lanka foi razoavelmente standard. À exceção de Kataragama, excluída do itinerário da maioria dos viajantes, estive em destinos que fazem parte da rota normalmente calcorreada pelos turistas independentes. Foi uma opção consciente, dado ter apenas 16 dias para visitar o Sri Lanka.
Dito isto, o pequeno-grande truque deste roteiro não são os destinos em si mesmos, mas o sentido da viagem. Isto porque a esmagadora maioria dos viajantes independentes percorre o Sri Lanka no sentido dos ponteiros do relógio – primeiro o Triângulo Cultural, depois as praias da costa sul e oeste. Eu fiz o inverso.
Ora, esse facto é relevante por causa dos transportes – um fator a ter em conta especialmente na época alta. Por exemplo, o afamado comboio que liga Ella a Kandy é muito menos concorrido no sentido Ella – Kandy do que no sentido Kandy – Ella.
Eis, pois, o meu roteiro de 16 dias no Sri Lanka, incluindo as atividades que fiz em cada dia. No final deste texto, indico ainda o que teria feito se tivesse dias adicionais para montar um roteiro no Sri Lanka mais completo.
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O meu roteiro no Sri Lanka (dia a dia)
- 1.1 Dia 1: Colombo
- 1.2 Dia 2: Hikkaduwa e Galle
- 1.3 Dia 3: Galle e Goyambokka
- 1.4 Dia 4: Templo de Mulkirigala e Hiriketiya
- 1.5 Dia 5: Kataragama
- 1.6 Dia 6: Safari no Parque Nacional Yala
- 1.7 Dia 7: Ella
- 1.8 Dia 8: Haputale
- 1.9 Dia 9: Comboio de Ella para Nuwara Eliya e Kandy
- 1.10 Dia 10: Kandy
- 1.11 Dia 11: Dambulla e Sigiriya
- 1.12 Dia 12: Sigiriya
- 1.13 Dia 13: Ritigala
- 1.14 Dia 14: Polonnaruwa
- 1.15 Dia 15: Em viagem
- 1.16 Dia 16: Negombo
- 2 Mapa: roteiro de viagem no Sri Lanka
- 3 O que mudaria no roteiro do Sri Lanka
- 4 Guia prático
O meu roteiro no Sri Lanka (dia a dia)
Dia 1: Colombo
Aterrei no Aeroporto Internacional Bandaranaike por volta das 10:00, após quase 24 horas de voos e escalas. Apanhei o autocarro do aeroporto para a estação central de Colombo e daí um tuk tuk até ao hotel onde escolhi pernoitar.
Estava cansado da viagem, mas não queria dormir; caso contrário, ficaria com os fusos horários ainda mais trocados. Banho tomado, fui explorar a capital do Sri Lanka.
Comecei por visitar o templo budista Gangaramaya, antes de regressar à zona velha de Pettah e perder-me pelas ruas e mercados do coração de Colombo. Passei defronte do antigo edifício da Câmara Municipal (nada de especial), entrei na chamada Mesquita Vermelha, e segui depois para a zona do Forte de Colombo, onde avistei o Edifício Cargils e o, agora trendy, Dutch Hospital.
Acabei o dia a passear na Galle Green Face, escolhendo para jantar o Nana, uma das bancas de comida de rua mais elogiadas da capital do Sri Lanka. Talvez tenha tido azar, mas foi uma enorme desilusão.
Dormida em Colombo: Sunrise Boutique
Dia 2: Hikkaduwa e Galle
No segundo dia de viagem, apanhei o comboio que liga Colombo a Galle, que segue sempre junto à costa. Não é o meio de transporte mais rápido para chegar a Galle, mas é seguramente o mais interessante.
Como queria visitar o Museu de Fotografia do Tsunami, localizado na aldeia de Telwatta, saí do comboio em Hikkaduwa. À chegada à estação de comboios, negociei com um condutor de tuk tuk a ida até ao museu – que fica a escassos três quilómetros de Hikkaduwa. Visitei-o tranquilamente e regressei ainda com tempo para almoçar numa tasquinha simples nas proximidades da estação. Às 14:30, apanhei outro comboio em Hikkaduwa para ir até Galle.
