11 formas de poupar dinheiro para viajar

Por Filipe Morato Gomes
Poupar dinheiro para viajar: volta ao mundo
Com o meu amigo David durante a volta ao mundo de 2004/05, após mais de um ano a poupar para viajar

Infelizmente, é preciso dinheiro para viajar. Felizmente, é preciso muito menos do que a maioria das pessoas imagina. Muita gente diz que não viaja mais porque não tem dinheiro, ou que só os privilegiados conseguem viajar. Não é verdade. Como já aqui escrevi diversas vezes, viajar não é coisa de ricos.

Tirando casos extremos, a esmagadora maioria das pessoas não viaja mais porque tem outras prioridades – uma casa, um carro, uma carreira profissional, a família, o que seja. Viajar está nos seus objetivos, mas não tanto que as leve a mudar de estilo de vida, a tomar as opções ideais – sacrificando-se, muitas vezes – para que lhes seja possível viajar.

Lembro-me de, na primeira volta ao mundo que dei, após ser despedido e passar mais de um ano a poupar dinheiro para a conseguir fazer, um amigo ter ficado escandalizado (“saiu-te o totoloto?”) quando lhe contei os planos; pouco depois, estava a falar do novo carro que queria comprar e que, pelas minhas contas, daria para fazer duas viagens iguais à que eu planeava.

Sim. Toda a gente diz que gosta de viajar mas nem todos lutam por esse objetivo. Porque as suas prioridades são outras (o que é perfeitamente legítimo e eu não critico).

Este post é, pois, dedicado a quem quer mesmo viajar mais e acha que não pode por falta de dinheiro. E está disposto a tomar opções na sua vida para se fazer à estrada. Talvez nem todas as coisas se apliquem ao seu caso mas a maioria delas, com toda a certeza, pode ajudá-lo a viajar mais se esse for o seu desejo.

Leia o post Trabalhar pela internet e outras soluções para mudar de vida.

Como poupar dinheiro para viajar

Antes de mais, é importante criar um plano de poupança. Perceber que rendimento tem por mês e quais as suas despesas principais para avaliar onde pode poupar. Um bom exercício será apontar todas as despesas ao longo de três ou quatro meses – vai ficar com uma noção mais fidedigna sobre o seu perfil de consumidor. E isso vai ajudá-lo a poupar de forma mais eficiente.

Dito isto, eis algumas formas de cortar nas despesas e poupar dinheiro para viajar. São pequenas coisas práticas que, ao fim de algum tempo, farão toda a diferença no orçamento disponível para a sua primeira grande viagem.

Prepare refeições em casa (e deixe de jantar fora)

Não é preciso ser um chef premiado para conseguir cozinhar. Há livros de receitas, sites com vídeos que ajudam nessa tarefa e, claro, os conselhos da mãe. Basta querer.

Comece a cozinhar as suas refeições em casa e deixe de jantar fora por uns tempos. Leve até marmita para o emprego se tem por hábito almoçar em restaurantes. Não é vergonha nenhuma, e o seu objetivo de viajar é mais importante que qualquer comentário menos simpático.

“Ah, mas não gasto assim tanto dinheiro em restaurantes, e tal…” É uma questão de por os gastos em perspetiva: um jantar fora com amigos equivale a dois dias de viagem na Tailândia ou no Laos. Entende a lógica do pensamento?

Partilhe a casa

Naturalmente, se estiver casado e com filhos talvez a ideia de partilhar casa seja um pouco descabida mas, na maioria dos outros cenários, é uma excelente forma de poupar dinheiro para viajar. Partilhe a sua casa com alguém, divida custos e torne a tua viagem mais palpável.

Um exemplo.

Conheço quem, após um relacionamento ter terminado, optou por mudar para um ambiente partilhado com pessoas de outras nacionalidades. Não queria estar sozinho e queria poupar dinheiro para viajar. É uma mudança de estilo de vida, onde o enriquecimento e partilha de experiências ganham preponderância sobre a questão da privacidade. Como em tudo, é uma questão de prioridades. Se ao fim de um ano de partilha de casa tiver poupado três ou quatro mil euros por causa dessa opção, isso equivale a muitos meses de viagem em várias geografias do globo. Não valerá a pena considerar essa hipótese?

Arranje um trabalho em part-time

Não é vergonha nenhuma trabalhar numa bomba de gasolina, ser rececionista num hostel, estar ao balcão de uma loja ou servir às mesas de um restaurante. Nem que tenha um outro emprego, se estiver inteiramente focado na viagem vai ver que trabalhar 12 ou 15 horas por dia – ou ao fim de semana – custa muito menos.

