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O que fazer em Valladolid (México), a cidade encantada do Yucatán

Por Filipe Morato Gomes
Centro histórico de Valladolid, México

Bonita, arranjada e com uma alma marcante – e difícil de transpor em palavras! -, Valladolid foi das maiores surpresas do meu roteiro pelo México. É uma daquelas cidades onde o viajante se sente imediatamente bem, nem demasiado grande nem demasiado pequena, e com uma boa energia no ar. E onde, apesar de sentir que o melhor da cidade é intangível – até porque as atrações turísticas não são assim tantas! -, a verdade é que também não falta o que fazer em Valladolid. Especialmente no seu centro histórico.

De referir também que, nos arredores de Valladolid, há um conjunto de locais absolutamente imperdíveis em qualquer viagem pelo Yucatán. Ícones arqueológicos como Chichén Itzá e Ek’ Balam, bem como os incríveis cenotes Suytum e San Lorenzo Oxman, ficam perto da cidade, fazendo de Valladolid uma das bases fundamentais em qualquer roadtrip pela região. Faço por isso questão de os incluir neste artigo, que visa destacar coisas a fazer em Valladolid que eu considero fundamentais.

Centro histórico de Valladolid
Centro histórico de Valladolid

Assim, partilho um pouco da minha experiência a visitar Valladolid, no Estado mexicano do Yucatán, com referências às principais atrações turísticas que visitei, incluindo monumentos, cenotes, complexos arqueológicos e até cafés e restaurantes. Eis, pois, o que fazer em Valladolid numa estadia de três dias. Vamos a isso.

O que fazer em Valladolid (a minha experiência)

Passear pelo Parque Francisco Cantón Rosado

Praça central de Valladolid
Parque Principal Francisco Cantón Rosado, a praça central de Valladolid

A Praça Francisco Cantón Rosado é o epicentro do casco histórico de Valladolid. É lá, aliás, que fica a Igreja de São Gervásio, Catedral de Valladolid. Mas aquilo que mais me fascinou no parque foi a contínua utilização que os yucateños fazem daquele espaço público. Ao final da tarde e noite, por momentos parecia que estava numa cidade iraniana, onde as pessoas utilizam de facto os seus espaços verdes para usufruto familiar. Em Valladolid, senti exatamente isso – só faltaram os piqueniques!

Dito isto, a praça é tão central que, mesmo que não esteja na lista com o que fazer em Valladolid, é natural que passe várias vezes por lá durante o tempo em que visitar Valladolid. Aproveite para sentir o pulsar da cidade.

Visitar a Igreja de São Gervásio

Igreja de San Servacio, Valladolid
Fachada da Igreja de São Gervásio

O edifício original da igreja principal de Valladolid foi construído em 1545, mas o que hoje se vê resulta de uma reconstrução ocorrida em inícios do século XVIII. A silhueta da catedral marca de forma vincada a paisagem urbana do centro histórico de Valladolid, e o seu interior, sem a espetacularidade de outros templos religiosos mexicanos, merece, ainda assim, uma visita. Fica, como referido, no Parque Francisco Cantón Rosado.

Percorrer a Calzada de los Frailes

O que fazer em Valladolid: percorrer a Calzada de los Frailes
Calzada de los Frailes, uma das ruas mais bonitas de Valladolid

Seguramente uma das ruas mais bonitas de Valladolid, a Calzada de los Frailes é uma artéria encantadora e de visita obrigatória. Seja para fazer compras; entrar numa mezcalaria como a Mezcalería Don Trejo; tomar um copo ou fazer uma refeição; ou, simplesmente, cirandar pela Calzada de los Frailes de ponta a ponta.

Não por acaso, a segunda coisa que fiz em Valladolid na tarde em que cheguei à cidade, depois de um mergulho no cenote Zaci, foi precisamente caminhar pela encantadora Calzada de los Frailes e tomar uma cerveja refrescante numa esplanada localizada na outra extremidade da rua, junto ao Convento de San Bernardino de Siena.

