Procura um roteiro de viagem ao Senegal? Pois bem, com passagem em Dakar, Saint-Louis e Casamansa, e uma viagem de ferry entre a capital Dakar e Ziguinchor, este é um itinerário para visitar o Senegal numa visita de uma semana.
Naturalmente, não deu para conhecer tudo. Na verdade, ficou muito de fora do meu roteiro. Infelizmente, não fui visitar a impressionante Mesquita de Touba, a vila de Joal-Fadiouth, o Delta de Saloum, o Santuário Nacional de Aves de Djoudj, os Círculos de Pedra da Senegâmbia ou o País Bassari. Mas é, pelo menos, uma boa introdução para uma viagem de uma semana ao Senegal.
Na verdade, o que eu fiz foi combinar a Guiné-Bissau e o Senegal na mesma viagem. Até porque, voando com a TAP para as duas capitais, é muito fácil comprar o voo de ida para Dakar e o de regresso desde Bissau (ou vice-versa). Foi esse o meu roteiro, numa viagem que durou 18 dias – com os primeiros 7 dias dedicados a visitar o Senegal e os restantes na vizinha Guiné-Bissau.
Para o tempo disponível, creio ter sido a divisão ideal porque me permitiu ficar com uma boa ideia sobre ambos os países. Mas, naturalmente, gostaria de ter tido mais tempo para visitar outras atrações do Senegal (já referi locais como o Santuário Nacional de Aves de Djoudj ou o Parque Natural do Delta de Saloum, ou ainda o chamado País Bassari, entre outros).
Dito isto, partilho neste artigo o meu roteiro de viagem ao Senegal, dia a dia, para que possa adaptar o itinerário aos seus gostos pessoais, número de dias disponível e objetivos da viagem. E ainda sugestões dos melhores hotéis e pousadas para se hospedar em cada destino e como se deslocar no país. Vamos a isso.
Antes que pergunte, note que também não fui a Saly, a mais turística região do Senegal, com muitos resorts de qualidade para férias de praia, pelo que não tenho opinião a respeito.
Roteiro para visitar o Senegal
Dia 1: Voo para Dakar (Senegal)
Saí do Porto às quatro da tarde, passei o resto do dia em viagem e apenas cheguei à capital Dakar à 1 da manhã. Saído do aeroporto, e após procedimentos de fronteira muito demorados (a fila era longa), foi o tempo de tomar um táxi previamente combinado e rumar ao hotel, no centro histórico da capital senegalesa, e descansar. No dia seguinte, bem cedo, era altura de começar verdadeiramente este roteiro no Senegal.
Dormida: Hotel Nina ou Ganalé Hôtel, no plateau de Dakar. Veja onde ficar em Dakar para outras opções.
Dia 2: Dakar e ilha de Gorée
De manhã cedo, fui comprar um SIM Card e dirigi-me ao porto de Dakar para comprar os bilhetes para o ferry rumo a Casamansa. É fundamental tratar deste assunto com a maior antecedência possível para evitar não conseguir um lugar na embarcação.
Ora, com a viagem para Ziguinchor arrumada e estando eu no porto, decidi apanhar o primeiro barco disponível para visitar a ilha de Gorée, classificada pela UNESCO como Património Mundial. Era a primeira atividade turística do meu roteiro de viagem ao Senegal, e não poderia ter começado de melhor maneira. Caminhei, explorei, falei com artistas locais, apreciei a decadência poética dos edifícios de Gorée. Uma preciosidade!
De regresso a Dakar, fui ainda espreitar a estação de caminhos-de-ferro, a caminho do Mercado Sandaga. E, continuando a pé, segui até à Corniche de Dakar, onde apreciei o Monumento do Milénio, conheci o bem cuidado mercado de artesanato Soumbédioune e, nas imediações, um concorrido mercado de peixe em pleno areal.
Foi um dia em cheio no meu roteiro no Senegal – e um excelente prenúncio para os restantes dias de viagem.
