O meu roteiro omanita contemplava um dia para explorar a zona montanhosa de Jebel Shams, incluindo duas das mais belas e intrigantes aldeias de adobe de Omã: Misfat Al Abriyeen (também conhecida como Misfah) e Al Hamra.
Assim, uma vez terminado o trekking no Balkony Walk, voltei a descer pela mesma estrada rumo a Al Hamra, mas não parei na aldeia nessa altura. Primeiro, fui visitar Misfat Al Abriyeen.
A aldeia Misfat Al Abriyeen
Misfat Al Abriyeen é uma pequena povoação montanhosa localizada a 1.000 metros de altitude, com uma interessante fusão entre os velhos tempos e a modernidade.
É uma aldeia muito fértil, porventura fruto do incrível sistema de irrigação tradicional, denominado falaj, comum a várias outras aldeias de Omã – como Birkat Al Mouz -, que a UNESCO classificou como Património da Humanidade.
Apesar da proximidade de Nizwa, o ambiente é totalmente rural. Para além do palmeiral, das plantações de bananas, papaias, romãs e mangas e dos pequenos becos e vielas de Misfat Al Abriyeen, o que mais me fascinou foi a serenidade da aldeia. Isso e, claro está, as casas de adobe e tijolos de argila abandonadas.
Tenho uma atração inexplicável pelo adobe. Adoro caminhar por ambientes criados com aquele material natural e monocromático; como se houvesse um misticismo intrínseco à mistura de argila e palha usada durante milénios em locais como as mesquitas de Djenné, no Mali, e Bobo Dioulasso, no Burkina Faso; a cidadela de Bam, no Irão; o complexo arqueológico de Chan Chan, no Peru; a incrível cidade de Shibam, no Iémen; ou o belíssimo ksar de Ait-Benhaddou, em Marrocos.
Misfat Al Abriyeen é mais modesta, é certo, mas igualmente fascinante. Muitas das casas de adobe foram construídas em cima de fundações rochosas, que lhe transmitem uma altivez apenas beliscada pelo facto de boa parte estar totalmente em ruínas.
Descendo até à base da aldeia, junto ao palmeiral, avistei à minha esquerda as primeiras marcações do trilho W9. Aproximei-me.
Trekking W9
O W9 é um percurso linear que liga Misfat Al Abriyeen ao ponto onde se encontram os trekkings W8 e W10a. O desnível ronda os 1.050 metros positivos, até atingir o topo de planalto, no alto dos seus 2.000 metros. O grau de dificuldade é, por isso, relativamente elevado.
Não tinha tempo para fazer a totalidade do W9, seguramente um dos melhores trekkings de Omã. Mas, estando em Misfat Al Abriyeen, local onde o percurso começa, não resisti a percorrer o início do trilho.
Desviando-me de um falaj onde um letreiro pedia aos homens para não avançarem (zona de banhos só para mulheres), caminhei por um percurso devidamente assinalado ao longo do palmeiral. Burros carregados com grandes sacos brancos cruzaram-se comigo várias vezes, em grande velocidade, conduzidos por rapazes jovens que corriam atrás dos animais.
Adiante, o oásis terminou e o declive do trilho foi aumentando. Caminhei mais um pouco, até que decidi voltar para trás, consciente de que estava a abandonar uma das melhores caminhadas do país.
O objetivo era visitar Al Hamra com as cores quentes do entardecer.
Al Hamra
Cheguei a Al Hamra com o objetivo de conhecer a zona velha da cidade, integralmente construída em adobe.
Tinha lido no blog da Carla Mota que em Al Hamra havia um museu que permitia conhecer o modo de vida tradicional omanita; mas na verdade não o encontrei. Talvez estivesse fechado dado o adiantado da hora; ou então não procurei o suficiente.
Estava verdadeiramente cansado. Depois de completar o trekking no Balkony Walk, de visitar Misfat Al Abriyeen e de fazer o início do trilho W9, as forças não deram para muito mais.
Regressei ao carro e rumei por fim à aldeia de Birkat Al Mouz, a base escolhida para explorar as montanhas Jebel Shams. Tinha sido um dia intenso, preenchido e cansativo, mas fabuloso.
Guia para visitar Misfat Al Abriyeen e Al Hamra
Como chegar
Sendo os transportes públicos virtualmente inexistentes, alugar um carro é fundamental para explorar a região montanhosa de Jebel Shams. Incluindo visitar as aldeias de adobe de Al Hamra e Misfat Al Abriyeen.
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Onde ficar
Nizwa é uma base conveniente para explorar toda a região de Jebel Shams e, caso seja essa a sua opção, recomendo os hotéis Al Diyar Hotel e Golden Tulip Nizwa (com piscina, o que é sempre agradável no fim de um dia de calor intenso).
Se preferir ficar na aldeia de adobe de Misfat Al Abriyeen, existe uma guesthouse acolhedora junto ao palmeiral, onde julgo ser magnífico ficar alojado. Chama-se Misfah Old House e tem muito bom aspeto. Apesar da aldeia ficar sem vida ao final da tarde, vale com toda a certeza a experiência!
Seguro de viagem
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