Viajar não é coisa de ricos

Por Filipe Morato Gomes

Hoje publico a quinta crónica de viagem escrita para as edições de verão do jornal Diário de Notícias, publicada em papel  no passado dia 12 de agosto. As crónicas são publicadas até ao final do mês, sempre às segundas-feiras, na secção DN – Verão do jornal (e aqui com duas semanas de atraso).

#5 Viajar não é coisa de ricos

Viajar barato: Tailândia

“Quem me dera…” deve ser a expressão que mais ouço quando falo do meu próximo destino de viagem. Como se viajar fosse algo inatingível, como se fosse preciso muito dinheiro para sair de casa. Não é! Conheço quem tenha viajado mundo fora com um orçamento de apenas 300€ por mês. Conheço quem tenha ido viver uns meses para a Índia para diminuir o seu custo de vida. E sei por experiência própria que não é preciso gastar fortunas para viajar. Mais do que tudo, é preciso querer. Querer mesmo.

Lembro-me de estar de partida para três meses pelo Médio Oriente quando ouvi esse mesmo “quem me dera” da boca de um amigo. “Queres vir comigo?”, perguntei-lhe perante o interesse demonstrado. “Quem me dera”, resignou-se. O emprego, a família ou namorada, a renda da casa ou o crédito do carro – não me recordo em pormenor -, para além da suposta insegurança do Médio Oriente, foram alguns dos seus argumentos para não fazer uma coisa que – dizia – queria fazer. “Mas queres vir comigo ou não?”, insisti. Não veio.

Noutra vez, quando à mesa de um café contei ao núcleo de amizades que ia viajar mais de um ano, outro amigo disparou: “Mas saiu-te o totoloto? Estás rico?”. E minutos depois estava a falar de um carro que gostava de comprar e que provavelmente custaria duas voltas ao mundo. [ver quanto custa uma volta ao mundo]

Como em tudo na vida, há que fazer opções para que uma grande viagem seja exequível. E, quase sempre, optar implica deixar de ter ou fazer coisas de que gostamos em nome de um objetivo maior: no caso, conhecer o mundo, viajar.

Aquela saída noturna com os amigos de sempre, com farta jantarada e copos noite fora, equivale a vários dias de viagem na Tailândia. Aquele cinema adiado dá para muitos almoços nas ruas do Vietname. Aquela peça de roupa que há muito se namora converte-se em múltiplas viagens de autocarro ou comboio. Já para não falar dos sapatos, botas, sapatilhas ou carteiras, do ato de deixar o carro em casa e caminhar, andar de bicicleta ou de transportes públicos, de cozinhar em vez de almoçar fora, de evitar comprar revistas e jornais diariamente, de diminuir o número de cafés por dia ou até parar de fumar. Sim, um mês sem cigarros é uma semana em muitos países do mundo. E arranjar um part-time extra se preciso for. Numa palavra, poupar para viajar.

Mais. Se todos os truques de poupança falharem, há sempre a possibilidade de se ir trabalhando em viagem, seja na receção de um hostel, às mesas de um restaurante, na apanha da fruta ou, melhor ainda, no ensino de línguas, em tarefas criativas ou em qualquer negócio ou tarefa passíveis de serem executados online e, por isso mesmo, onde a localização seja irrelevante – esteja no edifício de escritórios espelhado na capital ou numa cabana de praia nas Filipinas.

Não temos todos de gostar do desconforto dos autocarros birmaneses, do lixo espalhado pelas cidades indianas, do trânsito caótico das metrópoles asiáticas, da poluição desmedida das cidades chinesas, da comida sensaborona da Mongólia, do esforço físico de um trekking no Nepal, de passar 70 horas a bordo de um comboio russo, das noites mal dormidas no chão de uma tenda, do calor infernal do deserto do Sahara ou dos perigos da selva Amazónica, ou até do dolce fare niente de um tudo incluído em Varadero. Mas temos por obrigação deixar de encontrar desculpas para não sermos felizes.

Mais que dinheiro, é preciso vontade para tomar as decisões que permitam partir. Optar. Porque viajar não é coisa de ricos – e disso tenho eu a certeza.

Série de Crónicas DN – Verão 2013

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Filipe Morato Gomes
Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.

63 comentários em “Viajar não é coisa de ricos”

  1. O texto está muito bom, há relativamente algum tempo que optei por um modo de vida diferente, para num futuro bem próximo conhecer mais um pouco da nossa verdadeira casa, o nosso mundo.

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    • Olá Octávio,
      É disso isso mesmo que se trata: fazer opções de vida para podermos fazer aquilo que nos faz feliz (seja o que for). No meu caso, sou feliz a viajar – e podes ter a certeza que não nasci num berço de ouro. Grande abraço e, se eu puder ser útil de alguma forma para essas tuas viagens futuras, estou ao dispor.

