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Visitar a ilha de Gorée (Senegal), uma viagem ao tempo da escravatura

Por Filipe Morato Gomes | Viagens África Dakar Senegal
Atualizado em 15.03.2023 | Tempo de leitura: 7 minutos

Visitar ilha Gorée
Casario na ilha de Gorée, ao largo de Dakar, Senegal

Está a pensar visitar a ilha de Gorée, ao largo de Dakar, a capital do Senegal? Pois bem, recentemente tive oportunidade de viajar até Gorée, explorando tranquilamente toda a ilha durante algumas horas, e posso garantir que fiquei agradavelmente surpreendido. Foi, aliás, um dos pontos altos do meu roteiro no Senegal. É uma preciosidade!

Assim que desembarquei em Gorée, saltou à vista a limpeza da ilha – pelo menos quando comparada com Dakar. Caminhei, explorei, falei com artistas locais, apreciei a decadência poética dos edifícios de Gorée, muito coloridos, mas com a tinta a descascar.

Praça na ilha de Gorée
Praça de terra batida na ilha de Gorée

A esse respeito, devo dizer que, de certa forma, ao caminhar pelas ruas de Gorée as memórias voaram até Havana, em Cuba, e até ao bairro histórico de Al-Balad, em Jeddah, na Arábia Saudita – dois locais pelos quais me apaixonei. Uma preciosidade!

Infelizmente, a história de Gorée é tudo menos cor-de-rosa. Comecemos por aí.

Conteúdos do Artigo
  • 1 O comércio de escravos em Gorée
  • 2 A ilha de Gorée
    • 2.1 A minha visita a Gorée
    • 2.2 Mais fotos de Gorée
  • 3 Dicas para visitar a ilha de Gorée
    • 3.1 Como chegar a Gorée
    • 3.2 Excursões de Dakar até à ilha de Gorée
    • 3.3 Onde ficar em Gorée
    • 3.4 Seguro de viagem

O comércio de escravos em Gorée

Museu dos Escravos de Gorée
Fachada do Museu dos Escravos de Gorée

Apesar das controvérsias académicas, boa parte dos estudiosos concorda que a ilha de Gorée foi um relevante entreposto comercial de escravos entre os séculos XV e XIX. Trazidos principalmente da costa ocidental do continente africano, sobretudo da região da Senegâmbia, os homens seguiam à força através da chamada “porta de não retorno” para destinos no continente americano.

Ora, reza a história que era na atual Casa dos Escravos – ou Museu dos Escravos – que os homens outrora encarados como mercadoria ficavam enclausurados e acorrentados, até serem vendidos e embarcados para as Américas. Hoje, a mansão está transformada em museu, para que a memória perdure e a história não se repita.

Não por acaso, a UNESCO classifica a ilha como Património Mundial desde 1978.

Infelizmente, os portugueses tiveram um papel crucial nessa fase negra da História da Humanidade, pelo que não há como não sentir uma ponta de vergonha ao passar diante do edifício.

Eu visitei Gorée numa segunda-feira, dia em que o museu está encerrado. Fiquei com muita pena, mas não tive alternativa. Fica a informação, caso possa organizar a visita para outro dia da semana. Veja também o artigo sobre o que fazer em Dakar, onde encontra, entre outras sugestões, referência ao excelente Museu das Civilizações Negras.

A ilha de Gorée

A minha visita a Gorée

Visitar Gorée: praia
Praia junto ao embarcadouro na ilha de Gorée

A viagem para Gorée começou no porto marítimo de Dakar, onde subi a bordo de uma embarcação que haveria de me levar até à ilha.

Chegado a Gorée, recusei amavelmente a oferta de vários guias turísticos locais, que procuravam angariar turistas para fazerem o seu trabalho. Bem sei que é uma forma de garantir que o turismo deixa recursos nas comunidades, mas eu prefiro sempre – ou quase sempre! – vaguear ao meu ritmo. Ainda que, com isso, perca informações relevantes. Mas, estar sozinho, é a forma que encontrei para sentir melhor os lugares.

O que visitar em Dakar: Ilha de Gorée
Ilha de Gorée, Dakar

Assim, fui explorando as ruelas de Gorée, absorvendo o ambiente tranquilo da ilha que o Google Maps resume assim: “ilha minúscula com um papel importante no comércio de escravos no Atlântico, com edifícios e museus coloniais”.

Sim, é impossível ficar indiferente ao charme colonial de Gorée. Apesar da decadência de muitos edifícios, outros há em excelente estado de conservação, recuperados com gosto e pintados a rigor. Talvez por isso, fotografei com uma avidez desmesurada. Estava verdadeiramente fascinado, e tudo me parecia motivo para apontar a máquina fotográfica.

Rua da ilha de Gorée
Rua da ilha de Gorée

Ora, com o turismo surgiram naturalmente novas oportunidades de negócio. Além da tristemente célebre Casa dos Escravos, há inúmeros restaurantes junto à pequena praia de Gorée; e incontáveis artistas plásticos exibem as suas obras em singelas galerias ou mesmo em plena rua.

