Porventura a surpresa maior do meu roteiro pelo Centro de Portugal focado no Património, visitar o Mosteiro de Coz enriqueceu um dia já de si recheado de locais de grande relevo histórico.
Conhecia o Mosteiro de Alcobaça e o Mosteiro da Batalha, obras-primas da arquitetura gótica e manuelina; mas sobre a abadia de Coz nada sabia. E assim, por desconhecimento absoluto da minha parte, fui totalmente surpreendido desde o momento em que conheci Eurico Leonardo, o meu anfitrião na aldeia de Coz.
Neste texto, partilho um final de tarde dedicado a visitar o Mosteiro de Coz, um pequeno tesouro arquitetónico da região de Alcobaça; e o adjacente – e maravilhoso! – projeto Coz’ART. Já lá vamos.
A minha visita ao Mosteiro de Coz
Coz, ao ritmo da vida monástica
“No território de Alcobaça, os primeiros séculos da nacionalidade foram marcados pelos ritmos espirituais e agrários da poderosa Abadia. O lugar de Coz viu surgir uma pequena comunidade monástica feminina, que floresceu em íntima interdependência com as suas monjas. A partir do momento em que são integradas na Ordem de Cister, irão justificar a construção do mosteiro junto à margem esquerda do pequeno rio de Coz”.
As palavras são da Câmara Municipal de Alcobaça, a respeito do Mosteiro de Santa Maria de Coz, que atualmente integra a europeia Rota das Abadias Cistercienses.
No século XVI, o Mosteiro de Santa Maria de Coz tornou-se num dos mais ricos mosteiros femininos desta ordem, em Portugal. Com o seu esplendor artístico barroco, a igreja testemunha a riqueza dessa comunidade.
A paisagem, essa, é profundamente rural, recheada de vinhas e pomares; e onde os aromas de cada estação não deixam dúvidas sobre a vocação agrícola da região. É neste ambiente que se ergue o Mosteiro de Santa Maria de Coz.
O interior do Mosteiro de Santa Maria de Coz
Na companhia de Eurico, fui então visitar o mosteiro. Começámos pela antiga entrada, adjacente ao edifício principal e hoje um pouco degradada, onde se estabeleciam os contactos das monjas cistercienses com o mundo exterior. Pareceu-me interessante, mas nada me preparou para o que iria ver lá dentro.
Antes de mais, é impossível não reparar no altar-mor em talha dourada – que, ao que consta, marcou o início da talha dourada em Portugal.
Mas Eurico falou-me igualmente do trabalho de Josefa de Óbidos, plasmado no quadro O Purgatório, que apreciei; embora o meu pescoço insistisse em se dobrar para contemplar o magnífico teto abobadado, revestido com caixotões de madeira do início do século XVIII decorados com representações iconográficas típicas da espiritualidade cisterciense. Wow!
Separado da zona reservada aos fiéis por uma grade de clausura em talha dourada, entrei então no chamado coro das monjas. O espaço ostenta um belíssimo portal manuelino, ao fundo; e um extraordinário cadeiral de madeira onde as monjas passavam inúmeras horas por dia.
As paredes, essas, estavam totalmente revestidas com azulejos de grande qualidade, em tons de azul e branco, muito semelhantes aos painéis de azulejos que iria encontrar na sacristia – a surpresa maior da minha visita ao Mosteiro de Coz.
Na sacristia, para além dos painéis de azulejos com motivos ligados à vida de Bernardo de Claraval, o maior impulsionador da Ordem de Cister, fiquei boquiaberto, de novo, ao olhar para os seus tetos incríveis.
Visitei outros pequenos espaços do mosteiro, até que Eurico me levou de regresso até à sede do projeto Coz’ART (ART significa “Artesanato Ruralidade Turismo”). Trata-se do local onde se revitalizou a ancestral arte de trabalhar o junco, apostando na produção artesanal das tradicionais Cestas de Coz com recurso a inovação e novas interpretações do design tradicional.
Uma ideia brilhante cujo mentor é, precisamente, Eurico Leonardo!
A tarde preparava-se para desmaiar definitivamente quando, com as pedras monásticas iluminadas pelos últimos raios de sol do dia, me despedi em grande estilo da aldeia de Coz.
Veja também o artigo sobre o que visitar em Alcobaça.
Guia prático
Quando visitar Coz
Em teoria, pode visitar a região de Alcobaça, incluindo o Mosteiro de Santa Maria de Coz, durante todo o ano, mas talvez a primavera e o outono sejam as épocas mais bonitas.
Como visitar o Mosteiro de Coz (horários e preços)
À chegada à aldeia de Coz, dirija-se à antiga adega do mosteiro, onde os habitantes iam fazer o seu vinho (e deixavam uma parte como pagamento às monjas). É a atual sede do projeto Coz’ART, que serve também de receção aos visitantes.
As visitas são guiadas mas gratuitas. Recomenda-se, por isso, marcação prévia através do telefone +351 969 642 970. O Mosteiro de Santa Maria de Coz está aberto de terça a sábado no horário 9:30-12:30 e 14:00-18:00; e ao domingo apenas das 14:00 às 18:00.
Onde ficar
Em Alcobaça, naturalmente, onde não faltam hotéis com excelente relação qualidade/preço. Desde logo, o tradicional Hotel Santa Maria, de três estrelas, que cumpre bem a função e tem uma localização muito central. O mesmo se pode dizer do Hostel Rossio Alcobaça, um alojamento barato para viajantes de espírito jovem.
Mais luxuosos e requintados são os aposentos do magnífico Challet Fonte Nova, uma excelente opção de hospedagem caso possa – e queira – gastar um pouco mais.
Fora da cidade, mas não menos recomendável, o Your Hotel & Spa Alcobaça (antigo Hotel Termas da Piedade) oferece amenidades próprias de um grande hotel (pense em quartos amplos, piscinas e campo de golfe).
Por fim, para uma opção rústica, inusitada e em contacto com a Natureza, considere as deliciosas cabanas sobre estacas do Parque dos Monges. São uma espécie de glamping, sobre o Lago das Freiras, fora do ambiente urbano de Alcobaça.
Note que, como referido, não falta oferta hoteleira em Alcobaça; pelo que, caso estes hotéis não lhe agradem (ou não tenham disponibilidade), pode pesquisar alternativas usando o link abaixo.
Seguro de viagem
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