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  2. Olá, Filipe.
    Também eu já ouvi todas as desculpas possíveis de amigos meus quando vou viajar. E quase todos eles ganham tanto ou mais do que eu. Este ano fiz 3 viagens na Europa em cidades e países com custos de vida semelhantes ao português ou bem acima (Amsterdão, Bruxelas, Paris, Budapeste e uma roadtrip pela Escócia). Eu e a minha mulher gastámos 3.000 euros cada um em 22 dias de viagem. Isto tudo nos períodos mais caros (Carnaval, feriado do 25 abril e final de julho). Grosso modo, para fazer só um terço dos dias a viajar bastava poupar um pouco menos de 100€ por mês. Na minha opinião, está ao alcance de grande parte das pessoas. É só fazer esta escolha, como tu dizes.

    PS: Andamos apenas pela Europa ultimamente porque vamos os dois e queremos poder ir e voltar rápido por causa da nossa filha, que fica com os avós. Para o ano já vai connosco.

    Grande abraço.

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    • Mais uma viajante prestes a bater as asas e voar por esse mundo :) Abração e força nisso!

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  3. Amei o artigo! Tem tudo a ver comigo :)
    Não perco uma oportunidade de viajar e sempre tento convencer a que venham comigo mas as razões para declinarem o convite são sempre as mesmas…
    Eu tenho casa para pagar também e o meu ordenado é a norma nacional e não perco um ano sem viajar.
    Abdico de várias coisas para o poder fazer, como por exemplo; compro comida só marca branca, não uso gás no verão, poupo na eletricidade, ando muito a pé e não de carro…enfim poderia enumerar imensas coisas mas todas elas VALEM a pena.
    Viajar dá boas memórias, muda a nossa maneira de ver a vida, faz-nos sentir realizados, faz-nos ver que o mundo não é assim tão mau etc.
    Viajar é das melhores coisas que podemos fazer!

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    • É isso, Rafaela, há que fazer opções para podermos fazer as coisas de que gostamos e sermos felizes. Beijo grande e continuação de muitas viagens sem gastar fortunas. :)

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      • Bom dia Filipe sempre ouvi dizer que é importante viajar na adolescência, pode escrever um artigo sobre esse assunto ?
        Um Abraço

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  4. Gostei imenso do seu artigo. Ganhei o gosto das viagens há uns anos e confesso que não há nada melhor. Viajo em família ( marido e filho de 9 anos) e tem sido fantástico ver outros países e proporcionar ao meu filho ( viaja connosco desde os 5 meses) a abertura de horizontes que só as viagens dão.

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  5. Exatamente, não podia concordar mais contigo Filipe. Parabéns e continuação de boas viagens!

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  6. Muitas verdades em tão poucos parágrafos. Identifico-me plenamente com esta filosofia. Eu mesmo já viajei bastante, inclusive fiz uma grande viagem de 10 meses pela América Latina e com um pressuposto diário a rondar os 200€, e sem Euromilhões! Infelizmente os nossos horizontes consumistas não nos deixam ver mais longe, algum dia iremos mudar a mentalidade de amigos e familiares!

    abraço
    Bruno

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    • Olá Bruno. 200€ por dia na América Latina parece muito – não seria 20€?
      E obrigado pela mensagem (gostei do “Muitas verdades em tão poucos parágrafos”).
      Continuação de boas viagens!

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      • Elah!! Sim, com 200€ diários podia … é pá, não sei! Acho que era impossível gastar, visto que por exemplo na Bolívia um menu de almoço (sopa, prato principal que incluía arroz, carne e salada, e com um sumo) custava à volta de 0,90 cêntimos. Esse era o pressuposto mensal [20€].
        Cumprimentos

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  7. Embora reconheça um travo de realismo no texto, não posso deixar de discordar em certas coisas. Para começar, tudo o que ganho (menos que o salário mínimo) vai directamente para todas as contas que tenho que pagar neste momento (e que já são puxadas ao mínimo possível). E depois, há o problema dos destinos. Se, de facto, há muita gente que gosta de conhecer os países asiáticos, africanos ou mesmo sul americanos, eu gostava de poder aplicar o que escreve a países como os Estados Unidos da América, o Canadá, a Alemanha, a Dinamarca, a Suécia, o Japão ou a Austrália, mas mal tenho dinheiro para pagar o bilhete mais barato que consigo encontrar de avião para os Estados Unidos, quanto mais conhecer estes países todos!

    O que quero dizer é que não me parece que o texto se aplique a todas as pessoas, porque há quem não tenha folga financeira que lhes permita gastar mais de 400 euros numa viagem e 300 euros por mês não é acessível para toda a gente! Ou seja, as tais “desculpas”, por vezes, são mais válidas do que parecem.

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    • Olá Frederico,
      Belo contributo para a discussão, obrigado por isso. Eu continuo convicto que é uma questão de opções. É evidente que há quem não tenha folga financeira, mas nesse caso, se viajar for um objectivo forte (“querer mesmo”, como diz o texto), então se calhar é preciso por mais coisas em causa para o poder concretizar. Como? Se queres mesmo conhecer o Japão, a Dinamarca, o Canadá ou os Estados Unidos – tudo países com altíssimo custo de vida mas onde os salários são igualmente altos, porque não considerar a hipótese de ir trabalhar para um deles? Mas para isso é preciso querer, querer mesmo… porque é preciso abdicar do que fica em Portugal.
      Grande abraço e força na concretização desses sonhos.