Pinturas, tecidos trabalhados em batik, desenhos feitos com areias coloridas, máscaras e artefactos decorativos criados com ferro e despojos tecnológicos, como ratos de computador ou telemóveis velhos. De tudo um pouco se encontra em Gorée.

E isso – a profusão de artistas – ajuda a tornar o ambiente da ilha ainda mais vibrante e colorido.

Visitar ilha de Gorée
A caminho do “castelo”, Gorée

Há, claro, os restos de bunkers da Segunda Grande Guerra, canhões alegadamente de origem portuguesa e o velho forte francês de forma circular, entretanto reconstruído.

Mas, além da arquitetura colonial, o meu fascínio estava em pessoas como Ousmane Ndiaye. Um homem afável que encontrei “pintando” quadros com cola e areias coloridas no seu modesto atelier, já na zona alta de Gorée – conhecida como “castelo”.

Artista em Gorée
Ousmane Ndiaye, um artista em Gorée, “pintando” com areias coloridas

Estando disponível, as coisas acabam por acontecer com naturalidade. Além de múltiplos artistas, estive à conversa com um pescador que pintava o seu barco (“isto está mal feito, mas eu sou pescador, não sou pintor!”) e ainda dei por mim a jogar uma partida de damas senegalesas. Ao contrário do jogo que conheço, aquele tinha quatro filas de damas para cada jogador, sendo jogado num tabuleiro gigante.

E assim, a ilha de Gorée – e suas gentes! – foi-se revelando aos poucos, enquanto caminhava sem rumo pelas ruelas empedradas da ilha.

Jogo de damas do Senegal
Jogo de damas do Senegal

Terminada a caminhada, dei por mim a almoçar num dos restaurantes existentes junto à doca de Gorée, findo o qual era então tempo de prosseguir a minha visita a Dakar.

Confesso que, à medida que o ferry se afastava da ilha, não pude deixar de pensar que teria sido uma excelente ideia ficar a dormir em Gorée, após todos os turistas abandonarem a ilha. Tivesse eu mais dias para o meu roteiro de viagem no Senegal e seguramente teria feito isso.

Mais fotos de Gorée

Ilha de Gorée
Ilha de Gorée
Um pescador pintando o seu barco, Gorée
Um pescador pintando o seu barco na ilha de Gorée
Forte dos Escravos de Gorée
Vista do Forte dos Escravos de Gorée, o velho forte francês
Habitante da Ilha de Gorée
Pormenor do quotidiano em Gorée
Guia turístico em Gorée
Guia turístico em Gorée
Vista da ilha de Gorée
Vista da ilha de Gorée
Loja de rua ilha de Gorée
Loja de rua na ilha de Gorée
Praça central de Gorée
Praça central de Gorée
Casas de Gorée
Fachadas de Gorée
Areias coloridas
Pormenor do trabalho de Ousmane Ndiaye

Dicas para visitar a ilha de Gorée

Como chegar a Gorée

A partir de Dakar, basta apanhar um ferry no porto de Dakar (ver localização exata) com direção a Gorée. Deve ir a dois guichets, lado a lado. No primeiro paga a “taxa municipal” de acesso a Gorée (500 XOF), e no segundo compra o bilhete propriamente dito, que custa 5.200 XOF para a viagem de ida e volta.

No que toca a horários, quando fiz a viagem havia pelo menos 11 partidas diárias de Dakar (e outros tantos regressos de Gorée), às 6:15, 7:30, 10:00, 11:00, 12:30, 14:30, 16:00, 17:00, 18:30, 20:00 e 22:30. Deve chegar ao porto meia hora antes.

Excursões de Dakar até à ilha de Gorée

Se preferir o conforto de uma visita organizada, veja esta excursão privada de meio dia à ilha Gorée com partida de Dakar (ou Saly). Desta forma não terá de lidar com a logística da viagem e terá a companhia de um guia durante a visita a Gorée.

Onde ficar em Gorée

A maioria dos turistas opta por fazer um passeio a partir de Dakar, não ficando a pernoitar na ilha de Gorée. Foi exatamente isso que eu fiz, pelo que recomendo que veja o artigo sobre onde ficar em Dakar para todas as dicas de hospedagem na capital senegalesa.

Caso opte por ficar a dormir em Gorée para desfrutar da ilha sem turistas, considere a maravilhosa pousada Chez Coumbis, a muito boa Maison Augustin LY ou a mais económica Chez Eric – uma opção de alojamento muito popular entre os viajantes independentes. Ficará bem hospedado em qualquer uma destas pousadas – e eu estou em crer que teria gostado de pernoitar na ilha. Para outras opções de alojamento em Gorée, pesquise no link abaixo.

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Sobre o autor

Filipe Morato Gomes, blogger de viagens

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

Tenho 52 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

Mais recentemente, abracei um novo desafio chamado Rostos da Aldeia, onde se contam histórias positivas sobre as aldeias de Portugal e quem nelas habita.

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