À chegada a Galle, fui acolhido com enorme simpatia numa pequeníssima homestay e, em conversa com os anfitriões, acabei por decidir ir nessa mesma tarde tentar fotografar os pescadores sobre estacas do Sri Lanka. Não correu bem e regressei a Galle um pouco frustrado.
De noite, fui caminhar pelo forte de Galle, que estava especialmente animado uma vez que, nesse preciso fim de semana, decorria o afamado Festival Literário de Galle. Vi parte de um espetáculo de dança e regressei a casa.
Dormida em Galle: Leisure in Galle (homestay)
Dia 3: Galle e Goyambokka
Tirei a manhã para explorar o Forte de Galle, que a UNESCO classifica como Património da Humanidade. Com essa missão cumprida, fui buscar a mochila e apanhei um autocarro público rumo a Tangalle.
A costa sul do Sri Lanka é afamada não só pelos pescadores em estacas, mas também pelas suas praias. O mar não é tão calmo como na costa oeste, mas o ambiente descontraído – e as ondas – atrai viajantes independentes, gente de espírito jovem, surfistas, candidatos a surfistas e simpatizantes. Entre as dezenas e dezenas de praias existentes, escolhi Goyambokka para ficar.
A praia não se destaca visualmente de muitas outras praias do Sri Lanka, mas ainda assim é bonita. As águas não são meigas nem translúcidas, porque as correntes são por vezes muito fortes e traiçoeiras; mas, com algum cuidado, dá para tomar banho. E havia espaço no areal.
À noite, nova experiência. Assistir à desova das tartarugas em Rekawa não fazia parte do meu roteiro de viagem no Sri Lanka. Mas, ao chegar a Tangalle de autocarro, oriundo de Galle, um condutor de tuk tuk falou-me dessa possibilidade: “Estamos na época das tartarugas”, confirmou! Depois de alguma ponderação – até por saber de algumas práticas menos sustentáveis -, decidi ir ver com os meus olhos.
Tudo somado, Goyambokka conquistou-me. Foi uma bela escolha para incluir no roteiro no Sri Lanka.
Dormida em Goyambokka: Golden Beach Resort
Dia 4: Templo de Mulkirigala e Hiriketiya
Neste dia, tinha por principais objetivos conhecer o templo de Mulkirigala e a praia de Hiriketiya. Optei por alugar uma scooter e, assim, passar o dia de forma independente e com total liberdade. E foi excelente. Tirando as alturas em que tive de conduzir por estradas principais, com mais trânsito, a viagem foi tranquila e a paisagem muito bonita.
Comecei por visitar Mulkirigala, muito provavelmente o templo mais espetacular do sul do Sri Lanka. E, ainda de manhã, segui para Hiriketiya, uma das novas coqueluches entre as praias da costa sul.
Hiriketiya aparecia descrita num guia de viagens recente (Lonely Planet, edição de janeiro 2018) como “uma pequena baía em forma de ferradura que se está rapidamente a tornar numa das praias mais cool do Sri Lanka”. E acrescentava: “por agora, está ainda de certa forma fora do radar, o que atrai os viajantes independentes e expatriados conhecedores”.
Para mim, Hiriketiya foi uma desilusão, razão pela qual não fiquei a “fazer praia” e regressei ao meu refúgio em Goyambokka. De scooter, claro (é um prazer conduzir naquelas paisagens).
Dormida em Goyambokka: Golden Beach Resort
Dia 5: Kataragama
Pequeno-almoço tomado, fui até ao terminal rodoviário de Tangalle e esperei por um autocarro que fosse para Kataragama. Teoricamente havia, mas não aparecia. Ao fim de uma hora de espera, decidi apanhar uma bem mais frequente ligação para Tissamaharama; de lá haveria de haver autocarros para Kataragama. E assim foi.
O principal objetivo da passagem por Kataragama era assistir ao puja que, todos os dias, tem lugar no chamado Parque dos Santuários de Kataragama. Trata-se de um espaço amplo onde coabitam o templo budista Kiri Vehera, o templo hindu Ruhunu Maha Kataragama Devalaya e ainda uma mesquita. Maravilhoso!
