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Coisas que eu diria a quem planeia fazer a primeira grande viagem

Por Filipe Morato Gomes | Inspiração
Atualizado em 13.12.2022 | Tempo de leitura: 8 minutos

Primeira grande viagem - Deserto do Sahara

A ideia de viajar pelo mundo pode parecer assustadora. Sei do que falo – lembro-me de ter lágrimas nos olhos no aeroporto de Amesterdão, quando esperava por um voo de ligação no início da minha primeira volta ao mundo. Foi o momento em que me “caiu a ficha”, em que realmente interiorizei que ia mesmo viajar pelo mundo, sem data de retorno definida, sozinho. “Filipe, tens a certeza disto?”, perguntei-me. “Será que sei onde me vou meter?”. E todas as incertezas se apoderaram de mim.

Eu achava que estava preparado. Tinha planeado a viagem durante meses a fio, trabalhado dia e noite para poupar o máximo dinheiro possível e lido relatos de muitos outros viajantes – a começar pelo Vaganbonding do jovem jornalista Mike Pugh, um dos primeiros blogs de qualidade de uma volta ao mundo e a minha grande inspiração da época. Ainda assim, naquelas horas de espera no aeroporto, parecia meio perdido. “Será que fazer esta viagem é a decisão certa?”

Catorze meses depois, chegava a casa com a certeza de ter empreendido a mais fantástica experiência da minha vida. No regresso, tomei algumas decisões importantes que mudaram o curso da minha história. Sim, a volta ao mundo mudou completamente a minha vida. Para melhor. Hoje, sou uma pessoa mais feliz.

Estas são algumas das coisas que gostaria de ter lido antes de partir. Talvez lhe sejam úteis.

1. Não tenha medo

Acredite em mim: as pessoas são boas em todo o mundo. É até provável que, nos países que têm o rótulo de “perigosos”, conheça as pessoas mais hospitaleiras do planeta.

Mesmo que os pais ou amigos lhe chamem “maluco” e não o apoiem, parta. Porque “maluco” é quem não se dá a oportunidade de ganhar mundo, quem nunca sai da sua “zona de conforto” por receio do desconhecido. “Maluco” é quem não se desafia, quem não arrisca.

Não tenha medo, que o mundo está à sua espera. Vai ser bem recebido em quase todos os lugares, vai fazer novas amizades, vai sentir na pele a hospitalidade desinteressada de pessoas estranhas. Vai ser feliz. Vai aprender a conhecer-se melhor. Vai ter dias maus, é certo, mas serão a minoria. Até porque é melhor ter um dia mau numa montanha nepalesa ou numa praia filipina do que fechado num escritório.

Interiorize esta ideia: não é preciso coragem para viajar, apenas vontade (e um seguro de viagem).

2. Leve pouca coisa

Na longa viagem que referi acima, ao fim de poucos meses enviei para casa, por correio, um pacote cheio de coisas que se revelaram desnecessárias. Poupe-se a esse trabalho e, simplesmente, não as leve.

É um facto que, em viagem, não precisa de muitos pertences. E quanto maior for a sua bagagem, maior a tendência para levar coisas de que não precisa. Por isso, compre uma mochila pequena [ver dicas para escolher uma boa mochila] e abafe a tentação – compreensível – de levar algo apenas porque “pode vir a precisar”. Ou “pode ser útil”. Não vai ser. E mesmo que em determinado momento da viagem precise de algo específico – um saco-cama zero graus ou roupa técnica para fazer um trekking nos Annapurnas -, haverá sempre onde alugar ou comprar, e provavelmente mais barato do que no seu país de origem, seja ele Portugal ou o Brasil.

Se as t-shirts ficarem velhas e rotas, compra novas numa feira ao preço da chuva. Se o casaco polar ficar inutilizado, arranjará outro agasalho sem problema. O calçado, idem. Basta pensar que há pessoas em todos os países, o que quer dizer que há sempre roupa à venda. E medicamentos. E comida. E tudo o que possa vir a precisar. Parece óbvio? E é. Mas a verdade é que não é fácil resistir à tentação de encher a mochila de coisas desnecessárias, just in case, e, com isso, carregar às costas peso em excesso. Não caia nesse erro.

