Ruínas da civilização maia a visitar no Yucatán (México)

Ruínas mais no México: Pirâmide Nohoch Mul, Cobá
Pirâmide Nohoch Mul, na Zona Arqueológica de Cobá, uma das cidades maia mais espetaculares do Yucatán

No coração da península do Yucatán ergueu-se uma das mais fascinantes civilizações da América pré-colombiana: a civilização dos maias. É sobre as suas cidades – ou o que resta delas – que hoje escrevo, mostrando as ruínas maia mais espetaculares que tive oportunidade de visitar no México.

Das ruínas de Cobá ao sítio arqueológico Ek’ Balam, passando pela inevitável Chichén Itzá, por Mayapán, Uxmal, Edzná e pela maravilhosa cidade maia de Palenque, para além de Calakmul, Balamkú, as ruínas do Corredor Arqueológico e, claro, a Zona Arqueológica de Tulum, não faltam cidades maia emblemáticas – e motivos de interesse no Yucatán. Pelo menos para os amantes de história e interessados em saber mais sobre a civilização maia. Vamos a isso.

Civilização maia no Yucatán: introdução histórica

Museu da Arquitetura Maia
Peça em exibição no Museu da Arquitetura Maia de Campeche

Durante séculos, este povo ergueu cidades de pedra que se confundem com a selva, construiu pirâmides que desafiavam o céu e desenvolveu um conhecimento astronómico e matemático tão preciso que ainda hoje surpreende arqueólogos e estudiosos. A sua história é feita de esplendor e mistério, de conquistas quotidianas e de uma profunda ligação entre o humano e o sagrado.

O auge da civilização maia no Yucatan deu-se entre os séculos III e X, com cidades como Chichén Itzá, Uxmal ou Ek’ Balam a floresceram como centros de poder político, espiritual e cultural. As praças, templos e observatórios refletiam tanto o domínio arquitetónico como a visão cósmica deste povo. Cada pedra esculpida carregava símbolos e narrativas, testemunhos de uma sociedade complexa que se organizava em cidades-estado independentes, mas unidas por crenças, língua e tradições.

Ao contrário de outros impérios centralizados, os maias organizaram-se em cidades-estado independentes, ligadas por alianças, trocas comerciais e, por vezes, rivalidades ferozes.

Ainda hoje, ao caminhar entre as ruínas maias do Yucatán, é possível sentir o eco de uma civilização que nunca desapareceu por completo. A cultura sobrevive nos descendentes que continuam a habitar estas terras, preservando a língua, os rituais e a ligação ancestral à natureza. O passado maia, inscrito na selva e na memória viva das comunidades, é um convite a olhar mais fundo para a história e a reconhecer que, por trás das pedras silenciosas, pulsa uma herança que atravessa o tempo.

As melhores ruínas do Yucatán

Ruínas de Cobá

Pirâmide Nohoch Mul, na Zona Arqueológica de Cobá

Sem dúvida o maior atrativo turístico das ruínas de Cobá é a Pirâmide Ixmoja, parte integrante do grupo de edifícios Nohoch Mul e, por isso mesmo, normalmente referida como Pirâmide Nohoch Mul. Trata-se da maior pirâmide de Cobá, que estava localizada no coração da cidade e de cujo topo, no alto dos seus 42 metros de altura, se desfruta(va) de uma vista soberba sobre um tapete verde de selva.

O das coisas mais interessantes do complexo é o facto de estar totalmente embrenhado na selva, e o topo da pirâmide se erguer acima da copa das árvores. Até há poucos anos, ainda era permitido subir os seus degraus íngremes para contemplar, lá do alto, um mar verde sem fim. Hoje, mesmo sem a escalada, a visita continua a ser inesquecível: entre templos, estelas e lagos próximos, Cobá guarda uma atmosfera de autenticidade rara, onde a selva parece sussurrar os segredos de uma civilização que deixou marcas profundas no território e no imaginário do viajante.

É, seguramente, um dos complexos arquelógicos pré-colombianos que tem mesmo de visitar na Península de Yucatán. São das minhas ruínas mais favoritas em todo o México!