Kataragama é um dos mais importantes locais de peregrinação do Sri Lanka, apenas suplantado pela subida ao Adam’s Peak; razão pela qual o puja de Kataragama – um ritual de adoração a uma ou mais divindades, praticado tanto por Hindus como por Budistas, e que inclui quase sempre oferendas em géneros alimentícios – é das mais concorridas do país. Tinha mesmo de assistir a tudo isso.
Dormida em Kataragama: Gem River Edge
Dia 6: Safari no Parque Nacional Yala
Acordei às 4:45, tomei um chá quente e fui imediatamente para o jeep que me levaria ao Parque Nacional Yala, ali ao lado. A ideia era fazer um safari no Yala, mesmo sabendo não ser o melhor parque natural para avistar elefantes. Mas Carla, a proprietária do Gem River Edge, onde me alojei, sugeriu enfaticamente que o fizesse, e eu acedi. Até porque havia a possibilidade remota de ver um leopardo.
Durante cerca de cinco horas, percorri de jeep parte do Parque Nacional Yala em busca de vida selvagem, debaixo de uma chuva pouco amistosa. Vi muitas aves e antílopes, alguns macacos, hipopótamos e búfalos, e apenas dois ou três elefantes – antes de regressar ao conforto do Gem River Edge.
Era para viajar para Ella de autocarro depois do almoço mas, como cheguei tarde do safari e teria de ir imediatamente para a estação de camionagem, decidi passar a tarde em Kataragama e rumar a Ella em transporte privado. Ficou mais caro, mas valeu a pena.
Dormida em Ella: Will Guesthouse
Dia 7: Ella
Este foi um dia perfeito em Ella. Um dia intenso e fascinante. Comecei por apanhar um tuk tuk até ao início do trilho para o Little Adam’s Peak, que queria percorrer a pé. É uma caminhada muito fácil, acessível a todos, por entre as plantações de chá da região. Para além dos turistas (sim, havia muitos), encontrei imensas trabalhadoras a apanhar folhas de chá, o que tornou a caminhada ainda mais interessante. Lá em cima, a vista era de facto muito bonita.
Sempre a pé, segui por um trilho até à chamada Ponte dos 9 Arcos. Quando cheguei a um miradouro transformado em tasco de rua, ouvi o barulho de um comboio (por uma incrível coincidência, ia passar na ponte daí a alguns segundos). Fotografei, tomei um refresco e desci até à ponte.
Apanhei depois um tuk tuk na outra extremidade da ponte até à fábrica de chá Uva Halpewaththa, que me tinha sido recomendada por um amigo. Ora, como no dia anterior tinha sido feriado no Sri Lanka (dia de lua cheia), a produção estava parada por falta de matéria-prima, pelo que fazer a visita guiada seria uma perda de tempo. “Nós explicamos todo o processo de produção, mas terá de imaginar porque não há ninguém a trabalhar hoje”, explicou a funcionária. Foi o único revés do dia (num dia “normal”, faz todo o sentido visitar a fábrica neste momento).
De regresso a Ella, almocei num restaurante mais cosmopolita (para variar do rice & curry), fui à homestay descansar um pouco e, ao final da tarde, regressei à cidade para fazer uma aula de culinária do Sri Lanka. Foi maravilhoso!
Veja o que fazer em Ella. Note que ficaria mais barato alugar uma scooter e fazer tudo sem tuk tuks; mas, nesse caso, talvez não fizesse sentido ir do Little Adam’s Peak à ponte a pé.
Dormida em Ella: Will Guesthouse
Dia 8: Haputale
Aluguei uma scooter e fui visitar o Lipton’s Seat. À medida que me ia aproximando de Haputale, a floresta ia dando lugar a cada vez mais plantações de chá. O verde dominava completamente a paisagem. Esporadicamente, avistei trabalhadores a apanhar as folhas de chá. Até que cheguei a um portão fechado e, por momentos, pensei que não poderia continuar. Paguei a portagem e prossegui.
