
Já aqui contei a história de não me ter apetecido viajar para o Mali e Burkina Faso. Corria o ano de 2007, tinha sido pai pela primeira vez há poucos meses e não tive “coragem” de deixar a minha filha para visitar dois países que queria muito conhecer.
Seriam apenas três semanas de viagem, mas tinha planeado um itinerárto que me permitiria conhecer o básico de ambos os países. Iria voar de Portugal para Ouagadougou, a capital do Burkina Faso (existe capital com nome mais musical do que este?), tendo voo de regresso a partir de Bamako, no Mali.
Sou fã de estruturas de adobe e sonhava conhecer a inigualável Mesquita de Djenné. Adoro povos singulares e queria muito visitar as aldeias encavalitadas nas escarpas do chamado País Dogon. Gosto de água e pensava um dia percorrer parte do Rio Níger. Gosto de eventos culturais e o Festival do Deserto, nos arredores de Timbuktu, é um encontro musical que me despertava curiosidade. Gosto de arquitetura e quer a cidade de Bobo-Dioulasso, quer a bonita aldeia de Ségou mereceriam com toda a certeza a minha visita. Gosto de aldeias e ambientes rurais e fascinava-me a criatividade expressa em Tiébélé, aldeia habitada pela etnia Kassena. E o fascínio mantém-se.
Sim, motivos não faltam para comprar novo bilhete de avião e rumar ao Mali e ao Burkina Faso.
Mas a verdade é que passaram 7 anos e eu ainda não lá fui.
Entretanto, aprofundei o relacionamento com a agência de viagens Nomad, fiz uma volta ao mundo em família e uma longa viagem terrestre entre o Cairo e Teerão, para além de dezenas de pequenas viagens um pouco por todo o mundo, comecei a dar workshops de Escrita de Viagens e ainda tive tempo para lançar a Hotelandia. Tudo coisas que exigem tempo e dedicação. E agora sou de novo pai.
Para complicar, com a tomada de vastas regiões do norte do Mali por grupos radicais islâmicos, o país foi sendo afetado por graves problemas de segurança e intolerância (lembram-se da destruição de parte do património existente em Timbuktu?). E isso afastou o Mali do radar de viajantes como eu.
No mês passado, foi a vez de uma espécie de golpe de Estado retirar a estabilidade política ao vizinho Burkina Faso. Com uma junta militar a assumir o controlo do poder, temo bem que, nos próximos tempos, o Burkina Faso não volte a ser o país tranquilo que eu tinha em mente quando planeei a tal viagem à África Ocidental.
Mas porque escrevo isto hoje?
Por uma razão muito simples. O Burkina Faso tinha voltado à minha cogitação e, ao deparar-me com a magnífica fotografia que ilustra este post, partilhada num grupo de amigos viajantes, deu-me uma vontade súbita de fazer esta viagem há muito adiada. E voltei a recordar que devo a mim próprio esta viagem há já 7 anos.
Sei que um dia rumarei à África Ocidental para conhecer o Burkina Faso e o Mali mas, dadas as circunstâncias no terreno e os meus afazeres, não sei quando embarcarei rumo a essa viagem há tanto tempo adiada.
Moral da história: a não ser por motívos de força maior, como os que me fizeram não entrar no Ruanda no ano passado, não adie as suas viagens. A vida muda, e os países também. E nunca se sabe se e quando voltará a surgir a oportunidade de fazer essas viagens.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.
Estive no Mali, no mês passado, mesmo assim não visitei tudo o que queria, mas adorei ver o Dogon Country e estive em Timbuktu – acho que era importante lá ir. Tenho algumas fotos em https://www.facebook.com/DMVMUNDO/
Estivemos em Israel com os miúdos dias antes do confronto “rebentar”… Já se sentia a pressão um pouco por todo o lado e tivemos de mudar alguns itinerários porque sabíamos que havia lugares já com problemas, mas ficámos contentes por termos escolhido aquele país na altura certa. Certamente não será o mesmo por muitos e muitos anos.
Concordo em absoluto. Infelizmente também já deixei para trás alguns países que tinha planeado, como foi o caso Síria em 2009, e agora, por força das circunstâncias que todos conhecemos, não vejo grandes possibilidades em o fazer nos próximos anos. Há momentos em que são reunidas condições de viagem que podem não repetir-se.
Pois este post reflete a minha maneira de pensar. Apesar de se poder ir a Timbuktu (o problema não é ir), a questão aqui é, há locais perdidos, destruídos que nunca mais voltarão a ser o que eram. Para mim, estou triste pela Síria, país com uma história perdida. Basicamente quem foi foi, quem não foi, nunca mais irá à Síria histórica original. Perdeu-se. Estou triste por Timbuktu e Gao no Mali, cidades com monumentos históricos que nunca mais podem ser visitados porque simplesmente foram destruídos (felizmente visitei estes locais em 2008). Estou a ficar preocupado com a situação do Líbano e a pensar em mudar a minha presente viagem para ir lá o mais rápido possível, já que ISIS estão com planos para começar a atacar o Hezbollah e entrar e tomar o Líbano. Obrigado por tocares neste assunto e incentivares o pessoal a ir seja para onde for, sem medos, sem desculpas. Só ir. Grande abraço da China.