Quando decidi fazer a minha primeira grande viagem, a minha opção não foi essa, mas o resultado foi o mesmo. Como à época estava ligado às artes do multimédia, fiz CD-ROM educativos para a Porto Editora e outros para apresentação de empresas; aceitei inúmeros trabalhos freelance; trabalhei sem parar durante mais de 12 meses, passando horas infinitas enfiado no meu escritório, em casa, porque tinha um objetivo claro: poupar dinheiro para dar uma volta ao mundo.

No ano seguinte, estava de partida.

Compre coisas em segunda mão (incluindo roupa)

Para mim, que praticamente não compro roupa, este tipo de despesas é insignificante – mas há gente que gasta fortunas em roupa e calçado. Não sei se é o seu caso mas, na minha ótica, acho que há melhores formas de gastar o dinheiro (comprar um voo, por exemplo). A má notícia é que precisamos de nos vestir. A boa é que não é preciso gastar fortunas para fazê-lo, especialmente se optar por roupa em segunda mão.

Um exemplo: há meia dúzia de semanas, a minha mulher foi a uma loja chamada Kid to Kid em Matosinhos e comprou peças para o mais recente membro da família por 0,50€ e 1€, e ainda um blusão de inverno como novo para a mais velha por 8€.

O que poupar em roupa cara e “de marca” durante um ano pode equivaler a muitos e muitos dias de viagem mundo afora. Com a vantagem de que, em qualquer parte do mundo, pode comprar roupa à medida das necessidades… e quase sempre mais barata.

O caso da roupa de bebé é apenas um exemplo, mas o princípio aplica-se a muitas outras despesas onde não faz sentido comprar novo. Pelo menos para quem quer poupar dinheiro para viajar.

Venda coisas que já não usa

Não sou o melhor exemplo para fazer esta sugestão, porque confesso a minha incapacidade, falta de jeito e, acima de tudo, falta de gosto por qualquer área comercial, incluindo vender pertences usados. Mas a verdade é que sites como OLX e Custo Justo são ferramentas incríveis para gerar dinheiro a partir de bens que já não utiliza e podem ser úteis a outro alguém.

De máquinas fotográficas de modelos ultrapassados a móveis antigos, passando por coisas menos óbvias como artigos vintage perdidos algures num caixote nos arrumos da sua casa (ou dos seus pais ou avós) ou cabos de computadores e afins, com certeza tem em casa itens que consegue transformar em dinheiro. Pense nisso e ponha em prática um processo de “destralhar” a casa (e depois explique-me as técnicas que utiliza para eu aprender um pouco).

Desligue a televisão por cabo

Tenho cada vez mais amigos que tomaram a decisão de não ter televisão em casa. Dizem-me que, dessa forma, têm mais tempo para ler e para conversar (quem vive a dois) – o que, por si só, são fatores que muito abonam em favor da opção.

Naturalmente, sem essa despesa poupa muito dinheiro ao fim do ano. Consultei os tarifários dos operadores atuais e, mesmo um pacote simples com apenas televisão e telefone fixo custa cerca de 30€ por mês (360€ por ano). Se a isso juntar internet em casa, internet móvel e canais extra como Sport TV, o custo dispara. Quantos dias serão na Bolívia ou no Peru? Pense nisso.

Pela minha parte, principalmente porque cá em casa consumimos muita informação, este é um passo que ainda não dei – mas já esteve mais longe.

Evite o álcool nas saídas noturnas

A par dos jantares com amigos, as saídas noturnas são provavelmente o maior inimigo da poupança. É muito fácil que uma saída com jantar e copos atinja muitas dezenas de euros.

Não estou a advogar uma vida metida em casa sem socializar nem sair à noite. Nada disso. Estou apenas a sugerir que, caso queira mesmo viajar mais, comece a controlar esse tipo de gastos. Porque os 6€-10€ de um gin, multiplicados por vários copos e por várias noites dão para fazer muita coisa em viagem. Mais uma vez, é uma questão de prioridades.

Deixe de fumar

Para além dos malefícios para a saúde, o tabaco é também muito perigoso para a carteira. E as contas são fáceis de fazer: a 4,20€ por maço, se fumar um maço por dia equivale a mais de 1.500€ por ano. Isso são (pelo menos) três meses na Índia! Pense nisso quanto lhe apetecer um cigarro.

Nota: sei do que falo; já fumei, já deixei de fumar durante vários anos, e agora consigo fumar apenas quando me apetece. Quer dizer… mais ou menos.

