A par com Tortuguero, onde tive a oportunidade única de assistir à desova de uma tartaruga-verde, a região em torno do Parque Nacional do Corcovado foi, sem dúvida, o meu lugar favorito na viagem à Costa Rica que fiz com a Nomad acompanhado por um grupo maravilhoso de parceiros de aventura.
A primeira base para explorar o Parque Nacional do Corcovado foi montada em Drake Bay. É um povoado aparentemente desinteressante mas onde me senti muito bem e não me importava de ter ficado mais tempo. Se acompanha as minhas viagens sabe que tenho um fascínio por lugares simples e despretensiosos, onde a indumentária pouco conta e as pessoas são genuinamente hospitaleiras (a vida de viajante ensinou-me que é em lugares assim que se costumam encontrar as pessoas mais interessantes). Drake Bay é um desses lugares.
A chegada épica a Drake Bay
Saímos de Sierpa, estava um sol que queimava todos os pedaços de pele expostos aos elementos, de tal forma que, antes de entrar no barco que nos haveria de levar rio Sierpe abaixo, não havia quem não besuntasse o corpo com protetor solar. Apesar disso, o meu colega José Miguel, líder Nomad para esta viagem, avisou: “protejam as mochilas com sacos plásticos e tenham o impermeável à mão”. O conselho parecia estranho, mas não tardou a percebermos a sua pertinência.
Navegámos tranquilamente até nos abeirarmos das águas do golfo Dulce, onde o capitão enfrentou o primeiro grande desafio: ultrapassar a ondulação formada pelas águas do mar junto à foz do rio. Foi o primeiro momento de frisson a bordo, com os menos acostumados a darem sinais de algum receio.
Superada a adversidade, a viagem prosseguiu relativamente tranquila em direção a um conjunto de nuvens negras que se adensavam à medida que Drake Bay ficava mais próxima. Não tardou muito para que uma violenta chuva torrencial se abatesse sobre o barco.
Era uma chuva que picava o corpo de tão violenta. Com os olhos protegidos por um par de óculos de sol, conseguia mantê-los abertos, mas ainda assim com dificuldade. A proa do barco batia violentamente no mar com a ondulação, a chuva não dava tréguas, as ondas entravam na embarcação, o grupo aguentava-se como podia e as mochilas menos protegidas iam ficando encharcadas. Foi nesse cenário diluviano que chegámos à praia de Drake Bay – era hora de desembarcar.
Saímos todos para o areal, um a um, seguindo as ordens do capitão, e depois comecei a ajudar a pegar nas bagagens, correndo praia fora para as colocar numa carrinha meio protegida. As bagagens que não couberam foram para uma carrinha de caixa aberta, expostas à chuva diluviana que não parava. Entre elas, a minha nova Duffle on Wheels da Samsonite – facto que pelo menos serviu para me ajudar a avaliar a impermeabilidade da mesma em condições extremas.
Percorri as poucas centenas de metros de pé e à chuva na parte traseira da carrinha de caixa aberta mas, por algum motivo, estava verdadeiramente feliz.
Pouco depois, parou de chover!
Visita ao Parque Nacional Corcovado
O Parque Nacional Corcovado é um Parque Nacional do sudoeste da Costa Rica e é parte da Área de Conservação de Osa. Foi fundado em 24 de outubro de 1975, com uma área de cerca de 42.500 hectares. É considerado como uma das principais áreas de conservação do bem estabelecido e extenso sistema de parques nacionais da Costa Rica. A variedade ecológica é belíssima. A National Geographic considerou “o lugar com mais biologicamente intenso da Terra em termos de biodiversidade”. Não é somente um parque muito popular entre ecólogos, mas turistas podem observar abundante vida selvagem. – in Wikipedia
Seguimos de barco desde Drake Bay até uma das entradas oficiais no Parque Nacional Corcovado, com o objetivo de fazermos uma longa caminhada para observarmos a fauna e flora seguindo as pisadas de Carlos, um guia naturalista costa-riquenho que seria o anfitrião na visita ao parque.
E que parque!
Descrito como a jóia da coroa do sistema de parques naturais da Costa Rica, o Corcovado ocupa um terço de toda a (enorme) península de Osa e alberga uma biodiversidade absolutamente única. Isso mesmo pude facilmente comprovar.
Assim que deixámos as areias da praia e penetrámos na floresta, Carlos levou-nos até uma cobra venenosa que estava praticamente imóvel há vários dias, no chão, fazendo a digestão após uma farta refeição. Sim, boa parte das cobras existentes no Corcovado são venenosas, mas nem isso tirou o ânimo ao grupo de viajantes que me acompanhava. Instalámos os binóculos e observámos o animal, quase inofensivo de tão cheio.
Acompanhando as pisadas de Carlos, sempre de binóculos prontos, caminhámos, caminhámos, caminhámos… Como recompensa, o privilégio único de estar num lugar tão especial, em perfeita harmonia com o meio envolvente. Sim, também vimos inúmeras espécies de plantas, de aves, de aracnídeos e insetos, vimos caimões e, claro, muitos macacos – macacos-cara-branca, macacos-uivadores e macacos-aranha -, mas o que mais me chamou a atenção foi a forma como a Costa Rica se preocupa em preservar os seus parques naturais (se alguém for apanhado a fumar, por exemplo, mesmo que seja no areal, o ranger responsável pelo grupo fica impedido de trabalhar um par de dias e perde parte do salário).
Depois de umas três horas de caminhada, descansámos na Sirena Ranger Station, um local que serve de abrigo a investigadores que estudam o Parque Nacional Corcovado e onde os mais aventureiros podem pernoitar para desfrutar dos sons da selva à noite.
Teria sido seguramente uma experiência fantástica, mas não tive oportunidade de o fazer.
A meio da tarde, exaustos mas felizes, regressámos à mágica Drake Bay com sorrisos no rosto. Desta vez, sem chuva e com aquela sensação tão costa-riquenha de felicidade. Pura vida!
Seguro de viagem
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Olá Filipe,
Que preços consigo para viajar para a Costa rica entre 15 e 21 de dezembro. Agradeço sugestões de alojamento e outras dicas…
Obrigada
Terá de contactar uma agência de viagens ou pesquisar diretamente. Optando pela última hipótese, sugiro que pesquise voos seguindo as recomendações do artigo sobre comprar passagens aéreas baratas. Não tendo flexibilidade de datas para viajar até à Costa Rica, torna-se mais difícil encontrar bons preços – mas é uma questão de tentar.
Você escreve muito bem. Estou indo em Maio para a Costa Rica e devo acampar no parque Corcovado dois dias. Precisava saber quanto tempo de viagem de barco.
Valeu pelos comentários empolgantes.