O Parque Nacional de Serengeti é seguramente um dos santuários de vida selvagem mais conhecidos do continente africano. Para mim, fazer um safari no Serengeti era um sonho antigo. Não só por ser um local propício a avistar os big five, mas por ser um exemplo em termos de preservação ambiental na Tanzânia. E ali estava eu, prestes a concretizar esse objetivo!
Geograficamente, o parque pode ser dividido em três secções:
- As planícies do Centro e Sul, no chamado Vale de Seronera, correspondem à área que os maasai chamavam de serengit – a “terra das planícies infinitas”. Trata-se da região mais visitada do Serengeti, com ambiente de savana pontilhado por acácias e muita vida selvagem.
- Depois há o chamado Corredor Oeste, onde pontifica o Rio Grumeti – um território de florestas e arbustos mais densos.
- E, finalmente, o Norte do Serengeti, na fronteira com a reserva queniana de Masai Mara, onde se pode assistir à incrível travessia do Rio Mara durante a Grande Migração dos gnus. É a região menos visitada do parque.
Tal como a esmagadora maioria dos visitantes, dados os dias disponíveis e a época do ano, concentrei o safari nas planícies do Centro e Sul do Serengeti.
Protegido pela UNESCO como Património Mundial, o Parque Nacional de Serengeti dá abrigo a uma das maiores concentrações de animais selvagens do planeta. Por ele passam mais de um milhão de gnus e zebras na contínua grande migração que, anualmente, os faz percorrer os limites do parque no sentido dos ponteiros do relógio, com incursões aos vizinhos parques naturais de Ngorongoro e Masai Mara – este último já no Quénia.
Durante o meu safari na Tanzânia, dediquei quatro dias a explorar o Serengeti e a Área de Conservação Ambiental de Ngorongoro, sem contar com a descida à cratera. Julgo que foi o número de dias ideal!
O meu safari no Serengeti
Depois de visitar o Lago Manyara, a próxima etapa da minha viagem passava por fazer um safari no Serengeti. No primeiro dia, saímos de Arusha e atravessámos Ngorongoro em direção à entrada do Parque Nacional de Serengeti.
Viajámos muito lentamente e, na altura, não percebi os motivos. Parecia-me que estávamos a perder um tempo precioso, mas a ideia de Kennedy, o nosso guia, era não entrar no parque demasiado cedo, uma vez que as autorizações têm 24 horas de duração (ou seja, quanto mais tarde entrasse, mais tarde poderia sair no último dia, dando tempo de regressar oriundo das planícies centrais).
Deveriam ser umas 15:00 quando finalmente entrámos no parque, preparados para a primeira tarde de um muito aguardado safari no Serengeti. Fomos seguindo em viagem contínua para norte, até à zona central do parque.
Ao longo do dia, vi centenas de zebras e de gnus; muitas gazelas, impalas e oryx; leões e respetivas crias, incluindo uma leoa no cimo de uma árvore; avestruzes e águias; hipopótamos e crocodilos; búfalos; um leopardo no topo de uma árvore; hienas, chacais e mabecos; pássaros belíssimos como o rolieiro-de-peito-lilás. Um fartote, portanto!
Chegámos ao Baobab Serengeti Camp já passava das 19:00. Foi o local onde sucedeu um dos momentos mais curiosos do safari no Serengeti. Durante a noite, ouvimos o rugido de vários leões, que pareciam estar muito perto da tenda, como que a fazer lembrar que estávamos em território selvagem. O curioso é que, em vez de majestosos e assustadores, os rugidos dos leões terminavam sempre com sons semelhantes a alguém a tossir de forma delicada. Hilariante!
No dia seguinte, invertemos o rumo do safari e explorámos novamente as planícies centrais do Serengeti, mas desta feita viajando em direção do sul do parque. Parámos no Centro de Informação do Serengeti (nada de especial), e continuámos a ver muitas girafas, zebras e gnus; gazelas e outros antílopes; leões e leoas, incluindo um macho a comer uma pequena cria de gnu; e ainda flamingos.
Mas o momento do dia foi a primeira chita que vi, espécie que se viria a destacar como a minha favorita em todo o safari de seis dias na Tanzânia. Haveria de terminar a noite no Angata Migration Camp, um tented camp localizado na fronteira entre o Sul do Serengeti e a Área de Conservação Ambiental de Ngorongoro.
O terceiro dia no Serengeti foi seguramente um dos melhores. Para isso em muito contribuiu o facto de termos começado bem cedo. Eram 5:30 da manhã e estávamos prontos para iniciar o safari do dia.
Logo no início do game drive, fomos alertados via rádio para a iminência de uma caçada por parte de uma chita. Fomos até lá, e esperámos. E esperámos. Muito. Tempo. A chita observava um grupo de impalas e preparava-se para as caçar. Apostámos que algo poderia acontecer e fomos ficando. Há que arriscar. Mas as impalas afastaram-se e a chita teve de abortar a tentativa. Valeu pelos momentos de tensão e expectativa!