Adote um estilo de vida saudável… a pé (reduza ou elimine o uso do carro)

Durante o ano de 2014 mudei de casa. A principal razão para essa decisão teve a ver com uma desejada mudança de estilo de vida: queria andar a pé e de transportes públicos, em vez de conduzir.

Na verdade, morava perto de tudo mas em lado nenhum. Quer dizer: precisava do carro para fazer quase todas as tarefas, exceto ir à padaria e ao meu banco, que eram praticamente do outro lado da rua.

E assim mudei para uma casa arrendada no centro Matosinhos.

Agora, ando a pé para todo o lado, resolvo a esmagadora maioria das solicitações caminhando e, quando isso não é possível e preciso, por exemplo, de me deslocar ao centro do Porto, prefiro o metro ou o autocarro ao meu automóvel. E há também a opção bicicleta (à qual ainda não aderi).

Para além dos evidentes ganhos ao nível da qualidade de vida e da diminuição da minha pegada ecológica, o dinheiro que poupo em combustível dará para muitas semanas na estrada. Desafio-o a fazer o mesmo.

Nota: por falar em vida saudável, o mesmo princípio se aplica a mensalidades em ginásios – pode fazer exercício ao ar livre.

Crie uma conta separada para onde canaliza as poupanças

A gestão do orçamento pessoal fica muito mais facilitada se tiver uma conta-poupança separada da sua conta corrente. O simples facto de ter uma conta dedicada a poupar para viajar vai fazer com que se sinta mais focado nesse objetivo. Vai estar mais atento ao que pode poupar, vai ganhando ânimo à medida que vê o saldo da conta aumentar, vai sentir que os sacrifícios compensam. E tudo isso vai ajudá-lo não só a manter a motivação para poupar, como o vai fazer poupar mais dinheiro.

Crie uma rede de amigos no Couchsurfing

Já aqui escrevi que fazer Couchsurfing é muito mais que poupar dinheiro em hotéis. Viver o dia a dia de habitantes locais, partilhar o seu quotidiano e ter oportunidade de conhecer coisas que só um local conhece seria, por si só, motivo suficiente para fazer parte de redes de viajantes como o Couchsurfing. Se a isso juntar o facto de efetivamente poupar dinheiro, não vejo razão para não experimentar.

Para isso, é importante desenvolver uma rede de contactos, conhecer e dar-se a conhecer. Inscreva-se e comece a receber pessoas em sua casa. Faça contactos com pessoas de outras nacionalidades. No fundo, o objetivo é ajudar para ser ajudado. Deixo, por isso, um alerta: se o fizer apenas pelo dinheiro, não será digno do espírito de partilha e respeito que deve nortear o Couchsurfing.

Leia o post Coisas que eu diria a quem planeia fazer a primeira grande viagem.

Juntar dinheiro custa, mas é possível

É evidente que há coisas mais fáceis de concretizar do que outras mas, uma vez mais, tudo depende do grau de compromisso que tem com os seus sonhos. Se quer mesmo viajar por um longo período de tempo, é importante acreditar que isso é possível. Depois, é só começar a poupar dinheiro para viajar, ir juntando um pouco mais todos os dias e, mais breve do que imagina, estará em condições de partir.

Porque, se estiver focado no objetivo de concretizar a viagem, pode ter a certeza que o dinheiro vai aparecer.

Se mesmo assim lhe parece uma missão impossível, lembre-se de que não precisa de juntar dinheiro para a totalidade da viagem: pode sempre ir trabalhando in loco nos países que vai visitando ou trabalhar online em viagem. Como em tudo na vida, a concretização ou não do seu sonho de viajar depende em grande medida das suas opções.

Mais coisas que pode fazer para viajar mais barato

Para estar sempre atento às novidades, sugiro que acompanhe o Facebook do Alma de Viajante e subscreva a minha newsletter para receber muitas dicas em primeira mão; e pode também registar-se nos diversos sites das principais companhias aéreas para saber de todas as promoções.

Ainda sobre voos, leia o texto sobre como comprar voos baratos em 7 passos e o guia sobre bilhetes volta ao mundo. Também o ajudam a poupar dinheiro, mas em viagem – e assim viajar mais barato!

Seguro de viagem

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Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.

