Não há volta a dar: Maiorca é um destino de verão. E a maioria das pessoas chega à ilha com o objetivo de desfrutar das fantásticas praias de Maiorca. Fazem bem. Desde que guardem algum do seu tempo para fazer outras coisas.
Sim, há muito mais coisas para fazer em Maiorca do que apenas lagartar nas suas belas praias. Incluindo visitar a região montanhosa da Serra de Tramuntana, no noroeste da ilha. É a terceira zona territorial de Maiorca a merecer um post específico, depois de dedicar um artigo inteiro ao belíssimo litoral de Santanyí e outro ao que visitar em Palma de Maiorca. E isso já diz muito do quanto gostei de conhecer a Serra de Tramuntana.
Juntei, pois, os locais mais emblemáticos da Serra de Tramuntana, a maior cordilheira das Ilhas Baleares, numa espécie de roteiro serrano que inclui Deià, Valldemossa e Fornalutx, três das mais bonitas aldeias de Maiorca; estradas estonteantes; miradouros e mosteiros; e ainda Cala Murta, uma das mais belas praias de Maiorca. É a minha opinião, claro. Vale o que vale.
O roteiro percorre toda a extensão da estrada Ma-10, de Andratx a Pollença, e daí ao Cabo Formentor, ao longo de apenas 174km (contando com alguns “desvios”). Mas note que as estradas são maioritariamente de montanha e as distâncias, em Maiorca, devem ser medidas em horas e não em quilómetros.
Pondere, por isso, pelo menos dois dias para visitar todos os locais propostos neste roteiro pela Serra de Tramuntana, com uma dormida algures a meio do percurso. Até porque vai querer parar muitas vezes, para visitar e desfrutar dos locais recomendados.
Geograficamente, a região de Fornalutx seria o local ideal para pernoitar (espreite o hotel Can Verdera, por exemplo)
Um roteiro pela Serra de Tramuntana (Ma-10)
“A paisagem cultural da Serra de Tramuntana está localizada numa cordilheira montanhosa paralela à costa noroeste da ilha de Maiorca. Milénios de agricultura num ambiente com recursos escassos transformaram o terreno; e criaram uma rede articulada de dispositivos para a gestão da água que alimenta as unidades de exploração agrícola de origem feudal. A paisagem é marcada por socalcos e moinhos de água, bem como construções de pedra seca e fincas.”, in UNESCO
Uma vez que não sei onde ficará alojado, no contexto deste roteiro pela Serra de Tramuntana vou assumir que a viagem começa em Andratx e termina no farol do Cabo Formentor. Caso esteja a dormir em Palma de Maiorca, adicione 28km ao início do percurso; e assumindo que no término do roteiro vai ficar em Alcúdia, conte com mais 30km para chegar ao centro da povoação.
Km 0: Andratx
Ponto de partida para este roteiro de viagem pela Serra de Tramuntana, Andratx é uma povoação tranquila e sem grandes pontos de evidente interesse. Exceção ao Centro Cultural Andratx (CCA), um grande complexo dedicado à arte contemporânea.
Turisticamente falando, Andratx vive um pouco na sombra da sua vizinha costeira Port d’Andratx, mas desta vez não vamos fazer o desvio para o litoral. Até porque Andratx é o ponto de partida para a exploração da magnífica região da Serra de Tramuntana.
Saindo de Andratx, a estrada começa a serpentear pouco depois da povoação. Está em plena Serra de Tramuntana e pode contar desde logo com muitas curvas e contracurvas; de vez em quando, o mar lá marca presença na viagem, lá em baixo, visível a partir da estrada.
Km 23: Torre de Verger
A Torre de Verger é uma torre de vigia com mais de quatro séculos de história, localizada bem perto de Banyalbufar. Foi edificada no limite de uma escarpa que afunda abruptamente até ao mar e oferece, também por isso, vistas muito bonitas lá do topo, com o recortado da costa a beijar o azul do mar perante a presença ocasional de iates e veleiros.
Para chegar ao ponto mais alto da Torre de Verger, é preciso subir uma escada de ferro que pode causar receio aos menos afoitos. Mas vale a subida.
Km 25: Banyalbufar
Ao que consta, a população residente de Banyalbufar tem vindo gradualmente a diminuir nos últimos anos, apesar do povoado ser muitas vezes considerado uma das aldeias mais bonitas de Maiorca.
