Procura o que fazer em Dakar, a capital do Senegal? Pois bem, recentemente tive oportunidade de visitar Dakar, explorando não só o coração da cidade – chamado de plateau – mas também as ilhas de Gorée e Ngor. E, do plateau ao Museu das Civilizações Negras, passando por um mural de Vhils e pelos mercados de rua, a verdade é que não falta o que visitar em Dakar.
É curioso que, de certa forma, a cidade de Dakar fez-me lembrar Teerão. No sentido em que, à superfície, é uma cidade feia e aparentemente sem grandes motivos de interesse (aliás, várias pessoas me disseram que não deveria “perder tempo” com Dakar). Mas, sabendo onde ir (ou indo acompanhado por habitantes locais), a cidade esconde agradáveis surpresas – algumas das quais tentarei desvendar neste artigo.
Em suma, e apesar de não poder dizer que me apaixonei por Dakar, a verdade é que foi muito melhor do que esperava.
Eis, pois, sugestões sobre o que fazer em Dakar e onde comer bem numa escapadinha de um par de dias dias à caótica capital do Senegal. Inclui referências às principais atrações turísticas, o que visitar e os melhores restaurantes que conheci para aconchegar o estômago. Vamos a isso.
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O que fazer em Dakar (Senegal)
- 1.1 Visitar o Museu das Civilizações Negras
- 1.2 Mercado Kermel
- 1.3 Monumento do Milénio
- 1.4 Mercado de artesanato Soumbédioune
- 1.5 Mercado de peixe de Dakar
- 1.6 Apoiar os artistas locais na Aldeia das Artes de Dakar
- 1.7 Apreciar o mural de Cheikh Anta Diop (Vhils)
- 1.8 Visitar a Ilha de Gorée
- 1.9 Explorar o bairro Ngor
- 1.10 Visitar a ilha de Ngor
- 1.11 Fazer uma refeição na Praia Pointe des Almadies
- 1.12 Outras coisas a fazer em Dakar
- 2 Mapa dos lugares a visitar em Dakar
- 3 Dicas para visitar Dakar
O que fazer em Dakar (Senegal)
Visitar o Museu das Civilizações Negras
Inaugurado no final de 2018, o Museu das Civilizações Negras fica num edifício monumental situado em frente ao Grand Théâtre de Dakar. No seu interior estão expostas milhares de peças, “desde os restos dos primeiros hominídeos, que surgiram em África há vários milhões de anos, até às criações artísticas actuais”.
O acervo “expõe os avanços sociais e tecnológicos transmitidos pelas civilizações negras” por ordem cronológica, e é deveras interessante. No fundo, aborda diferentes aspetos da evolução dos povos africanos ao longo dos tempos, pelo que vale bem a visita. Só achei pena estar (quase) tudo apenas em francês.
Uma das peças em grande destaque no Museu das Civilizações Negras é uma enorme escultura de aço instalada no átrio central do museu. Chama-se A Saga do Baobá e é uma obra do artista haitiano Edouard Duval-Carrié. Sem dúvida a incluir na lista com o que visitar em Dakar.
O Museu das Civilizações Negras está aberto entre as 10:00 e as 18:30 (encerra às segundas-feiras), havendo visitas guiadas para os interessados. A entrada custa 3.000 XOF por pessoa.
Mercado Kermel
Localizado no coração do distrito histórico conhecido por plateau, o Mercado de Kermel é uma joia senegalesa datada da era colonial. O edifício, “formado por um belo salão redondo em ferro forjado e tijolos de inspiração árabe”, alberga dezenas de comerciantes vendendo frutas e legumes, peixe, carne e um sem fim de outros produtos de consumo.
Ao que consta, no final do século passado o mercado sofreu um violento incêndio e literalmente ficou reduzido a cinzas, pelo que o edifício atual é uma reconstrução do original. Mas não perdeu o seu charme.
No exterior, encontram-se mais bancas, vendendo vestuário, máscaras africanas e uma miríade de outros produtos. Apesar do aspeto sujo e desleixado, é um espaço vibrante e colorido que vale bem a pena visitar.
Monumento do Milénio
A caminho do mercado Soumbédioune pela Corniche de Dakar, é natural que repare num monumento grandioso e aparentemente descontextualizado. Trata-se da chamada Porta do Terceiro Milénio, um monumento contemporâneo – e polémico, devido aos custos excessivos! – construído no início do século XXI para simbolizar a abertura do continente africano ao novo milénio. Fica a referência.
Mercado de artesanato Soumbédioune
Bem mais organizado (ou será turistificado?) do que o Sandaga, o Mercado de artesanato Soumbédioune parece mais voltado para o turismo do que para os habitantes de Dakar. Pelo menos foi essa a sensação que me deu.
