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Visitar Bissau | O que fazer na capital da Guiné-Bissau

Por Filipe Morato Gomes
Visitar Bissau
Rua no centro histórico de Bissau

Procura o que fazer em Bissau, a capital da Guiné-Bissau? Pois bem, recentemente tive oportunidade de visitar Bissau, com especial foco no centro histórico da cidade, de inspiração colonial. Manda a verdade dizer que, do porto de “Pindjiguiti” ao Palácio Presidencial, e mesmo contando com os mercados de rua como o de Bandim e alguns monumentos, em termos de atrações turísticas não há muito o que visitar em Bissau.

Mas, quer isso dizer que não vale a pena conhecer a capital guineense? Nada disso. Mas é bom moderar as expectativas e saber bem ao que vai.

Eu adorei Bissau. À superfície, pode até ser uma cidade aparentemente sem grandes motivos de interesse. Mas, sabendo onde ir (ou indo acompanhado por habitantes locais), a cidade esconde agradáveis surpresas – algumas das quais tentarei desvendar neste artigo. Pelo menos para mim, que tenho uma costela guineense!

Visitar Bissau
Bissau, capital da Guiné-Bissau

Eis, pois, sugestões sobre o que fazer em Bissau e onde comer bem numa escapadinha de um par de dias dias à movimentada capital da Guiné-Bissau. Inclui referências às principais atrações, o que visitar e os melhores restaurantes que conheci para aconchegar o estômago. Vamos a isso.

O que fazer em Bissau

Explorar Bissau Velho

O que fazer em Bissau: visitar centro histórico
Rua no centro histórico de Bissau

O coração de Bissau é um deleite visual. Vibrante e colorido, evidencia em cada rua as marcas da presença portuguesa de outrora. Um pouco à semelhança do que encontrei em Bolama, os edifícios do centro histórico são tipicamente coloniais, com a vantagem de estarem em muito melhor estado de conservação.

Por azar, quando visitei Bissau, a Avenida Amílcar Cabral, principal artéria do centro da capital guineense e que liga o porto marítimo ao Palácio Presidencial, era palco de avultadas obras de reabilitação urbana. Não estava, por isso, em todo o seu esplendor, com máquinas pesadas a trabalharem continuamente durante o dia, barulho e muito pó espalhado pelo ar. Quando as obras estiverem concluídas, Bissau Velho ficará ainda mais charmoso.

O que visitar em Bissau
Rua do porto de Bissau

E não vale a pena recomendar este ou aquele recanto. É passear sem rumo; cruzar a Avenida Amílcar Cabral vezes sem conta; passar pelo Centro Cultural Franco-Bissau-Guineense e indagar a programação cultural; apreciar a arquitetura colonial; espreitar o movimento no porto marítimo; admirar as muralhas do Fortaleza de São José da Amura; e beber uma Cristal numa esplanada do centro. Só isso já proporcionará um belo roteiro para começar a desbravar os segredos de Bissau.

Sé Catedral de Nossa Senhora da Candelária

O que fazer em Bissau: visitar a Catedral
Vista da Sé Catedral de Nossa Senhora da Candelária (Catedral de Bissau)

Ora, bem perto de onde estava hospedado, em plena Avenida Amílcar Cabral, fica também a Catedral de Bissau. Trata-se de um edifício sóbrio e de linhas retilíneas, alegadamente como forma de contornar a “insuficiência de meios no campo da construção civil que se vivia então na Guiné Portuguesa”.

Infelizmente, quase todas as vezes que passei diante da catedral ela estava de portas fechadas. A exceção foi uma sexta-feira ao início da tarde, altura em que tive oportunidade de ver os protagonistas de um casamento a deslocarem-se para o interior da catedral. Mas, como tinha um ferry rumo a Bubaque para apanhar, não pude entrar e visitar a catedral de Bissau.

Ainda assim, deu para ver a noiva de branco imaculado e talvez uma dezena de madrinhas ou damas de honor impecavelmente vestidas com saltos altos e vestidos de cetim vermelhos justinhos ao corpo, e outros tantos rapazes vestidos com calças e camisas dessas mesmas cores. Quanto ao interior da catedral, terá assim de ficar para uma eventual próxima visita a Bissau!

Mercado Central de Bissau

Visitar Bissau: Mercado Central
Simpatia de uma jovem vendedora no Mercado Central de Bissau

Mesmo que não vá ao mais distante Mercado de Bandim – que é uma experiência por si só -, não deixe de prestar atenção às muitas vendedores de rua que carregam à cabeça produtos como banana ou caju. E, mais do que isso, aproveite para passar no humilde Mercado Central de Bissau para conversar com as simpáticas vendedoras locais e, quem sabe, comprar fruta ou legumes.

Mercado Central de Bissau
Mercado Central de Bissau

Pela minha parte, visitar mercados de rua tem sempre um lugar cativo nos meus planos de viagem. E em Bissau não poderia ser diferente.

Palácio Presidencial

Mais tarde ou mais cedo, vai reparar na existência do Palácio Presidencial, um edifício imponente localizado na Praça dos Heróis Nacionais, no topo da Avenida Amílcar Cabral. Ao que julgo saber, não é possível visitar o seu interior, mas fica a referência.