3. Viaje devagar

Como já aqui escrevi, viajar devagar é provavelmente o conselho mais precioso que posso dar a quem se inicia nas viagens. Resista à tentação de entrar no “jogo dos carimbos”, de querer visitar 10 países em 2 meses ou algo do género. De viajar para colecionar carimbos no passaporte.

Viajar não é uma competição, é uma experiência de vida. Vai ver que, se der oportunidade aos lugares, vão acontecer coisas muito mais enriquecedoras do que viajando a correr. E ainda poupa dinheiro com isso. Sim, mais vale conhecer bem um país, região ou aldeia, embrenhar-se na cultura e quotidiano locais, do que passar pela rama de 5 ou 6 países. Já sei o que está a pensar: quer “aproveitar ao máximo” a viagem, e isso implica ver o maior número possível de países, de lugares. É mentira: também aproveita ao máximo se conhecer em profundidade os destinos, se fizer amizades entre os habitantes locais, se se der a oportunidade para viver os lugares, não apenas vê-los. E isso só se consegue viajando devagar.

Quando lhe perguntarem quantos países já visitou na sua viagem, diga com orgulho que foram “poucos”. Sim, orgulhe-se de viajar devagar e não sinta inveja dos colecionadores de carimbos.

Nota: na Expo 98, enquanto esperava nas filas para visitar os pavilhões dos países, havia pessoas que não ficavam nas filas, entravam num determinado pavilhão direto à “receção” para carimbar o “passaporte” que havia na Expo, e depois saíam. No final do dia, podiam até dizer e provar e gabar-se que tinham estado em todos os países, mas a verdade é que não tinham visto absolutamente nada do que estava lá dentro. Eu não visitei todos os pavilhões; mas os que vi, vi mesmo.

4. Não se sinta culpado por “não fazer nada”

Quando viaja por períodos de tempo mais longos, necessita de parar de vez em quando. Para “respirar”. Para descansar. Simplesmente porque sim. Não tenha a tentação de ver e fazer coisas o dia todo todos os dias durante meses a fio, porque momentos haverá em que só lhe apetece ficar relaxado numa praia a lagartar, a conversar na sala comum de um hostel, a ler um livro num parque ou esplanada, a não fazer nada. Não se sinta mal por isso. Precisa desse tempo para continuar a aproveitar a viagem ao máximo.

Quando a viagem passa a ser a sua rotina, mudando de lugar a cada três ou quatro dias e, de permeio, visitando monumentos, palácios, complexos arqueológicos, praças, ruelas e museus, fazendo trekking, mergulho ou o que seja, vai sentir a necessidade de não fazer nada. É normal. Não sinta que está a “desperdiçar tempo” – isso não é verdade. Está apenas a quebrar a rotina e a descansar. Tal como faz em casa ao fim de uma semana de estudo ou trabalho intenso.

5. Deixe a timidez em casa

Encetar conversa com um estranho não é um ato normal. Não dizemos “bom dia” às pessoas que viajam connosco no autocarro ou no metro a caminho da escola ou do emprego, nem temos por hábito começar a falar com os vizinhos da mesa ao lado num café ou restaurante.

Para muita gente, aliás, a timidez é uma barreira aparentemente inultrapassável. São pessoas até muito sociáveis se alguém der o primeiro passo, mas que ficam na sombra se ninguém “quebrar o gelo”. Bem sei que é preciso “coragem” para falar com estranhos, e esse é precisamente o desafio que lhe lanço: não tenha medo de falar com outros viajantes nos hostels, de cumprimentar os empregados do café, de falar com quem está ao seu lado no autocarro. Vai ver que terá muito a ganhar com essa sua atitude.

E, se algum dia se sentir farto da conversa típica do backpacker, fale com os habitantes locais. Porque o mais provável é que as melhores experiências de viagem nasçam desses encontros fortuitos. Porque um “olá” pode mudar a sua viagem – e a sua vida – para sempre. E se o convidarem para fazer coisas, aceite.