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  8. “Viajar não é coisa de ricos” na carteira, mas de pessoas normais com grande riqueza de espírito no seu modo de estar neste planeta. Ainda recentemente na China estive em Pequim e Shangai e em alojamento em hostel e alimentação de rua, cheguei a não gastar mais de 10 a 12€ por dia. Numa aldeia gasta-se ainda menos… Passar um dia num parque de uma cidade na China é uma experiência fantástica, e low cost… O mundo está cheio de oportunidades para se sair de casa. Uma viagem pode ser feita no nosso bairro – quantos conhecem o seu próprio bairro onde vivem? Quantas boas experiências de viagem podemos colher na viagem ao “nosso bairro”?

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  9. O mínimo que já consegui gastar foi 192 euros e incluiu:
    – 4 bilhetes de avião
    – dormida 7 noites
    – pequeno-almoço
    – jantar
    – dois bilhetes de autocarro (transfer aeroporto).

    O destino foi Wroclaw.

    Parece difícil de acreditar, mas é a pura das verdades.

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  10. Obrigada pelo artigo, concordo plenamente que viajar até pode significar um reforco da bolsa. Estou no final de dois meses e meio em Oaxaca, no México, e tenho pena de deixar a vida simples e extremamente barata para voltar a Portugal. Mas gostava que a minha filha de 8 anos acabasse a primária em Portugal e depois entao atiramo-nos ao mundo…
    Continuacao, já estou a seguir no Twitter, para ter mais novidades sobre o blog…
    Tudo de bom!

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    • Olá Lúcia,
      Quando a tua filha tiver 10 anos vai ser de certeza uma óptima altura para lhe “dar mundo”. Terá mais maturidade, vai absorver tudo que nem uma esponja e a maior parte das coisas vão ficar na memória. Força!

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  11. Viajar por um ano é um ĺuxo que muito poucos podem alcançar, não pelo custo financeiro mas pelo pouco tempo de férias que o vulgar mortal dispõe. O que se faz ao emprego que se tem e que só nos proporciona uns ridículos 22 dias úteis de férias, que têm de ser repartidos pelo ano inteiro?

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    • Olá Patrícia,
      Mais uma vez, é uma questão de opções. Cada um decide o que quer fazer da sua vida, em cada momento da vida. Dou-te um exemplo. Na primeira volta ao mundo que dei, a minha mulher pedu uma licença sem vencimento que foi recusada, ela decidiu ficar. Na segunda volta ao mundo que demos, ela pediu outra licença sem vencimento, que foi novamente recusada; ela despediu-se e fomos viajar em família. Hoje não tem emprego, ganha menos dinheiro que antes, mas é de certeza uma pessoa mais feliz.

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      • Eu vivo na Tailândia há mais de 2 anos. Cheguei com a minha mulher e 2 filhos, com uma mochila, e por cá fiquei. Em breve vou me mudar um pouco mais longe ainda de Portugal.

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  12. Viajar é coisa de “ricos”, “pobres” e para os que estão no meio.
    Mas viajar não é de todo só para quem quer, é para quem pode. É para quem se pode dar ao luxo de voltar e ter uma casa, de não ter familiares que precisem de apoio, de ter oportunidades de trabalho no regresso. E não é só o dinheiro que se gasta (por pouco que seja), é o dinheiro que não se ganha durante esse tempo. Mas com o titulo concordo, não é preciso ser rico para se viajar.

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  13. Viajar com tão pouco sim é possível talvez.
    Como já li em alguns dos comentários, apenas possível para alguns países de baixo custo. Outros países como foi referido: USA, Canada, Suécia, e Japão, onde o custo é mais caro já não é tanto assim. Deixar Portugal para ir para Japão viver / trabalhar para conhecer o país ? É preciso mais que coragem para tomar uma decisão dessas. Se muitos atualmente tomam a decisão de deixar o País para obter melhores condições de trabalho e uma carreira profissional mais aliciante, quem vai deixar o país para trabalhar fora apenas para viajar ? Aqui prende-se apenas com objetivos pessoais, e não se pode generalizar que é possível. Possível para alguns, para aqueles que talvez levem uma vida mais desapegada de determinados objetivos.
    Mesmo na atual conjuntura em Portugal, por mais esforços que se faça para poupar algum dinheiro, já é por outros motivos. Hoje todos os portugueses apertam a carteira não para viajar, mas para pelo menos ter algum dinheiro para os imprevistos ou para um futuro mais seguro. Renda, carros, despesas mensais, e restantes custos, do pouco que sobra ao fim de um mês já um individuo pensa é em por esse pouquinho que sobra deve ir para o “porquinho mealheiro”. E nem me refiro já a quem está com salário mínimo ou abaixo disso.
    Como dizes e bem, opções pessoais. Mas é um luxo para quem pode financeiramente, ou um luxo para quem toma essa opção de vida mais desapegada de outros objetivos.

