Talvez por não ter grandes expectativas, se há cidade que me surpreendeu no roteiro de viagem pelo México foi, sem qualquer dúvida, Campeche. A capital do homónimo Estado é incrivelmente bonita, tem um centro histórico bem preservado e cheio de alma, classificado pela UNESCO; e onde vive, de facto, gente. Ou seja, não é um museu ao ar livre.
Neste artigo, partilho então um pouco da minha experiência a visitar Campeche. Vou tentar ajudá-lo a decidir o que fazer em Campeche, incluindo atrações turísticas, igrejas e museus imperdíveis; e, claro, complexos arqueológicos nas proximidades. Com a ressalva de que uma das coisas mais prazeirosas para fazer na cidade é, simplesmente, deixar-se estar; caminhar pelas ruas coloridas do casco viejo, falar com as pessoas e absorver o ambiente.
No fundo, deixar-se encantar pelo património histórico e humano da cidade. Porque Campeche é uma festa. Um bálsamo para os sentidos. Um destino de eleição. Eis, pois, o que fazer em Campeche numa estadia de dois ou três dias. Vamos a isso. Talvez se surpreeenda!
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O que fazer em Campeche (a minha experiência)
- 1.1 Mercado Municipal de Campeche
- 1.2 Passear pelo centro histórico de Campeche (a cidade amuralhada)
- 1.3 Portas da cidade (Porta da Terra e Porta do Mar)
- 1.4 Museu da Arquitetura Maia
- 1.5 Catedral de Campeche
- 1.6 Igreja de São Roque (São Francisquito)
- 1.7 Passear no Malecón
- 1.8 Jantar na Calle 59
- 1.9 Zona Arqueológica de Edzná
- 1.10 Outras coisas a visitar em Campeche
- 2 Mapa com o que fazer em Campeche
- 3 Guia prático
O que fazer em Campeche (a minha experiência)
Mercado Municipal de Campeche
Tenho por certo que os mercados tradicionais são locais de visita obrigatória em qualquer destino. Lugares onde os habitantes fazem as compras do dia-a-dia; onde é possível ver as frutas, legumes e especiarias mais usados na gastronomia local; onde não raras vezes é possível comer bem e barato; e onde se encontram pessoas conversadoras e orgulhosas das suas origens.
Eu, pessoalmente, adoro mercados e, por tudo isso, não poderia deixar de visitar o Mercado Municipal de Campeche, falar com os vendedores e, claro, deleitar-me com as cores e cheiros do mercado. Não deixe de conhecer.
Passear pelo centro histórico de Campeche (a cidade amuralhada)
Talvez não exagere se disser que Campeche é uma das cidades coloniais mais bonitas do México.
O seu centro histórico, delimitado por uma muralha que, por vezes, faz recordar Cartagena, na Colômbia, está incrivelmente bem preservado, com casas coloridas e bem cuidadas, as ruas limpas e um ambiente tranquilo e agradável. Para tudo isso, em muito contribuirá o facto de Campeche fazer parte da lista de Património Mundial da UNESCO no México.
E assim, deambular sem rumo pela cidade amuralhada de Campeche é um deleite visual. A Calle 59; a Praça da Independência onde está instalada a Catedral de Campeche; baluartes como o da Solidão (e outros), de onde se pode ter vistas privilegiadas sobre o centro histórico; e as pessoas, sempre as pessoas.
Sim; se há coisa que vale a pena fazer é meter conversa com os habitantes do centro histórico de Campeche – que, como digo, não é um museu! Pessoas como o senhor Ramón, que me abriu as portas de sua casa para dois dedos de conversa e muita simpatia, numa sala feita café de bairro onde recebia os amigos (mas que foi entretanto obrigado a fechar).
Tudo isso é Campeche. Adorei.
Portas da cidade (Porta da Terra e Porta do Mar)
Localizada em frente ao Golfo do México, São Francisco de Campeche era uma cidade que tinha de se defender dos ataques de corsários. Era essa a principal função das muralhas que ainda hoje circundam Campeche; sendo que, para se aceder ao interior da cidade havia quatro entradas, popularmente conhecidas como portas (ou portões).
Ora, das quatro portas de Campeche – Porta do Mar, Porta da Terra, Porta de San Romão e Porta de Guadalupe -, todas construídas no século XVIII, apenas as duas primeiras sobreviveram ao passar dos tempos. Enquanto visitante, é praticamente inevitável que, mais cedo ou mais tarde, as atravesse; seja em direção ao Mercado Municipal (pela Porta da Terra), seja para um passeio no malecón (pela Porta do Mar).