Eu estava muito curioso em conhecer a Calzada de los Frailes e posso garantir que não desiludiu. Ao ponto de lá ter voltado um par de vezes ao longo da minha estadia em Valladolid. Imperdível!

Convento de São Bernardino de Siena

O que fazer em Valladolid, México: visitar Convento de San Bernardino de Siena
Entrada do Convento de São Bernardino de Siena

Tido como um dos mais antigos templos da Península do Yucatán – e o segundo maior, apenas superado pelo antigo Convento de Santo António de Pádua, em Izamal -, o Convento de São Bernardino de Siena é um dos ex-líbris de Valladolid. Fica no Parque Sisal, localizado numa das extremidades da icónica Calzada de los Frailes, e, mesmo que opte por não visitar o seu interior, vale a pena espreitar a estrutura arquitetónica do convento iluminada pelas cores quentes do entardecer.

Estando ali, não deixe de espreitar o menu do restaurante vegetariano Yerbabuena del Sisal [ver onde comer em Valladolid, abaixo].

Dar um mergulho no cenote Zaci (no centro da cidade)

Cenote Zaci, Valladolid
Cenote Zaci, localizado no coração de Valladolid

Não creio que seja um dos melhores cenotes da Península do Yucatán (há outros mais espetaculares), mas o facto de ficar no centro de uma cidade como Valladolid torna-o único. É, por assim dizer, a piscina pública dos habitantes locais, que ali têm, à disposição, um espaço perfeito para relaxar ao final do dia e refrescar do calor sufocante do Yucatán. E é isso mesmo que fazem – tal como alguns turistas.

Por isso, se não sabe bem o que fazer em Valladolid, faça como os mexicanos e reserve um fim de tarde para uns mergulhos no cenote Zaci. Estou certo de que não se vai arrepender.

Pequeno-almoço no Canto Encanto

Café Canto Encanto, Valladolid, México
Interior do Canto Encanto, um dos melhores cafés de Valladolid

Pode parecer estranho sugerir um café específico, mas quem me conhece sabe que tento sempre encontrar os melhores cafés das cidades que visito. Ora, o Canto Encanto é tão fascinante que não poderia deixar de o incluir nesta compilação de coisas a fazer em Valladolid.

A decoração é muito interessante, o ambiente agradável e, acima de tudo, a comida lá preparada é de babar – e eu só lá fui ao pequeno-almoço. Experimente, por exemplo, a tosta de abacate com ovo e depois diga-me alguma coisa. À confiança!

Outra excelente opção é o Café del Profesor Pitágoras, de que também gostei muito!

Ver o Centro Artesanal “Zací”

Loja no Centro Artesanal "Zací"
Dona Amélia com o seu vestido de huipil numa loja do Centro Artesanal “Zací”, em Valladolid

Mesmo não sendo o mercado de artesanato mais espetacular que já conheci, vale sempre a pena visitar mercados como o Centro Artesanal “Zací”. Não só para conhecer um pouco dos produtos artesanais da região; mas também, e principalmente, para abrandar o ritmo e conversar com vendedoras como a simpática Dona Amélia.

Andava há muito fascinado com os impecáveis vestidos de huipil (ou hipil) que via as mulheres mexicanas envergarem, pelo que aproveitei para saber um pouco mais a respeito. Em resumo, explicou-me que são vestidos com bordados coloridos, muito usados pelas mulheres indígenas do sul do México. E a verdade é que, um pouco por toda a Península do Yucatán, inclusive em cidades, vi muitas mulheres com o seu huipil.

Não comprei nenhum, mas fiquei encantado. O Centro Artesanal “Zací” fica no centro de Valladolid.

