Quem acompanha as minhas viagens sabe que sou mais de ruas e mercados do que de museus e igrejas. Já o escrevi repetidamente: adoro pessoas e cheiros e ruas e cafés e mercados. Acontece que, às vezes, me surpreendo com um museu; e foi precisamente isso que aconteceu quando decidi visitar o Museu da Fundação Pilar i Joan Miró, em Palma de Maiorca.
Apesar da minha assumida ignorância no que toca à pintura, sou fã incondicional do traço de Miró. É como com o vinho: gosto ou não gosto; mas não entendo de “taninos” e “fins de boca”. Na pintura de Miró, gosto muito da combinação de cores, quase sempre minimalista. E do traço juvenil que faz com que as telas pareçam ter sido pintadas por uma criança de cinco anos.
Foi, por isso, com grande expectativa que entrei no Museu da Fundação Pilar i Joan Miró; no final, estava plenamente satisfeito.
A história do museu de Miró em Maiorca
A relação do pintor catalão Joan Miró com Maiorca durou toda a sua vida. Apesar de ter nascido em Barcelona, a sua mãe era originária de Maiorca, bem como os seus avós maternos. Quer isso dizer que, durante a sua infância, Miró passou muitas das férias de verão em Maiorca.
Mais tarde, conheceu Pilar Juncosa, uma maiorquina com quem acabou por casar em 1929, mas não foi viver para Maiorca. Procurou, isso sim, refúgio em Maiorca no período de 1940-42, fugindo das invasões nazis de França, onde vivia na época. Foi só por volta de 1956, já com 63 anos de idade, que Miró se instalou definitivamente nas ilhas Baleares.
Mandou desenhar o seu atelier, comprou uma nova propriedade – Son Boter – com um conjunto de edifícios onde instalou novos estúdios criativos. Foi o local onde criou boa parte da sua vasta obra, até ao final dos seus dias, em 1983.
O Museu da Fundação Pilar i Joan Miró resulta do desejo de ambos – Miró e a sua mulher Pilar – de oferecer o trabalho do artista à cidade de Palma de Maiorca. Em 1981, dois anos antes da morte de Miró, os estatutos da fundação foram definidos e um vasto conjunto de obras foi doado à Câmara Municipal de Palma de Maiorca.
Com a morte do pintor, nada aconteceu de imediato, mas Pilar haveria de pedir ao arquiteto Rafael Moneo para construir um novo edifício para albergar os escritórios da fundação e o museu, nos terrenos próximos aos ateliers de Joan Miró. O museu abriu em 1992 e, hoje em dia, é para mim uma das visitas obrigatórias em Palma de Maiorca.
A minha experiência
Visitei o Museu da Fundação Pilar i Joan Miró em família, o que condiciona sempre a experiência. Mas, em abono da verdade, a minha companheira andou quase sempre de olho no miúdo mais pequeno para que eu pudesse fotografar à vontade. E que sorte tivemos!
Por uma incrível coincidência, tinha sido inaugurada, há pouco mais de um mês, uma exposição intitulada “Miró nunca visto”, que servia para comemorar os 25 anos da abertura ao público do Museu da Fundação Pilar i Joan Miró em Maiorca.
A exposição centra-se na última fase da criação artística do pintor catalão, aquela em que viveu na ilha de Maiorca. Diz o folheto da exposição que, numa idade já avançada, “foi em Maiorca que Miró encontrou a paz e tranquilidade necessárias que lhe permitiram afastar-se dos holofotes da fama internacional e dedicar-se em pleno à sua produção artística”.
Foram essas quase 100 “obras nunca expostas na fundação, algumas inéditas e inclusive sem estarem catalogadas” que pude contemplar. Eram principalmente telas, mas havia também uma ou outra escultura da autoria de Miró. Poderá observar algumas dessas obras nas fotografias abaixo.
Tive ainda tempo para desfrutar do chamado “jardim das esculturas”, onde repousam algumas esculturas da autoria de Joan Miró; de apreciar um mural do artista junto ao edifício principal da fundação; de visitar os seus estúdios de trabalho, incluindo o edifício Son Boter; e ainda de me refugiar e descansar nuns bancos do jardim junto à cafetaria (que não experimentei) – que o calor de verão em Palma de Maiorca é, por vezes, abrasador.
Foi tempo muito bem empregue!
Resumindo, visitar o Museu da Fundação Pilar i Joan Miró é uma das coisas que recomendo fazer em Palma de Maiorca. Sem reservas. É, aliás, mais do que isso: incluí-a na lista das experiências que não pode (mesmo) perder em Maiorca. E isto dito por alguém que não gosta assim tanto de museus…
Guia prático
Como chegar ao Museu da Fundação Pilar i Joan Miró
De transporte próprio não tem nada que saber: é seguir para Carrer Joan de Saridakis 29, em Palma de Maiorca. Fica perto da Cala Major, uma das praias de que falo no guia de praias de Maiorca.
No meu caso, e apesar de ter alugado um carro em Maiorca, nos dias em que fiquei alojado em Palma de Maiorca dispensei-o para poupar dinheiro. Fui, por isso, do centro da cidade até ao museu de autocarro. Há três alternativas:
- o autocarro 46, que parou praticamente à porta do museu;
- os autocarros 3 e 20, que param perto da Cala Major; da paragem para o museu basta subir uma escadaria e caminhar uns 500 metros. Foi um desses que usei no regresso ao centro.
Informação de acesso
A entrada no Museu da Fundação Pilar i Joan Miró custa 9€ por pessoa (menores de 16 anos não pagam). O museu é gratuito aos sábados a partir das 15:00 e no primeiro domingo de cada mês. A fundação tem site oficial, mas pode também comprar o ingresso com antecedência aqui.
Onde ficar
A oferta de alojamento em Maiorca é vasta, incluindo na capital Palma. Escrevi um post para o ajudar a decidir onde ficar em Maiorca, onde encontra inúmeras opções de fincas e hotéis, bem como uma opinião sobre a melhor zona da ilha para montar a sua base.
No que toca a Palma de Maiorca, eis alguns dos hotéis mais recomendados (note que, regra geral, o alojamento não é barato):
- Boutique Hotel Posada Terra Santa (classificação de 9,4 no booking)
- Convent de la Missio (9,3)
- AH Art Hotel Palma (9,3)
- Hotel Almudaina (8,8)
- Melia Palma Bay (8,6)
- Cozymallorca!: Old centre apartments (9,2)
Procure hotéis em Palma de Maiorca
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.
Também não percebo nada de arte, mas também gosto de Miró. Fui ver a colecção que esteve em Serralves, mas confesso que fiquei um pouco desiludida. Era simpática, mas bem pequena para os 11 euros que custava a entrada.
:) Inês
Gosto muito do trabalho do Miró, especialmente as esculturas. Vi uma dele em Chicago e identifiquei logo! Já visitei o museu dele em Barcelona, fiquei com curiosidade de visitar este… irei de certeza quando for a Maiorca. Obrigada pela dica. E eu a pensar que eram só praias e fiesta, ahah