Mão de Timba (Praça dos Mártires)

Mão de Timba, Bissau
Monumento Mão de Timba, junto ao porto de Bissau

Localizado numa praceta junto ao porto marítimo, o monumento Mão de Timba homenageia as dezenas de estivadores que perderam a vida na sequência de uma greve, episódio que ficou conhecido como Massacre de Pidjiguiti. Ao que consta, a mão fechada representa a mão de um caloteiro, “alguém que recusa pagar suas dívidas – no caso, os colonizadores portugueses que se recusaram a pagar salários justos aos estivadores”. Foi a 3 de agosto de 1959, hoje em dia feriado nacional na Guiné-Bissau.

Como vê, apesar dos passeios pelo centro e visita mercados de rua, não há muitas atrações turísticas – no sentido clássico do termo – a visitar numa viagem a Bissau. Ainda assim, eu adorei a minha estadia na capital da Guiné-Bissau. Voltaria já amanhã!

Outras coisas a fazer em Bissau

Acima encontra algumas sugestões para um eventual roteiro em Bissau. Mas, tendo tempo, pode naturalmente fazer outras atividades ou visitar mais um ou outro local além das atrações referenciadas no artigo (e no mapa). A saber:

  • Explorar o já referido Mercado de Bandim.
  • Visitar o ilhéu do Rei, ao largo de Bissau.
  • Ir até Bula, Bissorá e, um pouco mais longe, Bafatá.
  • Visitar Cacheu.
Centro histórico de Bissau
Centro histórico da capital guineense
Bissau velho
A marca do tempo numa parede de Bissau
Pormenor de um painel em Bissau
Bissau

Dicas para visitar Bissau

Vistos de entrada na Guiné-Bissau

Os cidadãos portugueses necessitam de um visto de turismo para visitar a Guiné-Bissau. Eu obtive o meu em 10 minutos no Consulado da Guiné-Bissau no Porto. O visto custou-me 60€ (com um “recibo” sem qualquer valor legal!), tendo validade de 45 dias de estadia na Guiné-Bissau com obrigação de entrar no país até 60 dias depois da emissão do visto.

Se esse período de 60 dias for insuficiente para si (porque vai para noutros países antes de entrar na Guiné-Bissau, por exemplo), note que, para quem vier, como eu, do Senegal, dizem ser muito fácil comprar o visto guineense na Embaixada da Guiné-Bissau em Ziguinchor (Casamansa). Como já tinha o visto, não necessitei de lá pasasar.

Quantos dias são necessários para visitar Bissau

Depende dos interesses e objetivos da viagem, mas eu sugeria pelo menos dois dias completos para conseguir sentir o pulsar da cidade. Naturalmente, se ficar mais tempo poderá explorar Bissau para lá do óbvio, mas em dois dias já ficará com uma ideia geral da capital guineense – com foco na chamada Velha Bissau (o centro histórico de origem colonial).

Como chegar a Bissau

A TAP tem atualmente voos diretos entre as capitais de Portugal e da Guiné-Bissau, sendo por isso a opção mais rápida e conveniente. Foi com a TAP que eu voei e é a minha recomendação. Há também quem voe com a Royal Air Maroc, mas a viagem tem uma ou duas escalas e é, por isso, mais demorada e cansativa.

Uma vez no Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, a forma mais cómoda para chegar ao centro de Bissau é apanhando um táxi. Em teoria, não deverá pagar mais do que 5000 XOF (e talvez consiga até mais barato).

Pesquisar voos para Bissau

Como se deslocar em Bissau

A melhor forma de se deslocar em Bissau é igualmente o táxi. Há muitos e os preços são baixos. Alternativamente, pode-se usar o transporte urbano que dá pelo nome de toca-toca, pequenos mini-autocarros – regra geral azuis e amarelos! – que unem diferentes partes da cidade. Mas é preciso conhecer as rotas. Nada que uma pergunta no seu hotel, ou mesmo aos guineenses nas ruas, não resolva; mas sem dúvida que o táxi é mais cómodo (e, como disse, não é caro).

Onde ficar em Bissau

Antes de mais, veja o artigo sobre onde ficar em Bissau para todas as dicas dos melhores hotéis onde se hospedar na capital guineense. Em resumo, o Hotel Coimbra é um hotel excelente, gerido por um português e muito bem localizado (neste site encontra os contactos), onde fui muitíssimo bem recebido. Se o orçamento o permitir, é uma escolha imbatível.

Dito isto, caso prefira o conforto de ter uma reserva mais formal, feita numa central de reservas tipo booking, veja o Ceiba Hotel, de 5 estrelas, localizado em frente à Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau e seguramente um dos melhores hotéis de Bissau. Ou então o mais barato Royal Hotel, que fica a dois passos do Hotel Coimbra; ou os estúdios simples do Badinca, para quem dispensa o luxo.

Para outras opções de hospedagem na capital guineense, pesquise no link abaixo.

Pesquisar hotéis em Bissau

Gastronomia e onde comer

Foram-me recomendados dois restaurantes nas proximidades do Hotel Coimbra, e eu fui experimentar os dois. Um é O Bistro, um restaurante de comida italiana despretensioso onde comi razoavelmente bem. Tem massas, pizzas e pratos do dia a 6.000 XOF. O outro vou-me abster de recomendar, porque durante todo o tempo que durou a minha refeição, a postura do dono português para com os seu empregados guineenses foi, digamos, extremamente desagradável – e estou a ser simpático nas palavras. Não lá voltei, evidentemente.

Dito isto, o melhor restaurante de Bissau que tive oportunidade de experimentar é de proprietário guineense e chama-se Gã Mela. Tanto o seu pequeno espaço quanto a comida são maravilhosos. Vá à confiança – eu gostei tanto que fui lá umas cinco vezes. Recomendo sem reservas.

Seguro de viagem

A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.

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Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.