Dito isto, considero que vale a pena passar pelo Mercado de Soumbédioune, espreitar o artesanato disponível para venda. Eu gostei particularmente dos instrumentos de percussão que vi fazer ali mesmo e, tudo somado, não custa incluir na lista com o que fazer em Dakar. Até porque fica a caminho do bairro Almadies, para quem montou base no plateau.
Mercado de peixe de Dakar
Todas as tardes, junto ao Mercado Soumbédioune, os barcos de pesca chegam carregados com o resultado de uma noite no mar. Um mercado de peixe em plena praia, tão arcaico quanto colorido e que, de certa forma, me fez lembrar do Mercado de Peixe de Negombo, no Sri Lanka.
Quando lá cheguei, a azáfama era grande. Barcos a descarregar, outros tantos já parados no areal, vendedoras exibindo peixes de todos os tamanhos e feitios, e os ocasionais compradores. Não é, de todo, um local turístico, pelo que me deixei ficar a observar, discretamente, tentando não interferir ou prejudicar quem ali estava a trabalhar.
Apoiar os artistas locais na Aldeia das Artes de Dakar
Se há lugares que me surpreenderam em Dakar, a Aldeia das Artes foi seguramente um deles. Um hub criativo com três décadas de existência, que alberga cinco dezenas de artistas senegaleses e não só (disseram-me que, além de africanos, havia um artista argentino!), da pintura à escultura, passando por expressões menos convencionais.
Enquanto passeava pela Aldeia das Artes de Dakar, sentia estar numa mistura do bairro Christiania, em Copenhaga, com uma Lx Factory mais rudimentar. Não sei explicar, mas adorei a atmosfera criativa e irreverente do complexo Village des Arts. Ali respira-se liberdade. E isso é impagável.
E depois, qual cereja no topo do bolo, no interior do complexo existe uma moderna galeria que exibe obras de boa parte dos artistas residentes. “Não todos, porque não há espaço para os que chegaram mais tarde”, explicaram-me.
Assim, se não sabe o que visitar em Dakar e gosta de ambientes fora da caixa, vá por mim. A Aldeia das Artes pode muito bem tornar-se no seu local favorito na capital senegalesa.
Nota: os ateliers não estão todos abertos ao mesmo tempo, até porque alguns artistas podem ter outros empregos e só em determinados dias – ou horas do dia – estão a trabalhar na Aldeia das Artes.
Apreciar o mural de Cheikh Anta Diop (Vhils)
Há um punhado de artistas urbanos portugueses cujo trabalho se distingue a nível mundial. Ocorre-me Vhils, Bordalo II ou Odeith. Cada um à sua maneira, exprimem uma criatividade e originalidade sem limites, que fazem com que, nas minhas viagens pelo mundo, tente conhecer os seus trabalhos. E Dakar não foi exceção.
Soube que Vhils tinha uma obra na capital do Senegal e tratei de a tentar localizar no mapa. Encontrei-a no edifício do Institut Fondamental d’Afrique Noire da Universidade Cheik Anta Diop. E é precisamente Cheik Anta Diop – “um historiador, antropólogo, físico e político senegalês que estudou as origens da raça humana e cultura africana pré-colonial” – a personagem retratada no mural.
Apesar de já ter visto obras de Vhils mais impactantes, não dei por mal empregue o meu tempo. Para quem, como eu, aprecia arte urbana, é sem dúvida outra das coisas a fazer em Dakar.
Visitar a Ilha de Gorée
Porventura a maior atração de Dakar, Gorée é uma ilha encantadora que esconde uma triste história ligada ao comércio de escravos. É, aliás, um símbolo do tráfego negreiro, de que os portugueses foram, infelizmente, uns dos maiores responsáveis.
Reza a história que, entre os séculos XV e XIX, a ilha de Gorée foi um dos maiores centros de comércio de escravos do continente africano, a partir de uma feitoria fundada pelos portugueses – que dominaram a ilha entre 1444 e 1588, antes de serem derrotados pelos exploradores holandeses.
Hoje em dia, é possível conhecer um pouco dessa história visitando a Casa dos Escravos – ou Museu dos Escravos -, onde os homens outrora encarados como mercadoria ficavam enclausurados até serem vendidos.
Infelizmente, visitei Gorée numa segunda-feira, dia em que o museu está encerrado. Fica a informação, caso possa organizar a visita para outro dia da semana.
Independentemente disso, trata-se de uma ilha muito bem arranjada, limpa até, facto que a torna um bálsamo para os sentidos para quem vem da capital do Senegal. Apesar de ter muitos edifícios devolutos ou em mau estado de conservação, é bonita e florida. E tem um ambiente tranquilo – como não se encontra em Dakar. Eu adorei!
