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Roteiro no México: viagem pelo Yucatán e Riviera Maya

Cenote Ik-Kil, México
Cenote Ik-Kil, um dos pontos altos do roteiro de viagem no México

O México é um país fascinante, diversificado e geograficamente muito vasto (dá para fazer inúmeros roteiros de viagem pelo México, e todos eles deslumbrantes!), pelo que é fundamental definir as regiões a visitar, tendo em conta que não é possível ver tudo numa viagem de duas ou três semanas. Assim, e aproveitando os novos voos da TAP entre Lisboa e Cancún, optei por centrar-me na Península do Yucatán; deixando a região de Oaxaca e a Cidade do México para uma próxima viagem (quem sabe, por altura do Dia dos Mortos!).

Sobre o meu roteiro no México, o itinerário proposto tem 23 dias de duração e é circular, percorrendo o eixo Cancún – Holbox – Valladolid – Mérida – Campeche – Palenque – Calakmul – Bacalar – Tulum – Cozumel – Cancún. Foram, no total, cerca de 3.000 km. Apesar de não ser uma viagem para quem gosta de locais como Cancún e Playa del Carmen, pode ser adaptada para incluir esses destinos, combinando os resorts de praia e parques de aventura com a exploração do lado mais autêntico do México que aqui proponho.

Note que todo o resto do país ficou de fora, incluindo locais que há muito quero visitar. São disso exemplo a já referida Oaxaca, Puebla, Puerto Escondido, Cidade do México, Teotihuacan, Morélia, Guanajuato, Zacatecas e até a região da Baja Califórnia. Dito isto, encare este roteiro de viagem ao México como um ponto de partida para elaborar o seu próprio itinerário, de acordo com os seus interesses e tempo disponível. Vamos a isso!

O meu roteiro no México (23 dias)

Dias 1 e 2: Ilha Holbox

Praia de Holbox, Yucatán
Praia de Holbox, a primeira paragem no meu roteiro de viagem pelo México

Eram 4:00 da manhã quanto aterrei no Aeroporto Internacional de Cancún. Ora, como não queria ficar num resort de Cancún logo a abrir a minha viagem pelo México, tinha decidido alugar um carro e fazer os 145 km que me separavam de Chiquilá, onde haveria de apanhar um ferry para a ilha Holbox.

Os dois dias seguintes foram passados a explorar Holbox de bicicleta, dar mergulhos no mar, ou simplesmente aproveitar o ritmo de vida ilhéu, relaxado e sem preocupações. Foi a melhor forma de começar este roteiro de viagem no México, antes de me dedicar a visitar ruínas, mergulhar em cenotes e conhecer belíssimas cidades coloniais.

Dormida: um airbnb muito simples; veja onde ficar em Holbox para melhores opções.

Dia 3: Ruínas de Cobá e Valladolid

Mercado Zací, Valladolid
Dona Amélia no seu vestido huipil no interior de uma loja no Mercado Zací, Valladolid

De manhã bem cedo arranquei de Holbox, apanhei o ferry e fiz-me à estrada em direção ao complexo arqueológico de Cobá. São, seguramente, das melhores ruínas maia do Yucatán.

Antes de chegar a Valladolid, parei ainda no cenote Suytum para avaliar a quantidade de pessoas. Apesar de não estar cheio, achei por bem tentar voltar logo pela manhã do dia seguinte, na expectativa de ter ainda menos gente. E resultou na perfeição. Olhando para o mapa, havia outro cenote que queria conhecer nos arredores de Valladolid, e foi exatamente isso que fiz: passei no igualmente belo cenote da Hacienda Oxmán.

O final do dia foi já passado em Valladolid, primeiro com um mergulho no cenote Zaci, localizado no coração da cidade; depois caminhando pela encantadora Calzada de Los Frailes e tomando uma cerveja refrescante numa esplanada junto ao Convento de San Bernardino de Siena. Foi um dia muitíssimo bem aproveitado!

Veja o artigo sobre o que fazer em Valladolid.

Dormida: Hotel Casa Rico, no centro de Valladolid.