Outras coisas a fazer em Valladolid

Eis algumas outras coisas que acabei por não fazer em Valladolid:

  • Igreja de Uayma (ex-Convento de Santo Domingo). Uma das maiores frustrações da minha viagem foi não ter aproveitado para visitar a incrível Igreja de Uayma, uma povoação localizada a uma dúzia de quilómetros de Valladolid. E por que motivo não fui? Pura e simplesmente porque desconhecia a sua existência – só soube por indicação de um amigo viajante, já eu tinha deixado a região. Fica a sugestão.
  • Visitar o Mercado Municipal de Valladolid;
  • Provar comida tradicional maia no restaurante IX CAT IK;
  • Provar mezcal na Mezcaleria Don Trejo.

O que visitar perto de Valladolid

Cenote Suytun

O que visitar em Valladolid: Cenote Suytun
O interior do extraordinário cenote Suytun, a 8 km de Valladolid

Uma das coisas que mais queria fazer na Península do Yucatán era conhecer e tomar banho em cenotes, muitos cenotes. Uma espécie de missão auto-imposta para visitar os melhores cenotes do Yucatán. E muitos deles estão muito perto de Valladolid.

Um deles é o cenote Suytun, um dos mais visitados e fotografados cenotes de todo o México. Fui lá de manhã cedo, antes da invasão diária de turistas a posar para a máquina fotográfica, e posso garantir que é um cenote lindo, único, mágico. E, além de quase vazio, a verdade é que o encontrei diferente do que imaginava.

Isto porque o Instagram está cheio de fotografias com a plataforma central descoberta, mas os últimos furacões elevaram o nível da água e, por agora, continua submersa. Tenho para mim que está ainda mais bonito…

Se fizer questão de fotografar o cenote Suytun com o feixe de luz natural a incidir na plataforma, terá de o visitar por volta das 12:00-13:00. Naturalmente, é quando tem mais gente. O cenote tem presença online no endereço www.cenotessuytun.com.

Cenote San Lorenzo Oxman

Cenote San Lorenzo Oxman, Valladolid
Cenote San Lorenzo Oxman, nos arredores de Valladolid

O belo e sereno cenote da Hacienda San Lorenzo Oxman é uma pequena joia da Península do Yucatán. É, aliás, um dos cenotes mais bonitos que visitei. A combinação de luz natural com as raízes que seguem verticais em direção às águas cristalinas do cenote subterrâneo, confere-lhe um charme especial. Mas, apesar disso, é de certa forma discreto e consegue fugir do turismo de grandes grupos.

Não estará seguramente sozinho, mas recomendo sem reservas que vá dar uns mergulhos no cenote Oxman.

Chichén Itzá

Chichén Itzá
Chichén Itzá sem turistas

Dediquei uma das manhãs em Valladolid a visitar Chichén Itzá, um complexo arqueológico que tinha conhecido (e detestado!) há mais de dez anos. Desta vez, estando com vontade de fazer as pazes com Chichén Itzá, fui visitar as ruínas muito cedo, na expectativa de as encontrar com poucos turistas. E assim foi.

O sítio arqueológico faz parte do Património UNESCO no México; e ter a oportunidade de o rever sem milhares de turistas, ao contrário do que acontecera da primeira vez, foi extraordinário. Ainda bem que dei uma segunda oportunidade a Chichén Itzá.

Mais um local imperdível em qualquer lista com o que fazer em Valladolid.

Cenote Ik-Kil

Cenote Ik-Kil, México
Cenote Ik-Kil, entre Valladolid e Chichén Itzá, um dos pontos altos do meu roteiro pelo México

Terminada a exploração de Chichén Itzá, fui dar um mergulho no fotogénico cenote Ik-Kil, sem qualquer dúvida um dos melhores cenotes do Yucatán. É lindo, lindo, lindo… e o melhor, porventura, é nem me alongar muito em palavras, para não estragar a surpresa.