34 comentários em “11 formas de poupar dinheiro para viajar”

  1. Muito bom artigo. Basicamente tudo o que escrever é pura verdade em que outros criticam as nossas escolhas de como gastar o dinheiro. Sim é isso: prioridades. Eu sempre comprei roupa em segunda mão, nunca fumei, nunca bebi, e sempre trabalhei em pelo menos 3 ou 4 trabalhos durante a universidade. Enquanto outros colegas iam para a “night” no Sábado e Domingo, eu trabalhava a servir à mesa em batizados e casamentos por exemplo. Ou seja, depois choviam as criticas de eu ser rico porque viajava, etc… simplesmente sempre canalizei tudo o que tenho para viajar. Então conclusão: é possível viajar barato, é possível viajar com pouco dinheiro, basta escolhermos em que queremos gastar o nosso dinheiro, e, se queremos fazer esforços para realmente concretizar o nosso sonho. O meu sonho é VIAJAR, então acção, concretização. Se o sonho de outros for um CARRO NOVO + ROUPA NOVA, então muito bem. Cada um com as suas metas. Mas o problema aqui nem é o dinheiro, é o carácter das pessoas, muita gente é competitiva, invejosa, mesquinha, sem motivação para viver e egoísta – os chamados “hatters”. Este teu artigo e o teu site de uma maneira geral é excelente para abrir cabeças, ver o mundo de uma outra perspectiva e para criar uma consciência diferente ao “Portugal dos pequeninos”. Vou levar e partilhar! abraço desde Ouarzazate!

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    • Obrigado João. Grande abraço e continuação de boas viagens!

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    • Que bom haver ainda gente rica de sabedoria e saber o que quer realmente. Viajar é das melhores coisas da vida , hj e sempre, a melhor terapia p tudo na vida!! E concordo, basta saber gerir bem o dinheiro (E não assim tantoooo como parece) mas ter prioridade bem definidas ;) aloha!

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  2. Parabéns pelo artigo e resposta do João Leitão, muito bom o artigo, como tudo na vida é uma questão de definir prioridades e mantê-las. Mas acima de tudo no “nosso Portugal dos pequeninos” as pessoas gostam de prioridades que sejam palpáveis (visíveis aos outros) e que dêem pouco trabalho.

    Tenho acompanhado os vossos posts e desta vez decidi deixar a minha opinião, tenho viajando essencialmente acompanhado e algumas vezes deixei-o de o fazer por falta de companhia, porque acredito que esta deve ser partilhada. Então decidi que a próxima viagem faria sozinho ;-) acabadinho de chegar de uma viagem pela Tailândia de 19 dias sozinho (objectivo e prioridade cumpridas) fiquei a conhecer alguns viajantes como eu e outros acompanhados e é possivel partilhar a viagem, os locais, comida, conversas e tantas outras coisas com conhecidos recentes. Recomendo viajar sozinho!

    Mas no entanto fiquei com alguns sentimentos de dualidade, por um lado vontade de continuar a viajar e por outro de voltar para casa para as coisas que conheço. O bichinho das viagens sempre cá morou… e sempre vai morar. Que venha a próxima viagem.

    Um abraço para o João Leitão que está em Marrocos (interior), país onde estive 3 vezes, aproveita bem e se conseguires visita Chefchaouen.

    E outro abraço para o Filipe Gomes e continuem o bom trabalho.

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    • Olá Ricardo,
      É por comentários assim que vale a pena continuar a escrever sobre viagens e a tentar inspirar os outros. Sobre companhia para viajar, já publiquei dois textos a respeito e que podem ser uma leitura interessante: um sobre viajar sozinho, outro sobre viajar a dois.
      Grande abraço e boas viagens.

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      • Obrigado eu Filipe.
        Boas viagens e bem haja!

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  3. Concordo inteiramente com este post! Acabei a Universidade há 4 anos e trabalho desde então, sendo que fiz logo uma tabela excel com os gastos mensais que não consigo mesmo evitar (renda da casa, média mensal de consumos de electricidade, água, etc), mais uma estimativa dos outros gastos extra e, o que sobra, transfiro imediatamente para um depósito a prazo assim que recebo o meu salário (para nem ter tentações de gastar esse dinheiro noutras coisas). Esse dinheiro depois uso para viajar :) faço muitas das outras coisas que referes: partilho casa com o meu namorado, não tenho carro e ando sempre a pé ou de transportes públicos, levo a marmita para o trabalho (só como fora 1 vez por semana e sempre em restaurantes baratos), não fumo, só bebo muito de vez em quando, compro roupa só em saldos e promoções, só tenho os 4 canais de tv, tenho o mesmo telemóvel há 6 anos e é um daqueles que só dá para sms e chamadas…

    A minha prioridade é viajar e todos os dias de férias (e feriados e fins-de-semana) anualmente são utilizados para isso. Nas próprias viagens também poupo, procurando os voos e alojamentos mais baratos, reservando com antecedência, ver os dias em que certos museus ou monumentos são grátis, etc. Sem auferir um salário por aí além, consigo perfeitamente fazer umas 5 ou 6 viagens ao estrangeiro por ano, sem me conter em gastos em coisas que quero fazer no local (por exemplo, ver um jogo da NBA em NYC, ainda que seja a um preço mais alto do que pagaria por algo cá, porque é uma experiência única, para a qual poupei para usufruir).