Não as ignore, já que fazem parte da história da cidade.
Museu da Arquitetura Maia
Não muito longe da Porta do Mar encontra-se o Museu de Arquitetura Maia. Está instalado no Baluarte da Solidão, um edifício militar do final do século XVII localizado em frente ao oceano e considerado uma das mais importantes construções defensivas da então São Francisco de Campeche.
Atualmente, o museu exibe uma coleção riquíssima de elementos arquitetónicos provenientes de quatro regiões da cultura maia – Peten Norte, Río Bec, Chenes e Puuc -, incluindo o “equipamento funerário da Estrutura VII da Grande Praça de Calakmul”, além de “colunas, ombreiras, (…) painéis e figuras antropomórficas de lugares como Xcalumkín, Edzná, Itzimté, Kankí e El Palmar”.
Para mim, no entanto, o que mais me fascinou foi uma pequena máscara absolutamente deslumbrante, considerada uma obra-prima da arte maia, e da qual foi difícil tirar os olhos. Diz a literatura que se trata da “famosa Máscara de Calakmul, uma peça funerária feita em mosaico de jade, concha e obsidiana cinza” que, juntamente com as peças de roupa, “complementa o equipamento funerário de um governante da Dinastia Kaan, a quem pertencia a Tumba 1 da Estrutura VII da Zona Arqueológica de Calakmul“.
Não tenho palavras para a descrever. É linda, linda! Por momentos, parecia ter entrado no inigualável Museu das Joias de Teerão. Wow!
Catedral de Campeche
A Catedral de Campeche, dedicada a Nossa Senhora da Imaculada Conceição, está localizada na Praça da Independência, principal praça urbana da zona antiga da cidade amuralhada. Ora, mesmo não sendo eu um apreciador de arte sacra, tenho por hábito entrar nos templos de fé mais emblemáticos dos destinos que visito – sejam eles igrejas, mosteiros, mesquitas ou sinagogas.
Em termos arquitetónicos, para os mais curiosos, trata-se de um “edifício de estilo barroco com traços neoclássicos, famoso por albergar no seu interior estatuetas de arte sacra”, incluindo “um monumento denominado O Santo Enterro, que representa um caixão com a figura de Cristo e que durante a Sexta-Feira Santa é transportado pelas principais ruas da cidade”. A visitar, portanto.
Igreja de São Roque (São Francisquito)
A Catedral de Campeche não é, de todo, a única igreja que merece uma visita durante a sua estadia. Há, por exemplo, a Igreja de São Roque, por onde passei vezes sem conta durante as minhas deambulações pelo casco viejo.
Ao que consta, a igreja foi construída “em meados do século XVII para substituir temporariamente o templo de São Francisco, parcialmente demolido por se encontrar fora dos limites da muralha da cidade”. A fachada está perfeitamente integrada no aspeto colonial da cidade, embora seja um pouco austera e tenha um campanário exuberante.
Mas é o interior que, para um leigo como eu, mais surpreende. E tudo por causa dos retábulos dourados e da riqueza decorativa concentrada num espaço tão pequeno. Se vir a igreja aberta, não deixe de entrar e apreciar.
Passear no Malecón
É certo que não é o mítico malecón de Havana mas, ainda assim, vale a pena dar um passeio pela marginal de Campeche, igualmente conhecida por malecón.
Eu gostei de o fazer especialmente ao final da tarde, quando as temperaturas amainam e os habitantes saem de casa para passear e conviver. Fica a dica, para uma altura que não tenha o que fazer em Campeche ou simplesmente lhe apeteça esticar as pernas antes de jantar.
Jantar na Calle 59
Campeche é uma cidade vibrante e descomplicada – boa onda! -, onde apetece estar e conviver, desfrutar do momento, ouvir música nas ruas e quem sabe até dançar de chinelo no pé. E porventura em nenhum outro local isso é mais verdade do que na Calle 59.
Trata-se de uma rua parcialmente pedonal em pleno centro histórico de Campeche, onde se instalaram vários cafés, bares e restaurantes com esplanadas perfeitas para relaxar no final de um dia a explorar a cidade. Pode ser um pouco turística, é certo, mas ainda assim merece uma visita.
Zona Arqueológica de Edzná
Localizado a escassos 50 km de Campeche, o complexo arqueológico de Edzná é um daqueles locais que, apesar de não ter a exuberância de Palenque ou Uxmal, não deve ser ignorado.