Como me disse uma vez um amigo a propósito de um parque natural norte-americano, obrigo-o a ir ao Ik-Kil; depois agradece-me. Especialmente se o fizer logo após visitar Chichén Itzá (aliás, a combinação ruínas + cenote é praticamente imbatível em toda a península).

Zona Arqueológica de Ek’ Balam

Ek'Balam, México
Ek’ Balam, México

Posso sem reservas garantir que o complexo arqueológico de Ek’ Balam foi um dos meus preferidos em toda a viagem ao México. Fica a menos de 30 km de Valladolid, e é facilmente combinável com os cenotes Xcanche e Sac-Aua e a amorosa povoação de Espita para um dia perfeito passado a Norte de Valladolid.

Se aprecia ruínas maia, estou certo de que não se arrependerá de visitar Ek’ Balam.

Visitar Espita

Espita, perto de Valladolid
Aspeto de uma fachada colorida no centro de Espita

Espita é uma cidadezinha colonial encantadora e bem cuidada, localizada a 50 km de Valladolid. Integra a lista de Pueblos Mágicos do Yucatán mas, apesar disso e da relativa proximidade de Ek’ Balam ou Chichén Itzá, não faz parte das rotas turísticas tradicionais. Não vai por isso encontrar lojas de souvenirs ou comércio voltado para o turismo. Tenho para mim que, além da sua beleza, é isso que torna Espita tão especial. Recomendo vivamente.

Mapa com o que fazer em Valladolid

Guia prático

Como chegar a Valladolid

O mais provável é que aterre na Península do Yucatán através de Cancún, até porque, a partir de Portugal, a TAP iniciou em 2021 voos diretos Lisboa – Cancún. Em Cancún, decidi alugar um carro para ter maior liberdade de movimentos; mas, se não o fizer, veja os horários dos autocarros da empresa ADO, que tem ligações frequentes e confortáveis em toda a Península do Yucatán. De Cancún a Valladolid, por exemplo, a viagem demora 2 horas e 15 minutos e tem preços a partir de 150 pesos mexicanos.

Caso tenha pouco tempo e esteja hospedado na Riviera Maya, veja este tour combinado Chichén Itza + cenote + Valladolid.

Onde ficar em Valladolid

Apesar de Valladolid ser uma cidade colonial relativamente pequena, é importante escolher um hotel bem localizado para poder explorar a cidade a pé. Veja o artigo especificamente sobre onde ficar em Valladolid, em que explico as vantagens e desvantagens de cada zona e dou exemplos dos melhores hotéis e pousadas.

Em concreto, eu fiquei no Hotel Casa Rico e recomendo. Não é luxuoso, mas tem uma localização imbatível, a dois passos da praça principal da cidade. Seja como for, para ver todas as alternativas de alojamento em Valladolid, pode pesquisar diretamente no link abaixo.

Pesquisar hotéis em Valladolid

Onde comer

Em jeito de nota prévia, dizer que comi muitíssimo bem em Valladolid. E, entre os restaurantes de Valladolid que experimentei, tenho de destacar o Yerbabuena del Sisal, localizado junto ao Convento de São Bernardino de Siena; um restaurante vegetariano onde se come muito bem e a preço justo. Os huevos motuleños, por exemplo, são de comer e chorar por mais. E ainda o restaurante Yakunaj Cocina Mexicana, com uma gastronomia bem cuidada e preços aceitáveis.

Para uma refeição tradicional baratíssima, experimente jantar no restaurante La Selva; as opções no menu são reduzidas, mas vale muito a pena. Ao almoço, se a ideia for desenrascar e pagar pouco, há uma espécie de food court na praça central de Valladolid, com vários pequenos restaurantes muito baratos. É também lá que fica o Café Arte.

A propósito de cafés – ou espaços para tomar o pequeno-almoço -, recomendo sem reservas o já referido Canto Encanto; ou, em alternativa, o Café del Profesor Pitágoras. São ambos muito agradáveis e com boa onda.

Seguro de viagem

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Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.