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Roteiro no Alentejo Litoral e Baixo Alentejo (Portugal)

Roteiro Alentejo: Montado de Sobro e Cortiça
Montado de Sobro e Cortiça no Alentejo Litoral ©Bernardo Conde

Já pensou em fazer um roteiro no Baixo Alentejo e Litoral? Eu tenho andado cada vez mais empenhado em conhecer melhor Portugal, não só fruto do projeto Rostos da Aldeia mas, também, em viagens que tenho feito e partilhado aqui no blogue. Sim, visitar o Alentejo é sempre um prazer!

Vem isto a propósito de uma viagem recente ao litoral alentejano, na sequência dos anteriores roteiro pelo Ribatejo e Alto Alentejo e roteiro pelo Alentejo Central. O objetivo é visitar todo o território do Montado de Sobro e Cortiça, tido como a “maior mancha florestal de montado de sobro do mundo”. Esta é a terceira parte desse projeto e centra-se, como referido, na região do Baixo Alentejo e Litoral, no Sul de Portugal.

Antes de mais, deixo aqui um vídeo inspirador sobre estes territórios, da minha autoria, para inspirar uma visita à região. Tem especial ênfase nas pessoas, incluindo os indispensáveis tiradores de cortiça e os artesãos locais.

Assim, neste artigo partilho um possível roteiro no Alentejo Baixo e Litoral, centrado nos territórios do Montado de Sobro e Cortiça. Como referi, é o terceiro e último itinerário que farei sobre esta temática; sendo que, neste artigo em particular, o foco estará nos municípios de Odemira, Ourique, Almodovar, Ferreira do Alentejo, Santiago do Cacém, Grândola, Alcácer do Sal e ainda Vendas Novas.

Como facilmente perceberá, não é fácil selecionar lugares a visitar ou atividades a fazer dentro de um território tão vasto. Encare, pois, estas sugestões como ponto de partida para montar o seu próprio itinerário por esta bela região do Alentejo Litoral, de acordo com os seus gostos, ritmo de viagem e tempo disponível para esta escapadinha. Eu, pela minha parte, gosto de artesãos e artes tradicionais – e, portanto, isso está muito presente nesta viagem. Vamos a isso!

O itinerário foi compilado a partir de uma viagem de seis dias a visitar as regiões do Alentejo Litoral e Baixo Alentejo.

O que visitar no Baixo Alentejo

Roteiro Alentejo Litoral – Dia 1: Vila Nova de Milfontes

Arte do Mar
Miguel Veiga no seu atelier em Longueira ©Bernardo Conde

Depois de no dia anterior ter efetuado a viagem do Porto para o Alentejo, acordei em Vila Nova de Milfontes pronto para explorar os municípios da minha querida Costa Vicentina.

E assim, da parte da manhã, depois de um passeio por Milfontes para reviver memórias, rumei em direção a Almograve. Não para fazer praia, mas sim para conhecer o trabalho de dois artesãos da aldeia de Longueira, a dois passos de Almograve. Miguel Veiga tem um projeto chamado Arte no Mar, que recupera material de barcos de madeira antigos e lixo trazido pelo mar em peças de decoração naif mas muito bonitas. E Vitória Pacheco faz cestaria em esparto sentada na sua loja de materiais de construção, nos tempos livres entre clientes.

Depois, era então tempo de percorrer uma costa que conheço bem e adoro. Sou fã do Parque Natural da Costa Vicentina e Sudoeste Alentejano, e passei muito tempo da minha juventude na Zambujeira do Mar. E assim, entre o Porto das Barcas, a Praia dos Alteirinhos e a própria localidade da Zambujeira do Mar, lá fui percorrendo o interior do parque natural com enorme prazer. E alguma saudade, confesso!

Cegonhas no Cabo Sardão, Portugal
Cegonhas no seu ninho no Cabo Sardão, Portugal ©Bernardo Conde

A meio da tarde, fiz ainda uma incursão até São Teotónio para conhecer o trabalho de Daniel Luz, um dos poucos construtores de viola campaniça ainda a trabalhar em Portugal. Por sorte ele estava na sua oficina e abriu as portas com amabilidade e simpatia. Um momento memorável.

