O Museu do Oriente é um dos mais importantes museus de Lisboa. Diz o site oficial que o museu nasceu com a nobre vocação de “contribuir para o encontro entre Ocidente e Oriente e para uma relação entre civilizações em que o conhecimento, a arte e também as relações económicas substituam a ignorância, o fanatismo e a guerra”. E isso seria, por si só, motivo suficiente para merecer a minha visita.
Na verdade, já tinha estado várias vezes no Museu do Oriente; até porque, em tempos, foi a casa dos meus workshops de Escrita de Viagens em Lisboa. Mas nunca tinha visitado as exposições com calma suficiente para poder partilhar a experiência. Até agora. E é sobre essa visita ao Museu do Oriente que hoje escrevo.
A minha visita ao Museu do Oriente
“Inaugurado em 2008, o Museu do Oriente em Lisboa é um espaço de conhecimento e partilha, dedicado às relações entre os portugueses e os povos asiáticos. Uma viagem por cinco séculos de cultura, contada através da história e das tradições vivas da Ásia; para ver em 1.500 peças, incluindo pintura, escultura, cerâmica e ourivesaria.”
Era dia de festa quando fui visitar o Museu do Oriente. Estávamos (e ainda estamos) em período de comemorações do décimo aniversário do museu, pelo que havia atividades temáticas – e gratuitas – adicionais. A cada semana, um país como foco. Calhou-me as Filipinas, destino que visitei em 2012 e do qual guardo as melhores memórias – como os passeios de barco pelo belíssimo arquipélago de Bacuit, ao largo de El Nido, na ilha de Palawan.
Uma vez no interior do Museu do Oriente, comecei por assistir a um curto espetáculo de danças sinulog, originárias da ilha Cebu. Havia ainda uma pequena mostra de artesanato e produtos tradicionais das Filipinas; e uma sessão de contos tradicionais daquele país, dedicada aos visitantes mais novos.
Depois de passar por ambos os eventos, fui então apreciar as exposições permanentes do Museu do Oriente – o principal objetivo da minha visita.
A presença portuguesa na Ásia
Existem duas grandes coleções expostas de forma permanente no Museu do Oriente. A primeira é alusiva à presença portuguesa na Ásia, e inclui peças tão diversas como biombos chineses e japoneses, uma coleção de peças de porcelana brasonada da Companhia das Índias ou objetos relacionados com as culturas dos povos de Timor-Leste. Foi por essa coleção que comecei a explorar o museu.
Não faltam peças lindíssimas e de enorme valor histórico mas, para além disso, foi também uma forma de reviver experiências de viagens antigas para destinos como Macau, a China, o Japão, Myanmar, a Índia e Timor-Leste. São os territórios representados na exposição e que, felizmente, já tive oportunidade de visitar.
Entre tudo o que vi no Museu do Oriente, vários objetos chamaram a minha atenção. Por exemplo, uma porta de madeira incrível, logo a abrir a exposição, com origem no Estado indiano de Goa, região sob domínio português durante mais de quatro séculos (entre 1510 e 1961). Ou uma máscara de Timor-Leste, símbolo tradicional de poder num país que tanto me diz e que, um dia, apelidei de “mais próspera nação do planeta“. Ou ainda as porcelanas armoriadas com origem na China; peças de cerâmica com milhares de anos; os magníficos biombos chineses e japoneses.
Do Japão, aliás, país onde fiz um roteiro de viagem inesquecível, não pude deixar de reparar num elmo utilizado pelos samurais no período Edo; e ainda nos pequenos mas belíssimos exemplares de inro (caixas herméticas usadas para “transportar medicamentos ou substâncias perecíveis”), netsuke (artefacto que serve para segurar o inro ao cinto) e tsuba (“nome dado ao guarda-mão da espada japonesa”, de forma quadrada ou circular).
Coleção Kwok On
A segunda coleção permanente, conhecida como Kwok On, é dedicada aos “testemunhos das artes performativas de toda a Ásia” – máscaras e peças usadas nos teatros de sombras, por exemplo – e às ”religiões populares de que essas artes são expressão”, com peças relacionadas com as manifestações rituais do hinduísmo e budismo, religiões animistas e cultos xamânicos.
