Gosto de ser surpreendido em viagem. De descobrir lugares únicos sobre os quais pouco ou nada sabia. E foi precisamente isso que aconteceu em Dilijan.
Sabia da existência de excelentes locais para caminhadas no Parque Nacional de Dilijan, no Norte da Arménia, sempre em contacto com a Natureza. Não por acaso, o Trans Caucasian Trail – um trilho de longa distância que está a ser criado nas montanhas da Geórgia e da Arménia – passa por Dilijan. O que eu nunca tinha ouvido falar era do Mosteiro Matosavank, que fica no interior do parque natural. Até este dia.
A surpresa aconteceu durante uma caminhada pelas florestas de Dilijan, ao longo do chamado Trilho dos Mosteiros Medievais. É sobre essa preciosidade histórica, atualmente em ruínas, que hoje escrevo.
A minha visita ao Mosteiro Matosavank
Trilho dos Mosteiros Medievais, em Dilijan
No Parque Natural de Dilijan existe um percurso pedestre chamado Trilho dos Mosteiros Medievais. O trilho tem menos de 4 quilómetros de extensão, com passagem pelos mosteiros Jukhtakvank e Matosavank – dois pequenos mosteiros históricos construídos entre os séculos XI e XIII – em tempos importantes centros culturais da região.
Infelizmente, os edifícios foram sendo reclamados pela Natureza ao longo da inexorável passagem do tempo. Já lá vamos.
A caminhada original acompanha prados verdejantes e caminhos mal marcados com densas copas de olmo e carvalho, muitos líquenes e cogumelos. Mas, diga-se em abono da verdade, acabei por não seguir o trilho religiosamente, andando parte do caminho a corta-mato dentro da floresta. Até porque não havia as habituais marcações para percursos pedestres. [Nota: o Maps.me é uma boa ajuda em situações como esta.]
Ainda assim, o passeio decorreu sem sobressaltos por entre o verde-vivo da floresta, até que me cruzei com um ancião apanhador de cogumelos que, ao que consta, anda sempre pelas colinas de Dilijan em busca dos ditos. Fiquei por minutos na sua companhia e, juntamente com os amigos que me acompanharam na viagem, combinámos que nos venderia uns quantos cogumelos frescos no regresso, para cozinharmos ao jantar.
Adiante, avistei no topo da floresta um edifício engolido pela vegetação. Era o Mosteiro Matosavank, objetivo último da caminhada.
O Mosteiro Matosavank visto por dentro
Segundo informação oficial, o complexo medieval de Matosavank foi construído no ano de 1247, a partir de pedras talhadas e posteriormente revestidas com gesso no interior do edifício.
É composto por uma igreja principal, um pequeno átrio e ainda um depósito de livros, distribuição que confirmei no interior, ainda que com recurso a alguma imaginação. Cada um desses espaços exibe tetos abobadados praticamente intactos.
A entrada estava decorada com vários khachkars (estelas memoriais monolíticas), um elemento característico da arte medieval cristã na Arménia – também conhecido como “cruz arménia”. Não raras vezes, e para além da cruz de pedra, os khachkars ostentam motivos decorativos adicionais, incluindo condecorações, laços e plantas. Era o caso.
Depois de explorar o pequeno Mosteiro Matosavank por dentro, reparei que a orografia do terreno permitia subir à cobertura e, com isso, ter uma visão mais ampla da floresta.
Não consegui avistar o cemitério, localizado nas proximidades, onde consta que existem muitas campas de pedra e vários khachkars, e também acabei por não ter oportunidade de o visitar.
Pouco depois, era hora de voltar a atravessar a floresta, recolher os cogumelos e regressar a Dilijan. Visitar o Mosteiro Matosavank tinha sido uma agradável surpresa no meu roteiro de viagem pela Arménia.
Há uma infinidade de mosteiros na Arménia, cada um com a sua história, o seu estilo, os seus encantos visuais. Para além do Mosteiro Matosavank, conheci também Tatev e Khor Virap. Recomendo todos!
Localização exata do Mosteiro Matosavank: ver no google maps.
Dicas para visitar o Mosteiro Matosavank
Como chegar
A forma mais barata de chegar a Dilijan a partir da capital Yerevan é apanhar uma marshrutka na estação de autocarros do Norte. A viagem dura hora e meia, havendo sensivelmente uma partida por hora. Alternativamente, caso queira ter maior liberdade de movimentos, pode justificar-se o aluguer de um carro.
Onde ficar
Há vários bons hotéis e pousadas de qualidade na povoação de Dilijan, a dois passos do parque natural. Entre eles, um dos melhores e mais originais hotéis em Dilijan é a guesthouse Cozy House (veja as fotos para perceber).
Outras opções fantásticas são a guesthouse Verin Tun; o acolhedor Hotel Casanova Inn; e ainda, com um aspeto mais moderno, o minimalista Hover Boutique Hotel. Ficará bem instalado em qualquer um destes hotéis de Dilijan.
Alternativamente, pode também ficar hospedado na região de Sevan, nas margens do lago homónimo, e visitar Dilijan a partir de lá.
Seguro de viagem
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