Fui a Madrid para receber o prémio de Blog Mais Popular da Fitur, uma das maiores feiras de turismo da Europa. Para dormir, a organização escolheu o Hotel Wellington, um luxuoso hotel de cinco estrelas que fica pertíssimo do Parque do Retiro (ou Jardins do Bom Retiro). E porque razão isto importa? É lá que fica o Palácio de Cristal de Madrid.
Para além da proximidade com o hotel, visitar o Parque do Retiro era uma das atividades recomendadas num artigo com sugestões sobre o que fazer em Madrid escrito pela blogger Susana Almeida para o Alma de Viajante. Tudo somado, decidi mesmo rumar ao Parque do Retiro e visitar o Palácio de Cristal de Madrid.
O Palácio de Cristal de Madrid
Construído pelo arquiteto espanhol Ricardo Velázquez Bosco (ao que tudo indica inspirado no londrino Crystal Palace), o Palácio de Cristal de Madrid foi originalmente concebido para funcionar como estufa tropical na Exposição de Flora das Ilhas Filipinas que decorreu em Madrid no longínquo ano de 1887.
O edifício é um dos melhores exemplos da chamada arquitetura do ferro em Madrid, e é verdadeiramente belo. Nos dias de hoje, ao invés de flores, costuma receber instalações de artistas contemporâneos.
Cheguei por volta das 17:00 e o sol invernal estava já muito próximo do horizonte. Na rampa de acesso ao Palácio de Cristal, duas dezenas de pessoas alinhavam-se à espera para entrar. Antes, era necessário colocar uma proteção no calçado, para não danificar o chão de pedra. Lá dentro, aparentemente nada – mas havia muito.
Os últimos raios de sol penetravam na estrutura de ferro e vidro. No chão, alguns nomes gravados na pedra, que à entrada me pediram para não pisar. Era a instalação Palimpsesto, da artista colombiana Doris Salcedo, que inicialmente não entendi bem. Vendo melhor, havia gotas de água que emergiam do chão do Palácio de Cristal, juntando-se lentamente para formar os nomes de homens e mulheres que se afogaram quando tentavam chegar à Europa em busca de uma vida melhor. Wow!
Havia pequenos grupos de visitantes a cirandar pelo espaço, tentando encontrar ângulos criativos para fotografar. O segurança, a custo, fazia cumprir duas regras: não usar flash nem qualquer tipo de tripé ou apoio para colocar a máquina fotográfica.
Caminhei, explorei todos os recantos do pequeno Palácio de Cristal de Madrid, feliz sem saber muito bem porquê. Tirando os visitantes, o espaço estava totalmente vazio mas, apesar disso, era de certa forma inspirador. Talvez fosse a luz; os reflexos dos visitantes nos vidros; a instalação de Doris Salcedo; ou a luminosidade da estrutura. Não sei bem, mas gostei muito de visitar Palácio de Cristal de Madrid.
Explorando o Parque do Retiro
No magnífico roteiro de um dia em Madrid sugere-se escolher um lugar “para se estender na relva a comer uma bocata“, seguido de “uma sesta debaixo de uma árvore ao pé da lagoa, ou do Palácio de Cristal”. Ora, apesar da ideia ser bastante apelativa, descansar não estava ainda nos meus planos; pelo que, ao fim de uns 20 minutos dentro do Palácio de Cristal, saí e rumei ao Palácio de Velázquez.
O Velázquez fica igualmente dentro do Parque do Retiro, junto ao Grande Lago – a zona mais frequentada mas menos interessante do parque. No seu interior estava patente uma exposição da artista Esther Ferrer, que observei sem contemplar. Daí a nada as portas fechariam, pelo que continuei a caminhar.
Lá fora, havia ainda muito para ver. Estava muita gente junto ao Grande Lago; jovens madrileños a passear, casais a namorar, algumas famílias com crianças e alguns turistas. À sua espera, músicos de rua, cartomantes, ilusionistas e demais artistas que fazem do Parque do Retiro o seu palco.
Atrás deles, o Passeio da Argentina, mais conhecido por Passeio das Estátuas. Trata-se de uma alameda formada por várias estátuas dedicadas aos monarcas do Reino de Espanha, que vale a pena visitar enquanto andar pelo Parque do Retiro.
Um pouco afastados da movida, havia ainda os Jardins de Cecílio Rodriguez, uma zona “perfeita para uma tarde de conversa ou de leitura na companhia dos simpáticos pavões que por lá vivem”. Gostaria de ter ido mas a noite estava a cair e o cansaço a aparecer. Tal como uma exploração demorada do bairro de Lavapiés, essa área do Parque do Retiro terá de ficar para uma próxima oportunidade.
Guia prático
Como chegar e organizar a visita ao Palácio de Cristal
O metro é provavelmente a forma mais prática de chegar ao Parque do Retiro. Eis as estações mais recomendáveis: Retiro (linha 2), Ibiza (linha 9) ou Atocha (linha 1). Também há autocarros (números 2, 20, 26 e 61), mas nunca usei.
O Palácio de Cristal de Madrid pode ser visitado diariamente a partir das 10:00; o horário de encerramento varia com a época do ano:
- De abril a setembro: 10:00 – 22:00
- No mês de outubro: 10:00 – 19:00
- De novembro a março: 10:00 – 18:00
Onde ficar
Nesta viagem fiquei no luxuoso Hotel Wellington, um hotel de cinco estrelas localizado no Bairro de Salamanca, junto à saída norte do Parque do Retiro (fui a convite da organização da FITUR, para receber o prémio de Blog Mais Popular). Apesar de afastado do centro, gostei da localização e o serviço é distintivo; para quem gosta de luxo e não se importa de pagar por isso, pareceu-me uma boa escolha.
Entre as alternativas mais económicas, talvez o TOC Hostel seja uma boa opção caso queira economizar e ficar alojado junto às Portas do Sol; ou então hotéis no Bairro das Letras, nomeadamente o Hostal Alexis Madrid (barato) e o B&B Hotel Puerta del Sol (elegante). Junto a Atocha, os apartamentos 60 Balconies Urban Stay recebem elogios constantes.
Seja como for, a oferta hoteleira em Madrid é imensa, pelo que talvez seja recomendável ver o post detalhado sobre onde ficar em Madrid; ou usar o link abaixo para encontrar um adequado ao seu estilo e orçamento.
Seguro de viagem
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Eu vi esta instalação de Doris Salcedo. Fiquei impactada pela inventividade e sensibilidade. Trouxe até o folheto da exposição. E, de fato, o Parque Retiro é incontornável.
Suas fotos, como sempre, maravilhosas.
Abraço!