Na verdade, o acervo da segunda coleção é tão vasto que não é possível expor a sua totalidade em simultâneo. É, ao invés, mostrada ao público apenas uma pequena parcela, em mostras temáticas de longa duração (ou seja, não é verdadeiramente permanente; o que permite, ao longo dos tempos, ir voltando para conhecer as restantes facetas da Coleção Kwok On).
Quando visitei o Museu do Oriente, estavam expostas quase trezentas peças dedicadas à ópera tradicional chinesa, considerada um dos maiores tesouros culturais de toda a China. Trata-se de uma combinação de várias artes – canto, música, mímica, dança e ainda acrobacias e artes marciais – que inclui também a manipulação de armas e outros objetos.
Depois de subir a escadaria de acesso ao segundo piso do Museu do Oriente, encontrei trajes, perucas, incríveis modelos de maquilhagem, marionetas, instrumentos musicais e demais objetos relacionados com essa arte ancestral. Tudo muito colorido, exuberante e divertido, concentrado numa exposição com uma enorme dose de originalidade e interesse. Ainda para mais se estiver a pensar visitar Pequim nos próximos tempos, cidade que alberga a mais famosa ópera chinesa da atualidade.
Ao fim de um par de horas a calcorrear as exposições patentes no Museu do Oriente, acabei por permanecer no edifício do museu para almoçar. Tinha sido uma manhã em cheio, mas outros compromissos chamavam por mim durante a tarde. De estômago reconfortado, saí então de Alcântara e segui para o aeroporto internacional de Lisboa. Era hora de apanhar um voo para um novo destino.
Não me ocorre forma mais apropriada de terminar a visita ao Museu do Oriente. Para ser perfeito, faltou apenas que o destino seguinte fosse na Ásia.
Fotos do Museu do Oriente, Lisboa
Museu em Festa
Museu em Festa foi o mote da programação especial do Museu do Oriente na dupla comemoração do 30º aniversário da Fundação Oriente e do 10º aniversário do museu.
Assim, entre março e maio de 2018, o Museu do Oriente ofereceu uma programação de aniversário com exposições, concertos, workshops e “espetáculos sobre as tradições, saberes e técnicas do Oriente”.
Cada semana foi dedicada a um dos oito países representados – Índia, Coreia do Sul, Filipinas, Tailândia, Japão, Bangladesh, China e Timor-Leste -; com eventos mais frequentes aos domingos.
Eu visitei o Museu do Oriente durante a semana dedicada às Filipinas.
Guia prático
Como organizar a visita ao Museu do Oriente
Alguns dados práticos para planear a visita ao Museu do Oriente.
- Morada: Av. Brasília, Doca de Alcântara (Norte), Lisboa; a entrada do Museu fica na fachada virada para a Av. 24 de Julho.
- Horário: terça a domingo, 10:00 – 18:00 (na sexta-feira fecha às 22:00).
- Preço: 6€ (gratuito para estudantes e menores de 5 anos; 2€ para visitantes dos 6 aos 12 anos, e 3,50€ para maiores de 65 anos; e professores e alunos em visita de estudo). À sexta-feira, a entrada é gratuita das 18.00 às 22.00.
- Site oficial: www.museudooriente.pt
Onde ficar
É sabido que existem inúmeros bons hotéis onde ficar em Lisboa; mas, no contexto deste texto, vou sugerir apenas alojamentos localizados nas proximidades do Museu do Oriente; nomeadamente em Alcântara e na Estrela.
Assim, recomendo o belíssimo Garam Lisboa, a escassos 300 metros do museu; ou o excelente boutique hotel As Janelas Verdes. Para uma alternativa menos convencional e mais barata, sugiro o hostel The Dorm, que fica no interior do Lx Factory, a menos de um quilómetro do Museu do Oriente. Por fim, se procura um hotel de cinco estrelas nas proximidades do museu, não hesite em ficar no Olissippo Lapa Palace.
Para outras opções hoteleiras na capital portuguesa, conheça também os 10 melhores hotéis de luxo de Lisboa; ou utilize o link abaixo.
Seguro de viagem
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