Desde logo, pela sua relevância histórica, uma vez que Edzná era a cidade maia pré-colombiana mais importante da zona oeste do Estado de Campeche. Foi fundada cerca de 600 a.C. e os arqueólogos estimam que, no seu apogeu, ali tenham vivido “muitos milhares de pessoas” – facto só possível pelo engenhoso aproveitamento das águas pluviais criado pelos maias.
“O carácter errático das chuvas e as inundações frequentes de partes do vale onde se situa, levaram à construção de um complexo sistema hidráulico constituído por numerosos canais, cisternas e depósitos subterrâneos que permitia conduzir e armazenar a água das chuvas e ao mesmo tempo eliminar a água em excesso.”
in Wikipédia
Do ponto de vista arquitetónico, as fachadas mais antigas eram decoradas com elementos decorativos do estilo Petén, sendo que, com a chegada dos maias putun a Edzná, começaram a surgir “colunas monolíticas, decorações nos frisos e relevos”, elementos mais típicos do estilo Puuc.
Mas deve visitar Edzná também porque as ruínas estão no meio da selva, num espaço relativamente bem cuidado, proporcionando um passeio não só informativo como muito agradável. Não deixe, pois, de considerar Edzná quando planear o que fazer em Campeche.
Outras coisas a visitar em Campeche
Há, naturalmente, um conjunto de outros lugares que valem a pena visitar em Campeche; e que eu, por um motivo ou por outro, acabei por não conhecer. Entre eles, deixo aqui algumas sugestões que, tendo tempo, poderá incluir na sua lista com o que fazer em Campeche, a começar pelas duas fortalezas que marcam a paisagem da zona litoral da cidade.
- Forte de San Miguel;
- Forte San Jose Alto;
- Teatro Francisco de Paula Toro;
- Igreja de São João.
Não deixe, também, de aproveitar a ida a Campeche para visitar Uxmal e, se possível também, visitar Palenque, dois dos complexos arqueológicos mais impressionantes de todo o México. Ficam localizados nos vizinhos Estados de Yucatán e Chiapas.
Mapa com o que fazer em Campeche
Guia prático
Como chegar a Campeche
Campeche tem um aeroporto internacional, mas o mais provável é que aterre na Península do Yucatán através de Cancún. A esse respeito, saiba que a TAP iniciou voos diretos Lisboa – Cancún em 2021.
Uma vez no México, a forma mais prática e económica de chegar a Campeche sem carro alugado – seja de Mérida ou de outras cidades da região – é usando os autocarros da empresa ADO, que tem viagens frequentes e confortáveis em toda a península do Yucatán. A título de exemplo, uma viagem entre Mérida e Campeche demora 2 horas e 40 minutos e custa entre 160 e 290 pesos mexicanos.
Pela minha parte, por uma questão de conveniência e maior segurança em função da COVID-19, optei por alugar carro durante toda a viagem (três semanas de duração).
Onde ficar em Campeche
Sendo Campeche uma capital estadual, é importante escolher bem a localização do seu hotel ou pousada para ter uma boa experiência de viagem. Vou, por isso, tentar ajudá-lo a decidir onde ficar em Campeche, com exemplos concretos dos melhores hotéis do centro histórico.
Em concreto, eu fiquei hospedado no H177, um hotel simples mas bom e barato no coração da parte histórica. Fica a dois passos da Calle 59, mas suficientemente longe para que o barulho não incomode.
Outros bons hotéis na mesma faixa de preços são o popular Hotel Lopez Campeche; o mais simples Hotel Balamku; a acolhedora guesthouse Casa de Zari B&B; e o quatro estrelas Hotel Plaza, junto à Catedral de Campeche.
Por fim, caso esteja à procura de um hotel de maior luxo, veja o Hotel Boutique Casa Don Gustavo ou, melhor ainda, o Hacienda Puerta Campeche – é seguramente aquilo que procura. Não é barato, mas é muito bom! Seja como for, para ver todas as alternativas de alojamento em Campeche pesquise diretamente no link abaixo.
Onde comer
De comida tradicional mexicana a restaurantes italianos, não faltam bons restaurantes no centro histórico de Campeche. Eu não experimentei os restaurantes mais caros; mas, entre aqueles onde fiz alguma refeição, gostei muito do italiano Scattola 59 e do mais saudável Fresh’n Green. Ficam ambos localizados na rua pedonal Calle 59.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.