    Depois vejo os meus colegas, alguns que até ganham bem mais do que eu, a chamarem-me de “sortuda” e a dizer que eu “passo a vida a viajar”, quando eles têm casa e carro próprios (com empréstimos ao banco para pagar), comem fora todos os dias, vêm sempre de carro para o trabalho, têm os filhos em escolas privadas e em mil e uma actividades curriculares, fumam… a única viagem que fazem por ano é irem 3 semanas para o Algarve no Verão, sendo que o que gastam aí dava para eu fazer umas 3 viagens boas ao estrangeiro. São prioridades! Eu não tenho as deles, nem demonstro ter… faz-me impressão é eles dizerem que gostariam também de viajar, mas que não podem porque “o dinheiro não dá para tudo”, quando claramente o que não querem é abdicar de um certo estilo de vida que se vê que valorizam mais que as viagens.

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    • Fico muito contente por ler este teu testemunho, de alguém que põe em prática formas de poupança para poder viajar. Obrigado por me ajudares a mostrar ao mundo que viajar não é só para ricos e que os sonhos são possíveis se realmente os quisermos concretizar.

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      • Concordo plenamente com a Mariana. Tudo depende do objetivo de cada um e trabalhamos para esse objetivo.

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        • Concordo com a Mariana também. As pessoas só vêm onde estivemos nas viagens e o que fizemos, mas não viram nem estiveram ao nosso lado para ver e sentir a disciplina, o rigor nos nossos gastos e a privação material… porque acreditamos que investir em nós é naquilo que gostamos (viagens) é o melhor investimento (espiritual e emocional) que podemos fazer e que não é valorizado pela sociedade… enfim cada um sabe de si ;-)

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          • Mariana, esse texto parece que foi escrito por mim!:)

            Também, desde que comecei a trabalhar faço a gestão à risca das minhas despesas e ponho logo de lado algum dinheiro quando recebo o salário:)

            É tudo uma questão de prioridades e de disciplina!:)

  4. Concordo inteiramente com o conteúdo do artigo. Para quem realmente quiser juntar dinheiro, deixo mais duas sugestões. Embora um part-time possa ser difícil para muitas pessoas que trabalham full-time, poderão fazer um esforço extra em algumas alturas em que são procuradas pessoas para trabalhos sazonais muito específicos em horário pós-laboral, como por exemplo fazer embrulhos na altura do Natal. A outra sugestão, dentro das vendas daquilo que não queremos, é vender livros que não queiram – a Fnac, por exemplo, tal como a Amazon, já permite que se venda livros em 2ª mão. A mim pessoalmente é extremamente difícil “desfazer” de livros, mas reuni uns quantos que me tinham dado repetidos sem possibilidade de troca ou que li e não gostei o suficiente para pensar que posso voltar a querer ler, e coloquei-os à venda – grão a grão, junta-se uns trocos….

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    • É isso, Manuela, há mil e uma coisas que se podem fazer quando se tem um objetivo para cumprir, seja ele viajar ou outra coisa qualquer. Obrigado pelas sugestões.

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  5. Concordo plenamente. Acho sempre piada a pessoas com comentários do género “uau estás sempre a viajar, grande vida” quando depois confessam que gastam milhares de euros em carros, motos, mobílias e outras coisas que a meu ver são perfeitamente inúteis. Mas cada um é como cada qual!

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  6. Muito bom artigo. Acho que independentemente de cortar nisto ou não fazer aquilo, as pessoas têm que pensar no custo/beneficio ou rentabilidade que vai usufruir de uma coisa que está a comprar. Nem tudo na vida é só viajar, e há tantas outras coisas para aproveitar enquanto se pode :)

    Relativamente a viajar, só tenho pena de cá em Portugal as empresas estarem um bocado reticentes a férias sem vencimento, porque 25 dias de férias é algo “limitado”.

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  7. Deixo o meu testemunho. Sou apologista que o carro a casa e as jóias como dizia a Ágata na sua canção ficam cá. O que levo desta vida são os locais que visitei, as experiências inerentes, as recordações, as cores, os barulhos, os sabores e os cheiros sentidos. Isso ninguém nunca me vai tirar, mesmo que perdesse todas as fotografias.

