Prejmer é um lugar único e especial. É uma das mais bem preservadas igrejas fortificadas da Transilvânia e, além disso, é conceptualmente fascinante.
De uma forma simplista, é uma igreja em estilo gótico protegida por uma muralha circular com quatro metros de espessura, colada à qual estão construídas quase 300 divisões onde os habitantes viviam e guardavam víveres para sobreviverem em situações de cerco prolongado. Um sistema de aprovisionamento tido como um dos mais engenhosos e bem sucedidos da Transilvânia.
Na verdade, a igreja fortificada de Prejmer sempre teve uma missão muito exigente. Sendo a aldeia saxã mais oriental da Transilvânia, perto da chamada passagem de Buzau, Prejmer estava frequentemente na linha da frente dos ataques inimigos. Por isso, a igreja fortificada teria de suportar mais cercos do que a maioria das outras fortalezas da região. E resistiu.
Reza a história que, nos seus cinco séculos de existência, a fortaleza de Prejmer foi sitiada cerca de 50 vezes mas apenas capitulou uma delas, às mãos do Príncipe da Transilvânia Gabriel Báthori, após um demorado cerco que deixou a população sem água potável.
Nas palavras da UNESCO, que inclui Prejmer entre as sete Aldeias com Igrejas Fortificadas da Transilvânia classificadas como Património Mundial na Roménia, estas aldeias “fornecem uma imagem vívida da paisagem cultural do sul da Transilvânia” e ilustram na perfeição os estilos de construção usados pelos Saxões entre os séculos XIII e XVI.
Para mim, estando hospedado em Brasov, a escassos 20 quilómetros de distância, tinha mesmo de visitar Prejmer. Um normalíssimo autocarro de passageiros deixou-me às portas da fortaleza.
A minha visita a Prejmer
Cheguei à localidade de Prejmer, caminhei duas centenas de metros e comprei o bilhete de acesso à fortaleza circular. Lá dentro, um pequeno grupo de turistas russos ouvia atentamente as explicações do guia. De resto, tranquilidade e silêncio; até que uma visita escolar veio mudar o figurino.
Refugiei-me no interior da igreja, ponto central da fortificação de Prejmer, antes de explorar as entranhas da fortaleza. Lá dentro, um casal contemplava os tons de branco e pedra da nave central, em silêncio. Deixei-me ficar por alguns momentos, antecipando-me à criançada.
O meu principal interesse não estava, no entanto, na igreja; mas sim na fortaleza propriamente dita, que fui perscrutar de seguida. É onde ficam os armazéns de víveres e os postos defensivos de Prejmer.
Do lado interior da fortaleza, virado para o pátio central, quase redondo, onde se encontra o edifício da igreja, brotam portas de madeira, acessíveis por escadas e passadiços também de madeira, que dão acesso aos pequenos armazéns e restantes divisórias (como uma sala de aula) que permitiam que a vida decorresse com a normalidade possível em caso de cerco.
Mal comparado, lembrei-me dos celeiros de Nalut e Kabaw, na Líbia. Mas, na verdade, não me recordo de ter visto estruturas defensivas semelhantes à igreja fortificada de Prejmer (e outras na Transilvânia) durante as minhas viagens. É algo absolutamente único e fascinante.
Fui espreitando tudo o que era recanto, até que encontrei uma passagem para o âmago da fortaleza. Trata-se da faixa interior das muralhas, entre a parede exterior e as divisórias viradas ao pátio, que servia propósitos de organização defensiva. Aproveitei para percorrer todo o perímetro da fortaleza no ambiente escuro das entranhas da muralha.
O silêncio só foi novamente quebrado quando a alegria infantil começou a ecoar nas pedras da muralha. O grupo escolar estava ali mesmo, alegre. Lembrei-me dos meus filhos – o eterno conflito de quem ama viajar -; procurei uma saída, desci pelas escadarias de madeira de regresso ao pátio da fortaleza e deixei Prejmer para trás.
Lá fora, uma simpática habitante local garantiu-me que teria autocarro de regresso a Brasov daí a meia hora. E assim foi. Visitar a igreja fortificada de Prejmer tinha sido um dos momentos altos do meu roteiro na Roménia. E, seguramente, um dos passeios que recomendo fazer a partir de Brasov.
É muito por causa de lugares como Prejmer, onde só de cima se tem uma visão abrangente e completa, que eu não me importaria de ter um drone.
Veja também o texto sobre a igreja fortificada de Biertan.
Guia prático
Como chegar
A partir de Brasov há vários autocarros com destino a Prejmer (6 Lei). Eu apanhei na decrépita “estação” (com muitas aspas) de autocarros chamada Autovia Bartolomeu. Há também meia dúzia de comboios por dia entre Brasov e Prejmer, mas não experimentei. Por último, se viajar num grupo de três ou quatro pessoas, mais vale ir a Prejmer de táxi.
Note que, tendo tempo, pode combinar a ida a Prejmer com uma visita à vizinha igreja fortificada de Harman.
A entrada na igreja fortificada de Prejmer custa 10 Lei.
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Onde ficar
Não vejo qualquer razão para ficar alojado em Prejmer mas, se quiser mesmo fazê-lo, considere a Pensiunea Select. É, provavelmente, a guesthouse com melhor relação qualidade/preço – e é bem localizada.
Na minha opinião, o ideal é montar base em Brasov, que fica a escassos 20 quilómetros de Prejmer. Assim, recomendo que veja com atenção o post onde ficar em Brasov; mas, em jeito de resumo, aqui ficam cinco sugestões.
Considere o magnífico Antler Boutique Hotel (seguramente um dos melhores hotéis de Brasov); a descomplicada guesthouse UpperHouse; o clássico três estrelas Belfort Hotel; o barato e hospitaleiro Bike House; ou o apartamento Comfy Central Apartment. Em qualquer um destes ficará bem instalado em Brasov, com fácil acesso aos transportes para visitar Prejmer.
Seguro de viagem
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