E, para terminar o dia em beleza beneficiando dos longos dias de junho, voltei para o litoral alentejano para os últimos raios de sol no Cabo Sardão, apreciando as cegonhas a cuidar das suas crias nos ninhos instalados nas escarpas junto à costa. Depois disso, era então tempo de regressar a Vila Nova de Milfontes, a minha base para os primeiros dias deste roteiro pelo Alentejo Litoral.

Dormida: Num apartamento chamado Sea Urchin, em Vila Nova de Milfontes. Consulte também o texto sobre onde ficar em Milfontes, até porque há muitas opções de hospedagem, incluindo o belíssimo Selina.

Roteiro Alentejo Litoral – Dia 2: Odemira

Artesão António Martins
O artesão António Martins a trabalhar no seu monte alentejano ©Bernardo Conde

Segundo dia dedicado a explorar a região de Odemira, comecei o dia por visitar a loja da CACO – Associação de Artesãos do Concelho de Odemira, que agrega várias dezenas de criadores artesanais. A ideia era conhecer um pouco melhor o trabalho de alguns artesãos – e a verdade é que fiquei apaixonado por alguns deles.

Desde logo, o incrível trabalho do ceramista israelita Yishai Simon, mentor do projeto Naiim Potery, que me deixou absolutamente siderado. Infelizmente, Yashai não estava em Portugal na altura em que eu fui visitar o Alentejo Litoral, pelo que não tive oportunidade de o conhecer. Mas fica a referência para os interessados, porque é mesmo maravilhoso.

De resto, foi na CACO que ouvi falar do senhor António Ramos. Trata-se de uma pessoa incrivelmente afável que continua a fabricar cestos em vime para uso doméstico e agrícola, no seu monte alentejano na zona de Corte Brique. Não foi fácil lá chegar, mas valeu muito a pena.

Praia do Farol, Vila Nova de milfontes
Pôr-do-sol na Praia do Farol, Vila Nova de Milfontes ©Bernardo Conde

De regresso a Vila Nova de Milfontes, com passagem pela aldeia de São Luís, fui ainda visitar o atelier de Paula Ludovino, uma artesã que trabalha com cabaças e que, junto com o seu companheiro, tem um maravilhoso projeto chamado Kabart. Vale a pena conhecer.

Para terminar o dia em beleza, fui ver o pôr-do-sol na Praia do Farol, em Vila Nova de Milfontes; e depois jantar ao superlativo restaurante Alento. Vá à confiança!

Refeições: Em Vila Nova de Milfontes, experimente os restaurantes Tasca do Celso, Pátio Alentejano e, sobretudo, o Alento – é maravilhoso! Veja o que fazer em Vila Nova de Milfontes para outras sugestões.

Dormida: Num apartamento chamado Sea Urchin. Veja também o artigo sobre os melhores hotéis de Vila Nova de Milfontes.

Roteiro Baixo Alentejo – Dia 3: Ourique

Roteiro Alentejo: tiradores de cortiça
Tiradores de cortiça em ação no montado alentejano ©Bernardo Conde

Ao terceiro dia do roteiro pelo litoral alentejano, tinha por objetivo conhecer a Ermida da Senhora das Neves, a aldeia de Colos e, porventura mais importante, o Centro de Interpretação da Viola Campaniça em São Martinho das Amoreiras.

Mas tinha prometido a mim mesmo estar atento ao montado junto à estrada, não fosse dar-se o caso de encontrar algum grupo de tiradores de cortiça que estivessem a descortiçar os sobreiros. Trata-se de uma arte que já tinha tido o privilégio de fotografar para o Rostos da Aldeia na região de Coruche, mas queria estar vivenciar de perto esta arte. E tive sorte.

Antes e depois do almoço, já no concelho de Ourique, perto de Santa Luzia, vislumbrei um grupo de tiradores de cortiça, expliquei ao que ia e, depois de recebida autorização superior, acabei por passar um par de horas com o grupo de tiradores de cortiça. Só então prossegui viagem rumo a São Martinho das Amoreiras.