    Já visitei 40 países e sempre tentando optar por versões low cost com um conforto mínimo. Sou um amante da aviação e adoro aeroportos e aviões. A viagem começa quando a pensamos, como a idealizamos, como a programamos. Depois vem essa parte que eu adoro (o avião, ou comboio, ou carro,…). Por fim os locais.

    Quem começa a alimentar o bichinho das viagens pode a certa altura ficar tentado a colecionar o maior número de locais possível. É verdade. No entanto se isso for vivido para mim e não para os outros, “it’s my business…”

    A regras da poupança já aqui foram descritas, eu chamo-lhe o “pague-se a si próprio”, significa reservar nem que seja uns miseros euros (ou o que conseguir), todos os meses e não cair na tentação de usar esse dinheiro que não apenas para o objetivo definido (seja uma viagem, um eletrodoméstico, etc…).

    Já viajei acompanhado e já viajei sózinho. Viajar sózinho não é drama nenhum, aliás até pode ser terapêutico, faz-nos pensar mais e refletir em nós próprios. E… as partes práticas (se me perco, se me acontece alguma coisa,….) são apenas receios.

    O sucesso de uma viagem depende em primeiro lugar do nosso objetivo, da forma como organizamos tudo (incluindo o dinheiro necessário) e por fim… relaxar e usufruir. Descobrir locais é fantástico, abre-nos horizontes!

    No passado muita gente viajava para se mostrar aos colegas ou a familiares, sobretudo para destinos de praias exóticas e aparecer com um bronze adorável em Janeiro ou Fevereiro foi a felicidade de muita gente (ainda é de outras tantas). Não é o meu caso! Se um dia conseguires fazer uma viagem e não mostrar uma única foto a ninguém nem contar que foste aqui ou ali… então definitivamente provaste a ti que a viagem foi só tua.

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    • Concordo… coisas únicas das viagens nomeadamente: a preparação, a viagem propriamente dita, a leitura, a escolha dos locais. Mas há sempre elementos que não se consegue ter conhecimento antecipado… como tal deve sempre haver alguma flexibilidade mental, temporal e material para não haver stress desnecessários. Nas minhas viagens as melhores memórias que tenho é quando algo inesperado acontece, por isso perder-se pode ser a melhor parte da viagem :-)

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    • Excelente artigo! Cheio de espírito e energia positiva! Só lamento que de momento não consiga atingir esse nível… Talvez um dia! Um Abraço!

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  8. Olá a todos que partilharam as vossas opiniões, adorei todas as dicas que aqui foram expostas.
    Já realizei alguns dos meus sonhos a nível de viagens, sou educadora de infância e, apesar de todos os cortes que nos têm feito, vale a pena seguir algumas destas pistas aqui sugeridas. Neste momento, em que somos tão esmagados pelos cortes de vencimento, poder fazer algumas escapadelas sozinha ou acompanhada é para mim uma lufada de ar fresco no nosso percurso de vida! ‘Bora lá viajar, estamos quase a entrar em 2015 e as férias vão chegar.
    Vamos dar corda aos sonhos, pessoal…
    Tenho dito. Natália Tavares

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  9. Boas Filipe

    Obrigado pela tua dedicação, tens feito um excelente trabalho, na ajuda do próximo!!

    Muito obrigado

    Tiago

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  10. Ótimo texto, e em relação a deixar de fumar, é uma dica que poucos podem seguir, realmente faz quase um ano que deixei de fumar totalmente, o segredo? Trocar por exercício físico e por práticas que ajudem a relaxar, e claro, força de vontade e capacidade de enxergar o quanto prejudica nosso corpo e mente ;)

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  11. Couchsurfing já não é o que era (até porque já nem é gratuito), mas recomendo Bewelcome e hospitalityclub, com verdadeiro espírito de hospitalidade.

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  12. Uma dica (para as mulheres) que parece que não faz diferença mas faz sim, é aprender a fazer as coisas de estética em casa. Faço minhas unhas, sobrancelha, depilação e economizei uma graninha considerável; minhas roupas customizo quando começam a ficar muito repetitivas; :) boa trip galera!!