Dormida: Hotel Casa Rico, no centro de Valladolid.

Sítio arqueológico Ek’ Balam

Pirâmide em Ek'Balam
Vista a partir da pirâmide em Ek’Balam

Ek’ Balam, que em maia significa “jaguar negro”, é um dos tesouros mais surpreendentes do Yucatán. O coração do sítio é a impressionante Acrópole, uma imensa estrutura de pedra com cerca de 30 metros de altura, onde se encontra a entrada esculpida do túmulo de Ukit Kan Le’k Tok’, um dos governantes mais importantes da cidade.

A fachada, ricamente ornamentada com estuques em excelente estado de conservação, mostra figuras míticas, guerreiros e divindades que parecem ganhar vida no silêncio da selva. A partir do topo da Acrópole, a vista é arrebatadora, como se fosse um lembrete de que a natureza nunca deixou de ser o palco principal desta civilização.

Dormida: Hotel Casa Rico, no centro de Valladolid.

Chichén Itzá

Ruínas de Chichén-Itzá, México
A pirâmide de Kukulkan domina o centro do complexo arqueológico de Chichén-Itzá

Em termos históricos, Chichén-Itzá terá sido abandonada em 670 d.C. e reconstruída três séculos depois, altura em que se tornou na mais importante cidade do nordeste do Yucatán e no epicentro da cultura maia, centro financeiro do Yucatán e das rotas de comércio de mercadorias – uma ascensão relacionada com o declínio de outros centros regionais nas planícies do sul do Yucatán.

Para isso terá contribuído o facto de, após a região ser tomada pelos Itzá – um povo de forte tradição militar! -, ter sido estabelecido um sistema de tributação que gerava riqueza para a região, facilitando o seu desenvolvimento.

Chichén-Itzá
Chichén-Itzá

Quinze séculos depois, ali estava eu. Pela segunda vez. E não foi sacrifício algum voltar à cidade pré-hispânica de Chichén-Itzá. Até porque, mesmo não sendo a minha favorita, faz parte das melhores ruínas da Península do Yucatán e é, de longe, a mais popular cidade maia do México.

Entre os edifícios mais emblemáticos, destaque para a Pirâmide de Kukulkan – a versão maia do deus asteca Quetzalcóatl, a serpente emplumada –, também conhecida como O Castelo. Com cerca de 30 metros de altura, domina por completo a paisagem à entrada do complexo arqueológico.

Dormida: Hotel San Miguel Arcángel, no centro de Izamal – a “cidade amarela”.

Sítio arqueológico de Mayapán

Melhores ruínas do Yucatán: Mayapan
Mayapan, uma das melhores ruínas do Yucatán

Mayapán é muitas vezes chamada de a “última grande capital maia”. Fundada no século XIII, depois do apogeu de cidades como Chichén Itzá e Uxmal, este centro político e cerimonial tornou-se o coração do Yucatán durante mais de dois séculos.

O sítio arqueológico de Mayapán impressiona pelo seu traçado compacto e pelas mais de quatro mil estruturas identificadas, que recriam em escala menor o esplendor de Chichén Itzá. Hoje, em contraste com a tranquilidade do lugar, Mayapán oferece ao viajante a oportunidade rara de explorar um dos capítulos finais da civilização maia, num cenário menos visitado e envolto de autenticidade.

No seu auge, Mayapan albergou cerca de 15 mil habitantes dentro das muralhas que protegiam templos, praças e palácios. A cidade era também palco de alianças e intrigas: liderada pela poderosa família Cocom, acabou por ruir no século XV, após revoltas internas e conflitos que precipitaram o seu abandono pouco antes da chegada dos espanhóis.

Uxmal

Cidades maia: Pirâmide do Adivinho, Uxmal
Pirâmide do Adivinho na cidade maia de Uxmal, México

A cidade maia de Uxmal chegou a ser uma das maiores cidades do Yucatan, com uma população estimada de cerca de 25.000 pessoas. Dizem os entendidos que a disposição dos edifícios revela que havia naquela civilização muito conhecimento de astronomia.