Assim, estando em Dakar, não pode deixar de visitar a ilha de Gorée. Mesmo!
Caso prefira o conforto de um passeio organizado, considere esta excursão privada de meio dia à Ilha Gorée, da empresa Senegal Shuttle.
Explorar o bairro Ngor
Entra-se em Ngor e parece estar-se num outro mundo. As ruas são estreitas, serpenteando as construções inacabadas num labirinto a fazer lembrar as medinas de algumas cidades árabes. Há cabras a passear pelas ruas – algumas delas de areia. E gente, muita gente. O bairro de Ngor é um desafio para os sentidos que aconselho vivenciar.
Ao contrário do que um olhar preconceituoso possa fazer crer, não é um bairro perigoso. É habitado por gente humilde e trabalhadora, de certa forma habituada a ver turistas passar no seu território a caminho dos barcos para a homónima ilha de Ngor. É um outro lado de Dakar que vale a pena visitar.
Visitar a ilha de Ngor
Localizada ao largo da capital Dakar, a ilha de Ngor é especialmente procurada pelos amantes de praia. As praias da costa sul são, por isso mesmo, o epicentro turístico da minúscula ilha de Ngor.
As ruelas são estreitas e limpas, com vegetação tropical e casas de múltiplos estilos arquitetónicos, incluindo uma que parece um barco e várias mansões de gente famosa. Caso não queira ficar na praia, é possível percorrer a ilha a pé vezes sem conta, para um lado e para o outro, até que o cansaço se apodere do viajante.
Faça o que fizer, não deixe de estar atento aos trabalhos de múltiplos artistas locais que exibem as suas obras em modestas galerias ou diretamente nas ruas. É o caso de Ousmane NDiaye, que usa areias coloridas para as suas obras.
Em suma, há quem adore a ilha de Ngor, como é o caso da autora do blog Travel with Clem, que escreve apaixonadamente sobre o destino e diz ser obrigatório incluir nos planos sobre o que fazer em Dakar. Infelizmente, eu não senti o mesmo fascínio, porventura por ter visitado Ngor depois de Gorée. Sim, com toda a honestidade, não me afeiçoei à ilha de Ngor da mesma forma que adorei Gorée.
Mas não deixe por isso de incluir a ilha de Ngor no seu roteiro em Dakar. Vá e veja com os seus olhos. Quem sabe não sai de Ngor muito mais entusiasmado do que eu.
Há dois tipos de embarcações que ligam o continente à ilha Ngor. Um são as pirogas, que levam mais gente, demoram mais a sair e são menos confortáveis. O outro são barcos mais pequenos e confortáveis, um pouco mais caro mas com a vantagem de saírem com frequência (e pode ligar para barco o ir buscar quando quiser regressar a Dakar).
Fazer uma refeição na Praia Pointe des Almadies
Não faltam restaurantes de grande qualidade – e algum luxo – na cidade de Dakar, mas o que proponho é algo diferente. Para melhor, claro.
Junto à Praia Pointe des Almadies há vários restaurantes locais, bons e relativamente baratos, onde é possível almoçar comida senegalesa – em especial peixe e marisco – com vista para as atividades piscatórias que ali se desenrolam, observando os pescadores a chegarem a terra com os seus barcos carregados de peixe.
Não é uma atração turística de Dakar, por assim dizer, mas eu gostei muito da experiência – e da comida.
Outras coisas a fazer em Dakar
Acima encontra são algumas sugestões do que pode fazer em Dakar. Mas, tendo tempo, pode naturalmente fazer outras atividades ou visitar mais um ou outro local além das atrações referenciadas no artigo (e no mapa). A saber:
- Fazer compras no Mercado Sandaga. Ao que consta, um grande incêndio destruiu o antigo Sandaga, razão pela qual atualmente os vendedores se encontram espalhados pelas ruas em torno do local onde outrora era o mercado. Consta que será reconstruído mas, por agora, o aspeto era totalmente caótico – confesso que não achei suficientemente interessante para recomendar.
- Visitar a Maison Ousmane Sow. Tinha pensado fazê-lo mas o tempo acabou por não dar para tudo.
- Conhecer a Catedral de Nossa Senhora das Vitórias (Catedral de Dakar).
- Visitar o IFAN – Museu das Artes Africanas, do Institut Fondamental d’Afrique Noire.
- Brunch em algum dos excelentes cafés de Dakar.