Não sabia bem o que iria encontrar no Lipton’s Seat; e, na verdade, não há muito para ver. Chama imediatamente a atenção uma placa com a indicação “Lipton’s Seat”. À direita, um banco com uma estátua de Sir Thomas Lipton ao estilo Fernando Pessoa no café A Brasileira do Chiado, em Lisboa. Trata-se do local onde, alegadamente, o homem responsável pela notoriedade que ainda hoje o chá do Sri Lanka tem um pouco por todo o mundo se sentava a contemplar a paisagem.
Tendo uma scooter, foi depois muito fácil chegar à fabrica Dambatenne. Estacionei a motoreta no exterior do edifício, entrei e, pouco depois, estava a começar uma visita guiada. Ao longo de uns 45 minutos, tomei contacto com todo o processo de produção de chá. E valeu a pena.
Finda a visita à fábrica de chá, regressei a Ella por outras estradas secundárias. Estava exatamente a meio do roteiro de viagem no Sri Lanka.
Dormida em Ella: Will Guesthouse
Dia 9: Comboio de Ella para Nuwara Eliya e Kandy
O dia foi dedicado à mais famosa viagem de comboio do Sri Lanka, com uma curta paragem para conhecer Nuwara Eliya.
Quando estava a desenhar o meu roteiro de viagem no Sri Lanka, uma das dúvidas que tive foi sobre Nuwara Eliya. Valeria a pena ficar lá alojado? Valeria, sequer, a pena passar pela denominada Little England, epíteto adquirido fruto da influência britânica que, ainda hoje, é possível observar na cidade?
Na verdade, não estava muito motivado para visitar Nuwara Eliya; e foi só quando me ocorreu a ideia de fazer uma paragem rápida, durante a viagem de comboio entre Ella e Kandy, que se fez luz. Iria sair em Nanuoya, dar uma vista de olhos rápida a Nuwara Eliya e apanhar o comboio seguinte, prosseguindo viagem até Kandy. Assim fiz – e não me arrependo.
Com tudo isso, acabei por chegar a Kandy já a tarde ia alta. Foi o tempo de me instalar na pousada, comer qualquer coisa e passear pelo centro da cidade. A exploração de Kandy ficaria para o dia seguinte.
Dormida em Kandy: Freedom Lodge Kandy
Dia 10: Kandy
Comecei o dia rumando ao Templo do Dente Sagrado, mas estava tanta gente que desisti. Voltaria ao final da tarde. Aproveitei a manhã para visitar a igreja adjacente ao templo e caminhar pelo centro de Kandy, sem grandes planos. Foi uma forma de sentir a cidade, sem a “obrigação” de visitar fosse o que fosse.
Ficara curioso com algumas fotografias que tinha visto e, depois de almoçar, decidi visitar o hotel Helga’s Folly sem saber bem o que esperar. Apanhei um tuk tuk rumo às colinas de Kandy.
Não sei bem como definir o hotel Helga’s Folly. É a inspiração de um génio criativo ou uma excentricidade absurda? Uma extravagância fascinante ou uma criação kitsch desconexa? Um hotel brilhante ou uma casa horrorosa? Ou será porventura tudo e nada ao mesmo tempo? Honestamente, não faço ideia. Sei apenas que diferente é com certeza. Dificilmente ali ficaria hospedado, mas gostei de visitar.
Ao fim da tarde, regressei então ao Templo do Dente Sagrado. Entrei, observei respeitosamente os crentes em oração, apreciei as suas oferendas de flores e arroz, não sem reparar na emoção e na energia que emana do espaço sagrado. Antes de sair do complexo, fui ainda visitar o Museu Internacional do Budismo.
Dormida em Kandy: Freedom Lodge Kandy
Dia 11: Dambulla e Sigiriya
Dia em trânsito, com paragem nas magníficas grutas de Dambulla, incluídas na lista de Património da Humanidade do Sri Lanka. Para o poder fazer de forma mais tranquila e eficiente, fiz a viagem entre Kandy e Sigiriya num carro particular bem negociado.
