Algures entre a arte e a pornografia, o The Kingdom of Somchai’s Affection é um lugar, no mínimo, estranho. Fica escondido entre a luxuriante vegetação de Koh Mak, bem perto da praia Ao Soun Yai, um dos mais atrativos areais de toda a ilha.
O The Kingdom of Somchai’s Affection não é, evidentemente, a típica atração turística de uma ilha tailandesa. Até porque Khun Somchai – o seu criador – começou a construir as estátuas eróticas (chamemos-lhes assim!) muito antes de Koh Mak começar a atrair turistas. É, ao invés, uma espécie de mundo paralelo numa ilha de praias idílicas.
Curioso, decidi ir conhecer o mundo de Somchai.
A minha visita ao The Kingdom of Somchai’s Affection
Saí do Koh Mak Resort – onde estava hospedado – e fui andando até ao caminho de terra que dá acesso ao mundo de Somchai. Duas estátuas femininas, na berma do caminho, deram-me uma espécie de boas-vindas. O espaço estava mal cuidado, como que tomado pelo crescimento imparável da floresta tropical.
Entrei, sem saber bem se o lugar era público, e comecei a explorar.
À minha frente, por entre a vegetação verdejante, estátuas com apreciável realismo retratando maioritariamente o corpo de mulheres. O teor sexual e provocador, no limite da pornografia explícita, era evidente. Admito até que possa ser chocante aos olhos de visitantes mais pudicos.
Sim, há algum exagero propositado – e impossível de ignorar – nas vaginas de proporções generosas, pintadas de um vermelho vivo que as tornam ainda mais distintivas no meio do cinzento do cimento. E também seios fartos, com mamilos igualmente pintados de vermelho. Mulheres de quatro com vaginas proeminentes. Um homem com cabeça de macaco e um enorme pénis ereto.
Arte ou pornografia?, interroguei-me várias vezes, enquanto explorava o The Kingdom of Somchai’s Affection sem no entanto chegar a qualquer conclusão. Até porque, vaginas e conotações sexuais à parte, a verdade é que as estátuas são de facto um trabalho criativo muito interessante. Foi quando ouvi barulho vindo de uma pequena cabana de madeira instalada sobre estacas.
Ao contrário do que pode ser lido em alguns sites e blogs de viagens, Khun Somchai não morreu. Encontrei-o vivo e de boa saúde preparando o almoço na sua pequena casa de madeira junto ao chamado Templo do Amor.
Tinha muita curiosidade em perceber o que tudo aquilo significa para Somchai; fazer-lhe perguntas, compreender os motivos por detrás da criação de esculturas tão exageradamente sexualizadas. Ouvir da sua boca as razões para tão bizarra criação.
Porquê? – foi outra das questões que me ocorreu várias vezes. Até porque muito daquilo não parecia fazer sentido; ainda para mais num local remoto e pacato como Koh Mak. Infelizmente, a barreira linguística não me permitiu ir além de uma troca de sorrisos com Somchai. Saí de lá tão ou mais intrigado do que chegara.
Seja como for, sou a favor da liberdade criativa. Se Gustave Courbet pintou A Origem do Mundo em meados do século XIX, por que não poderá Somchai mostrar o seu Templo do Amor em pleno século XXI?
Continuo sem saber se é arte ou pornografia. Mas encontrar um rótulo ou definição talvez seja de somenos importância no que à liberdade criativa diz respeito.
Mais fotos do Templo do Amor, Koh Mak
Veja o texto Koh Mak, equilíbrio perfeito no Golfo da Tailândia para conhecer outras atrações e dicas práticas adicionais sobre a ilha; e este roteiro na Tailândia com epicentro no arquipélago de Koh Chang.
Guia prático
Como chegar
Antes de mais, é preciso chegar a Trat. Vindo de Bangkok, pode voar ou apanhar um autocarro que demora entre cinco e seis horas de viagem.
A partir de Trat, terá de arranjar transporte do aeroporto (ou estação de autocarros) até ao cais de embarque e apanhar um barco rumo a Koh Mak. Note que há três cais de embarque distintos em Trat – o motorista saberá onde o deixar.
Eu fui num speedboat para Koh Mak com a Leelawadee Koh Mak. Parte do cais Laem Ngop, e dá para reservar online. Na época alta, aconselho vivamente a reservar com antecedência (os lugares são bem limitados). Para sair de Koh Mak, fui num speed boat da Bangbao Boat até Koh Wai (o destino final era Koh Chang).
No que toca às viagens inter-ilhas, a maioria dos speedboats entre Koh Chang, Koh Mak e Koh Kood só operam no verão tailandês, sensivelmente de outubro até meados ou final de abril. Veja os horários e rotas inter-ilhas das companhias Boonsiri e Bangbao, por exemplo.
Onde ficar
O Seavana Koh Mak Beach Resort é, com toda a certeza, o melhor hotel de Koh Mak. Fica na praia Ao Soun Yai, pertíssimo do Koh Mak Resort, um hotel com excelentes condições e uma atmosfera relaxada; foi onde fiquei hospedado. Dito isto, nem um nem outro são hotéis baratos.
Alternativas mais em conta – e igualmente boas – são o Koh Mak Ao Kao White Sand Beach, na praia de Ao Kao; e o fantástico Bamboo Hideaway Resort, provavelmente o meu hotel de Koh Mak favorito.
Por fim, no segmento mais económico, o Koh Mak Green View é das melhores opções, embora um pouco mais afastado dos pequenos centros urbanos. Para pesquisar outras opções de alojamento em Koh Mak utilize o link abaixo.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.
Viajei para Koh Mak a convite do Turismo da Tailândia.