Dia 4: Valladolid e cenote Suytun

Cenote Suytun, Yucatán
Cenote Suytun, Yucatán

Logo pela manhã, e depois de um belo pequeno-almoço no Café del Profesor Pitágoras, fui então visitar o cenote Suytun, numa altura em que estava praticamente vazio. É um dos cenotes mais fotografados de todo o México (culpa do Instagram) – e, vê-lo assim, sem ninguém, foi verdadeiramente extraordinário!

De regresso a Valladolid, tempo ainda para deambular sem rumo pelo histórico coração colonial desta bela cidade yucateña, absorver o ambiente, e ainda para uma breve passagem pela Iglesia de San Servacio, instalada na praça principal de Valladolid. Por esta altura, estava já consciente de que Valladolid se tinha rapidamente tornado numa das minhas cidades mexicanas favoritas. Adorei!

Dormida: Hotel Casa Rico, no centro de Valladolid.

Dia 5: Ruínas de Ek’ Balam, cenotes e Espita

Visitar Ek'Balam, México
Vista a partir da pirâmide em Ek’ Balam

Mais um dia em cheio neste roteiro no México, desta feita dedicado a visitar várias atrações a norte de Valladolid, incluindo ruínas, cenotes e cidadezinhas coloniais. O dia começou com um delicioso pequeno-almoço no Canto Encanto, um café maravilhoso que recomendo vivamente, antes de me fazer à estrada para explorar novos lugares.

A primeira paragem foi no complexo arqueológico de Ek’ Balam (um dos meus preferidos em toda a viagem!), que explorei tranquilamente. Terminada a visita, e como havia cenotes nas proximidades, nada melhor do que um banho refrescante (aliás, posso garantir que ruínas seguidas de um mergulho num cenote é uma combinação imbatível). E assim fui mergulhar nos cenotes Xcanche e Sac-Aua, antes de rumar à cidadezinha de Tizimín para um almoço tardio.

Manda a verdade dizer que Tizimín não tem grande interesse, mas por uma incrível coincidência descobri um restaurante espetacular para almoçar: chama-se Casa Makech e merece todos os elogios. Para finalizar o dia em beleza, fui conhecer Espita, uma bela povoação de traça colonial e muito bem cuidada. Com o regresso a Valladolid, terminava o que tinha sido mais um dia perfeito no Yucatán!

Dormida: Hotel Casa Rico, no centro de Valladolid.

Dia 6: Chichén-Itzá (UNESCO), cenote Ik-Kil e Izamal

Convento Santo António, Izamal
Convento de Santo António, em Izamal

A manhã foi dedicada a visitar Chichén-Itzá, complexo arqueológico que tinha conhecido (e detestado!) há mais de dez anos. Desta vez, estando com vontade de fazer as pazes com Chichén-Itzá, fui visitar as ruínas muito cedo, na expectativa de as encontrar com poucos turistas. E assim foi. O sítio arqueológico faz parte do Património UNESCO no México; e ter a oportunidade de o rever sem milhares de turistas, ao contrário do que acontecera da primeira vez, foi extraordinário. Ainda bem que dei uma segunda oportunidade a Chichén-Itzá.

Terminada a exploração de Chichén-Itzá, fui dar um mergulho no fotogénico cenote Ik-Kil, sem qualquer dúvida outro dos melhores cenotes do Yucatán. É lindo! De corpo refrescado, segui então para Izamal, a “cidade amarela”, uma cidadezinha colonial muito bonita que tive oportunidade de visitar com calma. A título de curiosidade, refiro que Izamal faz parte da lista de Pueblos Mágicos do México. Tudo somado, o dia foi outro dos pontos altos do meu roteiro de viagem no México – aliás, toda esta primeira semana foi extraordinária!

Querendo conhecer mais cenotes na região, tinha referenciado o cenote Yokdzonot. Eu acabei por não passar por lá porque queria ter a tarde para visitar Izamal, mas creio que valerá a pena.

Dica: caso prefira otimizar o tempo e visitar Chichén Itza numa viagem organizada a partir de Cancún/Riviera Maya, veja o Tour Chichén Itzá, Valladolid e Cenote.

