Cheguei a Parintins, manhã cedo, depois de uma longa viagem de barco desde Manaus. Era quarta-feira, e o Festival Folclórico de Parintins começaria daí a dois dias, à noite. Tinha, pois, muito tempo para conhecer a cidade que domina a ilha Tupinambarana.
Encontrei uma Parintins em modo festivo. Muitos parintinenses ultimavam os preparativos para receber (e fazer negócio com) a invasão de forasteiros. É que quase todos os que moram nas ruas próximas do Bumbódromo montam bancas à porta de suas casas durante os dias do festival. Vendem principalmente bebidas e comida, incluindo o omnipresente tacacá, um prato tradicional muito apreciado no Amazonas e no Pará que tem por base o tucupi.
Nessa quarta-feira, havia já muitos forasteiros na cidade; e, nas esplanadas junto à Catedral de Nossa Senhora do Carmo, na praça central de Parintins, a cerveja escorria gelada e abundante. É a bebida-rainha do Festival de Parintins, ao ponto do jornalista Luiz Antonio del Tedesco escrever, com muita graça, que “o volume de cerveja consumido por aqui nessa época daria para encher outro rio Amazonas”.
As ruas, essas, estavam pintalgadas por esvoaçantes papéis vermelhos e brancos ou azuis e brancos, consoante fosse zona de apoiantes do Boi-Bumbá Garantido ou do Boi-Bumbá Caprichoso. O ambiente era de festa!
O festival ainda nem tinha começado e Parintins já me tinha conquistado.
Preparativos para o festival
Faltavam 48 horas para a grande noite de estreia e os preparativos seguiam a todo o gás. Incluindo dentro do Bumbódromo, para onde me dirigi. Estava acompanhado pela simpaticíssima Andressa Oliveira, diretora do Liceu de Artes e Ofícios de Parintins, que me levou às entranhas do recinto então despido de vida.
Depois de visitar o Bumbódromo, vazio como nunca mais o haveria de ver, decidi espreitar as alegorias que estavam a ser preparadas no exterior. Como quase tudo em Parintins, a praça estava dividida em duas: de um lado, os carros alegóricos do Boi Caprichoso; do outro, as alegorias do Boi Garantido.
A área estava vedada com gradeamentos mas pedi permissão para fotografar e deixaram-me passar. O calor era abrasador, dificultando o trabalho de soldadores e outros artistas. Levantando o pescoço, porém, já dava para ver o resultado de tamanho esforço conjunto. Foi o meu primeiro contacto com as imponentes alegorias que iriam fazer parte das apresentações de ambos os bois. Wow!
Curiosidade satisfeita, dirigi-me para a praça central de Parintins, junto à Catedral de Nossa Senhora do Carmo. O calor continuava implacável, pelo que a dúvida não era tanto o que fazer, mas sim se optava por uma garrafa de Brahma ou de Antarctica.
Aos poucos, fosse pela cerveja ou pelo adiantar da tarde, o calor foi amainando; e a praça enchendo-se de gente. Tempo de ir para casa, tomar um duche, jantar e preparar-me para a primeira Festa dos Visitantes.
Festa dos Visitantes
As agremiações de Boi-Bumbá costumam ter um evento dedicado aos visitantes. Quarta-feira era noite de Festa dos Visitantes no curral do Boi Caprichoso. O curral estava a meio gás, mas havia música e animação. Só não encontrei o meu Amo.
Meses antes, num evento de turismo em Lisboa, tinha conhecido Prince, o Amo do Boi Caprichoso. Ficámos amigos, falei-lhe do meu interesse em visitar Parintins – e ali estava eu no curral do Boi Caprichoso à sua procura. Como é natural, acabei por não estar com ele, porque os dias anteriores ao Festival de Parintins são de grande azáfama para todos os intervenientes.
Na noite seguinte, acontecia a Festa dos Visitantes oficial. Sim, a quinta-feira anterior ao festival é dia de Festa dos Visitantes. Decorria no estádio Tupy Catanhêde (Tupizão) e pareceu-me ter potencial para uma noite bem passada. Infelizmente, enganei-me. Era uma festa muito brega, com música de mau gosto; muito pior do que os dias passados a ouvir a Banda Calypso na primeira vez que subi o Rio Amazonas.