A mim, o que mais me impressionou foi mesmo um dos tesouros de Uxmal. Falo da chamada Pirâmide do Adivinho, uma estrutura de quase 40 metros de altura a que é impossível ficar indiferente. Wow!

Dormida: Hotel Casa del Balam, no centro de Mérida. mas veja o artigo sobre onde ficar em Mérida (México) para outras opções.

Zona arqueológica de Edzná

Zona arqueológica de Edzná
Cidade maia de Edzná

Localizada na zona de Campeche, a zona arqueológica de Edzná é uma das mais antigas cidades da região, com as primeiras evidências de ocupação a apontarem para 400 a.C. Foi quando uma comunidade se estabeleceu num vale em forma de ferradura e desenvolveu como atividade principal a agricultura, constituindo uma sociedade bem organizada, que ergueu edifícios monumentais, bem como um sistema hidráulico, que facilitou a irrigação e a manutenção dos imóveis.

Uma grande metrópole, cuja riqueza de edifícios e estilos dá uma ideia precisa do enorme poder político, económico e religioso que ali teve lugar. Edzná possui edifícios religiosos e residenciais distribuídos por uma área de aproximadamente 25 quilómetros quadrados. O Templo da Pirâmide dos Cinco Andares, na praça principal, é um dos mais impressionantes.

Dormida: Hotel H177, no centro de Campeche.

Ruínas de Palenque

Ruínas de Palenque
Ruínas de Palenque, Chiapas

Palenque, uma zona arqueológica da civilização Maia, está localizada no estado de Chiapas, no México, e é reconhecida como Património Mundial pela UNESCO desde 1987. Terá atingido o seu auge nos anos entre 600 e 800, mas foi abandonada e completamente tomada pela selva a partir de 900, só tendo sido redescoberta em pleno século XVIII.

Há quem diga que Palenque é a mais bonita de todas as cidades maia – e eu concordo. Tem um tamanho médio ( é mais pequena do que Tikal, Chichen Iza ou Copán) e algumas das melhores arquiteturas e esculturas em baixo relevo que os maias produziram.

Calakmul

Ruínas no México: Calakmul,
Calakmul

Localizada a apenas 35 quilómetros de distância da fronteira com a Guatemala, no estado de Campeche, as ruínas de Calakmul revelam uma das maiores e mais poderosas cidades antigas alguma vez descobertas nas terras baixas maias. Calakmul era a capital do chamado Reino da Serpente (o seu glifo-emblema usava como sinal uma cabeça de serpente) e estudou-se muito a rivalidade que tinha com a comunidade de Tikal e, mais tarde com Palenque.

Murais maias cidade de Calakmul, México
murais maias encontrados na antiga cidade de Calakmul, México

Há muita História, e muitas histórias, a povoar o imaginário da incrível civilização maia. E eu só posso dizer que é fácil o viajante ficar impressionado com os vestígios da civilização mais que ali se encontram. O núcleo do sítio arqueológico de Calakmul cobre uma área de apenas 2 quilómetros quadrados, mas contém ruínas de aproximadamente 1.000 estruturas.

Ruínas de Balamkú

Face à monumentalidade de algumas das cidades anteriores, só se pode dizer que Balamkú é um pequeno sítio arqueológico e que testemunha o que foi a civilização maia.

Fica relativamente próximo de Calakmul e apresenta um dos maiores frisos de estuque sobreviventes no mundo maia. Balamkú foi ocupado pela primeira vez por volta de 300 a.C e o mais espantoso é que foi descoberta apenas em 1990.

Kohunlich (Corredor Arqueológico)

Ruínas de Kohunlich, México
Ruínas de Kohunlich, México

O sítio arqueológico de Kohunlich é um dos mais intrigantes e menos explorados da civilização maia em todo o México. O local cobre cerca de 85 mil metros quadrados e guarda perto de 200 montes ainda não escavados, o que lhe confere uma aura de mistério e descoberta.