Dormida: Hotel San Miguel Arcángel, no centro de Izamal.

Dia 7: Mérida

Roteiro México: Mercado Lucas de Galvéz, Mérida
Exterior do Mercado Lucas de Galvéz, no centro de Mérida

Dia passado em Mérida, capital do Estado mexicano do Yucatán. Vindo da mais pequena Valladolid (que eu adorei!), a primeira impressão de Mérida foi de algum desconforto. Mas a verdade é que Mérida merece todos os elogios dos viajantes: é uma cidade com um belíssimo centro histórico de traça colonial, com bastante turismo, mas ainda assim agradável.

E então, com o check-in feito no histórico hotel Casa del Balam, fui de imediato para o Mercado Lucas de Galvéz, com o objetivo não só de o visitar mas também para comer qualquer coisa nas suas bancas.

Uma vez em Mérida, tinha muito interesse em visitar o Grande Museu do Mundo Maia; mas, lamentavelmente, em virtude das restrições ligadas à pandemia, estava encerrado. E assim, acabei por ficar pela zona da Catedral de Mérida, tendo aproveitado para conhecer o simples Museu de Arte Fernando García Ponte, onde estavam expostas algumas obras de arte contemporânea, em especial pintura. Ao final da tarde, fui percorrer a pé a afamada Avenida Paseo de Montejo, com as suas casonas monumentais, até ao icónico Monumento a la Patria.

Veja o artigo sobre o que fazer em Mérida.

Dormida: Hotel Casa del Balam, no centro de Mérida.

Dia 8: Sítio arqueológico de Mayapán, cenote Nah Yah e Acanceh

Ruínas de Mayapán, México
Entrada no sítio arqueológico de Mayapán, México

Dia passado fora da cidade, num circuito que me levou às ruínas de Mayapán e a mais três cenotes da região. Fugi da comercial Hacienda Mucuyché – que tem um cenote lindíssimo – e optei por cenotes igualmente belos, geridos pelas comunidades locais. Foram eles o cenote Yaal Utzil, em Mucuyché; o cenote Nah Yah (seguramente um dos mais distintivos e espetaculares deste roteiro de viagem pelo México) e o vizinho cenote Suem. Ainda tinha referenciado o cenote Noh-Mozon, mas acabei por decidir que já tinha dado mergulhos suficientes. Devo ter feito mal.

Terminada a rota dos cenotes, era altura de rumar a Acanceh para almoçar e espreitar as pirâmides em redor das quais se desenvolveu o núcleo urbano do povoado. De regresso a Mérida, tempo para saborear um animado fim de tarde de sábado, com bastante gente na rua e música em todas as esquinas; e um jantar na “Plaza Grande”. Tudo somado, valeu muito a pena incluir esta daytrip a partir de Mérida no meu roteiro pelo Yucatán.

Dormida: Hotel Casa del Balam, no centro de Mérida.

Dia 9: Dia de descanso

Mérida, México
Centro histórico de Mérida

Depois de mais de uma semana em alto ritmo, optei por ficar este dia em Mérida a relaxar e trabalhar no blog. Era domingo, estava num excelente hotel (com piscina!) a um preço incrível e tinha muito trabalho em atraso. Ainda dei mais umas voltas por Mérida nas horas de menor calor, mas basicamente foi um dia para recarregar baterias e trabalhar.

Dormida: Hotel Casa del Balam, no centro de Mérida.

Dia 10: Ruínas de Uxmal (UNESCO) e Ezdná

Ruínas de Uxmal, México
Pirâmide principal das ruínas de Uxmal, México

De manhã cedo, saí de Mérida rumo ao complexo arqueológico de Uxmal, para visitar uma das ruínas maia integradas na lista de Património Mundial que ainda não conhecia. E, mais uma vez, tive as ruínas praticamente só para mim (chegar muito cedo ajuda sempre!).