Banyalbufar é, aliás, uma povoação pequena mas curiosa. Mesmo não tendo grandes atrações históricas, é conhecida pelas vinhas da casta malvasia que ali se cultivam. E é um local onde, tendo tempo, se podem fazer inúmeras caminhadas tendo a Serra de Tramuntana como fiel companheira.
Seja como for, não deixe de levar o carro até à Cala Banyalbufar, uma das praias que visitei em Maiorca. Ficará desde logo com uma ideia do que esperar das calas maiorquinas (há outras mais bonitas, claro!).
Km 41: Valldemossa
Alguns quilómetros adiante, tem a possibilidade de virar à esquerda e fazer a estrada que desce até Port des Canonge. Não incluí esse desvio na contabilidade do roteiro, até porque adiante conhecerá a mais famosa estrada até Sa Calobra, mas deixo a sugestão porque é um trajeto verdadeiramente bonito (na minha opinião, claro).
De volta à Ma-10, é agora hora de seguir até a Valldemossa, considerada uma das mais belas aldeias de Maiorca.
É certo que, apesar da ruralidade envolvente, Valldemossa é uma povoação um pouco turística, sendo inclusive visitada pelos autocarros oriundos dos resorts de Palma de Maiorca e Port de Alcúdia. Ainda assim, não visitar Valldemossa parece-me um erro. Estacione, e parta à descoberta da aldeia.
Para além do mosteiro centenário que domina o coração de Valldemossa, do imenso charme das suas ruelas estreitas e empedradas, e dos agradáveis cafés, lojas e restaurantes, há um outro fator que contribui para a fama da aldeia. É que consta que o compositor polaco Frédéric Chopin viveu em Valldemossa durante alguns meses, no longínquo inverno de 1838-39.
Km 51: Deià
Uma dezena de quilómetros adiante chega a Deià. É uma povoação encantadora, recheada de charme e caráter e, muito provavelmente, a minha aldeia favorita de Maiorca. Estacione o carro num dos parques da aldeia e explore a pé por onde lhe apetecer. Não vale a pena dar qualquer indicação adicional. Explore.
Km 54: Cala Deià
Caso tenha tempo e vontade de relaxar junto ao mar, e uma vez satisfeita a curiosidade na aldeia de Deià, nada como descer até Cala Deià. Trata-se de uma pequena praia, sem areal, que tem dois pequenos bares onde pode relaxar acompanhado por uma bebida. Fica ali ao lado e vale a pena.
Km 67: Estação de Soller
Antes da paragem em Fornalutx, ponto final do primeiro dia do roteiro pela Ma-10, na Serra de Tramuntana, sugiro um momento cultural que não lhe toma assim tanto tempo.
Na estação de caminhos-de-ferro de Soller, há uma pequena exposição com pinturas de Joan Miró e esculturas de Pablo Picasso. O desvio é quase nulo e a exposição grátis e permanente. É uma oportunidade que não deve perder.
Km 71: Fornalutx
Ponto final de um dia em cheio, Fornalutx é uma aldeia de arquitetura tradicional e bem preservada. Como escrevi no texto intitulado 10 coisas que tem (mesmo) de fazer em Maiorca, “Fornalutx é a típica aldeia fofinha, muito pequena e charmosa; ao ponto de, em vários escritos, se referirem a ela – porventura com algum exagero – como a mais bela aldeia de Espanha”.
Vale a pena percorrer as ruelas empedradas junto à pequena praça central. Vai encontrar tudo muito bem arranjado, limpo e bonito. É também o local perfeito para pernoitar a meio do roteiro.
Caso opte mesmo por ficar a dormir em Fornalutx, há um hotel absolutamente incrível chamado Can Verdera. Não é para todas as carteiras mas, caso queira perder a cabeça por uma noite, este é o momento. Para outras opções, veja o link abaixo:
Manhã cedo, aproveite para um último passeio por Fornalutx ou um café para começar bem o dia. Depois disso, é hora de fazer-se à estrada, até porque não quer chegar tarde a Sa Calobra. A segunda etapa do roteiro pela Serra de Tramuntana está prestes a começar.
Km 104: Sa Calobra
A estrada Ma-10 tem sido o palco preferencial desta viagem por território classificado pela UNESCO mas, para visitar Sa Calobra, há que abandonar a Ma-10 por alguns quilómetros. Mas fixe este nome: Ma-2141. É uma das estradas mais espetaculares de Maiorca (e seguramente a mais famosa!).