Dormida: Hotel Nina ou Ganalé Hôtel, no plateau de Dakar. Veja onde dormir em Dakar para outras opções.
Dia 3: Dakar e ilha de Ngor
O dia em Dakar começou com uma inevitável visita ao Museu das Civilizações Negras. Trata-se de um museu muito interessante que aborda diferentes aspetos da evolução dos povos africanos ao longo dos tempos. Só achei pena estar (quase) tudo por traduzir para inglês, mas ainda assim deu para usufruir (tenho uma embirração com o francês, confesso!).
De seguida, e após uma viagem de táxi, fui conhecer o hub criativo que dá pelo nome de Aldeia das Artes de Dakar. E posso garantir que foi dos locais que mais gostei de visitar em Dakar. Ia sem expectativas – e sem saber ao que ia! -, e adorei. Como escrevi no artigo sobre o que fazer em Dakar, “enquanto passeava pela Aldeia das Artes de Dakar, sentia estar numa mistura do bairro Christiania, em Copenhaga, com uma Lx Factory mais rudimentar”.
De seguida, era para ter ido visitar a Maison Ousmane Sow, mas por essa altura estava encerrada para almoço, pelo que segui até Pointe des Almadies para almoçar num dos seus muitos restaurantes.
De tarde, fui então explorar o bairro Ngor, onde apanhei um barco para visitar a ilha de Ngor – que, infelizmente, não me apaixonou. De todo!
De regresso ao plateau, tempo ainda para uma paragem rápida no Institut Fondamental d’Afrique Noire da Universidade Cheik Anta Diop para apreciar um mural do artista português Vhils; e, claro, tomar um café no Coffee Loft Dakar para retemperar energias.
O resto do dia, esse, foi passado a trabalhar (nunca saí à noite em Dakar).
Dormida: Hotel Nina ou Ganalé Hôtel, no plateau de Dakar. Veja onde se hospedar em Dakar para hotéis alternativos.
Dia 4: Viagem para Saint-Louis
De manhã bem cedo, apanhei o comboio Regional Express Train (TER) até à Gare Baux Maraichers, sensivelmente a 12 km do plateau de Dakar. É de lá que saem as carrinhas septe-place rumo a Saint-Louis (e outros destinos no Senegal). Após pouco mais de vinte minutos de espera, a carrinha Peugeot estava cheia e pronta a partir.
A viagem entre Dakar e Saint-Louis durou quase quatro horas e meia e confesso que foi um sofrimento. Isto porque, infelizmente, quando cheguei à Gare Baux Maraichers a carrinha estava já quase cheia, restavam apenas lugares no banco traseiro (lugares 5, 6 e 7). Ao fim de 4 horas, já não aguentava os joelhos.
Chegado a Saint-Louis e depois de me instalar numa pousada magnífica chamada Ndar Ndar House, fui almoçar ao excelente Galaxy e visitar um dos edifícios do Mupho – Museu da Fotografia de Saint-Louis. Mas confesso que fiquei desiludido com o museu (mais tarde viria a descobrir que não tinha visto o edifício principal – há sete!).
O resto da tarde foi passado a cirandar pelas ruas da cidade velha de Saint-Louis, sem grandes planos. A cidade tem tanto de encantador como de decadente – com inúmeros edifícios devolutos -, mas um ambiente muito agradável. Foi uma bela primeira impressão de Saint-Louis.
Creio, aliás, que Saint-Louis é um lugar fundamental em qualquer roteiro no Senegal. Mesmo não ficando a caminho de nada – a não ser que venha da vizinha Mauritânia rumo a Dakar! -, vale a pena o “desvio”. Quanto ao jantar, fui a mais um restaurante local muito recomendável chamado La Linguere. Fica a dica.
Dica: como referido, evite a todo o custo ir no banco de trás das septe-place. Siga este conselho religiosamente – depois agradece-me. A viagem nos outros lugares faz-se muito bem.