    abraço

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    • São simplesmente opções de estilo de vida e objectivos de vida… Há quem esteja livre de compromissos nomeadamente jovens que acabaram ou não um curso e desejam aproveitar a juventude para conhecer culturas diferentes e que se sujeitam a viagens menos confortáveis e mais aventureiras, com o objectivo de assimilar o máximo de cultura e experiências possíveis com pouco dinheiro, antes de terem um emprego e família que os amarre 11 meses por ano. A quem tenha tenha uma vida atarefada com trabalho e família mas em vez de ter despesas consumistas como um carro , uma grande casa , casa de ferias, canais da tv cabo, colégio para os filhos ,jantares e festas caras e todas as despesas que isso acarreta mensalmente prefere poupar e conhecer o mundo no pouco tempo de ferias que tem. depois ha aqueles que tem todas essas despesas e vao todos os anos para as bahamas ou outros destinos apenas para fazer praia sem objectivos de conhecer nada e mais uns dias para o algarve passear o carro luxuoso e as roupas de marcas . Nao critico nenhum são apenas opções cada 1 identifica-se com a que quer e com o dinheiro que tem. Mas sim e totalmente possivel viajar pelo mundo inteiro com menos dinheiro que para alguns umas semanas no algarve por ex. Nao falo nos que tao desempregados ou passar fome e outras situacoes dificeis porque isso nao devia sequer existir

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  14. Nem todos podem, é um facto, porque nem todos optam por uma vida livre.
    Nem todos têm a possibilidade de optar. Mas quem realmente tem motivos para não viajar não suspira pelos cantos a dizer “quem me dera…” Tem muito mais em que pensar!

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  15. Concordo que não é preciso gastar fortunas em viagens, já fiz algum couchsurfing pela europa…mas na altura era estudante…havia mais disponibilidade!!
    Num cenário tão precário como o actual, apenas alguns se podem dar ao “luxo” de desistir de alguns “investimentos” feitos ao longo da vida. Conseguir um trabalho na área de formação já é uma maravilha…e não a podemos largar de ânimo leve!! Não podemos ser todos freelancers, patrões de nós próprios! Provavelmente um jovem que está à procura de emprego, lançar-se ao mundo, poderá ser uma boa oportunidade para o encontrar…e encontrar-se!
    Nem todos podemos ser viajantes profissionais! Seria bom ter mais tempo para isso!
    Espero em breve conseguir ver mais mundo!!!
    Por agora, não dá! Tenho que investir na minha formação e ganhar mais experiência, para poder ter um projecto que me venha a dar mais estabilidade e autonomia…e futuro!!
    Viajar é importante…mas não podemos fazer tudo! Cada coisa a seu tempo!

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    • Olá Mónica, obrigado pelo teu contributo tão sóbrio. Concordo com tudo, cada um tem de seguir o seu caminho, “cada coisa a seu tempo”. Beijo grande e boas viagens.

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  16. Adorei! É isso mesmo! Tal e qual como eu penso…a minha última viagem foi uma road trip a Marrocos durante 10 dias a saltar de localidade em localidade com vários horas de viagem de carro e o mínimo de conforto. Mas durante a pré-viagem e o pós-viagem ouvi vários comentários, desde dos a desencorajar (“não tens dinheiro, não queres esperar quando tiveres mais”) ao que respondo, se temos vontade é para ir já, aos comentários “dizes que não tens dinheiro, mas foste a Marrocos” ou “não podes sair, mas tens dinheiro para ir a Marrocos durante 10 dias”, “não te queixes que ainda há pouco tempo foste a Marrocos” etc. O que as pessoas esquecem é que fui graças a uma poupança que tenho e vou juntando dinheiro para viajar e que fui sem grandes luxos :) Também tenho um blog de viagem em que defendo isso mesmo, e é óptimo saber que não sou a única!

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  17. Excelente tópico! Eu lembro-me que durante a universidade, enquanto eu tinha 4 empregos, tinha amigos que me criticavam e chamavam de rico porque viajava – enquanto eu andava a dar o litro, para ter dinheiro para… viajar. Um dia, convidei um deles para ir trabalhar comigo no monte dos casamentos onde eu servia à mesa durante o fim de semana (e onde podia ganhar 200 euros num fim de semana de trabalho), e ele recusou, dizendo que ia para a noite na Sexta feira…ou seja, … Concordo contigo 100%, é preciso acima de tudo escolher o que queremos da vida. Eu tenho um carro que de momento vale 500 euros por exemplo, há quem tenha mais caro, e não viaja. Eu opto pela viagem. Grande abraço desde Manaus!

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    • Não critico as opções dos outros, cada um deve fazer / ter o que o fizer feliz. Eu estou como tu, claro: opto pelas viagens! Abraço, amigo, e continuação de boas viagens aí pela América do Sul!