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  13. Olá Filipe, é a primeira vez que escrevo aqui apesar de há muito ser seguidora das tuas viagens e artigos. A primeira vez que cá ‘vieste a casa’ foi porque alguém nos ofereceu o livro “Alma de Viajante” e depois disso, nada a fazer. Hoje decidi escrever-te pela importância que tem, para nós, o pesar das despesas de cada viagem, que fazemos em função delas próprias, claro que sim, mas também, e sobretudo, em função do que são as contrapartidas e cada viagem. Gostei muito deste texto, reflecte bem o que move um viajante durante todo aquele tempo em que não está, digamos fisicamente, a viajar. É muito verdade que a maior parte das coisas em que às vezes nos perdemos são pouco importantes e pouco duradouras. A poupança começa muito por aí, mas depois da partida pode continuar. Cá em casa somos três e viajamos sempre os três. O Miguel – marido e pai – planeia as viagens com meses de antecedência, lê os guias de fio a pavio, os blogues e o que mais houver e anda sempre em cima dos sites de maneira a marcar tudo nas alturas em que os preços são melhores. Eu – mulher, mãe e essas coisas – faço as malas, regateio na tralha que é preciso levar e defino o que tem de ficar em terra. Também sou eu que lavo a roupa em viagem quando falta alguma coisa. Levo sempre um caderno em branco, de tamanho que me caiba no bolso, a caneta e as máquinas fotográficas às costas. Parto sem a informação infindável que o Miguel recolhe sobre o destino e que já sabe de cor. Eu levo só com a ideia genérica que tem qualquer pessoa e, no aeroporto, começo a ler mais, normalmente em voz alta para o Pedro. O Pedro – filho e aventureiro –, que vai sempre a esconder a excitação com ares de quem tem muita experiência em viver da mochila e do passaporte, tem onze anos e é o companheiro de viagem mais bestial de sempre. Viaja, assim de viajar com letra grande, desde os seis anos. Passa horas infindáveis dentro de carros aos solavancos, dorme, acorda, conversa, canta, faz jogos, come, dorme outra vez… Deixa-se fascinar pelos grandes monumentos da humanidade, adora a natureza e faz amigos de todas as cores e falares, e nem sempre crianças. Aprende meia dúzia de palavras obrigatórias de uma língua nova nas primeiras duas horas em cada país. Come tudo o que lhe damos e já é o primeiro a perguntar “o que é que se come aqui?”.
    É verdade que viajar não é barato. Também é verdade que há montanhas e outros vícios, vamos chamar-lhes assim, tão ou mais caros. Há muitas formas de, mesmo do lado de lá, guardar uns trocos. Nós gostamos de andar sempre em movimento e raramente repetimos a mesma cama, por isso não precisamos de hotéis com muita estrela. A exigência é só mesmo o quarto e a casa de banho, asseados e sossegados. Na verdade quanto mais pequeno o hotel, mais oportunidades há de se conhecer as pessoas que por lá estão, autóctones ou viajantes como nós, de outras paragens com outras experiências. Outra coisa que fazemos é a vida de supermercado em vez da vida de restaurante. Já levámos mantimentos para cozinhar, que há países onde é mais barato ter uma cozinha, mesmo que pequenina, do que ter de comprar tudo e ir comer fora. O pior que acontece é dormirmos a cheirar a estrugido, mas isso é o menos. E depois não costumamos trazer os souvenirs da praxe. Não fazemos compras, nem para nós nem para quase ninguém. Às vezes os pais/avós ou sobrinhos/primos enquanto forem pequenos, lá têm sorte, mas não muita. Quando chegamos, convidamos os amigos para jantar cá em casa, falamos muito e damos-lhes seca das fotografias. Essas sim, trazemos muitas.
    Há uma frase, que não sei de quem é, li-a por aqui numa daquelas parangonas do facebook, que diz que há tantas formas de uma pessoa se reinventar, como cidades há no mundo. É uma verdade absoluta. Nunca nos conhecemos tão bem, como quando conhecemos os outros. Quando percebemos que somos apenas pequenas parte de um todo que é enorme e muito rico. Sim, gasta-se algum dinheiro, que não vai para o carro, nem para a conta bancária que se havia de deixar à descendência. Em vez disso, o Pedro que tem onze anos, já dormiu nas dunas do Sahara, subiu a uma ceiba de 40 metros na Amazónia, nadou com tartarugas no Pacífico, esteve junto ao Vatnajöcul na Islândia; já esteve nas pirâmides de Gizé, na cidade perdida de Machu Picchu, nas Montanhas do Atlas, na Medina de Fez, nas ruínas de Hierópolis, e nos destroços de Montségur… Tem um mapa na parede e uma caixa de alfinetes e não tem medo de os usar. Essa é a herança que lhe fica. A largueza dos horizontes, o respeito indiscriminado pelos muitos povos e culturas do mundo. Isso, e a vontade de viajar mais.
    Um abraço.