Para minha surpresa, acabei por encontrar gente no Centro de Interpretação da Viola Campaniça com disposição e vontade de conversar, explicar e ainda cantar e tocar viola campaniça. Foi um privilégio!

Depois de uma rápida passagem por Ourique, ainda queria visitar o Castro da Cola antes de chegar a Almodôvar, onde iria pernoitar. Mas confesso que fiquei um pouco desiludido com o castro. Não sei o que estava à espera de encontrar ou se foi o cansaço que não me deixou desfrutar, mas a verdade e que não me delonguei muito tempo no Castro da Cola.

Já em Almodôvar, e após um passeio pelo centro da vila, fui jantar ao restaurante 1680 Gourmet Taste, que funde sabores cubanos com os produtos do Alentejo.

Dormida: Na guesthouse A Casa da Cerca, em Almodôvar.

Roteiro Baixo Alentejo – Dia 4: Almodôvar e Ferreira do Alentejo

Montado de Sobro
Montado de Sobro e Cortiça no Baixo Alentejo ©Bernardo Conde

No quarto dia do meu roteiro de viagem pelo Baixo Alentejo e Litoral, a manhã foi passada a explorar Almodôvar.

Tinha curiosidade em conhecer as estátuas de homenagem ao bombeiro, ao sapateiro e ao mineiros. Mas queria pretendia principalmente visitar o MESA – Museu da Escrita do Sudoeste de Almodôvar. Infelizmente, estava fechado para obras.

Decidi então rumar a Ferreira do Alentejo, naquela que se revelou uma das localidades mais agradáveis e surpreendentes deste roteiro. Não sei explicar, mas senti uma boa onda em Ferreira do Alentejo que me atraiu de forma acentuada.

Camas de ferro
Oficina de camas de ferro tradicionais, em Ferreira do Alentejo ©Bernardo Conde

Talvez isso tenha a ver com as pessoas que conheci na Casa do Vinho e do Cante, que ocupa o espaço de uma das tabernas mais icónicas de Ferreira do Alentejo (a Taberna do Lelito) e “pretende preservar e valorizar a memórias das antigas tabernas alentejanas, o vinho de talha e o cante alentejano”. Por coincidência, estava a decorrer o Festival Giacometti, evento que anima Ferreira do Alentejo, tornando-a ainda mais atraente. Confesso que fiquei com vontade de conhecer a localidade com muito mais tempo. Bem sei que é um cliché literário já gasto, mas tenho mesmo de voltar a Ferreira do Alentejo!

De resto, fui ainda conhecer o trabalho dos artesãos que constroem camas de ferro tradicionais, numa velha oficina com um ambiente incrivelmente fotogénico. Tinha também ponderado visitar a Villa Romana do Monte da Chaminé, mas acabei por não o fazer.

Refeições: Para uma refeição com excelente custo / benefício, experimente o buffet do restaurante O Casarão.

Dormida: Recomendo o Pátio das Andorinhas ou o bed & breakfast Casa Al’entejo, em Ferreira do Alentejo. Veja também o artigo sobre onde ficar em Ferreira do Alentejo.

Roteiro Alentejo Litoral – Dia 5: Santiago do Cacém e Grândola

Mina do Lousal
Mina do Lousal, no concelho de Grândola, Alentejo ©Bernardo Conde

De manhã cedo, aproveitei para passear novamente por Ferreira do Alentejo, absorvendo o ambiente madrugador da vila antes de rumar ao próximo objetivo: a Mina do Lousal, um dos pontos altos deste roteiro pelo Baixo Alentejo.

Lá chegados, e dado o encerramento temporário do Museu Mineiro, comecei por visitar o Centro Ciência Viva do Lousal, que muito apreciei. O que eu mais queria visitar era, no entanto, a Galeria Waldemar, mas, por desconhecimento, não marquei a visita com antecedência e, por isso mesmo, não me foi possível conhecê-la. Terá de ficar para uma próxima viagem pelo Alentejo!

Dito isto, deu ainda para visitar as ruínas dos antigos edifícios onde atualmente estão colocadas algumas instalações artísticas, bem como ver as lagoas das minas. Fez-me lembrar a visita que tinha feito anos antes a Mina de São Domingos, só que desta vez fiquei com pena de não ter visto mais. Mas valeu a pena!