Planeada de forma elaborada, a cidade foi construída com plataformas elevadas, pirâmides, cidadelas, pátios e praças que se interligavam por um engenhoso sistema hidráulico. Kohunlich é particularmente conhecida pelo seu Templo das Máscaras, uma pirâmide do Período Clássico Inicial cuja escadaria central é ladeada por enormes máscaras humanizadas em estuque.

Dzibanché (Corredor Arqueológico)

Ruínas Dzibanché
Cidade maia de Dzibanché

Embora seja de difícil acesso, vale bem a pena chegar a Dzibanché e deslumbrar-se com a sua natureza isolada e semi-selvagem. Dzibanché significa “escrita na madeira” e foi uma grande cidade, que se estendia por mais de 40 quilómetros quadrados. Há vários palácios e pirâmides escavados, embora o local em si não tenha sido completamente desenterrado.

A cidade foi descoberta em 1927 por Thomas Gann, e foi ele quem lhe deu o nome, depois de ter encontrado, no Templo dos Lintéis, símbolos de calendários gravados em madeira.

Zona Arqueológica de Tulum

Ruínas de Tulum, México
Zona Arqueológica de Tulum

Porventura o ex-líbris maior de Tulum, a zona arqueológica vale não tanto pelos edifícios propriamente ditos, até porque não tem pirâmides grandiosas ou construções de grande dimensão. Ou seja, há ruínas muito mais impactantes na Península do Yucatán – e noutras regiões do México. O que torna as ruínas de Tulum verdadeiramente únicas é a sua localização ímpar, debruçadas sobre o Mar das Caraíbas.

A cidade era protegida do lado do mar pelas escarpas naturais, muito íngremes; e nos lados terrestres por uma muralha que teria uns bons cinco metros de altura. Ainda hoje, é possível ver partes dessa muralha. Entre os templos mais conhecidos de Tulum, referência para o Castelo, o Templo dos Frescos (ou Templo das Pinturas) e o Templo do Deus Descendente.

São, seguramente, das ruínas mais visitadas da península do Yucatán.

Dormida: Hotel Los Arcos, em Tulum. Veja o artigo sobre onde ficar em Tulum para as melhores opções hoteleiras na região.

Outras ruínas do Yucatán a visitar

Felizmente para os amantes de história, não faltam excelentes ruínas em toda a península do Yucatán, pelo que é praticamente impossível visitá-las todas numa única viagem.

Pela minha parte, queria muito conhecer a chamada Ruta Puuc, constituída por complexos arqueológicos de pequena dimensão mas com decoração mais exuberante. Estou certo, aliás, que estarão entre as melhores ruínas maia do Yucatán – pelo menos para o meu gosto. Entre elas, estavam no plano do meu roteiro no México as seguintes:

  • Kabah (Ruta Puuc)
  • Sayil (Ruta Puuc)
  • Xlapak (Ruta Puuc)
  • Labná (Ruta Puuc)

Mapa com os complexos arqueológicos do Yucatán mais emblemáticos

A laranja, as ruínas maia que não consegui visitar; a azul estão as que visitei e recomendo.

Dicas para visitar as cidades maia do México

Como se deslocar no Yucatán

A forma mais prática de viajar no México é, sem dúvida, de carro alugado. Foi a opção que escolhi, especialmente pela liberdade que permite no acesso a locais menos óbvios, como alguns cenotes; e pela segurança extra que a opção proporciona em tempos de pandemia. Como disse, no total fiz cerca de 3.000 km, e alugar carro julgo ter sido a opção mais correta. Aluguei numa empresa mexicana chamada Easy Way e não tive qualquer problema; mas podem comparar preços com todas as rent-a-car no site Discover Cars.

Dito isto, há uma excelente rede de autocarros entre cidades, operada pela empresa de transportes ADO, que tem viagens frequentes e confortáveis em toda a Península do Yucatán. Mas não são práticos para visitar as ruínas maia espalhadas pelo México.

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Filipe Morato Gomes

Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.

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