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      • O engraçado é que o pessoal não mexe o cú, e depois critica os outros que fazem acontecer e procuram concretizar o que desejam. :)

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    • Compreendo perfeitamente os teus artigos, oiço os mesmos comentários “é preciso coragem…”, “Quem me dera…”, “ganhaste o Euromilhões?”… Não fumo e não bebo café e acho que só isso contribui para tentar viajar todos os anos. O ano passado estive 40 dias na Índia, fiz mais de 9000km (comboio, autocarro, barco, moto, bicicleta, a pé, à boleia, de autorickshaw) e conseguia dormir, comer, viajar, fazer algumas actividades (cursos de cozinha nepalesa, passeios em parques naturais, alugar uma canoa, passeios nos backwaters, etc…), beber uma cerveja com outros mochileiros com um orçamento de 400€ (10€ por dia)… sim! É possível! E sim, deve ser mais confortável ficar no sofá a ver as novelas…
      As tuas partilhas são uma mais valia, Obrigado!

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      • Desculpa-me a curiosidade, tenho 17 anos e o meu maior sonho é viajar e conhecer o mundo. Acho espetacular o que descreveste das tuas viagens, mas como conseguiste gastar apenas 400 euros (10 por dia)? Estás a incluir nessa quantia o alojamento e as viagens? É que nas minhas contas para as minhas possiveis futuras viagens essa quantia ficava quase toda no alojamento e nas viagens. E note-se que não estou à procura de alojamento caro, parques de campismo (tendas) ou hostel…
        Um bem haja :)

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  18. Fantástico… encontrei este blog por um mero acaso, ou não… nada é acaso.
    E o que venho ler aqui é tal como eu penso… não sou de famílias abonadas, bem por o contrário, sei o que a vida custa em muitos sentidos… mas quando posso viajo.
    Os meus amigos estão sempre a dizer o mesmo, é só dinheiro (quando sabem a minha realidade e da família), ou isso é que é vida… mas pus objectivo a mim mesma, tentar fazer uma viagem por ano pelo menos, seja onde for… ora bem, isto começou em 2009… com isto parei dois anos, pois foi mesmo impossível… mas já viajei para Londres, Barcelona, Canárias, Paris (janeiro deste ano), e agora Turquia (projecto de voluntariado). Com isto estou a ter oportunidade de conehcer outros paises, e voltar… em low cost consegue-se fazer viagens, eu evito e corto em coisas por gostar de viajar… conheço Portugal todo – ok, a minha área tambem ajuda, mas faço por isso também.
    Não me importo de dormir numa tenda com muita roupa, ou acordar com muito calor, dormir em casa de amigos num colchão, ou num hostel com mau aspecto… é apenas para dormir.
    Sem dúvida… concordo imenso. Parabéns pelos textos.

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  19. Trabalhar online??? Gostaria de saber onde! A partir de Portugal nem o amazon truck nem nada. Por isso digam lá onde é que isso é possível. O patrão “tuga” não paga só para ter resultados, ele quer o funcionário ali preso 8 ou mais horas por dia. Era o que faltava ter funcionários a trabalhar em casa onde ninguém os controla.

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    • Trabalhar online significa muitas vezes ser dono do seu próprio negócio.
      O autor do livro $100 Startup (passe a publicidade mas estou a lê-lo e recomendo vivamente) fala muito na independência que se ganha ao criarmos a nossa startup. E ao contrário do que muita gente pensa, muitos casos de estudo que ele aborda nesse livro são tão simples como pessoas que criam uma publicação para venda online como guias turísticos de cidades visitadas, entre muitos.

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  20. Adoro viajar, e revejo-me em tudo o que dizes! Tenho imensa sorte em já ter podido viajar e viajar, e quanto mais se viaja mais se quer, mais se precisa! É tudo uma questão de prioridades, de vontades! Mas… acho que infelizmente para as mulheres não é assim tão fácil. Não vou armar uma de coitadinha, mas acho mesmo que como rapariga não me posso enfiar num avião para a Índia, para o Irão, para o Vietname assim sem mais nem menos. Se o quero fazer? Claro!! Se é boa ideia pela minha própria segurança? Talvez não… :(

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    • Concordo plenamente com a Inês, há certos países em que, para as mulheres, a opção de viajar não é assim tão fácil. Lembro-me bem de me olharem fixamente na Turquia por ter olhos claros (onde ninguém tem) e na China por ser claramente estranjeira. Conheço um caso antigo de uma amiga da família que simplesmente desapareceu em Marrocos, mesmo de férias com um grupo de amigos, e até hoje nada se sabe. Gostaria muito de viajar por certos destinos (México por ex.) mas não arrisco. Viajo sempre que posso e sim abdico de muita coisa, não tenho carro nem casa própria, não tenho filhos nem sou apegada a bens materiais. Não concordo com quem corta na alimentação pois isso é saúde, somos o que comemos, mas cada um com as suas opções, claro.
      Boas viagens!

