
Tashkent é uma cidade monumental, com vastas avenidas e edifícios gigantescos a lembrar o passado soviético. Talvez não seja tão agradável como a verdejante Almaty; mas, felizmente, apesar da monumentalidade de inspiração soviética, não tem o aspeto kitsch de Skopje. Ao invés, tem inúmeros espaços verdes e um ambiente que me fez sentir em casa. E isto apesar de eu preferir lugares pequenos.
Em suma, ao contrário do que muitas vezes se escreve, é um erro ignorar Tashkent e ir a correr para Samarcanda ou Bukhara.
Uma das coisas que notei logo, mal entrei no Uzbequistão, foi a simpatia das pessoas. Não deixei de ser conscientemente enganado por um taxista na fronteira, é certo; mas, vindo do Cazaquistão, senti uma grande diferença no ambiente, no trato, na amabilidade das pessoas. Admito que possa ter sido apenas uma impressão de primeira visita, mas gostei mesmo do povo uzbeque.
Nos três dias em que estive na cidade, acabei por ter tempo para ver algumas atrações como o Mercado Chorsu, perder-me em cafés como o BookCafe ou simplesmente caminhar sem grandes objetivos, refugiando-me num ou noutro parque para fugir do calor. Desses dias, eis uma pequena lista com o que fazer em Tashkent, caso não tenha tempo ou vontade de ir viajando ao sabor do vento.
Em Tashkent, arrependi-me de não ter planeado (mas já lá vamos!). Até porque há uma coisa que eu não vi por falta de planeamento.
O que fazer em Tashkent (a minha experiência)
Mercado Chorsu
Tido como um dos mais importantes mercados da Ásia Central, o Mercado Chorsu é seguramente uma das principais atrações de Taskhent. Para os visitantes de primeira viagem à capital uzbeque é, aliás, o primeiro local de visita obrigatória. Isto porque no Mercado Chorsu é possível ficar com um cheirinho do que seria o comércio na histórica Rota da Seda.
O mercado é dominado por um espaço central circular que exibe uma cúpula a fazer lembrar o portuense Palácio de Cristal. Pelo menos foi o que me ocorreu assim que lá cheguei. Lá dentro, por entre o bulício próprio de um mercado, pontificam talhos e queijarias. Subi ao primeiro andar, com vista privilegiada sobre o coração do mercado, e deixei-me ficar a observar a vida a acontecer em Tashkent. Uma delícia!
Em redor do mercado fechado, havia centenas de bancas (ou seriam milhares?) onde se vendia literalmente de tudo. E uma pequena secção com restaurantes de rua, ao ar livre, onde tive oportunidade de provar comida uzbeque baratíssima.
Resumindo, independentemente dos seus interesses prioritários, o Mercado Chorsu tem mesmo de estar na sua lista com o que visitar em Tashkent.
Praças Timur e da Independência
A Praça Timur e a Praça da Independência são dois dos mais emblemáticos locais de Tashkent. É lá que ficam alguns dos mais importantes monumentos e os edifícios políticos e culturais mais relevantes. Passear entre elas vale não apenas pelo simbolismo, mas também pelo passeio propriamente dito, rodeado por espaços verdes, fontes a jorrar água e muita gente jovem.
Casa da Fotografia de Tashkent
Por vezes viajar ao sabor do vento é muito reconfortante; mas há sempre o risco de não se ver algo fundamental por desconhecimento. Foi o que me aconteceu com a chamada Casa de Fotografia de Tashkent, tida como muito interessante para quem gosta de fotografia.
Trata-se de uma galeria-museu que organiza exposições itinerantes ao longo do ano, com trabalhos de fotógrafos de todo o mundo, incluindo uzbeques. Há também concursos de fotografia, conferências, workshops e muitas atividades educativas ligadas à fotografia.
Quando soube da sua existência, decidi imediatamente que era uma das coisas a visitar em Tashkent. Mas foi demasiado tarde. Preparava-me para o fazer quando fui informado de que era feriado. Liguei e ninguém atendeu; passei à porta e estava mesmo fechada. No dia seguinte iria deixar Tashkent; mais tarde, regressaria à capital do Uzbequistão, mas numa segunda-feira, dia em que a galeria-museu está encerrada.
Para aumentar a minha frustração – ironia suprema -, no dia anterior tinha passado à porta do edifício sem suspeitar sobre o que se tratava. Na verdade, nem reparei. Conclusão, devia ter planeado um pouco melhor o que fazer em Tashkent. Fica a dica para não cometerem o mesmo erro.
Hotel Uzbekistan
Se há fachada em Tashkent que representa o passado associado à antiga União Soviética, essa é seguramente a do Hotel Uzbekistan. O edifício fica em plena praça Timur, facilmente integrável em qualquer passeio pelo coração da capital uzbeque. O hotel ganha especial beleza (se assim se pode dizer!) ao final da tarde.