6. Controle o orçamento, mas não seja o mais forreta dos viajantes

Já aqui escrevi que não é preciso ser rico para viajar. Poupe dinheiro, controle o seu orçamento, mas não deixe de fazer coisas ou visitar lugares únicos apenas porque é preciso pagar. Se acha que não tem dinheiro suficiente, adie a viagem por uns meses, faça uns biscates para juntar mais dinheiro, ou parta já com a ideia de ir trabalhando durante a viagem.

Não estou a dizer para gastar centenas de euros a fazer skydiving na Nova Zelândia, nadar com tubarões-baleia na Austrália ou ver gorilas de montanha no Uganda. Nada disso. Escolha destinos compatíveis com o seu orçamento, mas não deixe de visitar Angkor Wat quando estiver no Camboja apenas porque o passe de 3 dias custa 40USD; não deixe de visitar um museu que queria muito conhecer só porque a entrada não é gratuita; e não deixe de comer esporadicamente num restaurante melhor porque gasta 3€ em vez de 1€.

Em viagem, comer bem ou dormir num hotel melhorzinho de vez em quando são pequenos luxos que o seu corpo e alma vão agradecer. Porque é importante estar bem, feliz, motivado.

No fundo, selecione com critério onde vai gastar o seu dinheiro, mas não deixe de aproveitar a viagem. Resista à tentação de pensar que “um dia vais voltar” e fazer tudo o que deixou por fazer, porque o mais provável é que, na maioria dos lugares por onde passa, isso nunca venha a acontecer. E não fique ciumento se alguém lhe disser que só gasta 8 ou 10 dólares por dia, dorme em tendas todas as noites e cozinha as suas próprias refeições ou come sandes o dia todo. [leia também o texto Quanto custa uma volta ao mundo]

Seja consciente na forma como gasta o seu orçamento – negoceie os preços, não se deixe enganar, evite os restaurantes, lojas e cafés junto aos locais mais turísticos – mas não seja o mais forreta dos viajantes. Depois de duas semanas em camaratas, durma num quarto privado. Depois de dias a fio a sandes ou street food, entre num restaurante. Depois de muito tempo a poupar nas saídas à noite, vá beber uma cerveja com alguém a um bar ou discoteca. Controle o orçamento, mas não se maltrate. Para que a sua experiência de viagem seja ainda mais memorável. Ou, como se diz numa publicidade, “porque tu mereces”.

7. Não siga o Lonely Planet à risca

É importante planear, quanto mais não seja para não cumprir o plano. Dá um certo conforto mental saber que temos um plano; ter um itinerário definido, quantos dias queremos ficar em cada local, uma ideia das melhores opções para dormir, como viajar entre um e outro. Planear é, aliás, um dos grandes prazeres antes de partir.

Mas, uma vez na estrada, use os guias de viagem com parcimónia – são úteis, por exemplo, para estudar os mapas à chegada a uma nova cidade e saber para onde tem de ir, evitando dar o ar de turista perdido. Mas, mesmo para isso, agora há o Maps.me.

Não cometa o erro de só ir almoçar aos restaurantes referenciados, de só visitar o que aparece no guia, de só dormir num hostel se aparecer no Lonely Planet. Em vez disso, ouça os conselhos de outros viajantes, dos habitantes locais, dos funcionários do seu hotel. Porque é muito provável que as suas sugestões sejam melhores e mais atuais do que o que está escrito no Lonely Planet.

E dê-se oportunidade de explorar um país, uma cidade, ao sabor dos seus instintos; sem ser condicionado por um guia de viagem. Não olhe para o que outros escreveram – eu incluído – como sendo a única possibilidade, o único itinerário.

Porque esta é a sua viagem. E pode fazer dela o que quiser!

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Sobre o autor

Filipe Morato Gomes, blogger de viagens

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

Tenho 52 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

Mais recentemente, abracei um novo desafio chamado Rostos da Aldeia, onde se contam histórias positivas sobre as aldeias de Portugal e quem nelas habita.

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