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  21. Há muita gente com possibilidade de viajar que não quer viajar, e penso que é uma questão de prioridades, não há nada de errado em não querer – não devem é arranjar desculpas para justificar que não querem sair da sua zona de conforto ou que têm “medo” do desconhecido. Penso também que muitas dessas pessoas não perceberam ainda que conhecer coisas diferentes e ter experiências novas traz um prazer e uma felicidade que superam largamente os desconfortos e imprevistos menos agradáveis que se possa ter, e enriquecem uma pessoa de formas que não são imagináveis para quem não sai do mesmo lugar, das mesmas rotinas, e não conhece pessoas novas, lugares novos e estilos de vida e formas de viver diferentes…

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  22. Viajar não é coisa de ricos, mas tudo fica mais fácil quando há dinheiro. Quando se aufere apenas o salário mínimo e se trabalha por conta de outrem, pura e simplesmente não somos donos e senhores do nosso destino para decidir poder ir de férias quando queremos, para onde queremos e pelo tempo que bem viermos a entender. A ver bem, até o poderíamos fazer, mas muito provavelmente colocando o posto de trabalho em causa e com isso a segurança do nosso futuro. Gente rica como o Cristiano Ronaldo, Mourinho e tantos outros, dão-se ao luxo de aproveitar as férias a viajar por vários pontos do mundo, mas mesmo esses têm perfeitas noções da responsabilidade e apenas o fazem em períodos de férias.

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    • Que comentário ridículo! Nunca vais sair da tua toca!

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      • Ridiculo? Ganha tu 450 euros por mês com casa, água, luz e comida para pagares para ver se vais viajar.

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        • Podes usar esse dinheiro para pagar casa, água, luz e comida noutros paises e ainda te sobra dinheiro para beber uma água de côco :) Também depende do tipo de viagem que ambicionas. Se for para ir para Ibiza e Palma de Maiorca, é um tipo de férias que já requer dinheiro. Podes no entanto fazer como tantos outros trabalhando em part-time nesses locais e que gozam nas horas vagas.

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  23. Filipe, concordo plenamente com a tua análise! Eu sempre viajei desde pequena com os meus pais, já que o meu pai sempre trabalhou ligado ao turismo e sempre teve o gosto pelas viagens e mo incutiu desde pequena. Desde pequena me habituei a fazer, pelo menos, uma viagem por ano e isso tornou as viagens como parte da minha rotina, como algo que eu quis continuar a fazer já crescida e como uma prioridade da minha vida. Penso que cresci com um espírito semelhante ao dos meus pais: o importante não é ter uma casa enorme, um plasma caríssimo, 12471240 canais de televisão, ou um carro novo a cada 5 anos. Não tínhamos nada disso, tínhamos uma vida normal, sem grandes luxos porque esses pouco nos dizem, mas viajando todos os anos.

    Agora que já sou independente dos meus pais, que trabalho e tenho o meu próprio salário, os luxos continuam de parte e as viagens são uma prioridade na mesma. Trabalho em Lisboa e tenho os tais 22 dias de férias por ano, por isso as viagens que faço têm sido apenas na Europa, mas em breve quero começar a explorar outros destinos.

    Algo que faço todos os anos é ver em que dias calham os feriados. Se os houver à 6a ou à 2a, posso planear viagens dentro da Europa para cidades que possa conhecer em 3 dias. Também posso tirar férias nessas “semanas mais curtas” e gastar menos dias para aproveitar mais tempo. Tenho um método muito semelhante ao teu de procurar voos e viajo quase sempre em low-costs, fico em hostels, levo sandes ou outra coisa para o primeiro dia, uso transportes públicos, etc. De modo que não me fica custoso viajar!

    Também tenho esses amigos e conhecidos que pouco ou nada viajaram e que se queixam constantemente que gostaria de o fazer, comentando as minhas viagens com o “boa vida!” ou “quem me dera!”. Mas são esses mesmos amigos que saem todas as 6as e sábados à noite, que almoçam fora todos os dias (em vez de levar a marmita para o trabalho), que andam sempre de carro, que fumam… que, quando viajam, ficam em hotéis, andam de táxi, compram voos caros. É mesmo uma questão de prioridades! Eu não questiono as deles, mas não gosto de me sentir como se fosse uma “magnata” quando faço em viagens coisas que se calhar eles não seriam capazes de fazer (como ficar num hostel em Dublin num dormitório com 16 camas onde paguei apenas 10€ por uma noite, com pequeno-almoço incluído).

    Outros amigos, apesar de não criticarem, não viajam de todo e têm outras prioridades (tipo fazer a vida que disse acima e passarem as férias todas seguidas sempre nos mesmos sítios, tipo Algarve em agosto). Também não critico, simplesmente sinto uma diferença tão grande entre nós no que a este aspecto diz respeito, que raramente falamos de viagens. Por isso gosto de ler os teus relatos e ver os comentários de outros leitores, que sinto que têm uma visão semelhante à minha e que percebem verdadeiramente o que é ter este bichinho das viagens e isso ser aquilo que realmente nos importa (e não o tomar o pequeno-almoço fora de casa ou ter um iphone com 417478 aplicações eheh).

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    • Olá Mariana. Obrigado por partilhares a tua experiência. Beijo grande e boas viagens!

