Wadi Bani Khalid, o wadi mais famoso de Omã

Por Filipe Morato Gomes
Visitar Wadi Bani Khalid
O primeiro vislumbre do wadi à chegada a Wadi Bani Khalid

Depois de mergulhar no Bimmah Sinkhole e de fazer o trekking até Wadi Shab, onde me refastelei nas águas cor de esmeralda do canyon, faltava-me ainda conhecer o Wadi Bani Khalid. Trata-se, muito provavelmente, do mais famoso wadi de Omã, pelo que não poderia ficar fora do meu roteiro no país.

O dia iria ser longo, já que pretendia dormir na aldeia de Birkat Al Mouz, perto de Nizwa. No trajeto, queria visitar pelo menos um forte, entrar pelo deserto com um carro “normal” (já explico) e tomar banho em Wadi Bani Khalid.

Por tudo isso, saí de Sur ainda o dia era um recém-nascido.

Forte Al Kamil, Omã
Forte Al Kamil, em Omã (fechado na altura em que lá passei)

A primeira hora passei-a a conduzir pela estrada 23 e nada de relevante se passou até chegar a Al Kamil, a povoação que serve de entroncamento entre Sur, a costa leste de Omã, o deserto de Wahiba Sands e a estrada rumo às montanhas de Nizwa.

Aí, fiz um pequeno desvio para visitar o forte de Al Kamil mas, infelizmente, estava ainda fechado quando por lá passei. Optei por não esperar quase uma hora pela sua abertura e rumei a Wadi Bani Khalid, o principal objetivo do dia.

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Wadi Bani Khalid
Wadi Bani Khalid

Depois de percorrer uma estrada sinuosa pelas montanhas Jebel Khadar cruzando algumas pequenas aldeias tradicionais, o asfalto terminou num pequeno parque de estacionamento. Deixei o carro e caminhei uns cinco minutos ao longo de um canal de irrigação, até que o wadi apareceu diante dos meus olhos. Era muito mais amplo do que o canhão de Wadi Shab.

Junto ao grande lago, o primeiro que vislumbrei, alguns empregados fardados estavam a montar uma espécie de toldo para servirem o almoço a um grupo de turistas. Pelo aspeto, devia ser uma excursão de luxo, daquelas de que fujo a sete pés mas, felizmente, o grupo não tinha ainda chegado.

Tinha o wadi quase só para mim.

Wadi Bani Khalid
Vista do Wadi Bani Khalid

O contraste visual era enorme. Levantando a cabeça, tudo era montanhas e acastanhado, seco como uma maçã desidratada. Olhando em frente, água cor verde-esmeralda, muitas palmeiras, tudo verde. Parecia um oásis em ambiente desértico. O silêncio era quase total; e o ambiente era de paz absoluta.

Fiz-me à água, não sem antes perguntar ao funcionário do pequeno restaurante qual a indumentária indicada para tomar banho. Foi tão peremptório em indicar que eu podia ir de calções e tronco nu que não me fiz rogado. Mas confesso que não me senti confortável.

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Ao fundo, um café-restaurante para retemperar energias (tem um buffet de almoço demasiado caro)

Nadei, entrei no pequeno canyon pelo wadi acima, onde não havia ninguém; mas, no regresso ao lago principal, estava sempre atento às pessoas que, com o adiantar da manhã, iam chegando. Não me sentia a fazer a coisa certa, apesar de – talvez por não ser sexta nem sábado – não haver famílias omanitas no wadi. Incomodado comigo mesmo, decidi sair da água e vestir uma t-shirt.

Aos poucos, Wadi Bani Khalid foi-se enchendo de turistas europeus de idade avançada. Um, dois, três grupos, incluindo o da almoçarada. Era altura de abandonar o local, fazer o início do trilho pedregoso em direção a uma gruta… e ir embora.

Canyon em Wadi Bani Khalid
O pequeno canyon de Wadi Bani Khalid
Piscinas naturais de Wadi Bani Khalid
Nadando nas piscinas naturais de Wadi Bani Khalid
Trilho em Wadi Bani Khalid
Trilho que começa depois de passar o lago principal de Wadi Bani Khalid

O deserto em Wahiba Sands

De regresso à estrada, estava já no território desértico de Wahiba Sands (ou Ash Sharqiyah) quando vi um letreiro a indicar um forte sobre o qual nunca ouvira falar. Curioso, saí da estrada principal e segui pelas ruelas de Al Mintarib à procura do forte.

Como muitos dos fortes e castelos que visitei em Omã, também o de Al Mintarib estava recuperado. Exageradamente recuperado. Visitei-o debaixo de um sol inclemente mas, sem o entusiasmo de estar num ambiente histórico, rapidamente deixei o forte para trás.

Forte Al Mintarib Omã
Interior do Forte Al Mintarib, em Omã

A próxima paragem seria resultado de uma conversa com Nasser, o simpático anfitrião do Sur Hotel, onde me havia alojado na noite anterior. Quando lhe disse que não tinha um 4×4 para entrar no deserto, respondeu-me: “Vou-te mostrar um sítio onde podes entrar no deserto com um carro normal”, e indicou-me o local exato no Google Maps onde, por entre as dunas, bem ao lado de alguns desert camps, uma estrada de alcatrão sai de Suq Badiyah e penetra dunas adentro. Naturalmente, fui lá.

Foi, confesso, uma desilusão. Como as dunas estão relativamente afastadas, a vista desde a estrada não era extraordinária. Logicamente, seria necessário subir ao topo das dunas para melhor apreciar o momento; mas, àquela hora, no pico do calor, a hipótese pareceu-me uma loucura. Dei meia-volta e segui viagem até Birkat Al Mouz.

Tinha sido um dia muito cansativo, mas em cheio.

Guia para visitar Wadi Bani Khalid

Como chegar

O Wadi Bani Khalid fica nas montanhas Jebel Khadar, próximo à estrada 23, que liga Muscat a Sur pelo interior de Omã. Tendo carro, basta seguir por essa estrada e estar atento ao local onde tem de virar para Wadi Bani Khalid. Há indicações.

Note que não existem transportes públicos para Wadi Bani Khalid e a única forma de lá chegar é com transporte próprio, seja contratando um carro com motorista, seja alugando um carro. Eu optei pela segunda solução e não me arrependo.

Onde ficar

Eu fiquei alojado em Sur num estabelecimento central e barato chamado Sur Hotel. Na verdade, tinha ponderado ficar num dos vários acampamentos no deserto, em Wahiba Sands (ou Ash Sharqiyah), antes de visitar o Wadi Bani Khalid; mas, para um viajante sozinho, ficava demasiado caro.

Caso tenha orçamento folgado ou viaje com companhia, considere a possibilidade de dormir no deserto; será com toda a certeza uma experiência inesquecível. Entre as muitas opções disponíveis nas dunas de Wahiba Sands, destaco três desert camps recomendáveis:

Pesquisar hotéis em Wahiba Sands

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Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.

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