No meu plano original, o roteiro de viagem pelo México dever-me-ia depois levar a conhecer as belíssimas ruínas da Ruta Puuc, conhecidas pela sua decoração mais efusiva. Ia dividir as ruínas por dois dias, mas em Uxmal fui informado de que, infelizmente, todas elas estavam encerradas devido à pandemia. Foi pena.

Deceção à parte, na verdade até nem correu mal, já que estava em algum sofrimento devido a uma diarreia como há muito não sentia em viagem. Sendo assim, segui para Campeche, capital do Estado homónimo, cujo centro histórico é igualmente protegido pela UNESCO, onde passei a tarde em missão de reconhecimento.

Dormida: Hotel H177, no centro de Campeche.

Dia 11: Campeche (UNESCO)

Roteiro no México: Campeche
Centro histórico de Campeche

Dia integralmente dedicado a explorar o centro de Campeche. Visitei o Mercado Municipal; o Museu da Arquitetura Maia; cruzei a Porta da Terra e a Porta do Mar; deambulei pelas ruas incrivelmente fotogénicas da cidade; calcorreei o malecón; meti conversa com moradores como o senhor Ramón; deixei-me estar nas esplanadas da Calle 59 a absorver o ambiente mágico de Campeche. Não falta o que fazer em Campeche, uma das cidades mais surpreendentes que visitei durante este roteiro de viagem pelo México. Não estava a contar gostar tanto de Campeche!

Dormida: Hotel H177, no centro de Campeche.

Dia 12: Palizada

Palizada, Pueblo Mágico
Palizada, Pueblo Mágico nas margens do rio Palizada

Com o dia ganho, fruto do encerramento da Ruta Puuc, decidi aproveitar para visitar Palizada, outro dos Pueblos Mágicos da Península do Yucatán. Até porque, tirando um desvio de sensivelmente 60 km, ficava a caminho de Palenque.

Saí de Campeche de manhã bem cedo, para uma viagem que durou mais de cinco horas. Palizada é um povoado pequeno como eu gosto, daqueles onde ao fim de um par de horas já toda a gente sabe que anda por ali um forasteiro. De certa forma, porventura pela presença junto ao rio e o ar de cidadezinha colonial, fez-me lembrar a encantadora Santa Cruz de Mompox, na Colômbia, por quem me apaixonei há muitos anos.

Dito isto, não é um destino que considere fundamental incluir num roteiro de viagem ao México, a não ser que goste de lugarejos recônditos (como eu!) ou tenha um interesse particular em visitar os Pueblos Mágicos do México.

Dormida: Casa Diaz, em Palizada.

Dia 13: Ruínas de Palenque (Chiapas)

Roteiro México: visitar ruínas de Palenque
Ruínas de Palenque, embrenhadas no meio da selva

Mais uma vez, o dia começou bem cedo. Saí de Palizada por volta das 7:00 da manhã para chegar a El Panchán, localizada às portas das incríveis ruínas de Palenque, antes dos eventuais autocarros de turismo. Foi, para mim, 10 anos depois, um regresso a um local que muito me tinha marcado, ao ponto de afiançar serem as minhas ruínas maia preferidas do México. E, novamente, Palenque não desiludiu (apesar de, por causa da pandemia, não se poder subir às estruturas).

Depois das ruínas, fiz ainda uma pequena caminhada na selva, ao longo de um percurso denominado Sendero Motiepá. O resto do dia foi passado a absorver o ambiente meio hippie de El Panchán. A dormida, essa, foi exatamente no mesmo local da primeira vez!

Dormida: Hotel Cabañas Margarita & Ed (onde já tinha ficado em 2011), em El Panchán, junto à entrada do complexo arqueológico.

Dia 14: Visitar Calakmul

Ruínas de Calakmul, México
Sítio Arqueológico de Calakmul, México

Sendo o dia com mais horas de estrada de toda a viagem, levantei-me ainda mais cedo que o habitual. Infelizmente, à saída de Palenque fui apanhado num protesto de taxistas que bloqueava quase completamente as ruas da cidade, tendo perdido pelo menos uma hora a tentar sair dali. A ideia era seguir direto para o complexo arqueológico de Calakmul, a mais de cinco horas de distância.