Na verdade, são apenas 12km que serpenteiam pelas encostas da Serra de Tramuntana até ao pequeno porto de Sa Calobra. Mas as vistas são deslumbrantes, e as curvas a 180 graus (ou mais) conferem-lhe um toque especial. Mesmo para quem não seja apaixonado por conduzir – é o meu caso -, percorrer esta estrada é algo “obrigatório” fazer em Maiorca. Pode acreditar.
Km 128: Mosteiro de Lluc
Passei no Mosteiro de Lluc durante a minha passagem pela Serra de Tramuntana. É o mais importante local de peregrinação de Maiorca mas, com toda a sinceridade, na altura não me apeteceu visitá-lo.
Fica, por isso, apenas a indicação da sua existência para os interessados. Até porque fica a caminho de Pollença e, logo a seguir, do Miradouro Es Colomer. É a próxima paragem do roteiro.
Km 160: Miradouro Es Colomer
Pouco depois de passar Port de Pollença, a estrada entra finalmente na Península de Formentor, no extremo nordeste da Ilha de Maiorca. Há curvas e contracurvas, num cenário montanhoso que aparenta ser cada vez mais espetacular; mas, antes disso, vale a pena parar no Miradouro Es Colomer para apreciar as vistas sobre o litoral maiorquino.
No verão, é provável que encontre um ou outro autocarro de turismo estacionado nas proximidades de Es Colomer, mas não deixe que isso afaste a vontade de fazer os duzentos metros até ao miradouro. Vale a pena.
Depois disso, é tempo de ir a banhos…
Km 168: Cala Murta
Cala Murta fica bem perto do Cabo Formentor, na extremidade noroeste da Ilha de Maiorca. E, com o roteiro pela Serra de Tramuntana a chegar ao fim, nada melhor do que um banho numa das praias mais bonitas de Maiorca.
Para fazê-lo, convém saber que a única forma permitida de aceder à cala é… a pé. São apenas 30 minutos de caminhada, mas o suficiente para afastar a esmagadora maioria dos veraneantes de férias em Maiorca. É uma das razões porque a Cala Murta é tão especial – tem pouca gente.
Lá chegado, há uma pequena enseada, com pedras no lugar de areia, rodeada por muita vegetação e as águas transparentes. Um deleite para os sentidos!
Km 174: Cabo Formentor
A estrada prossegue até à extremidade do Cabo Formentor, onde se encontra o homónimo farol. A sua visão é imponente e a chegada é até emocionante. Eu, infelizmente, não tive a melhor das experiências.
Quando fiz a estrada que atravessa toda a Península de Formentor, na segunda quinzena de julho, eram tantos carros a tentar chegar ao farol que não havia estacionamento para todos. Sem paciência para esperar, muitos condutores estavam a inverter a marcha na estrada, deixando o farol para outra oportunidade; e foi isso mesmo que eu fiz. Não tenho, por isso, fotos do farol do Cabo Formentor.
Dito isto, a paisagem junto ao Cabo Formentor é deslumbrante e agreste, tal como em toda a cordilheira. O farol marca o extremo nordeste da Ilha de Maiorca; e o fim deste roteiro pela Serra de Tramuntana.
Fica mais uma vez provado que Maiorca não é só praia!
Mapa: roteiro pela Serra de Tramuntana
Dicas para visitar a Serra de Tramuntana (Maiorca)
Como chegar
Caso alugue um carro, é possível visitar as três aldeias no mesmo dia, independentemente do local onde estiver alojado em Maiorca. É evidente que poupa alguns quilómetros se tiver como base qualquer lugar da Serra de Tramuntana – como Soller ou Port de Soller, por exemplo -, mas de Alcúdia ou Palma de Maiorca também consegue.
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Onde ficar
A oferta de alojamento em Maiorca é vasta, incluindo na capital Palma de Maiorca, na mais turística Alcúdia ou nas aldeias da Serra de Tramuntana. Escrevi um post para o ajudar a decidir onde ficar em Maiorca, onde encontra inúmeras opções de fincas e hotéis, bem como uma opinião sobre a melhor zona da ilha para montar a sua base.
No que toca à Serra de Tramuntana, eis alguns dos hotéis mais acolhedores que encontrei (note que, regra geral, o alojamento não é barato):
- Port de Soller: 1902 Townhouse (9,8 no booking)
- Valldemossa: Residencial Suites Valldemossa (9,8)
- Valldemossa: Macarena’s House (9,6)
- Fornalutx: Can Verdera (9,0)
Procurar hotéis na Serra de Tramuntana
Seguro de viagem
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