Saí de Kandy de manhã cedo com o objetivo bem definido: Dambulla. Lá chegado, visitei as grutas de Dambulla, sem pressas, ansioso por encontrar a gruta mais espetacular do complexo, com inúmeras estátuas de Buda e frescos no teto. Havia bastantes turistas – locais e estrangeiros -, mas valeu bem a pena.
De volta ao carro, prossegui então rumo ao objetivo final da viagem desse dia: Sigiriya. À chegada, decidi aproveitar o que restava da tarde para fazer um passeio de bicicleta pelas zonas rurais nos arredores da localidade. A fortaleza de Sigiriya e a rocha de Pidurangala ficariam para o dia seguinte.
Dormida em Sigiriya: Paradise Inn Guesthouse
Dia 12: Sigiriya
Este foi um dia cansativo mas magnífico.
Saí da cama e, lá fora, um manto espesso e branco envolvia Sigiriya. Na verdade, não se via absolutamente nada. Nem o topo da rocha, para lá do arrozal contíguo à casa de Milton que eu tão bem observara na tarde anterior; nem sequer o próprio arrozal. Sigiriya parecia envolta em algodão-doce. Estava um ambiente místico. Fui para lá por volta das 7:00. O objetivo era visitar a antiga fortaleza de Sigiriya com pouca gente.
Olhando para cima, a rocha de Sigiriya era uma nuvem. Por vezes conseguia distinguir a sua silhueta, mais escura; outras, era pura neblina. Ao ponto de mal conseguir ver os antigos Jardins Reais, a caminho do local arqueológico que a UNESCO também incluiu na lista de Património Mundial do Sri Lanka. Foi por onde comecei a explorar Sigiriya.
Uma vez passados os Jardins Reais de Sigiriya, a gruta com frescos, a chamada Parede dos Espelhos e o Portão do Leão, fui subindo a última escadaria rumo à antiga fortaleza. Quando cheguei ao topo, a neblina continuava densa, mantendo aquela áurea de misticismo que tornava o local ainda mais especial. Mas o melhor é que, pouco a pouco, à medida que o astro-rei foi subindo no horizonte, Sigiriya foi-se mostrando. Foi perfeito!
Regressei depois à minha pousada, descansei um pouco e, a meio da tarde, peguei numa bicicleta e fui visitar Pidurangala. Reza a história que a região de Pidurangala foi ocupada por monges budistas há dois milénios e meio. Os monges viviam nas caves em torno do rochedo de Pidurangala.
A primeira parte do trilho foi feita através de uma escadaria irregular que, apesar disso, era bastante fácil. A segunda (e última) parte da subida, essa, era muito exigente. Não havia trilho; era preciso escalar rochas graníticas mas o esforço compensou.
Lá em cima, a vista era magnífica. De um lado, a rocha de Sigiriya envolta em selva. Em todo o resto, verde, muito verde – apenas pintalgado por um pequeno lago ou conjunto de casas.
Tinha sido um dia em cheio – um dos melhores do meu roteiro no Sri Lanka!
Dormida em Sigiriya: Paradise Inn Guesthouse
Dia 13: Ritigala
Foi, mais uma vez, a recomendação de um amigo viajante, profundo conhecedor do Sri Lanka, que me fez visitar as ruínas perdidas de Ritigala. “Pede ao Milton para te levar a Ritigala; não te vais arrepender”, disse-me. Foi o que fiz. E, de facto, é um complexo arqueológico diferente.
Desde logo, pelo facto de estar implantado no meio da selva. Depois, por ter sido um antigo mosteiro budista onde se tratavam doentes de vários tipos com recurso a avançadas técnicas Ayurveda – a “ciência da vida” -, um dos mais antigos sistemas medicinais da humanidade. Há múltiplos indícios do uso de todo o tipo de plantas medicinais em Ritigala.
Depois de deixar Ritigala para trás, decidi eu próprio sujeitar o corpo a uma massagem Ayurveda numa espécie de spa local. Foi uma nova experiência, que também recomendo.
Por essa altura, era tempo de seguir para a próxima etapa do meu roteiro no Sri Lanka: Pollonaruwa.