Dormida: Ndar Ndar House, em Saint-Louis. Veja onde ficar em Saint-Louis para outras opções de alojamento.
Dia 5: Saint-Louis
Dia inteiramente dedicado a calcorrear as ruas de Saint-Louis. De manhã, visitei três dos edifícios do Mupho – Museu da Fotografia de Saint-Louis, entre os quais o mais interessante, chamado Kër Messaoud – esse sim, vale muito a pena!
De tarde, fui até ao bairro dos pescadores Guet Ndar e andei sem planos pelas ruas da cidade, conversei com muitos artistas e, por um momento, desfrutei do destino ao sabor do vento. É como digo: apesar de não faltar o que fazer em Saint-Louis, o melhor mesmo é deixar-se perder pelas ruas decrépitas do seu centro histórico.
Dormida: Ndar Ndar House, em Saint-Louis.
Dia 6: Regresso a Dakar e ferry para Ziguinchor
Dia totalmente passado em viagem. Primeiro apanhei um septe-place de Saint-Louis para a capital Dakar, e depois um ferryboat entre Dakar e Ziguinchor, em Casamansa, no extremo sul do país. A viagem durou toda a noite, pelo que haveria de chegar a Ziguinchor por volta do meio-dia do dia seguinte, pronto para explorar a capital de Casamansa.
Dormida: a bordo do ferryboat.
Dia 7: Ziguinchor (Casamansa)
Após um almoço no excelente Audace, fui forçado a recolher à pousada por conta do calor insuportável que se fazia sentir em Ziguinchor. Só mais para o meio da tarde fui explorar a cidade – ainda assim tempo suficiente para superar as expectativas.
Passeei pelas ruas da baixa da cidade, junto ao porto marítimo, visitei um ou outro mercado, e fui deixando o tempo passar, calmamente – como tão bem me sabe fazer em viagem. E, ao contrário do que esperava, achei Ziguinchor uma cidade muito aprazível. Não tem grandes atrações turísticas, é certo, mas é tranquila e razoavelmente ordenada. Pelo menos para quem vinha de Dakar!
No dia seguinte, haveria de seguir por terra até à vizinha Guiné-Bissau, direto à belíssima praia de Varela.
Dormida: Kër Adja, em Ziguinchor.
Nota: Caso siga este roteiro no Senegal e voe de regresso a partir de Dakar, pode aproveitar para dar a volta à Gâmbia por terra, via Tambacounda; ou então voltar para Norte atravessando a Gâmbia, via Banjul. Tendo mais tempo, veja um roteiro mais completo no Senegal no mapa abaixo.
Continuação da viagem para a Guiné-Bissau. Note que depois de Ziguinchor não voltei logo para Portugal. Como disse, prossegui viagem rumo à Guiné-Bissau, onde passei mais 10 dias. Para ver os dias seguintes e perceber como se pode combinar Senegal e Guiné-Bissau na mesma viagem, veja então o meu roteiro de viagem na Guiné-Bissau – que começa precisamente na fronteira com o Senegal.
Outros locais a visitar no Senegal
Como referido acima, se tiver mais tempo disponível para a sua viagem ao Senegal, considere visitar os seguintes locais. Todos eles integram a lista de Património da UNESCO no Senegal.
- Santuário Nacional de Aves de Djoudj, junto à fronteira com a Mauritânia, a Norte.
- Parque Natural do Delta de Saloum.
- Círculos de Pedra da Senegâmbia.
- Parque Nacional de Niokolo-Koba, perto da fronteira com a Guiné-Conacri, a Sudeste.
- País Bassari, idem.
Roteiro completo no Senegal
Nesse sentido, creio que um roteiro quase perfeito (mas não testado!) poderia ser o seguinte.