Com paragem para almoço num restaurante de estrada, lá cheguei a Calakmul quase às 14:00, ainda a tempo de visitar mais estas ruínas protegidas pela UNESCO. E são verdadeiramente magníficas!

Assim que saí do complexo, fiz de novo os 60 quilómetros até à estrada principal e segui até El Xpujil, onde pernoitei.

Dormida: Hotel Chaac Calakmul, um hotel simples e com localização conveniente, em El Xpujil.

Dia 15: Ruínas do “Corredor Arqueológico” e Bacalar

ruínas de Kohunlich, México
Vista das muito fotogénicas ruínas de Kohunlich

Dia de regressar ao litoral da Península do Yucatán para explorar com calma as belezas da Riviera Maya e mergulhar em mais alguns cenotes. A caminho de Bacalar, no entanto, aproveitei para visitar as ruínas do chamado Corredor Arqueológico, composto pelas ruínas de Kohunlich, Dzibanché e Kinichná.

Segui então para Bacalar, com paragem no balneário Sac-Ha para um mergulho e um primeiro vislumbre da “lagoa das sete cores”. O final de tarde foi passado já em Bacalar, a visitar o forte e explorar o povoado.

Veja também o que fazer em Bacalar.

Dormida: Hotel Casa Lima, excelente hotel no centro de Bacalar.

Dia 16: Bacalar

Estromatólicos Bacalar, roteiro no México
Estromatólitos na lagoa de Bacalar

Logo de manhã cedo, rumei ao chamado Cenote Azul, uma lagoa circular independente da Lagoa de Bacalar, apenas para fotografar. A ideia era, de facto, passar a manhã na lagoa, mas num local chamado Cocalitos, tido como um santuário de estromatólitos. Foi a segunda vez que me recordo de estar perto de estromatólitos – a primeira tinha sido na lagoa de Hamelin, na Austrália -, seres vivos microscópicos que crescem ao ritmo de um centímetro a cada 30 anos. Estas “pedras que respiram” são tidas como os primeiros seres vivos a libertar oxigénio para o planeta.

A tarde foi passada no fantástico hotel onde me hospedei, refugiado do calor e a trabalhar um pouco no blog; antes de voltar a sair e respirar o ambiente descomplicado de Bacalar.

Dormida: Hotel Casa Lima, em Bacalar.

Dia 17: Reserva da Biosfera Sian Ka’an (UNESCO) e Tulum

Escultura Ven a la Luz, Tulum
Escultura Ven a la Luz, na zona hoteleira de Tulum

Saí de Bacalar com o objetivo de visitar as pequenas ruínas de Muyil e penetrar pela primeira vez na Reserva da Biosfera Sian Ka’an, que a UNESCO classifica como Património da Humanidade. E lá fui. Depois das ruínas, fiz um curto mas belíssimo passeio no interior da reserva, mas optei por não fazer qualquer passeio de barco até às lagoas; até porque haveria, mais tarde, de voltar a entrar no parque natural por outra localização.

Depois disso, prossegui então até Tulum, indo direto à chamada Zona Hoteleira. Infelizmente, a região está totalmente virada para o turismo, com a particularidade da maior parte dos areais serem de usufruto privado dos hóspedes dos hotéis. A Tulum de outros tempos há muito que desapareceu – agora, apesar de bonitinha, é um local a evitar. Uma grande desilusão, portanto.

Dito isto, fui a uma praia pública e tive tempo para visitar a loja Bazaar IK, do encantador hotel Azulik, com a promessa de voltar no dia seguinte para visitar a galeria. A terminar o dia, tenho de assinalar um ótimo jantar no restaurante Poók Chuúk (inacreditavelmente vazio e pouco conhecido).

Veja o artigo sobre o que fazer em Tulum.

Dormida: Hotel Los Arcos, em Tulum.