Dormida em Polonnaruwa: Ruins Villa
Dia 14: Polonnaruwa
Acordei cedo, com o objetivo de conhecer a cidade antiga de Polonnaruwa de bicicleta. A visita a um dos mais emblemáticos locais classificados como Património Mundial do Sri Lanka durou a maior parte do dia; e, quando a meio da tarde decidi regressar à homestay, estava absolutamente derreado.
O cansaço acumulado por visitar Sigiriya, Pidurangala e Ritigala nos dois dias anteriores estava a fazer-se sentir. Assim, o que restou da tarde foi passado no pátio exterior da guesthouse, à conversa com uma amiga portuguesa que fez um pequeno desvio no seu roteiro de viagem no Sri Lanka para que pudéssemos estar juntos. E que bem que soube aquele dolce fare niente vespertino!
Dormida em Polonnaruwa: Ruins Villa
Dia 15: Em viagem
Boa parte do dia foi passada na viagem de Polonnaruwa para Negombo em autocarros públicos, com mudança em Kurunegala. Cheguei a Negombo a tempo de um almoço tardio. O resto do dia passei-o a relaxar, a escrever num bar de praia e a apreciar o pôr-do-sol na praia de Negombo. Para ser honesto, já estava com aquela sensação de fim de festa.
Dormida em Negombo: Fun Whales Guesthouse
Dia 16: Negombo
Era o meu último dia no país e só uma alteração de última hora ao roteiro de viagem no Sri Lanka me permitiu visitar o mercado de peixe de Negombo. O objetivo era ter um último dia de viagem mais tranquilo, pelo que decidi pernoitar a última noite em Negombo (que fica próximo do aeroporto), aproveitar o dia para conhecer a cidade e, à noite, embarcar rumo a Portugal. E ainda bem que assim fiz.
Entrei no mercado de peixe de Negombo e fiquei imediatamente conquistado. É um espaço simples, com pouca sombra e por vezes um cheiro nauseabundo, mas fascinante. Havia alguns turistas, mas o ambiente era 100% autêntico. Como é normal, havia muitas bancas de venda de peixe. Mas sempre em pequenas quantidades, como se cada pescador vendesse diretamente o seu peixe, sem intermediários grossistas. Havia sardinhas e carapaus, mas também peixe de maiores dimensões. E, no areal, muito peixe a secar.
Depois de visitar o mercado pela manhã, aproveitei para caminhar por Negombo e sentir a cidade. Por essa altura, estava já um calor insuportável, pelo que recolhi à pousada até ao meio da tarde. Foi quando fui fazer um passeio de barco na lagoa de Negombo, mais para passar o tempo do que por verdadeiro entusiasmo. E a verdade é que não gostei – e não recomendo.
Veja também O que fazer em Negombo (o meu roteiro)
Como o voo de regresso era só por volta das 3:00, acabei por ter tempo para jantar tranquilamente em Negombo (há muitos restaurantes excelentes). Só quando a cidade estava praticamente a dormir é que fui para o aeroporto. De tuk tuk, claro! E assim terminava uma fantástica viagem ao Sri Lanka.
Mapa: roteiro de viagem no Sri Lanka
O que mudaria no roteiro do Sri Lanka
Encaixar Anuradhapura no roteiro
O meu roteiro no Sri Lanka original contemplava uma ida a Anuradhapura nos últimos dias de viagem – de onde seguiria direto para Negombo, para apanhar nessa mesma noite o avião de regresso.
Na altura, pareceu-me uma boa opção mas, com o decorrer da viagem, e após dias cansativos a explorar Dambulla, Sigiriya, Pidurangala, Ritigala e Polonnaruwa achei por bem refrear o ritmo e regressar um dia antes a Negombo, para relaxar no último dia num ambiente de praia.
Em suma, tive pena de não conhecer Anuradhapura, mas não me arrependo da opção; até porque me permitiu conhecer o mercado de peixe de Negombo. No meu caso, bastaria ter mais um dia de viagem para já ser exequível ir a Anuradhapura. Mas, para quem gostar de viajar mais rápido, dá para encaixar no roteiro. Fica a dica.