Eu não visitei o interior do Hotel Uzbekistan, mas quem quiser pode até ficar lá hospedado (o hotel continua em funcionamento). Não o faça pela qualidade das instalações, mas sim pelo simbolismo histórico do edifício; caso contrário vai ficar desiludido.
Estações de metro de Tashkent
Até há pouco tempo vedadas à fotografia, algumas das estações de metro de Tashkent são rudemente belas, como fotogénicos resquícios da época soviética. Confesso que entrei e saí nas estações demasiadas vezes para as apreciar, demorando mais tempo do que o necessário a chegar a locais como o Mercado Chorsu e ficando algumas delas frustrado pela ausência de interesse (não é Moscovo nem São Petersburgo); mas, ainda assim, não me arrependi.
Uma das que mais gostei foi a estação Alisher Navoi, de traços vincadamente soviéticos. Fica na chamada Linha Uzbequistão (a linha azul do metro de Tashkent). A visitar.
BookCafe
Apesar de Tashkent não ter a vibrante cultura de café de Almaty, há um punhado de cafés muito interessantes na capital uzbeque. Entre os que tive oportunidade de conhecer, recomendo sem reservas o BookCafe.
Fica muito perto da Casa da Fotografia de Tashkent, pelo que é um bom local para descansar depois de ver as exposições de fotografia. O BookCafe é frequentado principalmente por gente jovem, havendo sempre estudantes a fazer trabalhos de grupo, a receber explicações ou a estudar. Não a despropósito, o interior está decorado com estantes carregadas de livros daí o nome BookCafe.
Hazrati Imam
Tinha pensado visitar o complexo de Hazrati Imam, não tanto pelas mesquitas em si mesmo, mas por uma curiosidade histórica provavelmente falsa.
Reza a lenda que ali se encontra o Corão mais antigo do mundo. Trata-se de uma edição antiquíssima do Corão (datada do século VIII), escrita numa versão antiga do Árabe. Apenas um terço do livro sobreviveu até aos dias de hoje – e é isso que está atualmente guardado em Hazrati Imam.
Manda a verdade dizer, no entanto, que muito dificilmente a afirmação de que se trata do mais antigo Corão do mundo é verdadeira. Seja como for, tendo tempo e vontade, não deixe de visitar Hazrati Imam e conhecer esse antigo Corão.
Madrassa Ko’kaldosh
Para quem tem oportunidade de sair de Tashkent e viajar até cidades como Samarcanda, Bukhara ou Khiva, visitar a Madrassa Ko’kaldosh pode ser, por assim dizer, dispensável. Em todo o caso, se o seu roteiro contempla um par de dias em Tashkent, não perde nada em incluí-la no plano.
Mapa: o que fazer em Tashkent
Se quiser suportar os esforços empreendedores de um jovem uzbeque e tomar um bom café, passe no Red Bus Coffee. É uma carrinha com material para tirar bons expressos, normalmente estacionada junto a uma das saídas da estação de metro Oybek (ver mapa).
Guia prático
Como chegar
Existem inúmeras companhias aéreas europeias a voar para Tashkent. Eu voei com a Turkish Airlines e, como sempre, a relação qualidade/preço é praticamente imbatível (apesar da Turkish estar assumidamente mais cara do que há alguns anos).
Do aeroporto para o hotel, o melhor é apanhar um táxi, desde que compre um cartão telefónico local. Com ele, poderá usar a app Yandex para chamar táxis (baratos e seguros). Considere também o uso do cartão Revolut para poupar nas taxas bancárias.
Transportes em Tashkent
Tashkent é uma cidade grande e espraiada pelo que, para além do metro, por vezes terá de utilizar os táxis. A esse respeito, e para evitar dissabores, recomendo a utilização da app Yandex (funciona tipo Uber). As corridas são baratas e por regra isentas de problemas de segurança. É também uma das razões por que adquirir um cartão SIM local é uma boa ideia.
Onde ficar
Eu fiquei num hostel chamado Sunrise Caravan Stay – Boutique Guesthouse que recomendo vivamente. Tem um ambiente fantástico, é bastante limpo e o pessoal é prestável e simpático. Dentro do mesmo registo, há ainda o Amir Khan Hostel e o Homestay B&B Hostel, onde também considerei hospedar-me.
Melhor ainda será o Hotel Nice ou o magnífico Navruz Hotel (três estrelas); mas, se puder esticar um pouco mais o orçamento, recomendo sem reservas os excelentes Ichan Qal’a Premium Class Hotel e Hyatt Regency Tashkent (um dos mais luxuosos da cidade). Caso prefira, tem também os bem decorados estúdios Art Studio 2. Para outras opções veja o texto onde ficar em Tashkent; ou pesquise todos os hotéis usando o link abaixo.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.
Filipe, como descobres os melhores cafés? Recorres ao TripAdvisor, perguntas a locais ou tens alguma outra dica?
Não tenho nenhum truque especial, pesquiso online e/ou pergunto.
Boa tarde, pode dizer-me quais as roupas que uma mulher turista pode usar para não ter qualquer advertência? Obrigada.