Haveríamos de ver outro momento único com outra chita. Às tantas, encontrámos uma chita que estava a chamar por algo. Andava de um lado para o outro, gritando e gritando e gritando, como se procurasse alguém; até que, de repente, apareceram na sua direção duas outras chitas a correr. “São os irmãos”, explicou Kennedy. E por ali ficaram na brincadeira, os três, comemorando o reencontro.
Não muito longe do lodge, havia um espaço muito bonito cheio de flamingos, junto a um lago. Foi lá que almoçámos – acabando por ter a companhia de um guia amigo de Kennedy, com mais de 20 anos de experiência. Fez a apologia do turismo sustentável e das vantagens da conservação ambiental, numa espécie de mea culpa pelas práticas de outrora. “Antes estávamos a matar os animais porque um homem rico nos pagava; e não percebíamos que estávamos era a matar-nos a nós. Mas felizmente agora as pessoas já percebem”, contou.
É verdade. As autoridades da Tanzânia fazem um esforço por preservar os recursos naturais, nem que seja porque perceberam que isso é uma vantagem económica. E esse esforço de educação ambiental já chegou às aldeias maasai: “mesmo os maasai“, continuou, “já aceitam não matar os animais [predadores como os leões, por exemplo], porque o governo lhes paga uma indemnização sempre que um predador mata o seu gado”.
Ainda houve tempo para ver uma leoa a comer uma zebra (mais uma vez, não vi a caçada); mais alguns grupos de leões; chacais à espera que as leoas acabassem a refeição; e até, surpresa das surpresas, vi uma tartaruga no Serengeti; antes de regressar ao Angata Migration Camp.
Na última manhã na região, e antes de rumar à Cratera de Ngorongoro, tempo ainda para mais um game drive na divisão entre o Sul do Serengeti e Ngorongoro. Por esta altura, estávamos já de alma cheia, certos de que, em termos de vida selvagem e entre todos os parques que já tive oportunidade de visitar, o Serengeti é, de facto, um dos locais mais extraordinários do planeta!
Guia prático
A rota da Grande Migração
A Grande Migração dos gnus tem início no sul do Serengeti, entre janeiro e março, altura em que nasce cerca de meio milhão de crias. É uma época recheada de ação, com os predadores em caçadas constantes aos recém-nascidos.
Por volta de maio, quando a seca começa a atingir a região, as manadas de gnus dirigem-se para norte, em direção a Masai Mara, atravessando rios infestados de crocodilos em busca de pastos verdejantes.
Com o início da curta época seca, em finais de outubro, a Grande Migração volta a dirigir-se para o Serengeti. Quando chega o mês de dezembro, as manadas de gnus – acompanhadas de zebras e antílopes – estão já a atravessar a região de Seronera, no centro do Serengeti; regressando depois ao sul do parque para nova época de nascimentos. E tudo começa novamente!
Como organizar um safari no Serengeti
Há tantas companhias que oferecem safaris no Serengueti – e na Tanzânia em geral! – que procurar em todas elas pode ser um trabalho difícil e demorado. Por isso mesmo, recomendo vivamente que utilize a Safari Bookings para comparar as opções e ajudar a escolher o safari ideal para aquilo que pretende.
Dito isto, o meu safari foi organizado pela Soul of Tanzania e teve a duração total de seis dias, passando pelo Lago Manyara, Serengeti e Área de Conservação Ambiental de Ngorongoro. Para todos os detalhes práticos, incluindo que empresa escolher, quando e onde ir, veja o post sobre o meu safari na Tanzânia.
Pode também verificar abaixo as melhores opções para um safari no Serengueti.
Onde dormir
Um dos mais conhecidos exemplos da hotelaria no Serengeti é o Four Seasons Safari Lodge, de onde seguramente já viu imagens de uma piscina com vista para elefantes muito perto do hotel. Mas há vários outros hotéis de luxo (e preço a condizer) que vale a pena considerar caso seja esse o seu sonho, como o extraordinário One Nature Nyaruswiga e o Melia Serengeti Lodge. Um pouco menos dispendioso mas igualmente recomendável, o Mapito Tented Camp é outro lodge muito interessante.
Pela minha parte, dormi no Baobab Serengeti Camp no Norte do Serengeti; e no Angata Migration Camp, na fronteira entre o Sul do parque e a Área de Conservação de Ngorongoro. Recomendo ambos sem reservas. Seja como for, não espere encontrar hotéis baratos no Serengeti.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.
A Soul of Tanzania teve a amabilidade de me proporcionar um safari de seis dias na Tanzânia a custos reduzidos. Paguei todos os voos, as taxas de acesso aos parques e as gorjetas devidas ao guia.