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Escaladas e sonhos em Railay (Pikitim #09)

Por Luísa Pinto | Volta ao Mundo em Família Ásia Krabi Tailândia
Atualizado em 13.07.2018 | Tempo de leitura: 6 minutos

Praia Phran Nga, Railay
A beleza calcária da praia Phran Nga, em Railay

Depois da tranquilidade de Koh Yao Yai, chegar a Railay poderia ter sido um choque. Muito esforço para lá chegar, demasiada gente no areal, bastante lixo visível na maré vaza. Mas foi em Railay que a Pikitim teve a sua primeira “casinha na árvore” e é lá que fica uma lindíssima praia rodeada de montanhas calcárias muito procuradas por praticantes de escalada. Mais uma brincadeira para fazer na água, com a mãe ou o pai a transformarem-se em parede. Foram só três dias inteiros mas, diz a Pikitim, “valeu muito a pena”.

Não foi fácil lá chegar, haveria de dizer a Pikitim, quando, com o calor, já se arrastava pelo longo areal de Railay West. E o nosso destino era Railay East – ainda faltava atravessar a península. Já tínhamos apanhado um táxi, um ferry (de Koh Yao Yai até Ao Nang), um tuk-tuk e, por fim, uma barcaça de madeira – o meio de transporte mais comum nas deslocações entre ilhas, o long-tail boat; isto tudo numa manhã. Saímos da guesthouse às sete e meia da manhã; chegámos a Railay já passava das duas da tarde.

A parte mais emocionante da viagem foi mesmo entrar e sair nesses long-tail boats em plena praia, com todas as bagagens. À entrada em Ao Nang, a maré estava forte e a Pikitim demonstrava receio que o barco virasse, ou que a bagagem caísse, ou que o pai não conseguisse entrar… enfim, só queria ter a certeza que estávamos os três lá dentro.

Talvez por ter sido a primeira vez, a Pikitim revelou-se um pouco assustada, e a viagem de Ao Nang a Railay foi demasiado curta para ter tempo de esquecer as emoções da entrada no barco. Felizmente, na baía de Railay a maré estava bem mais tranquila e a saída revelou-se mais fácil. Mas o calor apertava, e a perceção de que a nossa casa “não era já ali” levou a Pikitim a esmorecer. “Mas porque é que a nossa casa é tão longe?”, questionava-se, impaciente.

Railay, Tailândia
No lado leste da península de Railay, a caminho da praia Phran Nga

Fomos pelo caminho, a arrastar as malas e a empurrar a Pikitim – estava tão cansada (sobretudo por causa do calor) que já não conseguia puxar a sua mochila de livros e brinquedos. Desistimos de insistir, o pai deu-lhe as cavalitas que ela pedia há muito, e lá nos encaminhámos para o nosso Railay Garden View, para finalmente entrarmos na muito aguardada casinha na árvore. “Uau, uma cabaninha a sério!”, foi o seu primeiro desabafo. Desde que lá chegou, nunca mais a Pikitim se queixou que a casa era longe.

A praia que vale mesmo a pena em Railay, a praia de Phran Nga, implicava uma caminhada de 15 a 20 minutos. A paisagem nem sempre era deslumbrante, sobretudo na maré vaza. Aí podiam ser vistos esgotos a céu aberto e o lixo acumulado e retido nas raízes dos manguezais. As guesthouses e agências de turismo, as casas de massagem e até mesmo um local de treino e exibição de boxe tailandês sucediam-se, porta-sim, porta-sim, na estreita faixa entre o mar e as escarpas que tornam Railay tão bonito.

A praia de Phran Nga era, de facto, deslumbrante, e a Pikitim foi a primeira a reconhecê-lo. Foi amor à primeira vista: águas transparentes e cristalinas, areia branca e fina, enquadradas por penhascos calcários com grutas escavadas. “Esta praia é muito bonita, mãe”, disse, na primeira vez que calcou o areal.

A chegada até Phran Nga já havia sido emocionante – não a parte dos resorts e restaurantes, mas a parte onde surgem grutas em cujos tetos parece que estão “coisas a derreter”. A Pikitim dizia que estava a atravessar uma passagem secreta, e que nas grutas deviam estar guardados tesouros; “pérolas, mãe, são pérolas!”, imaginou.

