Eu, ignorante me confesso, desconhecia por completo a existência de levadas na Serra da Gardunha.
Sou um grande fã das caminhadas pelas levadas na Ilha da Madeira e já percorri boa parte delas em duas viagens que fiz ao arquipélago, incluindo a Levada das 25 Fontes, a Levada do Caldeirão Verde e, mais recentemente, a pequena e fácil Levada dos Balcões. Na Serra da Gardunha, no entanto, nunca tinha feito nada semelhante.
Caminhando pela Rota dos Castanheiros (PR9 – FND)
Pouco tempo depois de chegar à unidade de turismo rural Cerca Design House, onde me alojei, já a tarde ia a meio, fui com os meus filhos combater o calor abafado da Beira Interior em pleno verão para a piscina do alojamento. Assim que ficou mais fresco, partimos.
O pessoal do hotel tinha-me desafiado para fazer um passeio nas redondezas que passaria por uma levada chamada Levada de Chãos, nome da aldeia onde me encontrava na Serra da Gardunha. Naturalmente, aceitei, sem fazer ideia do que iria fazer (“why not?” continua a ser a minha expressão favorita em viagem).
Os promotores do turismo rural estão a tentar dinamizar passeios locais em torno da aldeia. Há já alguns percursos pedestres marcados, integrados nas chamadas Rotas da Gardunha. Eu fiz uma pequena parte de um percurso pedestre maior denominado Rota dos Castanheiros (PR9 – FND), maioritariamente ao longo da levada que passa, ela própria, pela homónima aldeia de Chãos.
O percurso completo tem 13 km de extensão e duração aproximada de quatro horas, mas eu estava acompanhado por um bebé de dois anos e não trouxera o marsupial, pelo que fiz uma versão reduzida, maioritariamente ao longo da levada.
A Rota dos Castanheiros apresenta um conjunto de paisagens unificadas pela presença e pela memória da árvore identitária e emblemática do Fundão: o castanheiro. Árvore “pão”, durante séculos enraizou-se na encosta Norte da Serra formando um dos primeiros soutos nacionais. Esta espécie atesta-se documentalmente na Gardunha desde o século XIII. Ecoa na tradição que D. Dinis terá mandado reflorestar esta fronteira verde da Cova da Beira. Espaços humanizados construídos durante várias épocas pelos saberes e pelas vontades das comunidades que juntam, no mesmo horizonte, as funções produtivas da paisagem e as memórias das encostas verdes traduzidas nos topónimos soutos (conjunto de castanheiros) e as materialidades da religiosidade das terras.
O percurso unifica duas aldeias, Donas e Alcongosta, cuja história e património identificam o território serrano. São povoações que nos remetem para a paisagem medieval beiroa. Alcongosta antiga “aldeya de congosta” (congosta = caminho apertado) constitui um topónimo que nos remete para um caminho milenar ainda hoje visível que atravessava a Serra unindo o norte da Beira com as terras do Sul. Donas, aldeia vetusta que mergulha as suas origens na medieval e misteriosa aldeia de abade.
Como disse, fiz apenas uma pequena parte do percurso. Mas deu para perceber tratar-se de um passeio muito agradável para uma tarde amena de Primavera ou Outono. Duvido que encontre outros caminhantes ao longo da caminhada, mas vi várias marcações pedestres das Rotas da Gardunha pelo que é provável que o percurso esteja bem marcado em toda a sua extensão.
Guia prático
Onde dormir
Para aproveitar ao máximo a viagem até à Serra da Gardunha, é fundamental pernoitar pelo menos uma noite na região.
Eu sugiro o Cerca Design House (Donas) ou o Natura Glamping (Alcongosta) para estadias diferenciadas; mas existem várias unidades de turismo rural e hotéis muito recomendáveis, mesmo na cidade do Fundão – uma boa base para explorar a Serra da Gardunha.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.