Regressei há poucas semanas de mais uma viagem ao Irão, na pele de líder de viagens ao serviço da agência Nomad. Foi a vigésima!
Quando comecei, não havia líderes de viagem em Portugal. Tudo era desconhecido e apaixonante ao mesmo tempo. “Ser líder Nomad não é só uma profissão, é um modo de vida repleto de afetos e amizades, rodeado de companheiros inspiradores, apaixonados pela Natureza, pelas montanhas e caminhadas, pelas viagens, por uma vida ativa e sustentável”, escrevi na altura.
Hoje, passados 10 anos desde que entrei para a agência, continuo a pensar exatamente da mesma forma.
Sou o líder mais antigo da Nomad e, ao longo de todos estes anos, tive oportunidade de partilhar a minha paixão pela viagem, no terreno, com mais de duas centenas de pessoas; primeiro na fascinante Mongólia, a que um dia chamei a “terra do nada“, depois no meu querido Irão, o país mais “perigoso” do mundo.
Contribuí para que alguns viajantes ganhassem confiança e começassem a viajar de forma independente. Inspirei gente. Vi crescer amizades sinceras dentro dos grupos. Ajudei líderes jovens e talentosos a crescer na profissão. E fiz o que pude para que alguns viajantes concretizassem sonhos de uma vida.
Jamais esquecerei, por exemplo, os olhos humedecidos de uma viajante madura, no final de uma viagem em que por mais do que uma vez adaptei o programa, com a cumplicidade do grupo, para que pudesse concretizar alguns dos seus desejos mais intensos, enquanto me dizia: “Obrigado, Filipe; regressar aqui era um sonho com muitas décadas, obrigado, obrigado, estou tão feliz!”
Dei muito de mim, é certo. E tive alguns momentos menos bons, claro (como quando abandonei o meu filho recém-nascido na maternidade). Mas o melhor de tudo é que recebi tanto ou mais do que aquilo que dei.
Integrei uma família de gente boa. Convivi com pessoas incrivelmente talentosas e inspiradoras. Alarguei horizontes com quem, dentro da agência, tem a capacidade de ver sempre um pouco mais longe. Fiz dezenas de amigos. Diverti-me. E amadureci como ser humano.
O problema é que tudo isso tem um preço.
Já aqui escrevi sobre a minha dificuldade em conciliar a paixão pelas viagens com a vida familiar. E, para quem conhece um pouco da história do Alma de Viajante, sabe que tenho apostado cada vez mais no blog como sendo a minha profissão.
Ora, a vida é feita de opções. E continua a ser humanamente impossível conciliar tudo de forma harmoniosa: o trabalho de líder Nomad, as viagens solitárias para produzir conteúdos aqui no blog, as viagens em família nas férias escolares, e a própria vida amorosa e familiar.
Tinha, pois, de começar a gerir melhor o tempo que tenho disponível para viajar.
Há tempos, depois de muita reflexão, assumi-me como blogger de viagens. Desde esse momento, essa é, assumidamente, a minha profissão. É certo que ser líder Nomad continua a dar-me prazer; mas, com toda a sinceridade, já não tenho o mesmo brilho nos olhos sempre que aterro em Teerão. Por tudo isso, este é o momento para deixar de ser líder Nomad.
Não sei se algum dia voltarei a partilhar partes do meu mundo com viajantes sedentos de novas experiências. Por agora, prefiro pensar que não, para não ter de lidar com a frustração caso isso não aconteça.
Continuarei, como sempre, com o coração na Nomad e disponível para o que for preciso. Continuarei a passar algumas manhãs no Manifesto a trabalhar. Continuarei a vibrar com o sucesso da agência. A ver os novos líderes crescerem e tornarem-se muito melhores do que alguma vez fui.
É tempo de dizer khoda hafez, Irão. Porque a vida é feita de opções.
Khoda hafez quer dizer “adeus” em farsi.
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