Escalada em Railay
Praticantes de escalada nas paredes calcárias de Railay

A rodear a “passagem secreta” estava o que a Pikitim chamava “floresta dos macacos”, tantos eram aqueles que vinham espreitar, por cima de uma vedação, ou pendurados nas árvores. Habituados a que os veraneantes parassem para lhes dar bananas ou restos de bolachas, amontoavam-se ali, a fazer as macaquices com que gostam de chamar a atenção.

Havia de ser eu a ter um encontro imediato com esses macacos, quando fui literalmente “assaltada por esticão” em plena praia. Quando perceberam que não havia nada no saco que lhes interessasse (uns toalhetes húmidos, um repelente de insetos e um protetor solar), foram largando os itens, um a um. A Pikitim achou muita piada ao relato, especialmente quando lhe contei que me pus a gritar “hei, pára! dá cá isso!”. “E falaste em português, mãe?”, perguntou, insinuando que essa não seria a língua dos macacos. Limitei-me a dizer que ela (parecia uma macaca, sempre com um filhote agarrado) não só percebeu como até se riu.

A Pikitim não assistiu a esta cena porque todo o seu tempo em Phran Nga era passado dentro de água. Só intervalava para comer ou beber, e mesmo assim contrariada. Chegou a ir “explorar as grutas” com o pai, mas o passatempo preferido era mesmo estar dentro de água, a “escalar”. “Mãe, faz de conta que tu és uma parede!”, dizia. E começava a pôr as mãos atrás das costas. “Estou a pôr farinha, para as mãos não escorregarem”, explicava, para depois fingir que lançava uma corda; depois dava o impulso para começar a subir e começava a fazer força; e até reclamava se eu ameaçasse perder o equilíbrio “Ei, as paredes não se mexem!”.

Visitar Railay
Vista de Railay

As brincadeiras na água repetiam-se até à exaustão e nunca tinha vontade de sair – a água estava sempre quente, sempre transparente, e cá fora estava sempre demasiado calor. Só a perspetiva de ir para a casinha da árvore, brincar à sombra na varandinha, é que a convencia.

Num desses princípios de tarde, estava então a pintar um dos seus livros de atividades, começou por dizer que afinal, aquela casinha da árvore não era bem como a que gostava. “Como é que querias que fosse?”, perguntei. “Era parecida com esta. Mas cá fora, em vez de ter três cadeiras e uma mesa, tinha três cadeiras e duas mesas. E lá dentro tinha duas camas, como esta tem, mas também tinha um colchão. E tinha uma prateleira cheia de livros, que era para mim e para o meu irmão, quando ele nascer. O colchão também era para o meu irmão”, explicou.

A Pikitim anda a pedir irmãos há muito tempo. E apesar de até agora não se ter queixado por ter de brincar sozinha (tem quase sempre sucesso, quando requisita a mãe ou o pai), nota-se que tem vontade de estar com outros meninos, apesar de ainda não se sentir à vontade para socializar sem ser em português. E, pela descrição da casinha da árvore dos seus sonhos, também se nota que sente a falta, não de brinquedos, mas de livros.

Continuou a verbalizar o seu sonho: “E depois, a casinha tinha uma porta para uma casa de banho, mas não era de madeira, era pintada de muitas cores, vermelho, amarelo, laranja…”

Guia prático

Onde ficar

Eu fiquei alojado no simpático Railay Garden View, que recomendo, embora a localização não agrade a todos.

Nos últimos anos, surgiram entretanto outros projetos de grande qualidade em Railay e que merecem ser referidos. Desde logo, o Sand Sea Resort e o Avatar Railay – ambos com boa relação qualidade/preço e muito elogiados pelos hóspedes. De resto, para quem procura luxo e exclusividade, dificilmente ficará melhor do que no incrível (e caro) Rayavadee.

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Sobre o Diário da Pikitim

Este post pertence a uma série que relata uma volta ao mundo em família, com 10 meses de duração. Um projeto para descomplicar e mostrar que é possível viajar com crianças pequenas, por todo o mundo. As crónicas da viagem foram originalmente publicadas em 2012 na revista Fugas e no blog Diário da Pikitim.

Veja também o post intitulado Viajar com crianças: 7 coisas que os pais devem saber.

Saiba mais sobre: Volta ao Mundo em Família Ásia Krabi Tailândia

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Sobre o autor

Filipe Morato Gomes, blogger de viagens

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

Tenho 52 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

Mais recentemente, abracei um novo desafio chamado Rostos da Aldeia, onde se contam histórias positivas sobre as aldeias de Portugal e quem nelas habita.

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