Desta forma conseguirá conhecer muito mais do que aquilo que eu tive oportunidade. Fiz várias pesquisas sobre estes destinos, mas acabei por ter de encurtar a duração da viagem, pelo que não consegui visitar tudo o que queria. Fica a sugestão.
Se experimentar fazer um roteiro mais completo no Senegal, partilhe a sua experiência nos comentários.
Dicas para visitar o Senegal
Vistos de entrada
Os cidadãos portugueses não precisam de pedir um visto de turismo para visitar o Senegal. Não há qualquer registo prévio de entrada obrigatório para preencher antes da viagem. À chegada ao aeroporto, vá preparado que o processo pode ser algo demorado. E não se admire se, para carimbar o passaporte no aeroporto, lhe pedirem dinheiro para o “café”.
Como chegar a Dakar
A TAP tem atualmente voos diretos entre as capitais de Portugal e do Senegal. Note, no entanto, que o Aeroporto Internacional Blaise Diagne fica a mais de 50 km do centro de Dakar.
Para chegar à cidade, e enquanto a nova linha de comboios Regional Express Train (TER) não chegar ao aeroporto, terá de recorrer a um táxi, que normalmente cobra entre 25.000 XOF e 30.000 XOF (ou, no mínimo, 20.000 XOF, bem negociado). Dito isto, uma amiga com muita experiência na cidade deu-me um contacto que cobra 16.000 XOF – combine o transfer para o hotel pelo WhatsApp +221 78 389 30 42.
Aconselho vivamente que marque o transfer antecipadamente, para não ter de negociar com os taxistas do aeroporto.
Como se deslocar no Senegal
No que toca aos transportes no Senegal, eu usei apenas as velhas carrinhas septe-place para me deslocar entre Dakar e Saint-Louis, e barcos para ir às ilhas de Gorée e Ngor, e ainda para o longo trajeto Dakar-Ziguinchor.
Dito isto, há também autocarros que unem as principais cidades senegalesas, e alegadamente são mais confortáveis do que as septe-place. Eu não experimentei, mas fica a dica para que possa considerar também os autocarros como meio de transporte para se deslocar no Senegal.
Onde ficar
Dado o reduzido tempo do meu roteiro, montei apenas três bases no Senegal: em Dakar, em Saint-Louis e em Ziguinchor.
Hotéis em Dakar
Antes de mais, veja o artigo onde ficar em Dakar para todas as dicas sobre os melhores hotéis onde se hospedar na capital senegalesa. Em jeito de resumo, entre as opções de alojamento de gama média e boa relação qualidade/preço, no coração do plateau, considere o Ganalé Hôtel, de três estrelas; ou o Hotel Nina, de quatro estrelas mas na mesma gama de preços e serviço.
Hotéis em Saint-Louis
Veja também o artigo sobre onde ficar em Saint-Louis para todas as informações sobre os melhores hotéis e pousadas da cidade. Há excelentes hotéis em Saint-Louis, alguns luxuosos e caros, mas recomendo vivamente a pousada Ndar Ndar House. A localização é perfeita, os quartos são fantásticos, o ambiente é muito bom, o preço é justo e o Mamadou é um anfitrião incansável. Que mais se pode pedir?
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Hotéis em Ziguinchor (Casamansa)
Pode ler mais detalhes sobre onde ficar em Ziguinchor, um artigo onde falo das melhores pousadas e hotéis da cidade. Como queria ficar próximo do porto marítimo, escolhi a pousada Kër Adja – e achei uma excelente opção. Não tem luxos (nem água quente), mas recomendo.
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Dinheiro
É relativamente simples levantar dinheiro em ATM nas principais cidades do Senegal, incluindo Dakar, Saint-Louis e Ziguinchor. Mas poupará muito dinheiro em taxas e comissões se optar por utilizar um cartões como o Revolut ou o Wise. Foi essa a minha estratégia, mas se preferir poderá também levar notas de Euro e trocar à chegada a Dakar (o seu hotel poderá ajudar a indicar locais de confiança).
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.