    Responder
    • Olá Raquel,
      Muito, muito obrigado por este teu generoso contributo. Beijo grande e boas viagens para todos aí em casa.

      Responder
    • Olá Raquel, gostei muito do teu post! Acabas com a minha frase favorita: a herança que deixamos aos filhos! Brava!

      Responder
    • Fantástico… espero daqui a uns anos poder dizer algo idêntico do meu filho, pois também acredito que essa herança é mais importante do que bens monetários.

      Responder
  14. E não se esqueça que já lá, há sempre coisas que pode fazer para poupar dinheiro e conseguir uma viagem barata.
    Boas viagens!

    Responder
  15. Olá Filipe!

    Acabei de ler este teu artigo pela terceira ou quarta vez, para saber se (ainda) há coisas que posso fazer para poupar para viajar.
    De vez em quando (quase sempre, vá…) encontro pessoas que continuam a dizer que viajar é para ricos e que não têm dinheiro para isso… Mas são pessoas que vão de carro para todo o lado, fumam como chaminés e gastam dinheiro que a mim me parecem coisas perfeitamente evitáveis…. E quando toca viajar “ai não que é caro…”. Chateia, principalmente se forem pessoas próximas com quem queres partilhar viagens,

    Desde que vim viver e trabalhar para Madrid que adoptei algumas “medidas de poupança”: o maço de tabaco dura 3semanas/1mês (e se não durar, não há mais); quando recebo o ordenado tiro logo 1/4 para uma conta poupança exclusiva para viagens; qualquer bónus ou aumento que receba por parte da empresa vai directo para a conta poupança e há uns meses comecei a utilizar o “velho” truque de guardar as moedas de 2€ num mealheiro… Com a brincadeira já juntei uns 200€ em relativamente pouco tempo…
    Mas como bem dizes, há prioridades e coisas que deixamos de fazer para poupar… Tento comprar o menos possível de roupa, de preferencial em saldos e lojas de segunda mão; só saio à noite 1 vez por mês (porque de cada vez podes gastar, sem fazer grande coisa, uns 60/70€); não vou ao cinema (porque sai a 15€/pessoa), partilho casa e aproveito a oferta cultural gratuita da cidade.

    Acho que o próximo passo será criar a tal rede de contactos no couchsurfig e começar a receber pessoal cá em casa! :)
    Obrigada pelo artigo e boas viagens!

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    • É isso mesmo. Como eu já escrevi há tempos, viajar não é coisa de ricos. Cada um tem as suas estratégias para poupar, e julgo que o importante é ter um objetivo. Eu, por exemplo, a primeira vez que deixei mesmo de fumar ia colocando o dinheiro de parte e mentalizei-me que era para fazer uma viagem ao Brasil. Isso, nos momentos de maior fraqueza, ajuda a focar porque tens um objetivo maior a atingir. O mesmo se passa com as jantaradas, a roupa nova, o cinema, o que seja…
      Força nisso. Beijinhos e boas viagens.

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      • Você veio ao Brasil ? Gostou do nosso país ? Adorei ler o texto e comentários e desejo fazer parte do grupo de viajantes, tão logo possa. Abraços do Brasil

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  16. Já está um pouco ”off-topic” mas bastante útil, pois quero fazer a minha primeira viagem e é até as Caraíbas. Tiro daqui boas dicas, obrigado e um abraço.

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  17. Excelente Artigo. Como eu compreendo tudo o que aqui li. Poupar para viajar, faz todo o sentido. Sempre adorei ir jantar fora (com tanta comida que tinha que fazer para toda a família), ir jantar fora era como um prémio. Agora numa outra fase da minha vida, acho um desperdício, porque penso logo! Opaaa mais €50 ou €60 que vão para a poupança das Viagens. E começando por aqui, foi sendo em quase tudo. Sem deixar de lado o dia a dia saudavelmente passado, qq dinheiro mal gasto é pensado duas vezes, porque me dá tanto prazer Viajar, Conhecer, Viver, que comecei a achar todos os outros gastos, absolutamente superfulos. Também já me perguntaram. Mas como consegues Viajar??? Eu respondo! Poupando! Vivo apenas do meu ordenado e ainda não sei para onde vou este Ano. Irei até onde conseguir “poupar”, uma coisa é Certa. Sei que vou :-)

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  18. Efectivamente é necessário definir prioridades na vida. Concordo completamente com a sua visão: são as opções que definimos que nos permitem concretizar projectos de viagem.

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