Dia 18: Ruínas de Tulum e cenote Nohoch

Cenote Nohoch, México
Cenote Nohoch, na minha opinião um dos melhores cenotes do México

De manhã, rumei às ruínas de Tulum, mas não cedo o suficiente para evitar que, pela primeira vez neste roteiro pelo México, sentisse haver demasiada gente à minha volta. Quanto às ruínas, não são verdadeiramente espetaculares mas a sua localização, numa escarpa sobranceira ao Mar das Caraíbas, torna-a única entre as ruínas maia existentes na Península do Yucatán.

De seguida, tencionava visitar o cenote Dos Ojos mas, quando lá cheguei, apercebi-me da excessiva comercialização do cenote (caro e com muitos grupos organizados), razão que me levou a inverter a marcha, olhar para o mapa e escolher um cenote desconhecido nas proximidades. Foi a melhor coisa que poderia ter feito. Foi assim que descobri o incrível cenote Nohoch, onde passei várias horas a tomar banho, descansar na rede e fazer um passeio pelas grutas do sistema de rios subterrâneos. Absolutamente memorável. Só faltou mesmo fazer mergulho!

Para terminar o dia em beleza, fui ainda visitar a extraordinária galeria Sfer Ik, uma obra-prima da arquitetura orgânica a fazer lembrar as obras de César Manrique em Lanzarote. Imperdível!

Dormida: Hotel Los Arcos, em Tulum.

Dia 19: Punta Allen

Pôr-do-sol em Punta Allen, México
Pôr-do-sol em Punta Allen, Riviera Maya

Depois de um pequeno-almoço numa banca de rua, peguei no carro para fazer os pouco mais de 50 km que separam Tulum de Punta Allen. A estrada estava tão má que a viagem, feita com todos os cuidados, levou cerca de três horas a percorrer.

Uma vez em Punta Allen, um pequeno paraíso perdido no fim do mundo – passe o cliché! -, foi tempo de passear pela aldeia, falar com os moradores, dar uns mergulhos e relaxar. E ainda assistir ao pôr-do-sol num trapiche rodeado de manguezais. Estava a entrar naquele ritmo pacato típico dos lugares pequenos… e soube-me mesmo muito bem.

Dormida: Villas Roseliz, em Punta Allen.

Dia 20: Reserva da Biosfera Sian Ka’an

Punta Allen, Sian Ka’an
Em Punta Allen, a explorar a faceta marítima da Reserva da Biosfera Sian Ka’an

Acordei com vontade de fazer um passeio de barco pelos manguezais da reserva e pela área protegida pelo recife. Desta forma, vi pela primeira vez manatins, embora apenas fora de água, quando mãe e cria vieram à superfície respirar. Melhor do que nada, mas o que eu gostava mesmo era de observar estas criaturas de aspeto pré-histórico debaixo de água. Tempo ainda para fazer snorkelling, ver aves, golfinhos e tartarugas, antes de regressar a terra firme.

Ao início da tarde, e apesar de me sentir muito bem em Punta Allen, decidi empreender o tortuoso caminho de regresso a Tulum, onde acabei por pernoitar. Foi uma questão estratégica, para no dia seguinte poder chegar mais cedo a Cozumel.

Dormida: Hotel Los Arcos, em Tulum.

Dias 21 e 22: Cozumel

Roteiro no México: El Cielo, Cozumel
El Cielo, na ilha Cozumel

A última etapa deste roteiro pelo México levou-me à ilha Cozumel, ao largo da qual floresce, ao que consta, o segundo maior recife de coral do planeta. Para tal, saí de manhã de Tulum rumo a Playa del Carmen, com paragem em Akumal para tomar o pulso à localidade. Pareceu-me tudo demasiado pretensioso (com a maioria das praias privatizadas, à semelhança de Tulum), ainda que bonito, pelo que não me delonguei muito.

À chegada a Playa del Carmen, fiz o teste PCR (obrigatório para regressar a Portugal) e depois apanhei o ferry para Cozumel, onde passaria os últimos dois dias da viagem. Quanto à tarde, foi passada a conhecer a povoação principal da ilha. Foi só na manhã seguinte que embarquei num passeio de barco pelos recifes ao largo de Cozumel, principal motivo que me levou à ilha, onde avistei uma infinidade de peixes e corais maravilhosos. Não foi dos melhores passeios de snorkelling que fiz na vida, mas não me arrependo de o ter feito.