Para ter uma ideia, entre as figuras convidadas a marcar presença no palco antes do espetáculo musical começar estava uma participante amazonense do Big Brother Brasil (sim, pelo facto de ser amazonense e de ter participado no programa, nada mais). Assim que a música começou e a voz esganiçada de Naiara Azevedo me feriu os ouvidos sem piedade, esperei para ver se melhorava mas pouco depois abandonei a Festa dos Visitantes oficial.
Se soubesse o que sei hoje, teria ido para uma outra festa dos visitantes que decorreu perto da Cidade Garantido. Ao que consta, foi muito divertida e animada, com as toadas dos bois escolhidas como ritmo para animar a festa.
Regressei à praça central de Parintins, bebi mais uma cerveja, e deixei-me ficar numa esplanada a ouvir toadas dos bois. Era isso que procurava. Animado e de bom-humor, estava pronto para assistir a uma das maiores festas populares do Brasil.
No dia seguinte, começou finalmente o Festival Folclórico de Parintins. É, seguramente, uma das mais marcantes experiências de viagem que tive oportunidade de vivenciar em solo brasileiro.
Guia prático
Para todas as informações práticas veja o “Guia prático” no final do texto Festival de Parintins, uma arrepiante Ópera na Floresta.
Onde ficar em Parintins (pousada, casa ou barco)
Para o viajante independente, arranjar alojamento em Parintins é a maior dificuldade. Isto porque boa parte das pousadas está bloqueada por operadores turísticos por altura do Festival de Parintins; e também porque há pouquíssimas pousadas listadas no booking ou com site próprio.
Eis alguns contactos de pousadas de Parintins (não se admire se estiverem totalmente reservadas por agências):
Nome | Morada | Telefone | |
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Amazon River Resort Hotel | Lagoa da Francesa, 697 | amriverhotel@gmail.com | +55 (92) 3533-6330 |
Hotel Brito | Avenida Amazonas, 2638 | hotelbrito@bol.com.br | +55 (92) 3533-1897 |
Hotel Pérola | Rua Cordovil, 354 | gilmarpontes@hotmail.com | +55 (92) 3533-1356 |
Hotel Vilasboas | Rua Gomes de Castro, 675 | pousadasvilasboas@hotmail.com | +55 (92) 3533-3327 |
Pousada da Ilha | Travessa Rio Branco, 395 | fatima.macedo673@gmail.com | +55 (92) 3533-2915 |
Pousada do Vale | Rua Cordovil, 790 | sagiladovale@gmail.com | +55 (92) 3533-2414 |
Pousada Garça Morena | Rua Cordovil, 330 | advsandrosantos@hotmail.com | +55 (92) 3533-1334 |
Pousada Paraíba | Avenida Paraíba, 2962 | joaque@bol.com.br | +55 (92) 99152-9495 |
Pousada Paraíso | Avenida Amazonas, 2273 | luizatavares49@hotmail.com | +55 (92) 3533-1355 |
Pousada Tapuia | Rua Souza Filho, 95 | rosario-inclusao@hotmail.com | +55 (92) 99185-7841 |
Dados fornecidos pela Sectur – Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Parintins
Para além destas, e assumindo que não viaja com uma agência, há duas alternativas para dormir em terra firme: procurar em grupos de Facebook que por vezes surgem para o efeito; ou contactar pessoas de Parintins que podem ajudar na busca de uma pousada (ou de uma casa ou quarto para alugar). É o caso de Maria Rosa.
Fiquei alojado na casa da Maria Rosa em Parintins, e só tenho elogios para a simpatia e hospitalidade. Ela autorizou-me a publicar o seu contacto (+55 92 99108-6820) e disponibilizou-se para ajudar quem precise de encontrar alojamento em Parintins. Ligue-lhe ou, melhor ainda, envie uma mensagem via WhatsApp (é menos intrusivo).
Quem também pode ajudar com o aluguer de casa em Parintins durante o festival é Inaldo Albuquerque (+55 92 99205-5066), responsável pelo Departamento de Eventos do Município de Parintins.
Outra hipótese seria dormir no próprio barco que o leva até Parintins. É uma opção muito usada pelos turistas brasileiros do Amazonas e Pará.
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