Mapa dos lugares a visitar em Dakar
No mapa acima, encontra a localização exata de todos os lugares referenciados no artigo. Como vê, e entre bons museus, mercados de rua e a ilha de Gorée, há muito o que ver e fazer numa viagem a Dakar.
Dicas para visitar Dakar
Vistos de entrada no Senegal
Os cidadãos portugueses não necessitam de visto para visitar o Senegal em turismo. Basta um passaporte com validade de seis meses.
Tenha no entanto em atenção que os procedimentos de entrada podem ser demorados (filas longas) e, pior do que isso, o agente policial pode pedir-lhe dinheiro. Foi a primeira vez que tal me aconteceu ao cruzar a fronteira dentro de um aeroporto, com o pretexto que me estava a “ajudar” porque, alegadamente, era preciso ter impresso as reservas de hotéis. Não gosto de generalizar. Posso ter tido o azar de ter sido atendido por uma ovelha negra no seio de agentes sérios, mas partilho o que me aconteceu comigo para estarem precavidos.
Quantos dias são necessários para visitar Dakar
Apesar de não ser cidade para passar muito tempo, já que num roteiro pelo Senegal há muitos outros motivos de interesse, eu sugeria pelo menos dois dias completos. Isto incluindo tempo para visitar Gorée. Naturalmente se ficar mais tempo conseguirá explorar Dakar para lá do óbvio, mas em dois dias já ficará com uma ideia geral da capital senegalesa.
Como chegar a Dakar
A TAP tem atualmente voos diretos entre as capitais de Portugal e do Senegal. Note no entanto que o Aeroporto Internacional Blaise Diagne fica a mais de 50km do centro de Dakar.
Para chegar à cidade, e enquanto a nova linha de comboio Regional Express Train (TER) não chegar ao aeroporto, terá que recorrer a um táxi, que normalmente cobram entre 25.000 e 30.000 XOF (ou, no mínimo, 20.000, bem negociado). Dito isto, uma amiga com muita experiência na cidade deu-me um contacto que cobra 16.000 XOF – combine o transfer para o hotel pelo WhatsApp +221 78 389 30 42.
Aconselho vivamente que combine o transfer antecipadamente, para não ter de negociar com os taxistas do aeroporto.
Como se deslocar em Dakar
Os autocarros não me pareceram nada práticos para quem não conhece bem a cidade, e o Uber é inexistente, pelo que a melhor forma é mesmo a pé (sempre que possível) ou de táxi. Convém negociar mas, a título de referência, paguei entre 1.500 e 3.000 XOF em todas as viagens que fiz de táxi em Dakar, excetuando uma mais longa, com uma ligeira mudança de planos a meio da corrida, que levou a fatura para os 5.000 XOF.
Para ir do plateau até à Gare des Baux Maraîchers, onde se apanham os transportes para Saint-Louis, por exemplo, o melhor é ir na nova linha de comboio Regional Express Train (TER) – que um dia há-de chegar ao aeroporto.
Depois de publicar este texto, fui informado da existência de uma aplicação tipo Uber chamada Yango, que aparentemente funciona muito bem em Dakar. Fica a dica.
Excursões em Dakar
Caso o seu tempo seja limitado, pode valer a pena contratar antecipadamente uma excursão privada para visitar Dakar ou atrações nas proximidades sem sobressaltos. Nesse caso, veja estas propostas da empresa Senegal Shuttle:
- Dakar: City Tour Privado
- De Dakar ou Saly: Excursão de meio dia à Reserva de Vida Selvagem de Bandia
- De Dakar ou Saly: Excursão privada de meio dia à Ilha Gorée
Dito isto, se preferir a companha de um senegalês de confiança que o possa ajudar na logística e até acompanhá-lo a visitar Dakar, contacte Omar pelo WhatApp +221 77 738 57 50 (em francês). Ele provavelmente não lhe pedirá dinheiro, mas evidentemente que no final espera receber uma boa gorjeta. Diga que vai da minha parte.
Onde ficar em Dakar
Antes de mais, veja o artigo sobre onde ficar em Dakar para todas as dicas dos melhores hotéis onde se hospedar na capital senegalesa.
Para além do Oceanic (boa relação qualidade / preço mas não honrou a minha reserva), considere ficar na Union Amicale Corse Dakar seguramente uma das melhores pousadas do plateau (senão mesmo a melhor!) – e com preços aceitáveis.
De resto, há duas opções de alojamento de gama média e boa relação preço / qualidade, no coração do Plateau. Uma é o Ganalé Hôtel, de três estrelas; a outra é o Hotel Nina, de quatro estrelas mas na mesma gama de preços e serviço. Ficará muito bem instalado em qualquer um destes hotéis. Para outras opções de hospedagem em Dakar, pesquise no link abaixo.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.