A viagem estava prestes a terminar…

Veja o artigo sobre Cozumel.

Dormida: Casa Calido, em Cozumel.

Dia 23: Puerto Morelos e voo de regresso

Praia Puerto Morelos, México
Praia de Puerto Morelos, a escassos 25 km do aeroporto de Cancún

Saí de Cozumel num dos ferries matinais, peguei no carro que havia deixado em Playa del Carmen e fui espreitar Puerto Morelos, uma pequena povoação com uma atmosfera bem mais interessante do que Cancún ou Playa del Carmen, e com um mar de cores inacreditáveis. Foi uma bela surpresa!

Em suma, gostei mesmo muito de Puerto Morelos, tendo-me parecido uma excelente alternativa para quem quer fazer praia na Riviera Maya. Foi a forma de terminar em beleza o meu roteiro de viagem no México!

A meio da tarde, dirigi-me então ao Aeroporto Internacional de Cancún, entreguei o carro alugado e embarquei no voo de regresso a Portugal. Eram 19:30 quando o avião levantou voo e me despedi da Península do Yucatán. Foi a segunda vez que visitei o México e, honestamente, não creio que seja a última – até porque há mesmo muito que ficou por conhecer (ver abaixo).

Dormida: voo de regresso.

Mapa do meu roteiro no México

Outros destinos que considerei visitar (mas onde não fui)

Sendo o tempo um bem limitado e o México um país imenso, tive de fazer opções dolorosas. Entre as quais, não visitar Oaxaca e várias atrações dos Estados em torno da Cidade do México.

Na minha lista de desejos estavam locais como a cidade de Oaxaca e o Monte Albán; a “cascata de pedra” Hierve el Agua; as ruínas de Yagul, Tepoztlán e Teotihuacan; a belíssima Puebla; as grutas de Tolantongo; as cidades de Guanajuato e San Miguel de Allende; e a Reserva de la Biosfera Sierra Gorda. Estes e todos os outros, incluindo a mística Baja Califórnia, terão de ficar para um eventual regresso ao México. De preferência no Dia dos Mortos!

E por que não visitei Cancún?

É verdade que entrei e saí do México pelo aeroporto de Cancún; mas não pus os pés nem na cidade nem na zona hoteleira. Por uma única razão: locais como Cancún não me interessam. De todo. Tal como as estâncias balneares de Varadero ou Punta Cana, Cancún foi criado para o turista se sentir numa bolha.

Pela mesma razão, ignorei os famosos e comerciais parques temáticos multi-atividades, como o Xcaret, o Xel-Há ou o Xplor (do mesmo grupo do Xcaret). Não são espaços para mim mas, se lhe interessa o conceito e está disposto a pagar os preços solicitados, visite. Até porque quem conhece diz maravilhas – e com toda a certeza vai divertir-se bastante.

Roteiro alternativo para 2 semanas no México

Caso tenha menos tempo, fiz o exercício de reduzir este roteiro de viagem ao México para apenas duas semanas, escolhendo um itinerário lógico que visite os locais que, a meu ver, são mais emblemáticos. Por questões logísticas, Palenque – o local mais distante de Cancún onde fui – terá de ficar de fora, apesar de ser dos complexos arqueológicos de que mais gostei.

Resumindo, o roteiro de 15 dias no México (ou 15 noites, para ser mais exato) ficaria mais ou menos assim: os dias 1 a 11 seriam praticamente iguais ao roteiro referido acima, com bases em Holbox, Valladolid, Izamal, Mérida e Campeche. A única diferença seria eliminar o “dia de descanso”, para poupar um dia. Depois, fazer a longa viagem de Campeche até Bacalar, com paragem nas ruínas de Calakmul. Por fim, distribuir as noites 12, 13 e 14 por Tulum e Punta Allen, antes do regresso ao aeroporto de Cancún. Ou seja:

  • Duas noites em Holbox
  • Três noites em Valladolid
  • Uma noite em Izamal
  • Duas noites em Mérida
  • Duas noites em Campeche
  • Duas noites em Bacalar;
  • Três noites para distribuir entre Tulum e Punta Allen.