Latoaria António Torrão, Santiago do Cacém
O latoeiro António Torrão a trabalhar na sua oficina ©Bernardo Conde

Passei ainda por Santiago do Cacém, onde tive oportunidade de visitar o castelo e conhecer o trabalho artesanal do latoeiro António Torrão (latoeiro/funileiro).

Depois, numa completa mudança de paisagem e ambiente natural, rumei ao litoral para apreciar a vida selvagem na Lagoa de Santo André e na Lagoa de Melides. É inacreditável a quantidade de aves que é possível observar a olho nu ou com um normalíssimo par de binóculos! Aconselho vivamente a experiência…

De resto, tempo para regressar a uma velha conhecida: a muito agradável vila de Grândola. E por ali fiquei, a retemperar energias antes de prosseguir viagem para norte.

Dormida: recomendo o belíssima guesthouse Casa Morgado, em Grândola.

Roteiro Baixo Alentejo e Litoral – Dia 6: Alcácer do Sal e Vendas Novas

Pormenor da aldeia de Santa Susana
Casario em Santa Susana ©Bernardo Conde

Dia para explorar um pouco do concelho de Alcácer do Sal, incluindo o já meu conhecido cais palafítico da Carrasqueira, onde passei algum tempo a contemplar a paisagem, e a bonita aldeia de Santa Susana. Ainda tentei fazer uma refeição no muito elogiado restaurante A Escola, mas nem tentando reservar com alguma antecedência consegui mesa.

Já quase em clima de fim de festa, tempo para visitar Vendas Novas. infelizmente, foi um local que não me cativou por ai além, pelo que era então hora de terminar o roteiro de viagem pelo Baixo Alentejo e Litoral. E assim ainda passei por Lisboa para visitar amigos, antes de regressar ao Porto. Foi uma semana em cheio!

Mapa do roteiro no Baixo Alentejo

Acima, encontra o mapa com o roteiro que eu proponho para explorar estes nove municípios do Baixo Alentejo e Litoral que fazem parte dos territórios do Montado de Sobro e Cortiça. A saber: Odemira, Ourique, Almodovar, Ferreira do Alentejo, Santiago do Cacém, Grândola, Alcácer do Sal e Vendas Novas.

É um itinerário adaptado do meu percurso, otimizado em termos de distâncias, tempo e sequência lógica. Se procura o que visitar no Alentejo, é um excelente ponto de partida, sendo certo que precisa de ajustar ao seu gosto. Até porque, desta vez, eu estava mais interessado nos artesãos do que nas belas praias da Costa Vicentina. Um desses casos é a praia da Carriagem, que eu adoro, localizada um pouco mais a Sul de Odemira, já no concelho de Aljezur; mas aqui fica a sugestão.

Cortiça
Um atrelado carregado de cortiça pronto a ir para a fábrica ©Bernardo Conde

Esta série é composta por três roteiros pelo território do Montado de Sobro e Cortiça, com foco em municípios diferentes. São eles:

Guia para visitar o Baixo Alentejo

Como se deslocar no Alentejo

É virtualmente impossível visitar todo este território de forma eficiente recorrendo a transportes públicos, sendo por isso fundamental dispor de carro próprio. Caso necessite de alugar uma viatura para fazer esta viagem, veja os melhores preços no link abaixo.

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Quanto dias são precisos para fazer o roteiro

Dada a extensão territorial do itinerário proposto, creio que cinco dias será o mínimo dos mínimos; mas, com sete a dez dias à sua disposição, conseguirá visitar todos os lugares referenciados. Dito isto, dispondo de menos tempo, recomendo que escolha menos municípios ou, em alternativa, elimine algumas das visitas sugeridas (em função dos seus interesses pessoais).

Tendo mais tempo, pode naturalmente visitar tudo com mais calma e acrescentar mais passeios pedestres. Ou, quem sabe, prolongar a viagem por outros distritos alentejanos e conjugar com os demais roteiros.

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Artigo publicado com o apoio do projeto Montado de Sobro e Cortiça.

Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.