Evitar o passeio na lagoa de Negombo
O que não teria feito em Negombo era o passeio de barco na lagoa. Achei desinteressante, uma perda de tempo e de dinheiro. Não o faça.
Trocar de safari
Além disso, trocaria o safari que fiz no Parque Nacional Yala. Fi-lo mesmo sabendo que não é o melhor local para ver elefantes; mas havia a possibilidade remota de ver um leopardo (não aconteceu). Ora, se o objetivo for mesmo ver elefantes, em grande número, recomendo antes os parques nacionais Kaudulla ou Udawalawe. Era onde gostaria de ter feito o meu safari.
Não ficar em Colombo
Existe ainda um outro aspeto que poderia ter mudado no roteiro: aterrar e seguir imediatamente para outro destino que não Colombo. Não estou certo de ser a opção mais sensata (após tantas horas de voo), mas numa eventual próxima viagem ao Sri Lanka considerarei seriamente essa alternativa. Não o fazendo, uma das dúvidas que tive era se seria melhor ficar em Negombo ou em Colombo; e talvez Negombo seja mais interessante. Depende dos objetivos – e ritmo de viagem – de cada viajante.
De resto, julgo que não mudaria mais nada no meu roteiro de 16 dias no Sri Lanka. À exceção, claro está, de acrescentar mais dias de viagem para conhecer ainda melhor o país.
O que acrescentaria no roteiro se tivesse mais dias no Sri Lanka
Para além do safari no Kaudulla ou no Udawalawe, tivesse eu mais uns 10 dias de viagem e acrescentaria Trincomalee (para conhecer parte do litoral leste); depois o complexo arqueológico de Anuradhapura; e, por fim, a região de Jaffna, uma área maioritariamente Tamil no extremo norte do Sri Lanka.
Guia prático
Visto para visitar o Sri Lanka
Os viajantes da União Europeia, Portugal incluído, podem pedir o visto online, ou tratar do visto para o Sri Lanka à chegada aoAeroporto Internacional Bandaranaike. Eu optei por pedir à chegada e foi um processo relativamente simples e rápido. O visto no aeroporto custa 40 dólares norte-americanos, mas pode também pagar com Euros ou cartão de crédito.
Como chegar
A maioria das grandes companhias aéreas da Europa e Médio Oriente voa para o Sri Lanka; incluindo a Lufthansa, a Turkish Airlines, a Emirates ou a Qatar Airways. Caso tenha dias adicionais, considere maximizar a viagem conjugando o roteiro do Sri Lanka com uma estadia nas vizinhas Maldivas.
Transportes no Sri Lanka
Nesta viagem ao Sri Lanka utilizei os mais variados meios de transporte, com predominância para os comboios e autocarros públicos. São a forma mais barata de viajar e, excetuando algumas vezes em que terá de viajar de pé, as viagens fazem-se bem. Note que os condutores de autocarros conduzem, digamos, muito depressa e na faixa contrária, mas não vi um único acidente.
Uma vez nos destinos, os tuk tuks são uma forma prática de se deslocar até atrações fora dos centros urbanos. Tenha cuidado para não ser enganado (pergunte na sua pousada os preços médios a pagar, e negoceie com os motoristas antes de arrancar).
Onde ficar
Para quem não quer gastar muito dinheiro em alojamento, dos hotéis e guesthouses onde fiquei alojado recomendo vivamente a homestay Leisure in Galle (Galle), o Golden Beach Resort (Goyambokka), o ecolodge Gem River Edge (Kataragama), a Will Guesthouse (Ella), o Freedom Lodge Kandy (Kandy), a Paradise Inn Guesthouse (Sigiriya), o Ruins Villa (Polonnaruwa) e o Fun Whales Guesthouse (Negombo). Ou seja, quase todos.
São pequenas guesthouses ou homestays onde tive experiências fantásticas. Apenas não recomendo tanto o Sunrise Boutique, em Colombo, não só pela localização menos central mas porque o preço é um pouco alto.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.