Guia prático

Como chegar ao México

Para quem vive em Portugal, desde meados de 2021 que a TAP iniciou uma rota com voos diretos Lisboa – Cancún. Foi exatamente esse voo que eu utilizei, por ser muito mais prático do que uma escala noutra capital europeia. Os preços rondavam 450€, ida e volta, mas já vi preços promocionais mais baixos.

Pesquisar voos para Cancún

Procedimentos para entrar no México (vistos e COVID)

Quando viajei para o México (abril de 2021) não era obrigatório sequer apresentar um teste PCR negativo. Eu fiz o teste, mas não era necessário. O que as autoridades de saúde pediam era para preencher o formulário Vuela Seguro (entretanto desativado), após efetuado o check-in do voo para o México.

Quanto ao visto, tanto os cidadãos portugueses como os brasileiros não precisam de visto para visitar o México em turismo (podem permanecer no país até 180 dias). Para agilizar a entrada, os passageiros podem preencher online o formulário de entrada no país (se não o fizer, a companhia aérea fornece formulários em papel).

Transportes no México

A forma mais prática de viajar no México é, sem dúvida, de carro alugado. Foi a opção que escolhi, especialmente pela liberdade que permite no acesso a locais menos óbvios, como alguns cenotes; e pela segurança extra que a opção proporciona em tempos de pandemia. Como disse, no total fiz cerca de 3.000 km, e alugar carro julgo ter sido a opção mais correta. Aluguei numa empresa mexicana chamada Easy Way e não tive qualquer problema; mas podem comparar preços com todas as rent-a-car no site Discover Cars.

Dito isto, há uma excelente rede de autocarros entre cidades, operada pela empresa de transportes ADO, que tem viagens frequentes e confortáveis em toda a Península do Yucatán. Foi a que usei na minha primeira viagem ao México.

O problema do sargaço na Riviera Maya

Nos últimos anos, as praias da Riviera Maya têm sofrido com a presença excessiva de sargaço, facto que pode prejudicar – e muito! – a experiência dos veraneantes. Para monitorizar a situação nos vários destinos do litoral de Quintana Roo, veja os semáforos de cores da Red Sargazo, que diariamente indicam a quantidade de sargaço presente em cada praia. É uma excelente ferramenta para ajudar a tomar decisões sobre onde ir e ficar.

Onde dormir

Em resumo, as minhas bases no México:

  • Holbox: duas noites num airbnb muito simples (veja o post sobre onde ficar em Holbox e escolha um alojamento melhor);
  • Valladolid: três noites no Hotel Casa Rico, muito central e com bons quartos;
  • Izamal: uma noite no Hotel San Miguel Arcángel, um hotel bom, barato e bem localizado;
  • Mérida: três noites no excelso Hotel Casa del Balam, no centro de Mérida (apanhei uma promoção incrível no booking);
  • Campeche: duas noites no Hotel H177, no centro da cidade;
  • Palizada: uma noite na Casa Diaz (muito simples mas aceitável);
  • Palenque: uma noite no Hotel Cabañas Margarita & Ed (onde já tinha ficado em 2011), em El Panchán;
  • El Xpujil: uma noite no Hotel Chaac Calakmul, um hotel simples mas com localização conveniente a caminho de Calakmul;
  • Bacalar: duas noites no maravilhoso Hotel Casa Lima, no centro de Bacalar;
  • Tulum: total de três noites no excelente Hotel Los Arcos (intercaladas com a ida a Punta Allen);
  • Punta Allen: uma noite na agradável pousada Villas Roseliz;
  • Cozumel: duas noites na Casa Calido, uma pensão simples mas limpa e barata.

Destes, só não aconselho o alojamento em Holbox uma vez que, pelo preço que paguei, poderia ter encontrado melhor. Todos os outros são boas escolhas.

Pesquisar hotéis no México

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Filipe Morato Gomes
Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.