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  24. Sou brasileira, moro no Rio, uma das cidades mais caras do mundo e viajo pelo menos 2 vezes por ano. Ouço constantemente que “finjo” que não tenho dinheiro, mas que na verdade sou rica porque vivo viajando. E sempre respondo exatamente como você escreveu, Filipe: eu faço opções. Não tenho carro, não ando de táxi, faço freelas, trago meu almoço para o trabalho, resisto ferozmente às tentações do consumismo. Ou seja, meu único “luxo” é viajar!
    Muito bom, adorei.
    Um abraço

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  25. Calhei de “tropeçar” nesta crónica numa das várias idas diárias ao Facebook. Nem de propósito! Para além de muito bem escrito, toca num assunto muito interessante, principalmente na altura do ano em que estamos (em que o tema “viajar” ou “passar férias” aparece quase sempre nas conversas). De facto, tenho de concordar que “viajar não é coisa de ricos”. Temos é de saber adaptar as viagens à nossa carteira, evidentemente. É uma questão de contas (bem feitas) e números. Exemplo: eu não ganho muito acima do salário mínimo nacional, logo não é exequível querer passar 1 semana no Burj Al Arab em Dubai a cada dois anos, por exemplo. Por outro lado, se eu quiser revisitar a Rússia este ano (já lá estive e adorei!) e até mesmo embarcar na jornada do comboio Transiberiano, é uma questão de fazer contas, planear muito bem o percurso, e trabalhar (leia-se, poupar) para chegar à altura e ter aquele dinheiro de lado para gastar na viagem. Pronto, gasta-se o dinheiro e concretiza-se um sonho. Faz bem conhecer outro país mesmo que por alguns dias, conviver com outros povos, experimentar um bocadinho deste nosso mundo, que é enorme e tão diversificado! Felizmente, já tive a oportunidade de passar alguns meses no estrangeiro (em estudo e em trabalho) e, apesar de nem tudo ser positivo (nunca é), sempre tive muitas mais experiências positivas de toda a “jornada” do que negativas.

    No entanto, e para não tornar isto um comentário demasiado longo, gostava de focar um ponto importante que, confesso, não sei se já foi abordado pelo Filipe ou por outros (mea culpa, ainda não explorei o site como deveria, mas já está nos favoritos!). Viajar sozinho. Não tendo a companhia de outra pessoa para ir (amigo, companheiro, familiar, etc.), será que viajar sozinho é uma opção que torna a viagem mais ou menos agradável? Há quem defenda que se deve viajar sozinho, nem que seja de vez em quando, para testar os limites da pessoa, como há quem defenda que nunca se deve viajar sozinho, mas sempre na companhia de alguém, pois desfrutar-se melhor da experiência e, também, para ajudar em qualquer eventualidade. Gostava de deixar aqui essa pergunta ao Filipe, e a quem mais queira responder. Viajar sozinho, sim, não, irrelevante? Isso influencia as escolhas de viagem, impede ir a algum lado, motiva mais? :)

    Novamente deixo os meus parabéns pelo texto e irei continuar a explorar o site!

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    • Olá Mário,
      Muito obrigado pelo comentário e partilha de experiência.
      Sobre viajar sozinho, nada melhor que começares por ler este texto: Não tenhas medo de viajar sozinho.
      Grande abraço e boas viagens.

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  26. Também gostava de um amigo que me fizesse um convite desses, normalmente sou eu que o faço e ninguém alinha. Quanto a viajar sozinha para esses sítios exóticos que eu pessoalmente adoro, é complicado quando se é mulher, infelizmente quer se queira quer não é muito diferente. Principalmente em paises onde os direitos das mulheres são muito primitivos :s

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  27. Parabéns pelo texto.
    Depois de ler quase todos os comentários, Lembrei-me de uma frase que ouvi há uns anos: “Tens a vida que queres ter”!!
    E isso aplica-se a todos nós. Tanto aos que tomam a coragem de tomar as rédeas da sua vida e começarem a fazer o que realmente gostam, como viajar por exemplo, tendo ou não dinheiro, como para aqueles que em vez de o fazerem, preferirem queixar-se daquilo que acham que nunca vão conseguir fazer, porque não têm dinheiro, por isto e por aquilo….
    A mudança e sair da zona de conforto para o incerto…mete medo e não é fácil..
    Muitos parabéns pelas crónicas que vou seguindo sempre que posso.
    Continuação de boas viagens.

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  28. Amei o texto, acabei de chegar de uma viagem de quase 8.000 km de SP ao Ceará com paradas pelo nordeste brasileiro e realmente não queria ser rico, só queria dinheiro e tempo o suficiente para ter parado em outros lugares lindos que vi dentro do carro mesmo… e nesse caso o ter um pouco mais de condições ajudaria a não ter que ficar escolhendo a pousada mais em conta, etc… mas quem puder, viaje para qualquer lugar… conheça o Brasil vale a pena, mesmo se revoltando com algumas coisas tristes de condições de estradas e outras coisas inevitáveis de se ver.

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  29. 6€ por dia na Ásia Sudeste. Comer fora todas as refeições. Não inclui viagens. Mas autocarros e comboios muito baratos.

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  30. Adoro viajar e faço tudo o que é necessário para conseguir realizar os meus sonhos. Prefiro comprar só o necessário para viver e assim viajar várias vezes no ano. Agora que estou aposentada é tudo muito mais fácil. Não tenho de cumprir horários e posso sempre viajar em épocas mais baixas para países cujo clima é o oposto do nosso.

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  31. De facto a expressão tão habitual do “quem me dera” é tão sem sentido. Lembro-me que minha primeira grande viagem com a minha esposa foi à Malásia durante 3 semanas. Quando as pessoas ficaram a saber do nosso destino e o tempo de viagem, imediatamente comentaram que éramos ricos e tudo mais. Ao qual respondia, E tu qto gastaste na tua semana de férias no Algarve? As pessoas não têm a noção de qto custa uma viagem de avião na Ásia, uma refeição em Marrocos, ou um bilhete de comboio. Falta-nos abrir horizontes, isso sim. Quantos não são os nórdicos a viajar com bebés, quase recém nascidos? A minha filha na sua primeira viagem com um ano e 3 meses para a Croácia teve uma otite, mas td se resolveu temos é de precaver estas situações. Doentes tds nós podemos ficar, se eu já estive com febre de 40 graus e não desisti Viajar com crianças não é um bicho de sete cabeças, temos de adaptar as coisas e o ritmo certamente não será o mesmo. Boas viagens a todos

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  32. Concordo completamente que “há que fazer opções para que uma grande viagem seja exequível. E, quase sempre, optar implica deixar de ter ou fazer coisas de que gostamos em nome de um objetivo maior: no caso, conhecer o mundo, viajar”. E que a viajar é o momento e a forma de bem conhecer os amigos.

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  33. A maioria dos sites de viagem só mostram hotéis de luxo onde a diária é o valor do meu salário, mas se a pessoa pesquisar direito verá que é possível viajar com conforto dentro do orçamento.

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  34. Gostei imenso deste texto! Eu sou uma “velha” de 67 anos, reformada e faço dois tipos de viagens:
    Pela Europa, com o meu marido e aí as viagens são por sítios que escolho com mais cuidado, em termos de hotéis, restaurantes, etc, embora não sejam, de maneira alguma, de luxo.

    Fora da Europa (sou uma apaixonada pela India!!) com um grupo de amigas e podem fazer-se viagens com pouco dinheiro, é realmente uma questão de escolha (um excelente e copioso almoço em Khajuraho por €0,87…) e de organização (comprar os bilhetes de avião com tempo, ter paciência para procurar bem os hotéis).
    Em meados de Abril vou ao Irão com o tal grupo de amigas – os bilhetes estão comprados desde Setembro de 2017… (Filipe, descobri hoje por acaso a “Alma de Viajante” e já estou a “cuscar” os seus textos sobre este país!
    Enfim, compreendo que mesmo fazendo algumas “escolhas” há muita gente que não pode MESMO dispor de dinheiro para viajar, por muito pouco que seja…
    Mas os que podem dar um saltinho aqui ou ali, FORÇA! Sabemos lá o que nos acontece amanhã? Por isso, aproveitem! Divirtam-se!

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  35. Excelente reflexão, e que infelizmente se aplica a muita coisa na vida! A maioria das pessoas diz que quer muito isto ou aquilo mas na realidade não fazem nada para alcançar o que “querem”. Aplica-se a mudar de emprego (querem muitooo, mas é difícil e então nem currículos enviam), sair de casa dos pais (querem tanto tanto mas o mercado está tão complicado que nem procuram casa), viajar (querem imenso umas férias nas Maldivas mas não se dignam a poupar 1 cêntimo para o conseguirem), a mil e uma coisas. E quanto às viagens, se o que interessa é a experiência, passam-se alguns “sacrifícios” para isso. Ninguém morre por dormir num hostel ou passar umas horas num autocarro velho, a caminho de alguma localidade espectacular num país novo e exótico. Nem ninguém morre por passar uns meses a poupar para as férias num resort 5* nas Caraíbas, se for isso o que se quer. Tal como o Filipe diz e muito bem, chega é de arranjar desculpas para não fazermos o que nos faz felizes.

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  36. Olá Filipe,

    Estou a planear a minha viagem de vida, de Portugal à Ásia, a pé.
    A minha dúvida é, como é que o Filipe faz para dormir todas as noites? Dormir todas as noites em hostels ou hotéis não fica muito dispendioso? E marca com antecedência os hostels ou por norma este serviço oferece vaga no momento?

    Muito Obrigado,
    Continuação de um bom trabalho!

    Bruno Miguel

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    • Numa viagem desse género não há como marcar hostels com muita antecedência. Veja na véspera ou assim, porque os planos vão estar sempre a mudar. Para poupar dinheiro no alojamento, há naturalmente a muito recomendável opção do Couchsurfing.

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  37. Muitas verdades mas de facto não cobre todos os casos. Viajo com os meus filhos pois sei que das melhores coisas que lhes posso dar são experiências e vivências que só o viajar traz. No entanto são 4 bilhetes de avião, 4 barrigas para alimentar e algumas das coisas que fazia quando era só eu a viajar agora já não as posso aplicar, como saltar refeições, dormir nas estações, etc.
    Evidentemente que não deixamos de viajar; antes da pandemia fomos todos à Islândia percorrer a costa sul e posso dizer que não é viagem para qualquer bolso, não somos ricos e poupamos para ela. Mas noto que algumas das viagens que gostaria de fazer são irrealistas face aos ganhos/custos de vida.

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